CAPÍTULO
II
Na Sede da Ordem
- Bom... - Dizia Dumbledore, com
os olhos brilhando, indecifráveis, por entre as lentes
redondas. - Acho que o melhor, então, é dar por
terminada a reunião.
- Muito bem! Muito Bem! - Exclamou
Mundungo Fletcher, aplaudindo, enquanto todos os outros membros da
Ordem da Fênix o olhavam, com ar de desprezo.
Molly Weasley
resmungou qualquer coisa imperceptível e deixou a sala,
dizendo:
- Vou cuidar do jantar.
Tonks se levantou, solícita,
derrubando a cadeira em que estava sentada:
- Eu ajudo! - Se
ofereceu, sacudindo os cabelos, que estavam agora ruivos, longos e
lisos.
- Não, querida, obrigada. - Suspirou Molly, temendo
o jeito desastrado de Tonks na cozinha. - É melhor não.
Tem coisas que só uma... uma mulher experiente pode fazer!
Tonks encolheu os ombros, endireitou a cadeira e tornou a se
sentar, enquanto Carlinhos a observava pelo canto do olho, rindo
baixinho.
Snape se levantou, fazendo menção de ir
embora, mas, nesse momento, um sonoro estalido sobressaltou a todos
e, em cima da mesa, surgiu uma jovem loira, de cabelos volumosos
pelos ombros, olhos castanhos e ar atarantado, olhando em seu redor,
com ar aflito. Vestia uma túnica em tons de rosa e branco e
calçava sandálias de saltos incrivelmente altos.
Snape
semi-cerrou os olhos e bufou, ao reconhecê-la.
- Bem, bem,
bem! - Exclamou, em tom de enfado. - Senhorita Hollow... Há
quanto tempo! Só faltava você aqui... E vejo que
continua desastrada como sua amiga Tonks. Não conseguiu
Aparatar no lugar certo.
A recém-chegada olhou para ele,
com ar espantado:
- Professor Snape... O senhor aqui?
Dumbledore
soltou uma gargalhada profunda:
- Mary, querida, o chame de
Severo mesmo. Ele não é mais seu professor faz muito
tempo.
O rosto de Mary se iluminou ao encarar o velho feiticeiro:
- Dumbledore! - Murmurou, emocionada. - Quanto tempo...
Snape
pigarreou antes de comentar em tom frio:
- Muito tocante... mas
eu não posso ficar assistindo o resto desse reencontro tão
emocionante. Vou indo. Já está na minha hora.
- Até
amanhã, Severo. - Disse Dumbledore, sem olhar para ele.
Lançando a Mary um olhar de desprezo, Snape comentou,
antres de se retirar:
- Gostaria de saber quando é que ela
vai sair de cima da mesa, mas conhecendo a peça, acho melhor
não esperar.
Severo Desaparatou, enquanto Lupin segurava a
mão de Mary, a ajudando a descer da mesa. Mary corou até
a raiz dos cabelos. Não estava acostumada a segurar na mão
de um homem desconhecido e um arrepio estranho percorreu a sua
espinha. nada parecido com o que já havia sentido até
então.
- Obrigada. - Balbuciou, sem olhar para ele.
-
Sempre cavalheiro, Remo. - Comentou Dumbledore, com um sorriso dúbio.
- Sempre! - Corroborou Tonks, derrubando de novo a cadeira, para
correr para abraçar a amiga. Ao abriu os braços quase
fez voar os óculos de Artur, mas, ao contrário da
maioria das vezes em que era protagonista de algum incidente, nem
ligou. Abraçou Mary com força, exclamando:
-
Caramba, é tão bom ter você aqui!
Mary sorriu
e falou com um sotaque diferente, fruto dos muitos anos que passara
em Portugal:
- É muito bom estar aqui, com todos vocês,
na Ordem... Ah, Ninfa, tinha tanta saudade de você!
Elas
apertaram ainda mais o abraço, até que, nesse momento,
Molly entrou na cozinha e soltou um grito:
- Mary! Mary,
querida, você aqui!
Também Molly correu para
abraçar Mary e, depois do abraço, segurou as mãos
dela, falando:
- Como você está pálida,
querida! A sua mãe sabe que você está aqui!
Mary
riu:
- Claro que sabe, tia Molly. Não se preocupe.
-E
o que é que você está fazendo aqui, minha
querida? - Perguntou a Srª Weasley, passando a mão pelos
cabelos rebeldes da sobrinha.
Foi Dumbledore quem respondeu,
calmamente:
- Molly, a Mary é o mais novo membro da Ordem
da Fênix.
Com a perplexidade estampada no olhar, a Srª
Weasley olhou de Dumbledore para Mary, depois de novo para Dumbledore
e, finalmente para o marido, esclamando:
- Artur! Artur Weasley,
como é que você não me contou que a nossa
sobrinha vinha lá da Espanha...
- Portugal, tia! -
Interrompeu Mary, com tom ligeiramente enfastiado.
Molly
continou:
- Portugal! Isso! Como é que você teve
coragem de me esconder que a nossa sobrinha ia chegar lá de
Portugal e ainda por cima ia fazer parte da Ordem?
Artur
suspirou, abanado a cabeça:
- Molly, querida, eu não
te contei nada porque não sabia de nada. Estou tão
surpreso quanto você.
- Só eu e o Dumbledore
sabíamos. - Rematou Tonks, com um sorriso de orelha-a-orelha.
- Viu? - Disse Artur para Molly. Depois, ele se levantou e foi
até Mary, que abraçou. - Tudo bem, querida? Como foi de
viagem?
- Estou ótima, tio. - Foi a resposta. - Mas a
viagem não foi lá grandes coisas. O senhor sabe que eu
não levo o menor jeito para Aparatar e fazer isso em longas
distâncias, para mim, seria quase suicídio. Então,
peguei o avião até Londres e só então
Aparatei aqui.
O rosto de Artur se iluminou com um sorriso:
-
"Afião"? Aquelas casas voadoras dos Trouxas? Ah,
como eu adorava viajar de "afião".
- É
"avião", tio. - Corrigiu Mary.
Nesse
momento, Tonks chegou até ela e lhe segurou numa mão,
exclamando:
- Artur, desculpe interromper, mas acho que a Mary
precisa conhecer o resto dos membros da Ordem.
- Claro, Tonks. -
Disse o Sr. Weasley, sorrindo. - Faça as honras da casa.
-
Bom... - Começou Tonks, apontando um homem alto, negro e com
um brinco na orelha. - Esse é Quim Shacklebot. - Mary
cumprimentou Quim, que a presenteou com um sorriso muito simpático.
Quem se seguiu foi Mundungo. - Esse é Mundungo Fletcher. - Os
dois se cumprimentaram e ele a olhou com ar de cobiça. Tonks
continuou. - Bom, tem gente faltando, porque, desde que "Quem
Nós Sabemos" resolveu fazer a sua retirada estratégica,
não faz sentido ter aquelas reuniões pesadas que nós
tínhamos até o ano passado. - Finalmente, chegou perto
de Lupin e sorriu maliciosamente. - E esse é Remo Lupin, de
quem eu tanto falei para você... E aí, Remo, está
achando ela tão feia assim?
Mary corou até a raiz
dos cabelos, mas tentou manter a compostura. Remo apertou sua mão,
tentando esconder o constrangimento e fazendo uma nota mental para
não se esquecer de matar Tonks por tê-lo feito passar
por uma cena daquelas.
Na mente de Mary passava exatamente a
mesma coisa...
