SOB UM CÉU VERMELHO SANGUE
15 Ignotum Obdormiam Anima
-Certo Potter... qual o problema?
"Bom, a parte trouxa tem receio quanto a palavra Ritual... a parte bruxa lembra muito bem que o único do qual participou foi o da ressurreição de Voldmort... em suma estava apenas tentando não ser preconceituoso com a idéia..." pensou se aproximando ainda em silêncio e olhando o caldeirão bem de perto.
-Nenhum... Além é obvio de não terem me avisado...- disse baixo.
-Creio que o diretor tem seus motivos Potter...- disse se afastando para a bancada e cortando alguns talos de uma planta que Harry desconhecida...- acrescente a essência de Sílfia.- disse ele apontando para uma série de pequenos frascos de vidro.
Harry observou o professor cortar os talos longos e verdes com uma facilidade desagradável... não lhe agradava o fato de haver uma faca ali, apesar de saber que Snape era mais perigoso com uma varinha na mão... o fato dos talos escorrerem uma seiva marrom escura apenas dava uma impressão maior de estar vendo algo sangrar... pegou o frasco mais a frente e despejou-o todo no caldeirão.
-E o que iremos fazer? Professor?- perguntou tentando não olhar o que o outro bruxo estava fazendo.
-Simples... é um ritual chamado de "Ignotum Obdormiam Anima"... destinado a faze-lo se encontrar com seu espírito oculto.- Snape disse separando parte da planta picada e pilando a outra com agilidade.
-E...- Harry deu de ombros, olhando o caldeirão que desprendia um leve aroma parecido com bebida... Conhaque talvez...
-A "Ignotum Anima", Alma ou espírito desconhecido é uma parte de sua magia... após o ritual passará a "Ignotis Anima" ou Espírito Oculto... - disse Snape despejando o que lembrava um mingau de aveia muito escuro no caldeirão.- Está me fazendo perder tempo Potter... – disse Snape olhando e farejando o caldeirão, ou assim pareceu para Harry.- Quase perdemos o ponto do 'Obdormiam essenctia".
-Isso tudo é para despertar parte da minha magia?- Harry perguntou observando a poção esverdear e soltar um leve odor agora mais próximo ao de rum...
-Você tem a péssima mania trouxa desimplificar as coisas... não Potter, não é só parte de sua magia... é parte de você... uma parte de sua própria personalidade... de sua alma... um reflexo... não é simplesmente um pouco de magia...
-Certo... é como uma sessão mágica de análise... perfeito.
Snape o olhou, provavelmente Potter achara que não ouvira... ah sim... era Potter erguendo suas barreiras naturais... ao primeiro sinal de algo estranho, diferente e invasivo... automaticamente o garoto a sua frente imaginava todas as alternativas possíveis para se preparar...
Quase admirável, já que era mais instinto de sobrevivência do que inteligência prática...
-Pra que serve essa poção então?- Harry perguntou ainda olhando o caldeirão... atraído pelo aquecimento em seu rosto... mal tinha percebido como o resto do ar estava frio.
-Não se pode mergulhar em sua própria alma preso a banalidade.- Snape disse sério.- Ele é um veículo... a poção serve para que você se desligue dessa realidade para que busque sua "Anima".
-Ah... tá certo. Desligar da realidade?
-Sim Potter... Serve para desligar a sua mente da realidade... como uma bebida.
-Ou uma droga.- disse sério.
-O efeito é parecido... mas o "Obdormiam Essenctia" não é para ser tomado num fim de semana em Hogsmeade. Mas não se preocupe, é seguro.
-Ah... imagino que seja.- Harry disse fatalista.
-Não seja impertinente.- Snape disse apagando o fogo.- Você deve se preparar.- disse separando uma grande quantidade da poção em dois frascos grandes e um pequeno recipiente, estendendo a mão longa para uma bolsa de pano escuro pendurada na bancada.
-Você não devia me dizer o que devo fazer e principalmente se quero fazer? Porque eu não gostei da idéia!- disse sério... enquanto o bruxo lhe dava os frascos para que segurasse... na verdade não lhe agradava em nada o fato de Dumbledore não ter falado com ele... na verdade não se falavam não é mesmo?
E Dumbledore se importava em falar o motivo das coisas? NÃO! Imagine! Coloca o Harry para se danar que ele sobrevive, o importante é que Voldmort não tenha a chance de se dar bem... não é mesmo? E só dá certo se pudesse resistir, não importava o meio pelo jeito.
-Simples Potter, eu vou ser seu guia... é necessário outro bruxo experiente para fazer o ritual.-Snape olhou o caldeirão e balançou a cabeça.
-Você?!- perguntou o olhando.
-Sim eu, e vamos com isso.- Disse Snape com a mão em seu ombro o conduzindo até o tapete.- Não estou comemorando o fato Potter, mas como lhe disse no Largo Grimmauld, não queremos falhas... então sejamos sérios sim?
O argumento o convenceu, a mera lembrança de seu erro... seu erro com Sirius... era mais do que um argumento, se deixou lavar até o tapete, sentando bem em frente da lareira, mas de lado para ela, Snape sentou a sua frente.
-O processo é simples, uma pequena preparação inicial, que é desagradável...- disse Snape dispondo os dois frascos e o recepiente entre eles bem como da bolsa tirou uma caixa que abriu... estava cheia de ervas.
-Você já fez isso? O ritual?
-Sim... Potter. Se não tivesse feito não poderia guia-lo.- disse mexendo na bolsa e retirando um embrulho de pano branco.
Harry não pode deixar de tremer ao ver os dois punhais que Snape retirou da bolsa, antes envolvidos pelo pano branco, não era um pensamento agradável vê-los ali... tentou desviar sua atenção, não conseguiu.
-O que isso... Pra quê isso?
Snape Sorriu torto.
-Medo Potter? São um Athame e Ythame. Punhais usados em rituais... O de cabo negro é o Athame ele nunca é usado para cortar coisas no plano físico...
-E o outro?- perguntou um pouco mais calmo.
-Ythame...- disse sério.- Ele na verdade só é usado para os preparativos... espero que esteja pronto, na verdade.- disse ele olhando-o.- É melhor tirar essa veste Potter... deixe-a no chão, não precisamos de atrapalhos, se achar melhor pode deixar sua varinha no chão ao seu lado.- Snape deixou a sua perto da bolsa.- Elas não serão necessárias.
Tirou a veste, aproveitou para arregaçar as mangas, porque apresar do frio a lareira estava com o fogo forte... sentou-se e olhou o outro, Snape estava mais sério e concentrado do que o habitual e havia sim algo de quase sagrado a sua volta... não que talvez não estivesse somente impressionado com tudo...
-Acima de tudo... tem que confiar em mim.- disse Snape pegando um punhado das ervas e colocando no recipiente juntamente com uma parte da poção.
-Está brincando?- perguntou baixo.
-Não.- disse Snape sério.- Me dê sua mão esquerda.
Resolveu por bem seguir as instruções afinal não era como se Snape pudesse esfaqueá-lo... ops, apunhala-lo e sair correndo não é? Estendeu a mão para o outro.
A mão de Snape era quente... sempre a imaginara fria e úmida... não, era quente, grande e forte.
-Está pronto, Potter? O pior que pode lhe acontecer é ter que dormir enjoado e acordar com dor de cabeça amanhã.
E antes que pudesse falar algo irônico em resposta a mão do bruxo segurou a sua com força e o Ythame lhe abriu a palma...
O sangue correu.
