SOB UM CÉU VERMELHO SANGUE
34 Os frutos amargos da verdade.
Olhar de incredulidade...
Isso é... você tem certeza do que está dizendo?
É claro que sim.
Quero que saiba que se eu não estivesse ouvindo por sua boca, não acreditaria...
Se eu não tivesse ouvido da boca dele também não acreditaria.
Minerva a olha novamente, coloca a mão no queixo preocupadamente.
Isso é muito complicado Senhorita Granger... sabemos que se essa informação passar ao outro lado... o professor Snape estará morto. Ao mesmo tempo, isso é gravíssimo... esse tipo de coisa não poderia acontecer... principalmente se... mas não sabemos se isso... aconteceu, se o professor Snape está mesmo correndo perigo. Agora, não deveríamos intervir, mas vou ter que falar com o Diretor.
Eu sei.- disse Hermione.- eu sei que estou sendo mais do que indiscreta, mas eu só quero ter certeza que isso não vai perturbar mais o Harry, entende? Se eles continuarem trabalhando juntos... ele vai sofrer mais... e isso o atrapalha.
Com certeza isso explica algumas coisas... pode voltar a sala comunal, mas não faça mais nenhum comentário sobre este... assunto, com certeza Dumbledore vai querer falar com a senhorita depois.
Sim professora, com licença.- se levantou.- Só... -se virou.- Eu queria dizer, que só lhe contei isso professora... porque me importo... porque eu vi que Harry estava sofrendo...
Eu sei Hermione.- disse Minerva bondosamente.- Sei que você não comentaria isso levianamente.
Papoula ainda o olhava preocupadamente... o pulso estava baixo... a pele estava fria, pálido, parecia muito pior que antes e de todas as azarações e doenças mágicas que conhecia nunca tinha visto nada igual já que ele só parecia estar dormindo...
E sabia que Potter era mais forte e resistente que um dragão... que não era do tipo frágil ou entregue, era um lutador... um perseverante... não podia deixar de esquecer que era alguém que devia manter-se numa postura rígida sobre a situação, era um aluno, algo a ser cuidado e em seguida liberado.
Mas dessa vez, Pomfrey se pegou pedindo a todos os Deuses que liberassem o rapaz, porque realmente não sabia como ajudá-lo. E o quadro não se alterava.
Hermione entrou na sala comunal encarando os dois irmãos, dessa vez, lembrando de todas as vezes que o amigo estivera na enfermaria e eles não... só que dessa vez, sabia algo que os dois não sabiam... dessa vez sentia algo diferente, sentia culpa por contar o segredo de Harry, mesmo sabendo que era esse sentimento não correspondido que deixara o amigo se perder assim, e acima de tudo, era essa situação que os dois a sua frente nunca entenderiam...
Respondeu negativamente ás perguntas, porque realmente não sabia do amigo e realmente não sabia o que poderiam fazer... mentiu sobre o que disse a McGonagall e ficou em vigília.
Minerva ainda ficou pensando seriamente sobre o assunto antes de ir até a sala do diretor, ainda relutava em aceitar que aquilo pudesse ter ocorrido, ainda tentava entender porque o outro deixara chegar até aquele ponto, se bem que era um assunto que não se deve ficar alardeando... e se Alvo já soubesse? Por isso ele dissera recentemente que daria aulas a Harry? Severo havia contado? Se sim, seria mais do que indiscrição de sua parte... mas se não, não achava que Severo fosse molestar o garoto, mais do que fazia por vezes, mas...
Hipóteses nunca resolviam nada. Levantou-se e tomou caminho a sala do diretor.
Quando abriu os olhos não sabia se queria agradecer ou morrer de vez... não havia dor alguma. Só medo.
Medo de ter ido adiante sem saber, de ter perdido algo, de ter feito algo e não saber... medo. Medo era paralisante... sentia-se inteiro congelado, mas era algo mais físico, se moveu... ou tentou, seu corpo doía como se tivesse levado uma surra.
Não se mova... ah, você nos deu outro susto para variar Sr Potter.- sorriu Pomfrey.
Estou bem.- disse pelo hábito de dizer.
Óbvio que não.- disse ela em resposta.- Está frio... desmaiado por quase duas horas...
Duas horas?- perguntou, achava que tinha perdido muito mais tempo.- O que houve?
Ninguém sabe não é? Sossegue menino por tudo que é mais sagrado! Quero ter certeza que está um pouco bem!
Havia o estranho frio de que tudo poderia ter ocorrido... disse a olhando.
Preciso falar com o diretor.
Sim, vou chamá-lo assim que me deixar terminar de examina-lo certo? Isso... muito obrigada.
Dumbledore suspirou. Admitia sua negligência, ou sua vontade de ignorar os fatos. Sua vontade de mudar os acontecimentos, e, agora que Minerva o encarava inquisidoramente tinha que admitir que tal possibilidade lhe passara pela cabeça.
Desconfiava, cheguei a pensar nisso.- disse cansado afagando a cabeça da Fênix.
Alvo! Isso é gravíssimo.
Ele não é o primeiro aluno a se apaixonar por um professor Minerva.
No caso dele... deles... Alvo isso é absurdo! Perigoso.
No caso dele.- repetiu em outro sussurro.- Talvez Minerva, seja esse o grande problema, estarmos sempre pensando que no caso dele, tem que ser diferente... tem que ser melhor, mais justo... mais correto.
Mas Dumbledore! Isso é impensável!
Mesmo assim, não há o que nós... possamos fazer. Não sem falar com ele. Minerva... mesmo como professores... mesmo como educadores, o coração alheio não é nosso campo de influência.
Isso deveria ser igualmente dito a Severo, Alvo.
Não há nada que indique que ele tenha feito algo reprovável Minerva.
Obviamente que McGonagall sente que foi longe demais, Severo Snape é igualmente protegido de Dumbledore, motivo? Não compreende, mas como os outros , acata.
E se fez, tenho certeza que saberei.
Ignorando o olhar da outra recebe o comunicado por um elfo. A criatura aparece pela porta e some o mais rápido que pode...
Algo Alvo?
Sim... Harry acordou, e parece bem.
Vou descer vê-lo.
Não precisa... Parece que ele não pode esperar e está vindo para cá.
A bruxa mantém o olhar...
Não imagina o que irá dizer ao encontrar Dumbledore... só que precisa de ajuda ou...
É a segunda vez que pára zonzo no corredor... vai dizer o quê? Que enlouqueceu? Que perdeu? Pode sentir de antemão o desapontamento do bruxo, e sabe de uma coisa, sendo sincero consigo mesmo, por mais magoado que estivesse com Dumbledore... ele ainda era o velho bruxo a quem admirava desde o primeiro ano.
A última pessoa que desejaria desapontar. A quem ia enganar diabos? Parou olhando pela janela a madrugada... estava mortalmente desapontado consigo mesmo.
E foi com passos um pouco mais firmes que chegou até a sala do diretor... e quando encontrou a professora Minerva, de alguma forma foi incapaz de não liga-la a Hermione... então já sabiam? A professora lhe olhou de forma bastante severa.
O diretor?- perguntou
Já está lhe esperando.- ela acenou a escada.
Subiu sem olhar para trás.
Diretor?- perguntou da porta.
Harry...- disse Dumbledore se virando e olhando-o.- Sente-se bem?
Bem não é a palavra... bem está longe de ser parâmetro.- disse baixo.
Sente-se Harry.- disse Dumbledore.
Sentou-se e olhou o bruxo mais velho, não havia o que negar, era tão óbvio... tão óbvio que Hermione não manteria segredo, que Minerva não tardaria a falar com Dumbledore, tão evidente, era até melhor.
Diretor... eu sei porque a professora Minerva estava lá embaixo.
Sabe Harry?
Sim... mas acho que o senhor gostaria de ouvir da minha boca não é?
Sim, Harry... gostaria...
Andou rápido, assim que achou uma entrada seus passos constantes o levavam para a sala de Dumbledore, o que ia dizer? Pelos Deuses, porque fora protelando o assunto? Agora era inevitável... inegável, teria que falar a verdade e a verdade era assustadora.
O que era a verdade afinal? Uma coisa era o fato.
O sentimento do... o sentimento de... Harry.
Outra era sua relação com o fato nú e crú que adentraram em algo além do tabu. O pior foi ter ultrapassado a linha usando esse sentimento como instrumento.
Como explicar seus atos, se eles foram claramente injustos?
Mesmo tendo o melhor dos propósitos, agora via claramente que cometera o erro, o erro de prejulgar que o ensinamento que recebera era o melhor, cometera o erro de achar que deveria ter agido com frieza com ele, mas acima de tudo, devia ter desistido antes.
Nunca imaginara que sua própria vaidade tivesse o enganado, achava que daria conta de tudo e se enganara... Minerva no corredor o olhava com algo diferente no olhar.
O que houve Minerva?- perguntou com seu tom de voz mais calmo.
Ele acordou...
Manteve-se impassível, acordou... maravilha... ótimo, como poderíamos saber... como ele est�? Manteve o silêncio.
Está com o diretor.- ela olhou escada acima.
Ele não estava na enfermaria?- acabou perguntando.
Minerva o olhou severamente.
Pomfrey não conseguiu segurá-lo, parecia querer falar imediatamente com o diretor, parece que tinha algo a dizer.
A frieza que sentiu em frente ao Lorde retornou, os olhos de Minerva são tão explícitos que teve voltade de mandá-la ao inferno, já sabem, então não há o que fazer além de subir aquela maldita escada e encarar as consequências.
Bom, tenho coisas a falar também, e não são boas notícias.- disse já subindo.
Imagino que não.- Minerva disse secamente.
