Treinamento Severo? Isto está mais para adestramento... os sentimentos de Snape, a preocupação de Lupin... praticamente reta final.
SOB UM CÉU VERMELHO SANGUE
29 Dor.
Segunda... Duas horas da manhã...
Cada exercício é mais chato, cansativo e doloroso que o anterior, não pelo exercício em si, mas pelas condições no qual é realizado.
Bolas de neve.- disse inexpressivo, de olhos fechados, sentado no chão.
Correto.
Nova imagem, e no segundo seguinte quebra a ligação com o susto.
O basilisco!- disse de olhos abertos.
Porque quebrou a ligação?- Snape sentado em sua poltrona.
Porque foi muito real! Você puxou essa imagem da minha mente!
Muito real?- Snape disse venenosamente.- Você sabe que não é real!
Sei? Não pareceu real pra... Ah!- segurou o pulso do bracelete.
Sem questionamentos...- disse Snape sério.
Que droga!- disse olhando o bruxo.- Até onde vai isso!
Pode chegar bem próximo ao que se sente com uma Cruciatus... mas esperemos não chegar nesse ponto... não queremos isso.
Não queremos? Mesmo?
A dor irradiou um pouco mais forte do bracelete, sua punição por ser impertinente...tão típico de Severo... tão enfático em demonstrar quem mandava.
Acho que lhe cabe saber, que essas duas seções já serviram para confirmar uma teoria...
Sim, na primeira ele disse que treinariam "legelimência" porque queria ter certeza quanto a uma teoria, e também demonstrara a utilidade do bracelete bem rápido para manter Harry sentado no chão enquanto ficava confortavelmente sentado naquela poltrona...
Doera o bastante para evitar que se aproximasse. Snape agora suspendera o encanto que fazia a dor irradiar do bracelete e disse o olhando profundamente, ah... que detestava aquilo... quando ele o olhava assim... até parecia que se importava... sentiu o gosto amargo voltar a garganta.
Dor de rejeição.
Você é bom em legelimência Potter, um legelimente natural, sua mente é mais receptiva que a da maioria... a isso se deve a sua facilidade em aprender feitiços por exemplo... infelizmente não funciona nada bem em poções...
Não havia mais sentimento de raiva quando escutava essas coisas dele... só um incomodo doloroso no peito... vinha e ia, se manteve em silêncio.
Você tem esse dom aliado a essa marca...- Snape apontou a cicatriz.- que o liga ao Lorde... é praticamente impossível fechar essa porta.
Você quer dizer que... é irreversível... que isso não irá parar?
Não. Eu disse praticamente impossível e não totalmente impossível!
Só vou precisar treinar mais.
Exatamente. Mas será um método difícil... agora que sabemos onde você falha... vamos ao trabalho propriamente dito. Prepare-se.
"Prepare-se"
Estava encarando o lobisomem a meia hora...
Pode adiantar o assunto Lupin... a reunião vai começar em alguns minutos.
Não Severo.- disse Remo o olhando firmemente.- Fique alguns minutos depois da reunião.
Só espero que seja realmente importante...- disse friamente.
Não se preocupe.- disse Lupin muito sério.- É importante.
Não estava mesmo falando normalmente com eles, então não poupou sua estupidez.
E não me chamaram porquê? Medo que eu desse um ataque?
Rony suspirou alto, fora ele que tinha dito que Harry dava um ataque toda vez que era contrariado...
Porque era tarde... porque você não tem dormido bem...
Eu durmo muito bem!
Fale baixo!
EU FALO COMO BEM ENTENDER!
Ataque?- sorriu Rony.
Sentou-se e cruzou os braços, bem consciente que parecia uma criança birrenta, mas não havia mais onde enfiar sua irritação.
Harry, a gente nem tinha combinado nada... íamos chamar você, mas você disse que tava muito cansado e tinha ido dormir, além do mais foi o Lupin que disse que não era necessário acordar você...
Vocês...- disse tentando manter a calma.- Não acham que vão me convencer que Lupin fez uma visita "social" via lareira... Acham?
Claro que não!- disse Hermione transparecendo sua irritação.-Só não é nada urgente... ele só queria pedir para não saírmos do castelo em hipótese alguma... e.. para nos prepararmos para o natal...
Não quero deixar o castelo.- disse.
Os amigos o olharam, por um segundo pensou, afinal, se deveria pensar... que talvez nem fosse seguro por os pés fora do castelo... talvez, ele... nem queria pensar nele, que inferno.
Harry... algum problema?- Hermione sentou ao seu lado.
Só não quero sair... nossa, sempre passei o natal aqui... sei lá...- deu de ombros de novo.
Achei que ia adorar passar o natal com a gente.- disse Rony parecendo ofendido.
Não vai ser no Largo?- perguntou para Rony.
Claro que não!- disse o ruivo.
Snape continuou na cozinha da Sede sob o pretexto de falar com Lupin sobre a poção mata-cão... tamborilou de leve os dedos pela mesa de madeira... não gostara do olhar do lobisomem... será que Potter finalmente dera com a língua nos dentes? Bom, duvidava, o grifinório era orgulhoso demais, independente demais, se afundaria mais e mais e não pediria ajuda. Essa certeza era um espinho doendo em sua consciência... e ela não costumava doer muito... na verdade por vezes ela mesma se esquecia de existir...
Qual é o assunto urgente Lupin?- perguntou assim que o outro entrou.
Harry.- disse Lupin sério.
Humpf... o que foi agora? Do que o rapaz se queixa?
De nada Severo!- Lupin disse alto sentando-se.
Remo Lupin era uma pessoa controlada.
Então?- perguntou calmamente.
Hermione e Rony estão preocupados com ele... eu soube que ele ficou doente...
Devia perguntar a McGonagall...
Perguntei, ela apenas o obrigou a internar-se... mas Pomfrey descobriu que Harry estava muito doente.
Eu sei... precisei fazer uma Hematosis.
Severo.- Lupin afastou o cabelo da testa irritadamente.- Você é o mestre em poções... sabe muito bem em que casos se ministra uma hematosis.
Leucemia, licantropia, vampirismo... envenenamento.
Quem... quem poderia envenena-lo?
Vocês em nenhum momento se perguntaram se ele não se envenenou?- Snape perguntou sério, olhando Lupin surpreender-se.
Harry nunca faria isso! Eu conheço o Harry, Ele não faria isso!
Talvez não o conheça tão bem...
Você... sabe de algo Severo?
Sim... Potter se envenenou... tomando poções.
Ao contrário do que você vive afirmando, ele é bom na matéria... ele não é burro Severo Snape... não faria isso.
Você mesmo disse Lupin, eu sou o mestre de poções... e Potter nunca deveria chegar perto de um caldeirão... é um fato.
Não sei como você pode falar isso de forma tão fria... conhecendo-o como o conhece... sabendo o que sabe, você viu mais dele, nessas aulas de oclumência do que...
Exatamente por isso que eu afirmo... Potter não deveria nem chegar perto de um caldeirão... nem deveria usar uma varinha...- disse se lavantando.- Eu tenho que ir.
Você o odeia tanto assim? Severo... ele é parecido com Tiago... mas não é ele.
Isso eu sei Lupin.- disse se pondo de pé- Com licença, mas tenho mais o que fazer...
"Eu não o odeio... Não... eu prefiria mil vezes Harry furioso e infeliz sem magia, mas vivo."Pensou amargo ao desaparatar.
"Eu o amo... por isso sei que sem luta ele não vai estar preparado... sem sofrer agora, ele morrerá depois... se ele não odiar agora... não vai saber se defender depois..."
"Eu sei... passei por isso. Dói mas é necessário."
Dói. Dói mas... vale a pena... vale para ver o olhar frio, mostrar um brilho humano... nem que seja de repulsa.
Dói muito... dói tanto...
Mas quando dói sei que estou vivo... sou masoquista?
Se sou, não importa não é?
Potter, você está quebrando as regras...
Danem-se as regras...- disse ajoelhado entre as pernas de Snape com as mãos no rosto do homem.- Você gosta... porquê esconde?
Vá embora Potter...
Eu não vou contar para ninguém se você ficar comigo... não há perigo...
Você não precisa contar para Voldmort saber...
Desviou o olhar, respirou fundo.
Se é um desperdício de tempo... porque aceitou que eu voltasse as aulas? Só pra me ver? Só pra me ter ajoelhado a seus pés como um cachorro?
Não choramingue Potter...
Não me importo! É isso quer ouvir? Não me importo... você me quer assim? Eu aceito... você pôs no meu pulso... não no meu pescoço... mas eu...
Escute o que está falando... onde está sua vergonha?
De que me adianta vergonha, orgulho se eu morrer sem te ter?
Snape lhe segurou com força pelo pescoço.
Pare de falar em morrer.
Eu vou morrer...- disse devagar sob a pressão do homem.- Vou morrer logo, não estou indo para frente... meu destino é morrer... você sabe disso. Porque se arrisca então? Não me quer? Sei que quer...
A mão apertou ainda mais seu pescoço.O bracelete ferveu em seu pulso, mas engolindo em seco forçou-se devagar para mais perto, encostando seu nariz no do homem de olhos negros.
Eu amo você... quero você...quero ser seu de novo...
Você está obcecado com uma ilusão.
Não foi ilusão... foi real... e eu quero de novo.
