Prova de Amor

CAPITULO 1

Era madrugada no Japão. Dentro da enorme mansão que se destacava dentre as outras casas do bairro, se encontrava um garoto próximo de seus 14 anos. Os grandes olhos verde-esmeralda brilhavam se destacando no rosto pálido e belo. Fitava uma rosa branca que estava num pequeno copo com água na mesinha ao lado da cama.

Shun se revirava, não conseguia mais dormir, passou a mão no travesseiro que estava ao seu lado e no colchão. Frios.

Naquela noite Shun já tinha se preparado para dormir quando Hyoga entrou silenciosamente em seu quarto trancando a porta por trás de si para só então se jogar na cama ao lado dele. Os dois já estavam juntos há meses, mas mantinham o relacionamento em segredo.

- Já vai dormir? – perguntou Hyoga sorrindo.

- Claro que não, eu estava esperando você... – Shun aproximou o rosto para beij�-lo, mas o loiro recuou ainda sorrindo.

- Espera, olha o que eu trouxe pra você! – Hyoga mostrou uma rosa branca que estava segurando, Shun não havia percebido a flor em suas mãos e ficou surpreso ao vê-la.

- Eu adoro rosas brancas! – o garoto sorria ao peg�-la entre os finos dedos.

- Eu sei... Por isso peguei. Se bem que não entendo como você pode gostar justo de rosas brancas quando foi uma dessas que quase te matou.

- Elas não deixam de ser lindas por causa disso... – Shun rodava a flor entre os dedos tomando cuidado para não tocar nos espinhos. Colocou-a no copo de água que sempre deixava perto de sua cama e se voltou para Hyoga beijando os lábios tão quentes do guerreiro do gelo.

- Ah, mais uma coisa... – Hyoga falou enquanto beijava o namorado. - Eu vou voltar pra casa hoje.

Shun não disse nada, parou o beijo e abaixou o rosto.

- Eu sei que você não gosta quando eu...

- Não, ta tudo bem. – Shun interrompeu o outro tentando manter um sorriso convincente no rosto. – Você tem que ir... Então, vamos aproveitar hoje à noite!

Quase uma hora de passou, os dois permaneceram acordados se beijando e se acariciando. Os dois sussurravam tentando não fazer barulho, ou pelo menos tentando fazer menos barulho do que já tinham feito!

- Hyoga... Por que não fica aqui no Japão? – Shun estava deitado de lado, um braço dobrado debaixo da cabeça e metade do corpo coberto com um lençol branco.

- Já falamos sobre isso. – Hyoga estava com os olhos fechados e o rosto ainda suado, estava também de lado, deitado de frente para o namorado.

- Você só me disse que lá é a sua casa.

- E não é motivo suficiente? Eu não moro aqui e sim lá.

- Mas você pode muito bem vir pra cá e ficar aqui comigo.

Hyoga não respondeu, virou-se para o outro lado dando as costas para Shun.

- Não vai me responder?

- Já esta tarde, depois a gente conversa.

- Você sempre diz isso...

- Já disse que agora não. Estou com sono.

- Esta com sono para conversar comigo, mas não para pegar um avião e viajar a essa hora da noite!

Shun tinha o tom de voz aborrecido, virou-se também para o outro lado da cama e se cobriu até o pescoço fechando os olhos. Passados alguns segundos ele sentiu Hyoga se sentar ao seu lado e dizer com a voz baixa:

- Eu volto no final de semana.

Shun sentiu o peso na cama diminuir, Hyoga havia se levantado. Quase no mesmo instante ouviu a porta de seu quarto abrir e se fechar novamente. Ele se encolheu mais no lençol sem abrir os olhos em momento algum.

As horas passaram e a manhã chegou, Shun havia dormido muito mal aquela noite, uma pequena parte dentro dele se sentia mal por ter deixado Hyoga ir embora sem ter se desculpado com ele, mas uma parte maior achava que ele não tinha que se desculpar, ele não tinha feito nada de mais. Se Hyoga pelo menos fosse menos frio, se desse mais atenção aos sentimentos dele... O fim de semana estava longe, ainda era terça-feira e Hyoga tinha voltado há apenas três dias e já tinha ido embora novamente. Shun não conseguia entender por que ele estava sempre tão ausente, não conseguia, ou não queria entender por que a Sibéria era tão importante assim...

Estava numa das várias salas da mansão, chovia forte aquela manhã e só se ouviam os grossos pingos de água batendo contra os vidros nas janelas. Ele estava novamente sozinho. Todos os seus amigos tinham ido para algum lugar. Shiryu tinha convidado Seiya para passar um tempo na sua casa na China, Ikki como sempre sumia sem dar pistas de onde estava e Saori agora estava morando no Santuário e passava muito pouco tempo no Japão e por causa disso ela tinha despedido muitos dos empregados deixando a mansão mais deserta ainda. Shun estava deitado num dos sofás, a cabeça apoiada numa almofada. Seu pensamento voava... Pensava em qual restaurante iria pedir comida, pensava em como estava precisando de casacos e o que estaria passando aquele dia no cinema. Tentava a todo custo pensar em coisas que não o fizessem lembrar de Hyoga, mas não conseguia... Queria estar com ele e não conseguia enganar a si mesmo, mas não agüentava mais ser tratado daquele jeito.

- Parece que ele nem liga pra como eu me sinto... – Shun se pegou falando consigo mesmo.

Já era fim da tarde de sexta feira, ainda chovia bastante e sem previsão para parar. Shun estava no quarto sentado em sua cama com a coberta pendurada nos ombros abraçando o próprio corpo para tentar se esquentar. Estava com a TV ligada, mas não prestava muita atenção no programa de variedades que passava. Ficou aquele dia todo com os olhos na televisão, a chuva não deixava nem ele sair para o jardim ou dar uma volta. Levantou da cama e foi até a porta da pequena varanda que tinha em seu quarto, vestia um casaco fechado de moleton vinho e calça também de moleton de um tom acinzentado como o céu daquele dia. Não a abriu, pois sabia que se o fizesse molharia completamente o piso do quarto, ficou apenas olhando o jardim molhado e os pingos machucando sem dó as belas flores que ele tanto gostava de apreciar e algumas que ele mesmo havia plantado.

A varanda daquele quarto dava vista para uma das laterais da mansão. Era lá que ficava a pista de pouso dos jatos de Saori e mais afastado, quase perto dos fundos da casa havia um grande campo de futebol que era muito utilizado quando Seiya estava por perto. Além do campo começava a imensa floresta que começou a ser plantada há anos atrás quando Mitsumassa Kido comprara a mansão. Exatamente no meio dela havia um pequeno lugar livre de árvores onde ficava uma fonte que jorrava a água cristalina que vinha do lago artificial que se situava mais ao final da floresta. Era lá onde Shun gostava de ficar quando estava sozinho na casa, um pequeno lugar bonito e silencioso que parecia ser só seu. Ele achava que ninguém mais conhecia aquela fonte, afinal ele nunca tinha visto alguém se adentrar tanto na floresta.

Shun se lembrava que tinha comentado sobre esse lugar com Hyoga uma vez e prometeu que um dia o levaria até l�, mas provavelmente ele já tinha se esquecido completamente disso.

- Ele disse que voltaria no fim de semana... – Shun se pegou novamente falando sozinho. Já estava se acostumando com isso, era melhor falar consigo mesmo do que não falar. Fechou os olhos balançando a cabeça negativamente e desceu para o andar de baixo. Não podia andar no jardim, mas pelo menos ele podia dar uma volta pela própria casa. No meio da escadaria que levava ao primeiro andar ele ouve a campainha tocar insistentemente.

-Esses empregados são pagos para não fazer nada o dia inteiro! Nem pra atender a porta! – pensou a rapaz enquanto se dirigia o mais rápido possível ate a porta principal.

Abriu apenas um pouco para ver quem estava do lado de fora e se espantou ao ver Hyoga completamente encharcado por causa da chuva. O loiro entrou com pressa molhando o piso da sala.

- Que tempo heim? – Hyoga passava as mãos pelos cabelos tirando o excesso de água acumulado neles. – Eu queria te dar um abraço, mas não quero te molhar e pelo visto você está com frio.

- Tudo bem. – Shun fechou a porta com um pouco de dificuldade, pois o vento a estava puxando. Virou-se para Hyoga dando-lhe um sorriso pouco entusiasmado. – Como foi de viagem?

- Bem, tirando a chuva... Ei... Posso te dar um beijo pelo menos?

- Hum... Claro...

Hyoga se aproximou e se inclinou um pouco para alcançar os lábios de Shun, o beijo de inicio foi simples, mas isso foi até Hyoga levar uma das mãos até a nuca de Shun enquanto invadia sua boca com a língua. Os corpos se juntaram quando Hyoga envolveu a cintura de Shun com os braços, o garoto parecia não ligar para o corpo molhado do outro e também o abraçou com força aumentando a intensidade do beijo. Todo o rancor que Shun sentira durante aqueles dias sumiu de repente e ele só pensava em como era maravilhoso estar ali nos braços do homem que ele mais amava no mundo.

- Desculpa, acho que me exaltei... – Hyoga sorria passando a mão pelo rosto de Shun numa tentativa frustrada de sec�-lo. Shun também sorriu e segurou as mãos de Hyoga entre as suas.

- Bem, acho que vamos precisar de um banho bem quente agora, não concorda?

- Hum, é claro que concordo!

Ao chegarem ao banheiro Hyoga foi o primeiro a se despir, ligou a água quente e deixou-a cair por todo o corpo. Olhou para Shun que agora tirava a calça devagar.

- Vem logo – Hyoga apressava o namorado.

- Calma, ta frio!

- Então é mais um motivo pra você entrar logo aqui!

Shun abriu a porta do box, Hyoga saiu debaixo da água dando espaço para o namorado também se molhar. O garoto se sentiu aliviado quando o água tocou em seu corpo o aquecendo no mesmo instante, fechou os olhos e jogou o cabelo molhado pra trás. Sentiu os braços de Hyoga envolvendo novamente sua cintura e os corpos molhados encostarem um no outro, inclinou a cabeça para o lado para poder sentir mais os beijos e lambidas que recebia. Hyoga não perdia tempo e já apertava as nádegas de Shun com vontade enquanto o beijava cheio de desejo deixando bem claro o que queria fazer.

Shun parou o beijo e se encostou à parede puxando Hyoga junto, mas antes que o loiro pudesse recomeçar com seus toques Shun sorriu e olhando fundo nos olhos dele disse:

- Eu estou feliz que esteja aqui.

- Eu também estou... – Hyoga pegou o pequeno rosto de Shun nas mãos e o beijou.

Dois dias se passaram e os dois namorados não se largavam, Shun parecia ter esquecido completamente tudo o que queria dizer para Hyoga, tudo parecia perfeito quando estava com ele, não queria estragar falando todas as besteiras que tinha pensado enquanto estava sozinho. Naquela manhã a chuva ainda caia insistente, mas para os dois amantes que estavam deitados juntos e aquecidos na cama o dia tinha começado maravilhosamente bem.

Shun vestia calça comprida e um dos casacos de Hyoga que ficava um pouco grande em seu corpo esquio, mas ele não tinha opção já que o único casaco bom que ele tinha ainda estava lavando. Já o loiro, além da calça, vestia apenas uma camiseta de malha branca e parecia muito confortável com apenas aquilo o protegendo do frio. Hyoga pegou uma mecha de cabelo de Shun e a envolveu em seus dedos, nenhum dos dois dizia nada, mas também não precisavam, apenas estarem juntos já era o suficiente. Shun fechou os olhos deixando Hyoga se entreter com seu cabelo, mas de repente ele senta assustado na cama, alguém estava se aproximando do quarto e a porta não estava trancada.

- Rápido, é o meu irmão!

- O que ele veio fazer aqui?

Hyoga não se demorou e já estava de pé abrindo a porta da varanda. Por sorte seu quarto era bem do lado e dava para pular até a varanda, a distancia era grande para uma pessoa comum, mas nada difícil para um cavaleiro.

- Eu não sei, mas vai logo!

Assim que Hyoga desapareceu de vista Ikki bateu na porta do quarto do irmão chamando seu nome. Shun olhou em volta tentando encontrar alguma coisa que pudesse dizer que Hyoga estivera por ali, fora a cama desarrumada ele não via mais nada, mas também ainda era cedo e nada o impedia de dormir até aquela hora! Até que percebeu algo brilhando ao lado da cama.

- Droga, o rosário!

Num movimento rápido Shun foi até a mesa de cabeceira, pegou o colar que Hyoga carregava em seu pescoço e o tacou dentro da gaveta mais próxima. Hyoga sempre a tirava do pescoço antes de se deitar com Shun, dizia que atrapalhava. E realmente Shun achava que não se sentiria a vontade com aquela cruz batendo em seu rosto o tempo todo!

Foi até a porta e a abriu tentando fazer cara de sono ao olhar para o irmão. Ikki estava molhado e tentava desgrudar a camisa do corpo, ficou parado na porta olhando para a cama desarrumada.

- Acordou agora?

- Sim... Eu sempre me sinto meio mole em dias chuvosos... Não tem nada pra fazer... – Shun esboçou um sorriso e se apoiava na porta – Mas que bom que voltou! Aonde você tava?

- Por aí... Só ta você aqui?

- Ah... Não... O Hyoga deve estar no quarto dele... Por que?

- Nada, só pra saber. Bem, vou tomar banho e depois vou tomar café, vai descer né?

- Claro!

E assim foi, minutos depois os dois irmãos estavam sentados na mesa de jantar tomando o café da manhã que tinham acabado de servir. Hyoga apareceu um pouco depois com o cabelo um pouco molhado. Fingiu-se surpreso ao ver Ikki sentado na mesa.

- Ah, você voltou! – disse o loiro enquanto sentava-se ao lado de Shun.

- Voltei... Pensei que o Shun tava sozinho aqui e resolvi aparecer pra fazer companhia. Mas o que vocês estão fazendo ultimamente?

- Bem, não dá pra fazer muita coisa com um tempo como esse... – Shun disse baixinho enquanto se servia de mais suco.

Ele sentiu o rosto corar ao lembrar de como ele e Hyoga estavam se mantendo "ocupados" nos últimos dias. O loiro pareceu ler os pensamentos de Shun e baixou o rosto para esconder um sorriso. Por sorte Ikki estava lendo o jornal e não percebeu nada de anormal, continuou falando parecendo não ligar muito para as respostas, estava mais interessado numa notícia sobre mortes de estudantes ginasiais na capa do jornal.

- Mas e você, não vai dizer por onde estava?

Shun queria a todo custo mudar o rumo da conversa, Ikki baixou o papel e olhou para o irmão.

- Esse casaco não está um pouco grande em você?

- Não mude de assunto!

- Pra falar a verdade eu não lembro desse casaco, é novo?

Ikki com certeza não ia responder a pergunta do irmão e olhava para o casaco de capuz cinza que ele usava como se fosse a coisa mais interessante do mundo. Shun estava prestes a dizer que era um casaco antigo e que Ikki não devia lembrar quando Hyoga respondeu em seu lugar:

- É meu.

Ikki olhou intrigado para o loiro que pegava calmamente um prato para começar a se servir.

- Seu?

- É. Shun molhou o dele na chuva, como eu quase não uso casaco não me importei em emprest�-lo um.

Shun estava dando um gole em sua xícara de leite achocolatado quando Ikki o perguntou:

- Por que não me disse que estava precisando comprar casaco Shun?

- Ah, devo ter esquecido...

- Do jeito que você sente frio eu acho melhor o Hyoga trazer um daqueles que usam lá na Sibéria.

- Se quiser eu trago, devo voltar pra lá ainda essa semana.

O chão pareceu fugir dos pés de Shun ao ouvir aquelas palavras. Hyoga ia embora de novo, ia deix�-lo sozinho como das outras vezes!

- É uma boa idéia não é Shun? Shun?

Ikki perguntava em vão, Shun já tinha se levantado da mesa sem dizer nada.

- Aonde você vai? – Ikki perguntou sem entender a reação do irmão caçula, mas não obteve resposta.

Hyoga ficou sem saber o que fazer, queria correr atrás de Shun e perguntar qual era o problema, mas com Ikki ali isso ficava impossível. Voltou à atenção para o prato e voltou a comer. Depois de terminado o café Hyoga foi para o quarto, ia ficar uns minutos ali e logo depois iria procurar Shun, mas não precisou de muito tempo para encontr�-lo. A chuva estava fina e ele aproveitou para abrir um pouco a porta da varanda e ao fazê-lo viu Shun saindo de dentro da floresta, a roupa e os cabelos um pouco molhados. Sem mais esperar saiu correndo as escadas para tentar alcanç�-lo antes que entrasse na casa. Por sorte Ikki não estava no caminho e Hyoga chegou no exato momento em que Shun estava fechando a porta.

- Aonde foi? – Hyoga falava baixo, pois não queria atrair a atenção de Ikki.

- Não importa. – Shun falava ainda mais baixo, não por medo de ser ouvido, mas por que não queria falar com Hyoga.

- Como não importa? Por que você saiu daquele jeito? Foi só porque eu disse que ir voltar pra Sibéria?

Shun não respondeu e como se não estivesse dando atenção a Hyoga começou a subir as escadas, mas foi impedido quando sentiu ser puxado pelo pulso.

- Me solta Hyoga. – Shun não olhou para ele, estava com os olhos fixos no andar de cima.

- Não. Você não vai sair daqui até me dizer o que esta acontecendo.

O garoto desceu os poucos degraus que tinha subido e parou na frente de Hyoga, suspirou e começou a falar:

- Você me deixa sozinho por dias e não sabe por que eu fico assim?

- É só por isso?

- Só? Você acha que é pouco? Às vezes eu acho que isso é só um passatempo pra você! Você vem aqui, dorme comigo e depois vai embora! Isso não é um relacionamento! Você não deixa a pessoa que você ama sozinha!

- Não é verdade! Eu fico com você! Você está sendo injusto!

- Eu? Injusto é eu ter te entregado tudo, ter te dado todo o meu amor e ter que te dividir com ela!

Shun já estava aos prantos e falava alto, passou a mão pelos olhos limpando as lágrimas que caiam. Hyoga estava mudo. Então o motivo de tudo aquilo era por causa de sua mãe? Shun estava com ciúmes dela?

- Eu não posso simplesmente deix�-la e você sabe disso...

- Ela está morta Hyoga! E eu não! – Por um momento os dois ficaram em silencio, mas Shun continuou - Eu sei que nunca vou conseguir competir com ela... Eu vou sempre estar em segundo lugar não importa o que eu faça...

- Você não pode me pedir pra escolher...

- Eu não estou te pedindo nada... Talvez eu esteja sendo egoísta, mas eu te amo tanto e... Você diz que me ama também, mas às vezes eu não sei se acredito no que você diz...

Hyoga continuava em silencio apenas ouvindo ao desabafo de Shun, o garoto parecia estar fazendo um enorme esforço para dizer tudo aquilo e Hyoga não queria dizer nada, talvez por que não soubesse a coisa certa a dizer.

- E eu não posso continuar com alguém que eu não sei se me ama...

- Shun... O que você ta dizendo?

- Não posso continuar com você Hyoga...

O olhar de Shun estava fixo em Hyoga, seus olhos verdes marejavam, mas continuavam firmes olhando para o azul dos olhos do outro. Hyoga tentou se aproximar de Shun, mas ele deu alguns passos pra trás não deixando que o loiro o tocasse.

- É isso mesmo que você quer?

- É claro que não! Eu quero ficar com você, eu quero poder te beijar na frente de todo mundo ao invés de ter que fingir que somos só amigos e eu quero ouvir você dizendo que me ama com todo o seu coração e não parte dele. Mas não é isso que você quer... E eu não posso fazer tudo isso sozinho...

Mais uma vez o silêncio, mas dessa vez foi Hyoga quem o quebrou:

- Eu vou embora e vou voltar em alguns dias quando você estiver mais calmo e tiver tirado essa idéia da cabeça.

- Não. Você tem que ficar com quem você ama e essa pessoa não está aqui.

- Você não sabe o que está dizendo!

Hyoga deu as costas e foi em direção à porta abrindo-a, mas antes de sair olhou para trás, em seus olhos algumas lágrimas brotavam.

- Eu vou provar que te amo Shun.