Essa fic está chegando praticamente ao fim... faltam só mais alguns capítulos e as coisas começam a andar rápido e se tornar mais Angst.


SOB UM CÉU VERMELHO SANGUE

25 O Duplo Da Morte.

Em muitas culturas se dizia que ver o duplo prenunciava a morte, assim como os testrálios, os sinistros e os espíritos agourentos...

Nunca fora homem de crer nessas baboseiras... tanto que reprimira ao máximo seus dons de vidência... sempre fora lógico... sempre apoiado em fatos, mesmo na magia erva A junto de erva B em cozimento C dava poção D... era como a vida era e não precisava de mais, o máximo do exótico em suas ações era, na falta de controle, decidir correr para direita ou esquerda... Simples sorte, que era muito fácil de deduzir segundo a probabilidade... lógica, raciocínio, suas armas, a maioria dos bruxos não tinha um pingo de lógica nas cabeças... mas a lógica andava vacilando em seu mundo e agora, zonzo, em plena madrugada, sentado na poltrona onde cochilara e acabara de acordar assustado... "Severo Snape... assustado!"

Ficava pensando em porque recentemente sua mente vinha lhe pregando essas peças... já o vira morto, ferido... insano... mas seu duplo não... não. A cada dia se achava mais inclinado a desistir dessa resistência que lhe consumia, mas não... não era correto, justo... nem lógico.

Era um erro, um delírio prolongado, o efeito de uma poção errônea que juntara duas criaturas tão distintas que a quimera produzida era auto-destrutiva... estava se devorando... lentamente.

E ainda sentia a lâmina de Voldmort em sua cabeça... sim como se o outro bruxo fosse o próprio ceifeiro á sua sombra... ele queria a poção pronta... ele exigia sua presença... ele queria seu conhecimento e não conseguia se concentrar... porque via Potter! Via o rapaz de olhos verdes no meio do preparo da poção como se entrasse em transe... era inevitável que tantas falhas custassem aquela punição...

E Dumbledore pedia tempo... a Ordem pedia tempo... com aqueles olhares frios de "eu sei que você gosta do que faz... eu sei que você não é confiável..." e talvez não fosse mesmo... a poção devia ser atrasada "você dará um jeito", "Gostaria que nos perdoasse Severo" dissera Dumbledore "Mas seu sacríficio é vital para a Ordem... sei como se sente..."

"Dumbledore não é Deus." Pensou nas palavras de Potter... e talvez o entendesse agora... quando pela primeira vez em muito tempo sentiu-se apreensivo em frente ao Lorde... e ao voltar não sentiu consolo ou confiança nas palavras de Dumbledore... Dumbledore não era Deus... não podia lhe salvar... nem lhe proteger.

Salvação e proteção... o que todos procuram... e agora. Agora talvez entendesse... e não podia. Levantou-se para tomar um banho... preparado para resistir e mostrar ao outro... que não podia ser a salvação nem proteção de ninguém.

Antes de Hermione... Pince o olhou avaliativamente... por vezes suspeitava que o rapaz espreitava os livros restritos, não podia afirmar mas fazia quase um mês que as visitas passaram de diárias a intensas... e sempre achara que Hermione Granger era imbatível... seja lá o que Potter estava procurando em ingredientes para poções, poções e runas o fazia com afinco... na solidão da biblioteca vazia disse alto sobresaltando o rapaz.

Esse livro estava com um veterano Potter.- disse estendendo o tomo.- Acho que é o que tanto procura.

Harry levantou da mesa e pegou o livro.

Rituais espôntaneos de união, ritos, simbolos e filtros. Porque eu deveria ler esse- perguntou estranhando o título.

A última parte se dedica exclusivamente a poções e a penúltima a símbolos como runas...

Ah... obrigado.

Mas você não pode retir�-lo da biblioteca... é um livro restrito.

Então porque diabos ela o estava deixando ler? Pensou a olhando.

Mas eu duvido que você esteja interessado em poções de amor... por isso confiarei em você.

Obrigado... Muito obrigado.- sorriu indo de volta a mesa.

Irma Pince deu um sorrisinho e voltou a empilhar alguns livros que sabia que seriam procurados naquele dia, em dois segundos avistou a garota que a cumprimentou e então ao olhar o colega na mesa absorto na leitura de um livro tão grande quanto grosso, soltou uma exclamação com os olhos arregalados e boca aberta.

De novo! Era a segunda vez essa semana! Hermione entrou e colocou seu material em frente ao de Harry o olhando, meia hora antes de sequer começar o café da manhã... e lá estava ele, mais magro e pálido que nunca e com olheiras que em qualquer festa punk trouxa seriam consideradas como exageradas...estava preocupada e definitivamente, por mais que isso confirmasse a acusação de regular que ele lhe fizera na noite anterior estava decidido... iria ter uma conversa com a professora McGonagall.

O que está fazendo Harry- perguntou disfarçando sua preocupação.

Só lendo.- disse erguendo os olhos.

Ah... sobre o quê?

Hum... na verdade... foi a Pince que me mostrou isso... sei lá porquê... acho que não tem mais nada de poções para eu ler...

Posso- Hermione estendeu a mão.

Harry passou o livro a amiga, que leu o título com a testa enrugada... Harry voltou a conferir a lição de história que teria de entregar e que lia antes de Pince lhe passar o livro.

Harry... acho que ela se enganou... esse livro é da seção restrita.

É sim, ela disse.- confirmou agradecendo a oportunidade de corrigir um erro no pergaminho sem precisar refazer tudo.

Harry... isso é muito irregular... a maioria dos feitiços e poções daqui... são bem... são...

São poções do amor e rituais de casamento... eu percebi.- disse enrolando o pergaminho.

Harry... isso é...

Tem rituais de uniões mágicas também... você devia ler é interessante.

Você já leu- ela o olhou incrédula.

Não- sorriu...- Mione... eu vi o índice.

Ela corou, quase riu então percebeu que o olhar do amigo mudara. Em muito tempo não o via assim, havia algo de límpido no olhar dele... quase lembrava o antigo... quase lembrava o olhar dele no início do quarto ano... seria ótimo se isso continuasse...

Sorriu... e lhe devolveu o livro, viu o amigo sorrir de volta.

O Rony deve estar acordando...- Harry disse enfiando o pergaminho na mochila.- Vai ficar fulo se a namorada não estiver presente no café da manhã...

Ele primeiro vai pensar no café da manhã aí pelo meio da refeição ele vai lembrar que tem namorada.- ela suspirou.

Entrou devagar, como sempre fazia... sentou-se e olhou com enfado em volta, ou pelo menos assim pareceu... serviu-se de chá como sempre e torradas com manteiga... que apareceram quentes a sua frente assim que sentou-se... pareceu comer distraídamente olhando mais uma das edições do profeta dividida entre os professores, mas na verdade olhava com raiva o vazio na mesa dos leões.

Apenas o ruivo já estava a mesa e parecia preocupado olhando para a entrada... poderia ter ocorrido algo? Não, esticou o olhar para o lado, o diretor confabulava com McGonagall, não, saberiam.

E confirmando o fato de tudo estar bem , ele entrou acompanhado da sabe-tudo Granger... sentando ao lado dos amigos... estranhamente animado, para quem andava faltando a algumas refeições...

Estranhamente sorridente... até que disfarçadamente lhe jogou um longo olhar... Severo ainda o encarou antes de inexpressivamente retornar ao jornal.

-Panis!-disse sério com a varinha apontada a frente.

A massiva figura negra se elevou, com um pouco de imaginação o dementador tomou forma e se manteve avançando para o grupo a frente. Finalmente tinha conhecido um feitiço de ilusão bom o bastante que lhe permitia "simular" um dementador... claro que tivera alguns problemas no início, apesar de ninguém cair desmaiando ou lembrando de coisas ruins, um ou outro menbro da AD parou em pânico e não conseguiu produzir um patrono decente... isso porque eram turmas de quinto ano ele repetia... como vão enfrentar um dementador de verdade?(Valem nota extra nos NOM'S! Repetia em incentivo.)

E isso não era nada perto do que descobria a cada dia naquelas aulas, era bom, era sim, talvez um dom natural como todos diziam... e no entanto, se era o melhor na matéria em Hogwarts, como nem conseguia identificar os feitiços usados por Dumbledore e Voldmort no ministério?

Se um dia viesse a enfrent�-lo de novo... não teria a mesma sorte de antes. Sabia disso e aquilo o deixava preocupado... nervoso. E por isso, admitia, ás vezes era muito ríspido com os outros.

E agora sentia-se mais partido que nunca... já haviam três Harrys antes... havia o arrogante sim, aquele ainda era um pouco do que restara do quarto ano, quando ainda achava que merecia vencer, que era bom... era o que desejara ser monitor e gritara com os amigos... esse Harry o fazia se arrepender sempre, e no entanto ainda se fazia presente com mais frequência do que gostaria. Pelo menos aquele Harry que havia escutado, um pouco, Hermione, e que se empenhara na AD... esse agora se fazia presente a maior parte do tempo... ou coisas verdadeiramente ruins aconteceriam e uma parte dele, um Harry um pouco distante, por vezes sombrio, fazia questão de o tempo todo lembrar, que nada do que acreditara era verdade, que não havia sonhos mais para se agarrar e também, não havia Sirius e havia uma profecia... e havia o novo, o quarto que dizia que nada disso valia e o que era importante eram aqueles olhos negros... lutar por eles.

Os olhos negros que fugiam o tempo todo.

Mesmo quando o encarava.

Felizmente estava sozinho na sala... quando a dor o perpassou, quando se deixou escorregar para o chão... quando concentrado em não ser... no vazio sentiu... com total horror.

Seu corpo... como que por um instante... desligado de sua vontade e sua mão... ergueu-se...

Controlada pelo outro.

Voldmort.