A autora da fic adverte: lembram dos avisos de slash e coisas do gênero? Bom esse capítulo começa com tudo.(se vocês confundirem os diálogos não se desesperem, é proposital.)
SOB UM CÉU VERMELHO SANGUE
18 Encontro Veneno Em Sua Boca
Olhou o horizonte vazio desanimadamente... sua mente? Ou de Snape? Sua alma? Delírio? Sonho? Visão? Maldita vida confusa! Ergueu o rosto para o céu vazio de estrelas.
Havia um motivo para ser assim...
Severo olhava a sua volta sentado ao lado da fogueira, um misto de fascinação e apreensão, porque a alma de um jovem de dezesseis anos era tão negra? Vazia.
Sua vida fora vazia, sua alma fora maltratada, por acaso Potter se julgava mais sofredor que os outros sofredores no mundo? Criança mimada... egocêntrica. Na sua passagem se vira num lamaçal... num pântano e mesmo mergulhado em seu próprio desespero Dumbledore lhe mostrara quanta vida guardava em seu próprio mundo. Afundado em temores o bruxo branco ainda lhe mostrou que mesmo em seu pântano havia flores escondidas... desejos reais de viver e ter esperança.
As palavras do rapaz momentos antes foram desesperadas... dolorosas mas o vazio da paisagem era ainda mais desesperado, mais doloroso, um vazio de cor, de gestos, de vida.
"Eu não deixei de ser eu só porque Dumbledore acha que eu sou essa arma perfeita dele! Héroi, santo... salvador! Vítima... assassino!Eu não deixei de ser eu! Eu não quero deixar..."
-Deixar de ser quem Potter?- murmurou.- Quem é você?
-Não sei.- Harry disse se sentando cansado ao lado do outro.
Ergueu os olhos e acompanhou-o sentar-se, se ele não tomasse decisões logo ficariam encalhados ali...
Não podia intervir diretamente mas...
-Certo Potter... podemos então conversar?
Harry riu.
-Conversando com Severo Snape no meio do nada... que programa maravilhoso para uma sexta a noite.
-Bom se tinha outros programas em mente Potter, lembre-se que você está em Hogwarts e tem suas obrigações.
-Não dá para esquecer... não dá.- disse sentando-se mais perto da fogueira e conseqüentemente mais perto do outro.- Está frio aqui.
-Está? Isso é sua culpa...
Harry apenas suspirou estendendo as mãos para o fogo.
-Potter sabe porque fizemos tudo isso e estamos aqui no meio do nada, no frio?
-Porque eu sou um fracasso em oclumência como você gosta de repetir.
-Deveras... mas não.
-Não?
-Você é muito capaz de usar oclumência, é muito bom ás vezes... mas não consegue... há um bloqueio, que se não houvesse...
-Você realmente acha que eu gosto disso não é? Acha que eu quero atenção, acha que sinto prazer... você é tão cego.
-Sou Potter? Se você não deseja isso, se não sente prazer nisso porque não pára?
-Acho que se eu tivesse essa resposta não estaríamos aqui!- disse irritado.
-Então se concentre em achar sua resposta Potter! É por isso que você está aqui!
O silêncio voltou a imperar... havia um vento leve e gelado naquele campo aberto, não havia som de vento pois não havia árvore ou capim suficientes para criar o som... não havia lua para iluminar a escuridão que parecia engolfa-los e a fogueira não era grande o suficiente para aquece-los, até porque suas chamas estavam minguando rápido e, no entanto Severo desabotoou os três primeiros botões da veste negra, sentia-se suar...
-Por quê você fez o ritual?- Harry quebrou o silêncio.
-Isso é coisa minha Potter!
Observou o rapaz desdobrar a manga e fechar o punho da camisa e se encolher um pouco mais de frio... desprotegido contra sua própria natureza.
-Não existe conversa com você.- Harry concluiu desanimado.
-Como assim?
-Existe interrogatório, não conversa... o que quer saber afinal?
Olhou longamente, estendeu a mão para a fogueira já bem pequena.
-Me explique, porque disse tudo aquilo?
-Não sei porquê...
-Potter se for se refugiar no "não sei" não iremos muito longe.
-Você faz as perguntas erradas, não tenho culpa.
-E quais as certas?
-Não sei.
Snape grunhiu alto de insastisfação, Harry o olhou bufar voltou a perguntar.
-Você teve medo? Do que encontrou?
-Potter achei que estávamos...
Emudeceu o ver o outro aninhar o queixo contra os joelhos e fechar os olhos.
-Ninguém responde minhas perguntas... que inferno.
-Como assim?
-Nada.- Harry disse amargo virando o rosto.
-Potter, não seja infantil.
-Se você não reparou, você está sendo infantil também!
-Definitivamente não há conversa alguma aqui.- Snape concluiu afastando o cabelo do rosto.
Deixaram o silêncio os envolver novamente, ao longe pequenas luzes brilhavam entre a grama esparsa.
-Fadas?- perguntou Snape apertando os olhos.
-Vaga-lumes... – Harry respondeu sem emoção.
-Que mente mais trouxa... – Snape murmurou.
Escutou apenas um leve baque no chão e olhou o rapaz deitado de braços abertos, a fogueira azulada fazia reflexos exóticos no rosto pálido marcado com os símbolos escuros... Potter olhava o nada acima.
-Estou com o corpo dormente...- Harry suspirou.- Estou com sono.
-Então só agora o Obdormiam está fazendo total efeito...- Concluiu observando os olhos do rapaz.
Havia algo diferente nos olhos herdados da mãe... olhos verdes... em muitas culturas os olhos verdes estavam ligados aos poderes ocultos, as desgraças...Olhos de raposa, olhos de demônio, verde da sonserina, verde das entidades da morte... verde...
Avada kedavra.
Morte em vida... era isso, olhos de uma frieza morta. Olhos que se fecharam devagar... era estranho como parecia uma criança assim deitado de olhos fechados... pequeno, perdido...
-Você tem fé?
-Fé? Quer dizer, acreditar em algo?
-É.
-Deuses e Deusas?
-Não. Esperança em algo...
-E você?
-Eu acredito em coisas estranhas... mas você não me respondeu...
-Que coisas estranhas?
-Você crê em Dumbledore?
-Isso não vem ao caso Potter...
-Crê ou não? Não é uma pergunta difícil... não estou pedindo o motivo.
-Acredito em Dumbledore Potter, acredito porque é o maior bruxo que já existiu.
O rapaz abriu os olhos.
-Então porquê ele não mata Voldmort?
-Não é simples assim... e não...
-Ele pode.
-Não seja tolo.
-Ele pode, eu sei.- Harry insistiu.
-Tolice.
-Que seja.
Estava delirando, só podia ser, já que o rapaz sentou-se de modo cambaleante e olhou as luzes a frente dando um estranho sorriso.
-O engraçado é quantas pessoas ele manipula... quantas pessoas inteligentes...
-Potter! Está insinuando...
-Há! Estou afirmando Severo Snape! Pensei que você fosse inteligente.
O rapaz se aproximou como um felino potencialmente perigoso e até poderia sê-lo uma vez que era sua mente, acima de tudo o olhar frio e penetrante podia estar dissecando sua alma, ele parou ajoelhado a sua frente e disse.
-O maior bruxo de todos os tempos... ele deixou Voldmort entrar no castelo uma vez... ele deixou um basilisco agir por tanto tempo... e os charlatões? Quirrel? Lockart? Moody? Explique... porquê?
-O diretor não é Deus Potter.- disse com voz firme, mas estava hesitante.
Estava olhando confuso o rosto impassível do rapaz um pouco provocador e arrogante, no fundo algo mais... algo mais no fundo daqueles olhos... então ele riu e voltou a deitar.
Rindo.
-Alvo Dumbledore não é Deus! Não é Deus!!!- ele ri.
-Você está louco Potter?
-Talvez.- o rapaz parou com a mão na barriga e se virou encolhido para seu lado.- Está doendo... devia doer?
-O que está doendo?- perguntou ainda espantado com tudo que vira e ouvira em poucos minutos e não era uma pessoa de se espantar facilmente.
Até por que achava que seu raciocínio frio e lógico estava comprometido... sentia os dedos dormentes.
-Meu corpo todo...- Harry disse ainda encolhido.- Meu estômago...
-Não... isso acontece porque você está tenso...
Harry tossiu... gemeu e o olhou... riu...
-Você parece estranho... e eu não consigo parar...- continuou rindo e consequentemente gemendo com a mão na barriga.
-Potter controle-se!- disse olhando o outro tendo um acesso de riso.-porque estou perdendo tempo com isso...- disse tentando se manter impassível e controlando a vontade de rir com o outro.- Que grande perda...
-Você não está perdendo nada!- Harry disse antes de voltar a rir.- Ou também tinha algum programa? Hein? Hein?
-Potter isso definitivamente não é da sua conta...
-Hum... talvez você estivesse pensando em levar a futura...- Harry riu mais.- Senhora Snape para passear sob a lua em Hogsmeade?
-Sinceramente Potter!- se forçou a olhar a fogueira, porque simplesmente a idéia de si mesmo levando alguém para passear... Se imaginar andando sob a lua de braço dado com alguém como Rosmerta... ou Alícia... ou outras criaturas que por vezes passaram em sua cabeça era no mínimo ridículo...
-Cuidadooo! Hoje é lua cheia!!!
-Potter!- tentou franzir o cenho, mas a vontade de rir com a imagem estava se tornando perturbadora.
-Você sorri...
-Como?- se virou para o rapaz, novamente de joelhos e bem perto.
-Você sabe sorrir... devia sorrir mais...
-Que tolice...- disse olhando os olhos verdes que estavam fixos em seu rosto.
-Você sempre afasta as pessoas com esse jeito ranzinza... devia sorrir mais...
Podia sentir a respiração quente do rapaz em seu rosto, os olhos verdes cobriam seu campo de visão, a voz do outro parecia hipnótica...
-Você é uma pessoa que sorri muito não?- disse baixo.
-Não...
E mesmo o rapaz calou-se, instante antes de aproximar-se mais e comprimir os lábios contra os seus... O gosto doce mesmo de um mero tocar... os venenos mais letais são doces á alma...
O calor que até então era mero pressentimento se tornou uma chama em seu ser... chama traidora de desejo, as mãos puxaram o corpo magro para seu colo... o corpo leve sentado em sua perna, as mãos pequenas em seu rosto e ombro...
Quem sou eu?
Um estranho amanhecer cobriu a terra escura...
Com reflexos vermelhos que os dois não podiam ver...
