Esclarecimentos:
Essa fanfic se passa num universo alternativo, sem estipulação
de tempo. Portanto, se acharem fatos que não se encaixem como
deveriam, não se assustem. Eu não levei essa história
tão a fundo, ou perde a graça! Mas, enfim, ela se trata
de um assunto espiritual, pouco abordado, mas que me agrada muito:
reencarnação. Pode existir? Ou a alma só vive
uma vez, em um só corpo?
Eu acredito que nós
podemos reencarnar sim. E quando os fantasmas de nossa outra vida nos
atormentam, e tentamos reencontrar nossos entes queridos e situações
do passado? É mais ou menos disto que se trata a história...
Não sei se o assunto interessou, mas eu espero que a história
em si interesse mais.
Título: O título Manto Escarlate é mais ou menos uma homenagem. Havia um texto que li, quando pequena, que se tratava de uma pessoa que ressurgia em outra, e tentava recuperar o amor de sua vida. E o autor tratava as lembranças passadas daquela pessoa como "um manto escarlate". Achei esta expressão legal, e resolvi copiar.
Música:
A música que me inspirou a escrever esta fanfic se chama
"Izayoi", e é do anime Saber J. Seria bastante
interessante se a escutassem enquanto lêem isto. Quem tem
Kaaza, melhor, você pode pegar por lá (foi de lá
que eu peguei a minha!). Mas, enfim, essa é a maior fonte de
inspiração para a história.
Enfim, desejo a
todos que lerão esta história que tenham uma boa
leitura. E que, principalmente, não se esqueçam de
deixar sua review, para que eu possa crescer nesta arte tão
maravilhosa que são as fanfics.
MANTO
ESCARLATE
Petit
Ange
Capítulo I: Destino
O
céu era límpido e claro, e as nuvens faziam desenhos
engraçados no céu. A brisa cálida e
reconfortante refrescava o lugar banhado pela luz, lambendo o rosto
das pessoas que ali viviam. Árvores verdes e cheias de frutos,
flores de todas as cores e espécies cresciam em toda a parte.
Nenhuma pintura ou texto poderia retratar a beleza daquele lugar. Os
pássaros cantavam, no embalo da felicidade, as mais belas
melodias. Aquele era o Elíssios. Os famosos Campos Elíssios,
no qual as almas que praticaram boas ações quando
vivas, ficavam. Aqueles campos jamais perderiam a beleza, mesmo com a
guerra que se alastrava lá fora. Os 108 MaSei de Hades, o
senhor do inferno, e os Cavaleiros de Athena, travavam violentas
batalhas para decidirem o destino do planeta Terra, que não se
comparava com a beleza do lugar.
Uma pessoa desconhecida, que não
fazia parte do ambiente, acabou de entrar. Um rapaz. A respiração
ofegante, seu rosto e corpo cobertos de suor e sangue. A ave
mitologia, Fênix. Ikki de Fênix entrara no Elíssios,
e tinha uma vã esperança no fundo do coração.
Esqueceu-se, por um breve momento, de tudo e todos, e concentrou-se
em apenas uma pessoa. Ela poderia estar ali, ou melhor, ela tinha de
estar ali...Esmeralda. Correu pelos campos verdejantes, procurando a
menina e o próximo desafio a ser cumprido, mas não a
encontrou. Só encontrou o desafio. Perdeu as esperanças
e a alegria que sentiu quando entrou naquele lugar. Não a
encontrou em lugar algum.
Mesmo com uma grande lacuna no coração,
concentrou-se em sua batalha, e esqueceu-se dos campos verdejantes.
Mas o Tempo e o Destino não se esqueceram dele.
A
menina assustou-se ao ver seu pai no alto da colina. A imagem dele se
distorcia com os bafos quentes expelidos do vulcão da ilha,
como se transparentes lentes flutuassem ao seu redor, atrapalhando a
visão. Até mesmo as ondas que quebravam em por lá
transmitiam o calor flamejante do lugar. A sensação era
a de que estava em uma frigideira, em fogo baixo, e queimando aos
poucos. Sensação que sempre provara, desde o primeiro
dia de existência. Ela levara o amigo até um campo de
flores, e de repente, seu pai apareceu.
Ela não gostava
quando ele aparecia. E um mau pressentimento apossou-se de seu corpo
assim que o viu, naquele dia. Ele deu um passo para frente, falando
coisas para provocar o rapaz que se encontrava na frente dela,
protegendo-a, e ele cada vez mais se irritava. Mas ele era forte o
bastante para não cair em palavras, e recompôs-se. O
demônio, irritado, desferiu um poderoso golpe que apenas
deixara uma cicatriz na testa do rapaz, mas deixara uma grande
cicatriz no coração dela. Caíra no chão,
e em questão de minutos, sua alma abandonou, contra sua
vontade, o corpo.
Não era a primeira vez que tinha este
pesadelo. E ela o odiava. O rapaz, as lágrimas, o sangue, o
homem, o calor...Tudo parecia tão real. E ela não
evitava um grito de dor cada vez que acordava. Seu peito batia
descompassado, e parecia que estava sendo rasgada, de tamanha dor.
Era real aquele sonho. Poderia ser uma premonição,
um aviso, mas...
-"AAAAAAAHHHHH!"-a menina gritou,
levantando-se de um só salto de sua cama.
-"O que foi,
Mizuno!"-uma mulher de cabelos longos e cacheados castanhos, os
olhos assustados de cor azuis, como um oceano, chegou correndo no
quarto, abraçando a pequena.-"O que aconteceu com você!"
-"De novo, mamãe, de novo...!"-ela dizia, apertando
mais a mãe, aos prantos.
-"Você sonhou com aquilo
de novo, minha filha?"-a mulher pergunta, séria. Ela sabia
dos pesadelos mais recentes da filha. Ela contara à mãe
todo o desenrolar. A menina, o rapaz e o homem. Um assassinato frio,
um campo de lírios, ondas batendo nas rochas, o calor
fumegante. E todas as noites, esse mesmo pesadelo atormentava sua
filha. Yohko Minamino já não sabia mais o que fazer. Se
pelo menos seu marido, ou algum parente de ambos os lados, ainda
estivesse vivo, talvez pudessem ajudar a mulher. Mas seu marido não
tinha irmãos, e ela também não. Os pais de ambos
morreram, e não havia mais ninguém disponível na
família para ajudar na criação da pequena. Mas,
novamente, encontrou a filha arfando, assustada, como se tivesse
visto um fantasma.
-"Eu não quero mais, mamãe,
faz isso parar!"-Mizuno Minamino implorava.
-"Não
sei...Eu não sei como se faz isto, querida..."-a mulher
respondeu, pesadamente.-"Eu realmente queria fazer você parar
de sofrer, mas eu não sei como..."
Mizuno sempre fora
uma menina excelente. Doce, gentil, prestativa, mesmo que um tanto
impaciente. Sempre foi boa na escola, com os amigos, em casa, era uma
menina exemplar. Mas, ultimamente, devido aos pesadelos, ela
regredira na escola, os professores começavam a reclamar da
ausência dela, dos sonos que ela tirava no meio da aula, da
cabeça sempre no mundo da lua, do silêncio. Aquela não
era Mizuno Minamino...E Yohko não sabia mais o que fazer. A
menina idêntica à ela, sua própria filha, estava
sofrendo, e ela não sabia como fazia-se para que parasse.
-"Fica aqui, mãe...Até eu pegar no sono..."-a
garotinha pediu, deitando-se novamente.
-"Sim."-Yohko
assentiu, sentando-se na borda da cama.
A menina, lentamente,
fechou os olhos, e mergulhou novamente no mundo dos sonhos, nos seus
pesadelos, nos seus sonhos, em tudo que fazia parte do seu mundo. E
Yohko apenas ficou ali.
Mesmo
com muitas pessoas andando apressadas pela cidade, o Domingo não
deixava de ser tranqüilo. Naquele dia, o zoológico de
Tóquio estava cheio. Talvez fosse coincidência, mas os
Domingos eram o dia preferido das famílias para irem se
divertir um pouco, esquecer os problemas e aproveitar alguns poucos
momentos de união. E o tempo cooperava com tudo; o sol ameno,
a brisa refrescante, os pássaros cantando...Tudo perfeito.
Desde o término das batalhas, os antigos cavaleiros de Athena
também tentavam reconstruir a vida. Estudavam como garotos
normais, conviviam com pessoas normais, mas jamais esqueceram-se dos
tempos em que o mal aparecia à cada suspiro.
E, neste dia
tão especial, eles mereciam um devido descanso. E nada melhor
do que o zoológico para aliviar as tensões do
dia-a-dia. Os animas sempre acalmam os seres humanos, pois eles têm
a alma pura e limpa.
-"Como o zoológico é
legal!"-comemorava Shun.
-"É, eu também
acho...Dá pra esquecer um pouco dos problemas por
aqui..."-Seiya relaxava.
-"Pois eu não vejo nada de
divertido nesse lugar idiota e cheio de gente idiota."-Ikki
resmungava, com as mãos na cabeça, e o tédio
estampava sua face.
De repente, Seiya vê um grupo de
animais, e resolve brincar um pouco, para tentar descontrair, e para
apenas divertir-se e divertir aos outros também.
-"Ei,
pessoal, eu achei os parentes do Ikki aqui no zoológico!"-ele
anuncia.
-"Mesmo, aonde?"-Shiryu olhava para os lados.
-"É,
eu não estou vendo..."-Shun também analisava o
ambiente.
-"Olha melhor gente, eles estão bem
ali!"-Seiya aponta para um grupo de babuínos, com a cara
emburrada. Todos caem na gargalhada, menos Ikki, que fuzila Seiya com
o olhar.
-"Ora, seu...!"-ele pega Pégaso pela gola da
blusa, e quase o levanta.
-"Calma, Ikki, não fique tão
nervoso."-Seiya acalmava o amigo, soltando-se da mão
dele.-"Foi só uma brincadeirinha inocente, tá? Não
se irrite tanto..."
-"Idiota!"-Ikki diz, soltando-o, e
analisando o ambiente. Encontrou coisas mais interessantes à
vista, e disse:-"Sabe, Seiya, se os babuínos são meus
parentes, aqueles devem ser os seus..."
-"Quais?"-Hyoga
pergunta, não dando lugar à Seiya.
-"Aqueles
lá."-Fênix apontava para as antas, largadas num canto,
e mais uma vez, todos riram.
-"Ora..."-Pégaso
resmunga.
-"Chega, vocês dois. Não conseguem ficar
um dia sem brigarem! Parecem duas crianças, sabiam?"-Shun
repreende os dois, separando-os, para evitar mais um furacão.
-"Vamos continuar nosso passeio logo."-Shiryu diz.
-"É,
é uma ótima idéia."-Shun responde, largando os
dois e caminhando em frente.-"Vamos, pessoal!"
Enquanto isto
acontecia em algum lugar do grande zoológico, em outra parte
mais afastada deste, encontrava-se a pequena Mizuno e sua mãe,
também se divertindo. A menina observava atentamente o
movimento mágico das cobras. Assim como seu pai, Mizuno era
uma amante dos ofídios. Até já pedira à
mãe uma cobra de estimação.
-"Vou comprar
sorvetes para nós, Mizuno, já volto..."-Yohko diz,
afastando-se da filha por alguns instantes.
Mas a menininha
estava atenta demais nas cobras, e não prestou atenção
numa única sílaba pronunciada pela mãe. Sorria
infantilmente, observando os animais que tanto amava. Até que
o réptil, cansado, mergulhou cegamente no sono, e Mizuno deu
um sorriso.
-"As cobras são legais quando dormem, não
é, mamãe?"-mas ela não obteu resposta alguma.
Virou-se, e não viu sua mãe em parte alguma, nem nas
redondezas. Ela estava perdida. O que faria? Procurou manter o
sangue-frio, e não chorou. Certamente, se ela achasse algum
segurança, ela poderia pedir a este que informasse à
sua mãe o local onde ela estava, e poderia voltar para casa
sem traumas. Sua mãe lhe ensinara isto. Mizuno, decidindo
assim, caminhou pelo zoológico, procurando um segurança
qualquer, mas tudo o que via eram pessoas que não vestiam o
uniforme que queria ver. Logo, começou a perder as esperanças,
e um desespero comum se apossou dela.
Olhando para os lados, não
via mais ninguém à sua frente. Foi neste momento tão
certeiro quanto um raio que rasga os céus, Mizuno Minamino
choca-se com alguém, caindo no chão.
-"Você
está bem, menina?"-Ikki pergunta, olhando atentamente para
ela.
-"Ah...Desculpe-me, eu estava distraída, eu..."-ela
olhou para o rapaz com quem esbarrara, e ficou estática. O
mesmo rapaz de seus pesadelos. Os mesmos cabelos, os mesmo olhos, a
mesma pele, a mesma voz...Era ele.-"Você é...O rapaz
dos meus pesadelos...O rapaz de Fênix..."
-"Perdão,
nos conhecemos...?"-Ikki pergunta, sem entender.
Continua...
