SOB UM CÉU VERMELHO SANGUE

12 Sentido E Significado

Literalmente caiu da cama, sentindo o ombro se chocar primeiro contra o chão de pedra... abriu a boca num longo bocejo modorrento de domingo, ainda com as pernas em cima da cama e costas apoiadas no chão.

-Beleza de posição Harry... caiu da cama?- disse Rony com a cara para fora da cortina, acordado pelo baque do outro.

-Naaããooo.- bocejou de novo.- Estou assim porque quero... me deu na telha que vou começar a praticar yoga.

Rony apenas sorriu ainda o olhando, Harry colocou os braços para trás e apoiou a cabeça neles.

-Falando em posições...- disse olhando o amigo com um sorriso cínico.- E você e a Mione ontem?

Rony conseguiu ficar tão vermelho quanto sua cabeleira.

-Não sei do que está falando.

-Ah, tá bem... eu acredito mesmo.

-Não seja enxerido!- O outro jogou a almofada em sua direção.

-Ah!- cobriu o rosto com a mão.- Perguntar não ofende!

Bebericou o chá quente sentado em sua poltrona favorita envolto no seu roupão mais velho e confortável... com a cabeça latejando daquele jeito com certeza devia estar com uma aparência convalescente...

Passara toda a madrugada dissecando a porcaria de sonho que tivera com Potter... Como se não bastasse mergulhar naquela criatura de dia, agora tinha que submerjir nela a noite...

Se estivesse casado com o moleque não estaria tão saturado dele.

Pousou a xícara no pires e levou a mão na testa com um leve riso baixo... realmente precisava na verdade de férias... que o natal não demorasse... respirou fundo... ainda preocupado com o que vira... pois sabia ser importante... o problema era que não sabia o que era mais importante...

Descartou a possibilidade de Potter cometer suícidio... não tinha o perfil... Grifinórios não desistem... a criança era um reflexo do que conhecia através das memórias do rapaz... o via selvagem porque de certa forma o menino se criara de forma abandonada... a casa estava fechada porque não tinha importância provavelmente... o que o intrigava eram as pedrinhas em sua mão...

Verde e vermelho se afogando em sangue... seria alguma referência ao próprio Potter e... e o Lorde? A morte de ambos? Mas antes a criança traçou um círculo em torno de ambos... Unidos talvez? Que inferno... e porque o jovem... sua imagem atual se apoiara nele? Pra morrer? Ou seria somente para descansar?

"Eu lá tenho cara de encosto?"

A tarde passara calma... sonolenta, os dias cada vez mais curtos, pensou Harry na vassoura ao lado de Rony observados por Hermione que não aceitou a carona do namorado... ainda pensando no tempo que passara desde o ínicio do ano letivo, Hogwarts lhe fizera bem a seu modo... sentia-se menos deslocado com os amigos, mas de resto... podia fingir o quanto quisesse, havia algo duro e frio em seu peito que o impedia de sentir plenamente tudo a sua volta...

Olhando Hermione recepcionar Rony com um beijo, descobriu também que sentia-se sozinho no sentido romântico da coisa... não que não houvesse uma e outra doida lhe lançando olhares e fazendo de tudo para chamar sua atenção na AD, só não fazia sentido... não lhe chamava a atenção...não havia apelo nisso.

Gina dizia que era culpa de Chang...

Essa sim se esforçando para continuar esnobando a "celebridade", sorriso torto em lembrar justamente do infeliz do Snape... Chang e Snape deveriam casar... seriam felizes... dois chatos de primeira.

Por falar em certa criatura desgraçada,sentia-se mal com a simples lembrança de encara-lo novamente na segunda feira... ainda sentia o rosto arder ao lembrar do tapa...

Por mais que as semanas passassem... não tirava tal memória da cabeça... havia algo de incomodo nela... e não era raiva... era dor... sentia-se infeliz toda vez que lembrava...

Não por ele ter dito coisas injustas, estava acostumado com isso.

Acompanhando os amigos que iam abraçados se confrontou com uma verdade escondida em sua alma.

O que doía era ter novamente falhado em frente ao outro.

"Porquê?" pensou parando no caminho.

-Quê foi Harry?- perguntou Hermione.

-Nada...- disse olhando o lago.- Nada mesmo.

-Não é... ele?- perguntou Rony.

-Não...- sorriu aos amigos, para tranqüiliza-los.- Nada mesmo... vamos jantar?

-Falou minha língua cara!- disse Rony sorrindo.

Deu uma nova olhada ao lago... entrou afastando os pensamentos perturbadores da mente com uma frase.

"Não preciso provar nada a ninguém!"