Titulo: Tristes Lembranças

Anime: Gundam Wing

Autora: Patty-Chan

Classificação: Yaoi, Angst, 1+2

Disclaimer: Gundam Wing infelizmente não me pertence, se pertencesse sem duvida o Heero teria beijado o Duo durante o anime. O Duo teria dado um fora nele. O Heero teria sofrido bem mais e no fim eles terminariam juntos '' Mas voltando ao assunto. Gundam Wing tem seus direitos registrados pela Sunrise e todos os seus produtores. Todos os personagens que não fazem parte da série original são criações minhas e de minha mente esquisita

Sobre a fic: Essa é uma fic velha. Na verdade ela começou a ser publica em pequenas partes no Webfanfics a muito tempo atrás, quando ele ainda existia . Eu resolvi posta-la aqui em um formato diferente. O de fases que eu tinha usado pra trabalhar com a fic na época. Portanto para quem já leu não estranhem. A fic tem apenas 3 fases que englobam os pequenos capitulos nos quais ela foi dividida. Como quase ninguém viu o ultimo capitulo da fic é um dos outros motivos pra eu reposta-la. Como levou quase um ano pra sair eu acho que vcs merecem ver. u.u' ou talvez não? Ficou realmente muito ruim ..

Capitulo 02

Hello! Aqui é o Duo! Oi Sally! O que queria comigo?

- Duo eu encontrei algo sobre o que você me pediu há alguns meses atrás, você se lembra?

Claro! Você encontrou alguma foto?

Mais que isso! Espero que esteja sentado, pois acabo de encontrar seus possíveis pais.

Como? – Duo gritou bem alto, seu coração havia disparado repentinamente, seus olhos encheram-se de lagrimas, seu corpo por inteiro tremia e ele mal conseguia falar. Todos ficaram olhando para a reação do americano.

- Eu não posso lhe dar certeza sem um exame de DNA, porém eles têm em seus históricos todas as características possíveis, alem de se parecerem muito com você.

...Sally – Duo não conseguia falar, as lagrimas já haviam lhe tomado por completo, porem ele precisava saber mais sobre aquilo. Olhou para Heero desesperadamente. O japonês não hesitou de ir até ali e tirar o telefone da mão do americano.

Sally! É o Heero! O que houve? – perguntou friamente observando Quatre tentar acalmar o amigo.

- Heero! Que bom poder falar com você. Eu preciso que o Duo venha até aqui, ou que me traga uma amostra de sangue para o exame de DNA.

Exame de DNA? Pra que? – Heero ainda não havia entendido aquela história

- Duo sabe do que estou falando, eu preciso disso o mais rápido possível. Você poderia ajuda-lo a providenciar?

Sim. – Heero desligou o telefone após despedir-se e foi até Duo que ainda chorava.

Bastou ele se abaixar e segurar em uma das mãos do americano que este o abraçou com força, voltando a chorar.

Duo! O que houve? – perguntou acariciando suavemente os cabelos do americano, deixando Wufei e Quatre surpreso e conseguindo arrancar um meio sorriso de Trowa.

Ela...Ela! Ela provavelmente encontrou meus pais Hee-chan, meus pais... – Duo falava e chorava ao mesmo tempo. Heero não conseguia entender aquilo. Não era isso que Duo queria? Uma família? Então se Sally havia encontrado os pais dele isso era bom, ou não?

Duo, não era isso que você queria? – Heero continuava falando com um tom de voz calmo, tranqüilo e reconfortante, acariciava suavemente os cabelos e as costas do americano na tentativa de acalma-lo

Sim...Sempre foi o que eu quis – Duo disse mais calmo, já entendendo o que Heero queria lhe dizer.

Então por que esse desespero todo? – o japonês segurou suavemente no rosto do americano olhando profundamente nos penetrantes olhos violetas.

E se eles não gostarem de mim? E se eles não me quiserem por perto, como os outros? E se... – Duo foi calado com dois dedos suaves em seus lábios.

Eles vão gostar de você, porque não há quem não goste. Eles vão querer você por perto, porque depois que alguém lhe vê, não consegue mais viver sem sua presença. E eles vão te amar porque é impossível não ama-lo. 1 – Heero falou aquilo com uma certeza, uma convicção, que imediatamente fez surgir um sorriso na face do americano. E deixou de queixo caído um árabe, um latino, e um chinês que nunca acreditariam que poderiam ver e ouvir o que haviam visto e ouvido.

Hee-chan! – Duo o beijou com paixão, jamais imaginara que Heero fosse capaz de dizer palavras tão lindas. – Eu também te amo Hee-chan – sorriu e deixou que o japonês limpasse a última lágrima que escorria de sua bela face.

Agora vá comer alguma coisa... – Heero disse carinhosamente sorrindo para Duo que rapidamente se levantou indo a cozinha.

Heero olhou para o lado e viu os outros três pilotos ainda com os olhos arregalados e as bocas abertas, tentando decifrar a lógica da cena que haviam acabado de presenciar.

Uma palavra e eu mato vocês! – o olhar impiedoso do soldado perfeito tomou conta das íris azuis e pouco depois já se via o japonês indo em direção a cozinha.

Mas que diabos é isso? – Wufei perguntou indignado

Eu não sabia que Heero possuía um lado tão carinhoso – Quatre comentou sorrindo gentilmente

Ninguém sabia Quatre, ninguém – Até mesmo Trowa estava abismado com a cena. Sabia que Heero amava Duo. Sabia de tudo, menos que Heero poderia ser tão...Tão atencioso.

No outro dia de manhã Heero acordou com o som do chuveiro ligado. Olhou para a cama ao lado e percebeu que Duo já não estava mais ali. Certamente era ele quem estava tomando banho. Haviam combinado que acordariam cedo para o americano ir fazer seu exame de DNA. Apesar do soldado perfeito não ter dito nada, estava extremamente preocupado com seu americano baka. Aquela sucessão de acontecimentos que estava por vir poderia afetar drasticamente seu tratamento, e tudo que ele não queria ver era exatamente isso, Duo de volta a beira da morte por depressão. Para ele aqueles dias haviam sido um grande pesadelo.

Levantou-se e foi em direção ao seu pequeno Herói. Ficou observando o pequeno ferret dormir tranqüilamente dentro de sua gaiola. Aquele pequeno animalzinho era tudo que tinha de mais próximo a uma família, não que os outros ex-pilotos não fossem, mas era aquele animalzinho que esteve com ele durante o rígido treinamento. Era aquele animalzinho que o fazia lembrar que era um humano, que sentia, que podia chorar, se desesperar, sorrir...Amar. Fora por isso que pediu ao Dr J que o mandasse de volta. Queria dar aquele animal tão precioso a Duo. Queria que Duo voltasse a amar a vida, mas ainda não era hora de isso acontecer, primeiro precisavam dos resultados daqueles exames.

Bom dia, Hee-chan! – Heero olhou para trás e então viu o americano sorrindo alegremente, secava os suaves fios de seda de seu cabelo com uma toalha felpuda e já vestia as habituais roupas negras.

Bom dia, Duo! – colocou um pouco de ração no prato de comida de seu ferret e voltou-se novamente para o americano. - ...Posso...Posso lhe ajudar com a trança? – Heero perguntou ainda tímido.

Duo sorriu, realmente, aquele não era o Heero que ele conhecia, o frio soldado perfeito, ele era maravilhoso e encantador agindo daquela forma tão puramente carinhosa. Nunca imaginou que Heero poderia ama-lo tanto. Nunca havia imaginado que o japonês pudesse ser atencioso, gentil. Ele havia se voluntariado para ir junto com Duo fazer o exame. O americano aprovou imediatamente. Agora, era somente Heero em quem confiava, sabia que ele estava disposto a faze-lo feliz.

O japonês penteava lentamente os fios, sentindo a textura sedosa e trançando-as pouco depois. Sempre quisera tocar naqueles fios, sempre quisera sentir a maciez, o aroma. Terminou colocando um elástico negro na ponta. Seu querido Shinigami estava pronto para ir fazer seu exame. O exame que poderia decidir o resto de sua vida.

Heero tomou um banho rápido e colocou uma roupa agasalhada, estava frio, o inverno já anunciava sua chegada com as baixas temperaturas e ele realmente não estava a fim de pegar uma gripe.

Quando entraram no laboratório da Aliança avistaram Sally que provavelmente já os esperava. Não deixaram de notar a cara de surpresa dela ao perceber os oi dois jovens de mãos dadas. Ela obviamente não disse nada, não havia nada a dizer, realmente não era da conta dela.

Duo! Heero! Que bom ver vocês. – ela sorriu simpática como sempre.

Eu só tenho que tirar um pouco de sangue e o resto você me informa certo, Sally? – Duo estava assustado, certamente não saberia o que fazer depois.

Certo! Você pode ir naquela sala ali. O Dr Karamazov 2 já o está esperando – ela disse apontando para uma pequena porta. E rapidamente Duo foi naquela direção.

Muito bem Sally, por que isso agora? – Heero perguntou serio. Ainda não tinha entendido como haviam encontrado esses supostos pais de Duo.

Isso o que? – ela realmente não havia entendido a pergunta, não sabia do que Heero estava falando.

Como entraram esses pais dele. Você sabe que Duo está doente, se ele sofrer uma decepção grande agora, não se sabe o que ele pode fazer – desde a noite de ontem o japonês estava irritado com aquilo. Aquela historia toda estava pondo três meses de tratamento no lixo.

Na verdade foi o próprio Duo que me pediu isso há alguns meses atrás. Ele me pediu que encontrasse algo como fotos, para que ele pudesse saber como eram seus pais, eu nunca imaginei que pudesse encontra-los vivos – Sally disse ainda sorrindo, conhecia Heero melhor do que ele pensava e sabia que o japonês apenas estava preocupado com o amigo.

Eu espero que você realmente só esteja dependendo de um resultado positivo para ter certeza absoluta disso, Duo não agüentaria um trauma desses e ainda mais... – Heero foi interrompido por um casal que se aproximou.

Olá Sally! Esse que é o Duo? – uma mulher com aparentemente trinta e cinco anos se aproximou olhando fixamente para Heero. A mulher possuía cabelos castanhos, longos e olhos da mesma cor.

Não esse é Heero, amigo dele! Heero essa é Andrea Garth, a mulher que eu suspeito ser a mãe de Duo... – Sem duvida era parecida, tirando os olhos que não possuíam a mesma cor. Mas por algum motivo Heero não gostara daquela mulher, ela tinha algo que não lhe agradava...

Muito prazer, eu sou Heero Yuy. – O japonês disse friamente, sabia que havia algo de muito estranho ali e descobriria o que era.

Olá Heero! Eu fico feliz de saber que meu filho tenha amigos tão importantes Sally. Mal vejo a hora de leva-lo para os Estados Unidos comigo...

Heero levantou-se indo em direção ao laptop, não conseguia dormir. Aquelas palavras ainda ecoavam em sua mente. Para ele era inadmissível que quisessem levar Duo de volta para os Estados Unidos. Mas quem sabe não era isso que o americano queria? Sim era verdade, Duo havia dito que o amava, mas ainda assim. O sonho do americano sempre fora ter uma família. Um pai, uma mãe, um lugar para voltar e poder chamar de casa. Heero jamais poderia dar isso para ele. Nunca poderia substituir uma mulher, nunca poderia substituir uma família. Eram amores diferentes. Ele sabia disso, até mesmo porque ele também desejava profundamente poder reencontrar um dia sua família, apesar de ser praticamente impossível.

Ficou ali, olhando um bom tempo para a tela que iluminava parcialmente o quarto. Aquele pequeno computador juntamente com o animalzinho que dormia na gaiola ao lado eram as coisas mais próximas que tinha de uma família. Uma máquina e um animal. Chegava a ser patético, mas agora havia descoberto que amava Duo, que faria qualquer coisa por ele. Seria justo pedir ao americano que não fosse com sua família? Seria certo? Heero não sabia a resposta para nenhuma daquelas perguntas. E não conseguiria daquela forma.

Abriu lentamente a porta do guarda-roupa tentando evitar fazer algum tipo de barulho que pudesse acordar Duo. Pegou um sobretudo, seria o suficiente para protege-lo da noite gélida de inverno em Londres. Iria dar uma volta, era isso que precisava...

Duo acordou com o som do despertador que tocava insistentemente e rapidamente cobriu a cabeça com o travesseiro na inútil tentativa de parar de ouvir o barulho insistente.

Hee-chan, desliga isso – a voz manhosa denunciava que ainda queria dormir mais um pouco.

Não ouvindo nenhum som por parte do japonês começou a tatear a mesinha de cabeceira em busca do que estava atrapalhando seu precioso sono.

Heeeeeee-chan, desliga essa droga – já estava bravo, fazia tempo que não dormia tão bem e aquele despertador infernal o estava atrapalhando. – não ouvindo novamente nenhum tipo de manifestação por parte de Heero, tirou o travesseiro de cima da cabeça começando a procurar o japonês pelo quarto. Quando reparou que ele não estava l�, desligou o despertador e sentou-se na cama com uma cara que denunciava seu desejo de continuar dormindo. Levantou e sentiu o frio gelar seus ossos, imediatamente enrolou-se em uma das grossas cobertas de inverno e desceu as escadas.

Bom dia Duo, você podia ter dormido até mais tarde. – Quatre disse sorrindo ao ver o americano entrar com aquela cara de sono e enrolado em uma coberta na cozinha.

Bom dia Q! Você viu o Hee-chan? – perguntou, agora tomando uma xícara de chocolate quente que Quatre havia posto na sua frente.

Ele não está dormindo? – o loirinho perguntou surpreso, sinal de que realmente não sabia onde o japonês estava.

Não... – Duo comentou sorvendo mais um gole do chocolate quente. Adorava acordar numa manhã fria e tomar algo quente. Dava uma boa ajuda para esquentar o corpo, principalmente para ele que não gostava muito de frio.

Que estranho, eu estou acordado desde cedo e não vi o Heero. – Quatre disse olhando para o teto, como que tentando lembrar de algo, e com um dos dedos no queixo fazendo com que parecesse ainda mais bonito do que já era, se é que isso era possível.

Neste exato momento Trowa entrou na cozinha e ficou observando a cena. Quatre em uma pose mais do que linda, e Duo...Bem se não fosse Trowa Barton estaria rindo da cara do americano naquele momento. Quando ia cumprimentar os dois jovens na cozinha a risada que ele não dera se fez ouvir.

Duo! Eu não acredito que vou ter que viver vendo coisas assim, já lhe ensinaram que existe uma coisa chamada espelho? – o chinês falava entrando e colocando um pouco de chocolate quente em uma xícara.

Ah não enche o saco Wufei, eu só desci assim porque estava preocupado com o Hee-chan – ele disse com um tom de voz tristonho.

Aconteceu algo com ele? – Trowa perguntou dando um beijo rápido de bom dia em Quatre e dirigindo-se a mesa onde os outros dois estavam.

Bem, ele não ta aí, o Quatre não o viu, e sei lá... – Nesse exato momento os quatro ouviram o som da porta se abrindo. E foram ver se realmente era o japonês.

Heero estava com neve sobre os ombros, os cabelos molhados e uma expressão de tristeza em seus olhos azul cobalto. Em suas mãos trazia um lindo buquê de flores vermelhas. Sabia que quando chegasse em casa Duo perguntaria onde ele havia ido, não podia dizer que tinha saído pra pensar no que fazer quando o americano soubesse que seus pais queriam leva-lo para os Estados Unidos, então pensou em comprar um presente, um lindo buquê de flores.

Hee-chan onde você estava? Deixou-me preocupado. – Duo falou enquanto esperava Quatre trazer uma toalha para o japonês.

Eu fui compra-las pra você. Espero que goste. – o japonês entregou o buquê a Duo que abriu o sorriso mais lindo que Heero poderia ver, abraçando-o e beijando-o logo depois.

Não querendo interromper os dois pombinhos...Mas, façam essas coisas no quarto. – Wufei disse em um tom brincalhão.

Após o café da manhã todos foram cuidar de seus afazeres. Fazendo com que a tarde chegasse rapidamente.

Hee-chan! Hee-chan! Vamos? Eu vou me atrasar – Duo disse sorrindo, já pronto para sua consulta.

Ah Duo, desculpe. Eu não vou poder leva-lo hoje. Então pedi para o Trowa, certo? – o japonês disse sem desviar os olhos da tela do computador. Não era mentira que tinha muito que fazer. Mas se quisesse poderia levar o laptop para o consultório como já tinha feito antes. Só que dessa vez queria ficar sozinho com seus pensamentos. Havia pedido a Trowa para levar Duo, obviamente o latino não negou o favor, mas observador como sempre havia dito que Heero deveria lhe dizer o que o estava incomodando.

O americano não deixou transparecer sua tristeza, mas não iria insistir, afinal Heero o estava levando três vezes por semana a mais de três meses. Certamente o trabalho era urgente, ou então ficara com muita coisa acumulada por sua causa.

Vamos Duo? – Trowa o chamou, tirando-o de seus pensamentos.

Claro! – o americano retirou-se ainda pensando nas milhares possibilidades que haviam para Heero não ir. Será que ele havia percebido? Duo não sabia. Não tinha certeza se Heero estava lhe dizendo a verdade, mas sabia que embora não tivesse mentido, não tinha certeza se o que dissera estava certo.

Durante todo o percurso até o consultório pensou sobre tudo que estava acontecendo, sobre a sua depressão, a atenção que Heero lhe dera, a declaração de amor do japonês, a descoberta de seus possíveis pais. Era muita coisa de uma vez só. Eram muitas incertezas ao mesmo tempo. Havia dito que amava Heero, mas não tinha certeza. Havia dito que queria conhecer seus pais, mas também não tinha certeza. Não que não quisesse conhece-los. Apenas tinha duvidas demais, medos demais.

Chegamos – a auto-analise do americano foi interrompida pela voz de Trowa. Para felicidade de Duo, poderia pedir ajuda para seu psicanalista. Sorriu diante este ultimo pensamento. Não sabia por que, mas era interessante poder confiar tudo da sua vida para um estranho.

Ambos os pilotos entraram no consultório. Duo cumprimentou a já conhecida secretaria, que não deixou de estranhar a ausência do japonês. Conversaram um pouco até Duo ser chamado.

Boa tarde, Duo! – Dr Wakifield já estava sentado em sua poltrona, com um sorriso confortante nos lábios. Para Duo talvez fosse aquilo que lhe tranqüilizasse, a imagem sempre amigável que o jovem medico possuía.

Boa tarde. – o americano cumprimentou-o meio desanimado e sentou-se em uma das poltronas

Vejo que está desanimado hoje. Aconteceu alguma coisa? – os olhos azuis claro o fitavam interessados.

Bem, aconteceu bastante coisa dês da ultima consulta. – Duo comentou com um sorriso amarelo no rosto.

Como assim?

Bem, lembra que a ultima vez que eu vim comentei sobre o Heero?

O jovem japonês, que sempre lhe traz? Sim lembro que você me disse que achava que ele o odiava.

Pois é, naquele dia você conversou com ele não foi? – o olhar de Duo não demonstrava nenhum tipo de sentimento, e sua voz nenhuma entonação especial, falava como se aquilo fosse normal. De acordo com Richard aquilo sempre acontecia quando ele falava de algo que realmente o magoava ou o perturbava.

Sim, desculpe se eu... – ia continuar a explicar, mas se deteve ao ver o gesto de Duo levantando apenas a mão direito, num pedido mudo de que esperasse.

Depois daquilo Heero me levou em um lugar que eu não sei onde é direito, havia uma cabana, ele me contou que era dele. Ele também me contou sobre o homem que o criou, não me lembro o nome dele agora. Falando nisso, também não sei se lhe contei, Heero é um ex-piloto de Gundam como eu. Mas nós somos diferentes em vários aspectos. Heero sempre foi sério. No dia que nós nos conhecemos foi bem estranho. Inusitado, seria a palavra certa. Eu atirei nele, achei que ele ia matar uma menina, Relena Peacecraft. Bem, ele iria mata-la se eu não atirasse. Depois disso ela o levou para o hospital da Aliança, eles o prenderam l�, estavam surpresos com ele. Mas eu como piloto Gundam e após ter descoberto que ele também era um, não podia deixa-lo lá. Eu invadi o prédio, e o ajudei a sair. Nós saltamos de alguns andares, mas ele não queria abrir o pára-quedas. Quando ele abriu foi tarde demais, eu o vi descer aquilo tudo rolando e depois se levantar. E honestamente falando, não sabia como ele ainda estava vivo. Com o tempo nós nos tornamos aliados, depois amigos. Mas eu nunca pensei que ouviria Heero me contar o que ele contou na cabana, nunca pensei que ouviria ele me dizer o que disse quando me mostrou o lugar que ele mais gostava...

Lugar que ele mais gostava? – Richard estava curioso, se tinha algo que lhe fascinava era a vida de Duo, porem a vida de Duo e a de seu amigo juntas, parecia ser mais fascinante ainda.

Sim, era um lugar na montanha, onde tinha o pôr-do-sol mais lindo que eu já vi na minha vida. E olha que eu já estive em vários lugares. – Duo comentou com um sorriso

E ele falou algo de importante l�? – Richard já suspeitava o que era, mas não iria arriscar um chute naquele momento

Sim, ele disse que me amava...E sabe o que é mais estranho? – Duo perguntou

Eu arriscaria um palpite, mas eu não ouso no momento. – o psicanalista sorriu

Heero Yuy, nunca admitira possuir sentimentos antes, e eu sei que ele não estava mentindo, por isso me surpreendi. E pior, me surpreendi tanto que me confundi. – Duo falou num misto de dúvida e desespero.

Confundiu? Não entendi isso Duo.

Eu disse a ele que também o amava, mas...Veja bem, depois daquela declaração, eu não conseguia pensar em outra coisa, eu só sabia que se alguém podia me amar tanto eu não deveria jogar isso pro alto. E eu gosto do Heero, mas não tenho certeza se o amo. Entende?

Entendi, fez algo impulsivo e agora não sabe se fez a coisa certa. Duo você tem consciência que vai acabar magoando esse rapaz?

Sim, eu sei. Mas entenda, eu gosto do Heero, gosto muito. Mas só não sei se é tanto assim. E agora com essa história dos meus pais...

Seus pais? Eles não estavam mortos?

É o que eu sempre pensei, afinal desde que me entendo por gente eu vivo sozinho. Mas...Eu havia pedido para Sally procurar alguma coisa deles, eu gostaria de pelo menos uma foto. Agora ela disse que possivelmente encontrou meus verdadeiros pais. Nós já fizemos o exame de DNA só estamos esperando o resultado.

Mas você já os conheceu?

Não ainda não. A Sally disse que como eu estou fazendo esse tratamento, é melhor eu só conhece-los se tiver certeza absoluta de que são meus pais, porque é melhor não criar laços afetivos...Algo assim.

Ela está certa, mas o que você acha disso? Gostaria de viver com seus pais? Afinal você ainda é de menor certo?

Sim, mas eu não sei como seria viver com eles...

você nunca saberá se não tentar, mas lembre-se ainda não temos certeza de nada. Só pense a respeito disso depois que o resultado sair.

É o melhor a se fazer, né?

Sim...

Duo olhou no relógio, percebendo que seu tempo havia se esgotado ele despediu-se de seu psicanalista e saiu, já encontrando Trowa esperando do lado de fora.

Enquanto Trowa e Duo não chegavam, Heero trancara-se no quarto e assistia calmamente Herói correr pelo chão fazendo uma grande bagunça por todo o quarto. Estava cansado, havia feito inúmeras coisas no seu laptop, adiantado trabalho para possivelmente um mês. Havia feito isso para ver se tirava aquela maldita frase da cabeça, mas era impossível. Não conseguia, apenas pensava em Duo. Naquela mulher levando-o para longe, ele bem que poderia se mudar para lá também. Mas, se Duo aceitasse aquela proposta sem lhe consultar antes, então significava que era apenas um sonho? Aquela idéia de amor, de sentimentos, de uma vida ao lado de Duo...Eram apenas sonhos? Provavelmente, afinal como Duo poderia ama-lo? Ele era apenas um soldado treinado para não ter sentimentos, treinado para matar. Ele era apenas um soldado...Uma máquina, mas nunca, jamais fora um ser humano. Havia também a possibilidade de estar se precipitando, mas eram apenas possibilidades...Todas os seus pensamentos. Então era assim amar? Tantos medos? Inseguranças? Chegava a ser engraçado, o soldado perfeito que jamais teve medo, ou jamais havia se sentido inseguro, agora estava trancado no seu quarto com medo de perder um outro homem, um outro soldado.

Aos poucos foi cansando-se daquilo, as pupilas ficavam mais pesadas e deixou-se levar pelo sono. A tarde fria de Londres era perfeita para cochilos assim...E quem sabe um descanso não poderia tirar todas aquelas idéias terríveis de sua mente, a ultima coisa que sentiu foi Herói se aninhando ao lado de seu corpo, para ambos dormirem juntos.

E foi assim que Duo o encontrou, deitado na cama, com o ferret dormindo ao seu lado. Fechou a porta o mais silenciosamente possível e sentou em sua cama, observando atentamente o japonês. Ficava com um semblante tão tranqüilo enquanto dormia. A respiração leve, os cabelos castanhos levemente desgrenhados, os músculos do braço não eram visíveis já que ele se encontrava com uma blusa de manga comprida azul. Duo olhou mais atentamente a vestimenta. Havia sido com aquela blusa que Heero tinha salvado-o quando haviam voltado para as colônias na guerra.

Era agora que as peças começavam a se encaixar lentamente, e quanto mais ele percebia cada detalhe que havia passado em branco, que tinha medo de machucar Heero. O que será que Relena diria quando descobrisse que Heero não a amava? Ou pior, será que ainda amava o japonês, tão loucamente quanto amava nos tempos de guerra? Duo não queria isso, definitivamente não queria. Aproximou-se mais de Heero, afagando seus cabelos levemente, num carinho temeroso porem singelo. Não queria que o japonês ficasse com Relena, será que era ciúme? Não sabia, estava confuso.

Heero abriu os olhos lentamente, e assim que o fez deparou-se com um par de íris violetas que o encaravam carinhosamente.

Boa noite, seu dorminhoco – Duo falou em tom brincalhão

Que horas são? – Heero perguntou ainda meio sem noção de tempo

Sete horas passada...

Já jantou? – Heero perguntou levantando-se e guardando o pequeno Herói em sua casinha.

Estava te esperando – Duo sorriu já abrindo a porta para que fossem jantar.

Quando estavam descendo as escadas ouviram o som da campainha, pouco depois a voz do chinês que gritava "Eu atendo". Nem mesmo deram bola, e já estavam se sentando quando ouvem uma voz dizendo:

Oi Duo!

Hilde! – o americano levantou-se ao ouvir a voz da amiga. Fazia meses que não se viam e ele sem duvida estava morrendo de saudades. Afinal embora nenhum dos outros pilotos Gundam soubesse, havia sido Hilde que havia motivado-o para voltar ao campo de batalha durante a guerra. E fora só pela força que a garota lhe deu, que ele o fez. Junto dela ele havia experimentado o que era um lar, uma família, uma irmã. Agora sua doce irmã havia vindo vê-lo...Era extremamente agradável.

O japonês ficou observando Duo abraça-la e beija-la no rosto, aquele sorriso surgira novamente na face do americano, aquele sorriso do dia em que se conheceram, aquela alegria e jovialidade que somente Duo possuía. Observou melhor a garota que estava a poucos metros de distância. Os cabelos estavam mais longos, o corpo com curvas mais bem definidas. Sem duvida Hilde estava muito bonita. E dentro em breve seria uma linda mulher. Ela trazia em uma das mãos uma pequena caixa, provavelmente um presente e na outra um envelope branco...O que seria?

Heero! Como vai? – a jovem perguntou sorrindo amigavelmente para o japonês. Ela continuava achando-o incrivelmente bonito, porem excessivamente anti-social. Mas se tinha uma coisa que havia aprendido com Duo, era que não havia algo que um sorriso não pudesse quebrar. Sabia que um dia aquela barreira criada pelo japonês desapareceria e daria lugar a um sorriso provavelmente tão belo quanto o de Duo.

Bem. O que você quer? – não que Heero quisesse ser rude, apenas era o jeito dele. Embora se ele falasse assim com alguém que não o conhecesse certamente sentiria-se ofendido, mas para Hilde não era assim. Sabia que era a forma dele de dizer..."Oi".

Eu avisei Sally que estaria vindo ver o Duo, afinal faz tempo que nós não nos falamos. Então ela me contou mais ou menos o que está acontecendo e me pediu para trazer esse envelope. – a garota disse mostrando o envelope branco. – Mas antes...Eu trouxe isso pra você Duo, quando eu vi achei a sua cara – ela disse sorrindo.

O americano abriu a caixa e viu um lindo cordão de prata com um pingente de ônix onde estava esculpida a metade da asa de um demônio, que se assemelhava a que seu antigo DeathScythe possuía, ao seu lado encaixava-se perfeitamente uma asa de anjo, esculpida em um cristal. Foi então que Duo percebeu que na verdade eram duas correntes e que as duas asas juntas aparentemente formavam um coração, de duas metades diferentes.

Existe uma história por trás dessa figura... – a jovem falou sorrindo diante da face espantada do americano.

Você vai me contar? – Duo fez sua cara de menino abandonado o melhor possível, queria entender porque ao invés de um coração que se separava a jovem havia lhe dado àqueles pingentes em especial.

Quem sabe? – sorriu – você quer ver o que tem aqui? Sally me disse que é o resultado – agora falava mais seria, mostrando o envelope branco e conseguindo atrair até mesmo a atenção de Heero.

Eu não sei se tenho coragem de abrir...


- Mas você não que saber se eles são seus pais ou não? – a jovem perguntou colocando o envelope em cima da mesa.

Os olhos de Heero apenas conseguiam ver aquilo, ali estava o a resposta que decidia se Duo iria embora ou não? Ou será que mesmo que sua família quisesse leva-lo ele ficaria? Difícil...Tudo que Duo sempre desejou era ter uma família, uma casa, um lugar para voltar, um lugar ao qual ele pertencesse e fosse bem quisto. Embora Quatre, Trowa e Wufei se esforçassem para fazer o americano sentir que estava em família, amigos ainda eram amigos e família ainda era família. Até mesmo Heero não sabia o que faria diante daquela situação.

Você não vai abrir? – o japonês perguntou olhando para seu grande amor...Sabia que podia perder Duo se ele quisesse ir para os Estados Unidos, mas seria para vê-lo mais feliz, e se fosse para ver Duo feliz, Heero não se importaria de sofrer.

Hee-chan...Eu não sei se – ele não terminou vendo que o japonês se levantara caminhando em sua direção.

Se você tem tanto medo, não abra, afinal é a resposta pra pergunta que você mais quis respondida na sua vida. – dito isso Heero saiu da cozinha deixando Duo e Hilde olhando-o espantados.

É duro admitir, mas ele tem razão – Duo falou em um tom desanimado.

O que aconteceu Duo? – Hilde conhecia muito bem seu amigo para saber quando havia algo mais de errado. Definitivamente todos estavam estranhos além do normal... Principalmente Heero Yuy.

É uma loooonngaaa história – ele falou sentando-se e indicando que a jovem deveria sentar-se também.

Hei Herói, qual o problema, por que você esta tão triste? – o japonês tirou o pequeno ferret da gaiola olhando no fundo dos olhos do bichinho. – você não deve ficar assim por minha causa... – a voz de Heero era terna e meiga. Falava com o pequeno animal como nunca falara com uma pessoa. Era estranho pensar que havia trazido o ferret para tentar animar Duo, mas na verdade era ele quem estava sendo animado pelo animalzinho.

As mãos fortes acariciavam o pêlo macio como que tentando esconder as lágrimas que caiam, Heero havia percebido assim que Hilde havia entrado na cozinha que ele nem mesmo estava perto do coração do americano. Havia percebido isso, pois conhecia Duo, e sabia que não conseguia trazer aquele sorriso.

Ele é bonito não acha? – a mulher tirou os óculos escuros mostrando a foto para o homem sentado ao seu lado.

Sim, ele lembra muito ela. Mas eu nunca imaginei que ele poderia ter se tornado isso que você me disse. – o homem alto de cabelos negros e olhos verdes levantou, eram lembranças demais para sua mente. Nunca aceitara aquela idéia, nunca poderia aceita-la.

Ele não tem culpa do que a vida lhe deu...Embora seja extremamente triste.

Do que a vida lhe deu? Ou o que lhe tirou? Deus! Não diga besteiras Andrea...Se eu soubesse que ela...Se eu soubesse, isso nunca teria acontecido – o homem falou demonstrando toda sua indignação no olhar.

Não fale como se eu tivesse culpa. Apenas agradeça porque é somente por ele ser um ex-soldado que nós conseguimos localiza-lo. – era triste pensar dessa forma, mas ela sabia que ele deveria perceber isso também. Por mais triste que pudesse ser, por mais triste que fosse, essa era a realidade em que viviam.

Quer dizer que você não teria competência suficiente para encontra-lo se não fosse isso? – a ironia era perceptível na voz dele.

Irei ignorar esse comentário Evans 3 Afinal você é um pobre coitado, e nem mesmo tem certeza se é ele ou não.

Cale-se Andrea, maldito dia em que você cruzou meu caminho...A única coisa que você sabe fazer é destruir minha vida – ele falava um pouco mais alto, visivelmente irritado.

Eu cruzei seu caminho? Ou você resolveu dormir comigo? – ela sorria vitoriosa, sabia que havia pego no ponto fraco.

Desgraçada...Maldita hora que fui obrigado a me juntar com você para realizar isso. – ele saiu furioso deixando-a com um sorriso de vitória no rosto... Sabia que nunca mais poderia tê-lo para si, mas também sabia que nenhuma outra mulher teria.

O loirinho olhou para o mais alto com um certo temor. Trowa apenas o abraçou, sabia que seu querido árabe era muito sensível a tudo que acontecia a seu redor. Sabia que ele podia sentir a tristeza de Duo diante de seu passado, o amor que Heero possuía pelo americano, tão grande e puro que o americano não sabia como corresponder. A única coisa que ele, Trowa Barton, podia fazer era tentar conforta-lo. Amava-o com todas suas forças, amava-o mais que tudo...Não queria ver aquele olhar em seu amor, então teria que agir...

Já era tarde, o loirinho dormia tranqüilamente com uma expressão angelical em seu rosto, Trowa levantou-se o mais silenciosamente possível para não acorda-lo. Desceu as escadas e encontrou exatamente quem procurava na cozinha.

Heero estava observando o céu estrelado, da porta dos fundos, em suas mãos segurava uma xícara de chá. Encontrava-se tão absorto em seus próprios pensamentos que nem mesmo reparou a chegada do latino.

Heero... – Trowa falou em seu típico tom baixo e calmo.

Trowa, nem reparei que você estava ai. Ta muito frio? Eu fecho a porta. – já estava fechando a porta quando viu que o outro apenas fizera um gesto de que aquilo era desnecessário.

Eu vim falar com você. – Trowa disse já preparando um chá para si

Aconteceu alguma coisa? – o japonês perguntou preocupado

Sim, você sabe que sim – ficou observando a expressão do japonês, Heero continuava como na primeira vez em que haviam se encontrando, frio, sério, mas ainda assim, por mais que tentasse esconder, ele possuía sentimentos.

Você não costuma perguntar sobre essas coisas Trowa – Heero comentou sério, não queria que o outro realmente percebesse a sua vulnerabilidade, embora no fundo o que mais implorava era que Trowa lhe dissesse que ficaria tudo bem.

Quatre está preocupado. Eu não gosto de vê-lo assim. Acho que é porque você e Duo parecem tão bem juntos, mas quando separados...não se sabe quem está pior – o japonês sabia que a afirmação de Trowa era verdadeira, no meio daquele turbilhão de acontecimentos ele havia deixado-se carregar pela tristeza de Duo e agora estava envolvido nela, estava perdido não sabia se ainda podia ajudar seu amor, e não sabia como sair daquilo sozinho.
- ...Eu...Eu não sei mais o que fazer Trowa, eu não consigo faze-lo sorrir daquele jeito. Eu não consigo fazer Duo feliz – Heero dizia já com as lágrimas lhe escapando dos olhos, era Trowa seu melhor amigo depois de Duo, o único que entendia seu jeito de ser. Talvez porque ambos fossem muito parecidos...

Você não consegue fazer Duo feliz...Mas me responde uma coisa Heero, você é feliz? – dada àquela pergunta Heero calou-se, não, ele não era, nunca fora, jamais seria, porque ele não podia ser feliz.

Não. – falou olhando para o chão. Era duro admitir a realidade.

Se Duo o amar tanto quanto você diz que o ama, ele será feliz vendo você feliz...e para isso ele ira superar qualquer obstáculo – Trowa sabia que havia dito tudo que podia para acalmar o coração do japonês, agora tudo dependeria somente dele e de Duo. Apenas queria poder ver o sorriso angelical de seu loirinho novamente tão puro quanto antes.

Heero abriu a porta do quarto lentamente na tentativa de não acordar o americano, porém tamanha foi sua surpresa ao vê-lo sentado na escrivaninha observando o envelope branco que Hilde havia trazido...ainda estava lacrado.

Ainda acordado? – ele perguntou se aproximando do americano, Duo era lindo mesmo daquela forma, lindo de qualquer jeito...

Eu...não consigo dormir com isso aqui...sem saber a resposta, mas eu também tenho medo de abrir. – as íris violetas se encontraram com as azuis, pareciam implorar por ajuda, um pedido mudo porém não menos desesperado.

Eu posso ajudar de alguma forma? – Heero perguntou acariciando levemente o rosto do americano...sabia que ele queria que abrisse o envelope em seu lugar, mas não iria perguntar se o próprio Duo não falasse aquilo com todas as letras.

Você abre? Por favor Heero, eu...não tenho coragem – Duo pediu segurando nas mãos do japonês.

Heero segurou o envelope e só então percebeu que havia outro anexado, com algo escrito, leu o que dizia no envelope menor e então abriu lentamente o maior. Se Duo estava com medo, ele também estava.

Tirou as varias folhas presas por um grampo e começou a procurar o local onde estava a resposta para a pergunta de ambos. Encontrou e começou a ler mentalmente. Os olhos violetas apenas o fitavam ansiosos.

Duo! – chamou-o pronto então para dar a resposta...

Não! – Duo gritou...não queria ouvir ainda. Os olhos azuis mostravam a surpresa de Heero. – Antes me diga uma coisa Heero...

O japonês não estava entendendo...mas tudo bem, faria o que seu querido Duo quisesse...apenas queria poder ver aquele sorriso novamente...

O que? – o a voz não saiu tão fria quanto planejada

Você me ama certo? – Duo perguntou segurando na regata verde com força, colando seu corpo ao do japonês, precisava da resposta dele.

Mais que tudo – o olhar dirigido por Heero a Duo era terno, e certamente demonstrava o quanto ele estava falando a verdade

Mas...se essas pessoas forem realmente meus pais? Como você vai ficar? – Duo estava preocupado, só havia pensado naquilo agora. Heero o havia ajudado, de todas as formas que se pode ajudar alguém. E ele...estava sendo tão egoísta, nem mesmo estava se importando com o que poderia acontecer no futuro. Afinal seus pais iriam querer que ele morasse com eles e Heero? Como o japonês ficaria? Podia não ter certeza se o amava ou não, mas mesmo assim ainda se importava com ele, eram amigos há muito tempo...grandes amigos.

...Eu?...Realmente não sei, mas isso não importa...se você estiver feliz, eu também vou estar – Heero lembrou-se das palavras de Trowa se Duo o amasse, seria feliz para ver Heero feliz...era só isso que importava. Heero não se importava de sofrer, claro que ninguém gosta disso, mas se era para o bem de Duo...então tudo bem...

Como não importa? Heero...você – Duo não terminou de completar a frase, foi impedido pelos lábios do japonês. Um beijo apaixonado, terno, que demonstrava todo o amor que Heero tinha por ele...

Isso não importa...a única coisa importante é que você seja feliz. – Heero falou com um sorriso nos lábios, embora seu coração chorasse por dentro...perderia Duo, era apenas uma questão de tempo...

O americano não pode deixar de sorrir. Sem dúvida o sorriso de Heero era maravilhoso, ele conseguiu lhe passar uma confiança grande o bastante para criar coragem de novamente perguntar o resultado...

E então? Qual a resposta? – um sorriso maroto surgiu em seus lábios, fruto de sua personalidade que sempre procurava uma maneira de fugir dos problemas tratando-os como algo banal.

...Sim, o homem é seu pai...a mulher, irmã de sua mãe. – Heero falou observando a reação do americano, "aquele" sorriso surgindo em seu rosto, às lágrimas de felicidade que caiam de seus olhos...

Duo rapidamente pegou o outro envelope que viera anexado. Havia sido mandado por Sally e dizia para só abri-lo caso o resultado positivo fosse confirmado. Duo o abriu, queria gritar e pular de felicidade...mas não queria acordar seus amigos as duas da manhã, então tentava conter-se.

Tirou o que tinha dentro do envelope...uma carta...

Uma carta? – falou surpreso... - Heero lê pra mim? – seus olhinhos felizes faziam qualquer pedido ser irrecusável para o japonês...Heero pegou o papel e abriu, segurando a outra coisa que ali estava sem o americano ver...e então começou a ler em voz alta

Duo!

Se você esta lendo esta carta então é porque nossas suspeitas se confirmaram.Meus parabéns. Fico extremamente feliz por você. Seu pai está louco para conhece-lo. Por isso eu estou lhe enviando isso, uma foto de seu pai junto de sua mãe, e uma outra de sua tia. Esta Heero já conheceu...
O nome de seu pai é Evans Brid, ele me pediu que entrasse em contato com você caso esse resultado desse positivo, para que se encontrassem.

Por favor, diga-me o que acha.

Novamente parabéns, fico muito feliz por você

Sally Po

O japonês terminou de ler e entregou as fotos para Duo. Então aqueles eram seu pai e sua mãe?

Olhe Heero – chamou o japonês para junto de si. – Esse é meu pai...e minha mãe – sem duvida estava emocionado, seu pai não deveria ser um homem velho, visto que a foto parecia ser mais antiga e ele era extremamente jovem nela...Possuía os cabelos negros e lisos, os olhos de um verde claro magnífico, um físico invejável para muita gente, abraçado junto dele, uma linda mulher de longos cabelos castanhos, cacheados e os olhos do mesmo violeta dos do americano, ela estava com um sorriso maravilhoso.

Você é a cara da sua mãe – Heero comentou dando um beijo suave no americano.

Mal vejo a hora de conhece-los – Duo falou olhando a foto de sua tia...Assim que viu aquela mulher Heero lembrou-se de suas palavras..."Mal vejo a hora de leva-lo para os Estados Unidos comigo." Será que Duo gostaria de ir morar l�? Será que Duo iria embora? Estava com medo de que o americano decidisse por isso.


- Eu sei Duo! Mas agora é melhor dormir não? Amanhã você liga para a Sally e vocês vêm isso tudo com calma...que tal? – procurou parecer o mais feliz possível, não que não estivesse...apenas estava preocupado, preocupado demais.

Certo...mas Heero, você vai comigo? Eu quero muito que eles conheçam você. – Duo falou já se deitando na cama e deixando que Heero o cobrisse...

Se você quiser meu amor, é claro que eu vou...

Duo acordou com os raios de sol a baterem suavemente em seu rosto. Olhou a cama ao lado ainda meio sonolento e não encontrou quem procurava, levantou-se e pode ver o japonês observando o dia pela janela. Os raios de sol banhavam seu rosto e a brisa da manhã balançava suavemente as mechas castanhas escuras, os olhos azul-cobalto perdidos em algum ponto qualquer, completamente vazios, que embora direcionados para o outro lado da rua pareciam tão perdidos em sua própria mente que jamais saberiam o que se passava à frente deles.

Bom dia, Heero! – o tom suave usado por Duo foi o suficiente para despertar o japonês de seus devaneios.

Bom dia. – o japonês falou sério, no tom típico do soldado perfeito, havia decidido o que fazer havia decidido que ele jamais impediria Duo de ser feliz com a família. Por pior que fosse, se Duo estivesse bem...Ele estaria feliz, incompleto, mas feliz.

O americano estranhou o cumprimento frio, mas nada disse. Heero estava sendo carinhoso com ele há dias, e sua natureza não era essa, ele sabia. Não podia ficar pedindo um Heero carinhoso e atencioso o tempo todo, era injusto, ainda mais confuso do jeito que estava.

Desceu as escadas calma e tranqüilamente, terminando de por o elástico na ponta da longa trança castanha. Tinha que ligar naquele dia para o numero deixado por Sally. Encontrou o loirinho já terminando de preparar o café da manhã juntamente de Trowa e Wufei.

Bom dia – o americano cumprimentou animadamente, não podia negar sua ansiedade.

Bom dia, Duo! – o loirinho cumprimentou com um sorriso gentil enquanto Trowa apenas deu um leve aceno com a cabeça e Wufei o olhou com a boca cheia de comida.

Heero entrou na cozinha pouco depois, com a pior cara que se podia esperar do soldado perfeito, como se tivesse brigado com o mundo e se alguém ousasse cruzar seu caminho certamente encontraria a morte. Mas, na verdade, ele estava certo. Sabia que perderia Duo, e não estava nem um pouco feliz com isso.

Bom dia, Heero! – o loirinho cumprimentou com um sorriso amigável e gentil, porém apenas recebeu um olhar gélido em resposta ao seu cumprimento. Olhou para Trowa e os outros dois como se perguntasse se sabiam de algo, mas nenhum deles se manifestou em comentar alguma coisa. Olhou mais uma vez para Duo que apenas fez um gesto de que não sabia.

Ao terminarem o café Duo não resistiu mais e foi direto ao telefone, precisava ligar para Sally, precisava conhece-lo, precisava conhecer seu pai, saber o que tinha acontecido, saber porque ele e sua mãe o haviam abandonado, se é que realmente haviam, afinal naquele tumulto todo da guerra, quem poderia saber.

- Sede dos Preventers! Bom dia! – o americano ouviu a voz da telefonista do outro lado, embora fosse falar com Sally o nervosismo já o consumia por completa, sentia as pernas fracas e o corpo pesado. Sua mente pensando em mil e uma coisas diferentes, todas as imagens de sua vida passando rapidamente.

Ah! Bom dia! Sally Po, por favor?

- Quem deseja?

Maxwell...Duo Maxwell

- Aguarde um instante, por favor, senhor Maxwell.

Para Duo cada segundo pareciam séculos intermináveis, que insistiam por exibir como num flashback toda a sua vida. A emoção corria fortemente por seu peito e as lagrimas já apareciam em seus olhos. Não importava qual fosse a imagem, era forte, pensando assim, naquele momento, ele ainda era uma criança, uma criança que jamais fora feliz, que jamais fora amada...A imagem de Heero lhe veio a mente. Balançou a cabeça tentando afastar aqueles pensamentos, embora ainda tentasse entender porque Heero...

- Alô? Duo! – Sally chamou pelo americano mais uma vez.

Ah Sally! Desculpe eu estava viajando. Você pediu pra que eu ligasse caso...

- Claro! Eu falei com Evans ainda a pouco, se você puder, ele gostaria muito de lhe encontrar as três da tarde.

Duo ia combinando as coisas sem perceber que tudo que dizia era ouvido por alguém escondido, encostado na parede das escadas. Esta era sem duvida a sentença final de Heero, fora tão pouco tempo, e provavelmente Duo só havia ficado com ele porque estava carente, por causa da depressão. Mesmo assim, apenas o fato de poder ter sentido o doce sabor daquela boca já fazia aquele sofrimento valer a pena, só o fato de poder ter abraçado aquele corpo, acariciado aqueles cabelos, só o fato de poder ter dito que o amava, já fazia aquele sofrimento ter valido a pena.

À tarde não demorou a chegar. Todos estavam muito felizes pelo americano, sabiam que ele sempre valorizara muito a família e somente em ver seus olhinhos violetas brilharem ao falar do assunto já animava a todos, fazia muito tempo que não viam Duo sorrir daquela maneira.

Heero – o americano fitou as íris azuis de maneira que fosse o que pedisse, o japonês jamais lhe negaria...

uhn? – Heero nem mesmo se dignou a tirar o olhar do laptop, sabia que assim que Duo encontrasse aquela mulher, e seu suposto pai...O perderia. Era como uma despedida e ele não queria se despedir. Embora soubesse que ele votaria naquele dia para casa...Sabia que ele jamais voltaria para seus braços novamente.

Você não quer ir comigo? – Duo perguntou abraçando-o carinhosamente por trás. Apesar de não saber direito o que sentia pelo japonês, sem duvida ele lhe daria uma segurança, afinal Heero era sempre tão certo de tudo que fazia.

O japonês o olhou carinhosamente. "Qualquer coisa por um sorriso" pensou, seria o que Duo quisesse, somente para vê-lo feliz.

Se não for atrapalhar você. – Falou no típico tom sério.

Nunca, você só vai me ajudar, diz que vai, por favor, – Duo o olhava como que implorando de forma que Heero não pode negar. Levantou-se indo em direção a cozinha para pegar as chaves do carro e não demorou para ele e Duo estarem dirigindo rumo ao Hyde Park, local em que o americano havia combinado com Sally.

Heero olhou bem ao seu redor, o parque mais famoso de Londres que já havia servido tanto de um terreno de caça para a realeza como para palco de duelos, corridas e até mesmo execuções.

Heero, como você acha que eu estou? – o americano perguntou, apos saírem do carro já se dirigindo em direção ao parque.

O japonês olhou bem para Duo, estava vestindo uma calça negra, uma blusa roxa e uma jaqueta também negra. O longo cabelo castanho preso na habitual trança e um perfume suave.

Está lindo, muito lindo. – comentou olhando melhor o outro.

Nossa! Obrigado – o americano sorriu gentilmente, mas pouco depois parou olhando fixo para um ponto no parque. Ao perceber a súbita parada do americano Heero já soube o que ele havia visto, ou melhor...Quem ele havia visto.

A mulher de cabelos castanhos estava sentada em um dos bancos, enquanto o homem de cabelos negros andava impacientemente de um lado para o outro, usava um sobretudo bege que lhe dava um ar mais sério. "São eles" o japonês pensou.

Assim que avistou o japonês, Andrea segurou no braço do homem que a acompanhava, apontando a direção onde ele e Duo estavam. Rapidamente ambos já se dirigiam até eles. O homem não conseguia evitar um sorriso, que apesar de sincero demonstrava todo o seu nervosismo no momento. No entanto a mulher continuava séria, o olhar dela se confrontou com o de Heero e naquele instante foi como se o mundo parasse para ver a pequena declaração de guerra que era dada sem sequer uma palavra, mas sim com os olhares amedrontadores e frios.

Apesar disso, nenhum dos outros dois que os acompanhava percebeu a rivalidade que havia acabado de ser anunciada, perdidos demais em seus próprios pensamentos. Naquela hora nem Duo nem Evans trocaram uma palavra sequer, apenas um abraço...Emocionado, que mostrava toda a necessidade que tinham de resgatar o tempo que haviam perdido.

Assim que os olhos violetas se cruzaram com o verde nenhuma palavra precisou ser pronunciada. Nada poderia ser dito, o tempo jamais poderia ser recuperado...Tudo se resumiu em apenas um abraço, caloroso, reconfortante, triste e alegre...Era o fim de uma grande busca de um pai, e do eterno abandono de um filho. Era o início de uma nova vida, onde ambos poderiam se conhecer de verdade. Era o reencontro mais sonhado da vida de ambos.

Todas as palavras ensaiadas diante do espelho algumas horas antes haviam sumido. A cumplicidade em ambos os olhares era o suficiente para que os dois soubessem que poderiam ser uma família se tentassem. Perdidos no mar de novas sensações e sonhos que os inundavam, nenhum dos dois percebeu a troca de olhares ferozes ao lado. A muda declaração de guerra que havia sido dada entre Heero Yuy e Andrea Garth.

Somente depois de muito tempo abraçado a Duo que o homem de cabelos negros ousou soltá-lo para cumprimentar o garoto japonês que acompanhava o americano.

Desculpe, eu nem mesmo me apresentei. Meu nome é Evans Demarchi – disse estendendo a mão educadamente para Heero.

Yuy. Heero Yuy. – o japonês o cumprimentou com um forte aperto de mão seu recém descoberto sogro e somente naquele momento lhe veio uma pergunta "Será que ele sabe que... eu e Duo?", somente naquele momento o japonês sentiu-se inseguro quanto aquilo, não se importava com o que os outros pensassem, amava Duo e isso era tudo que importava, porem aquilo era diferente, era o pai do americano...Será que ele aceitaria aquele relacionamento? Afinal era seu filho se envolvendo com outro homem...

Heero! Eu ouvi falar de você, é amigo do Duo não? Então eu e Andrea queremos que você e Duo sintam-se à vontade, porque a gente não come alguma coisa enquanto conversa um pouco mais?

Duo escolheu uma lanchonete simples para que pudesse se sentir mais à vontade, seu pai parecia ser uma boa pessoa, embora aparentasse ser muito jovem. Não queria admitir, mas estava inseguro, tinha medo que seu pai fosse alguém totalmente diferente dele, alguém que ele olhasse e não visse que podia ter uma família. Que não poderia ser seu pai porque não sabia ser pai. Por isso havia pedido a Heero para ir com ele, o jovem japonês sempre lhe passara uma sensação de segurança alem do normal, sua companhia sempre o acalmava, talvez porque ele sabia que por pior que fosse a situação...Heero daria um jeito, ele sempre dera, sempre daria...

Então Duo, Sally me contou sobre a guerra. Como você foi se tornar piloto de um Gundam tão jovem? – Andrea perguntou, sabia que a ultima coisa que Evans iria perguntar era sobre isso, embora ele quisesse saber tanto quanto ela, não era um assunto no qual ele tocaria com seu filho na primeira vez em que se viam.

Tanto o americano quanto seu pai olharam para a mulher ligeiramente surpresos por tal pergunta. Duo pensou um pouco antes de responder:

Eu soube que havia uma nave com uma segurança extremamente rígida, então resolvi rouba-la, só que eles me pegaram depois; como um clandestino sabe? Daí eu encontrei o velho Dr G lá...que achou aquilo algo interessante e resolveu me treinar pra pilotar o Gundam dele... Simples, não? – o sorriso no rosto de Duo fez com que Evans e Andrea estranhassem aquilo, porém Heero sabia o que significava, sabia que não era tão simples, sabia que nunca fora simples...sabia que Duo havia sofrido muito antes disso, muito mesmo.

Mas mesmo sendo treinado como um piloto de Gundam isso não faz você agir como um. – o japonês disse com um meio sorriso.

Por quê? – Duo perguntou visivelmente curioso

Foram interrompidos pelo som do celular de Duo tocando. A música era terrivelmente escandalosa, sendo assim nem um pouco típica de pessoas discretas.

Era disso que eu falava – Heero grunhiu enquanto bebia mais um gole de suco, arrancando um sorriso de Evans sem perceber. O homem de cabelos negros havia gostado do jovem japonês. Parecia realmente ser amigo de Duo, e sem duvida o americano se mostrara seguro ao lado dele.

Hee-chan! É o Dr Wakifield, ele disse que quer falar com você – Duo falou entregando o celular ao japonês.

Com licença – Heero retirou-se para atender a ligação, aquela era a hora perfeita para Andrea perguntar o que tanto queria

Então Duo, quando você prefere ir para Nova York conosco? Eu estarei indo essa semana e seu pai no fim do mês, ele pode levar sua mudança, você vai adorar viver na América

Duo ficou olhando chocado. Ir para Nova York? Se mudar? Ele não sabia de nada disso, não queria sair de Londres, não queria deixar os amigos, ele gostava de lá. Ele mesmo havia proposto Londres, adorava o ar exótico da cidade. Não queria ir, nunca havia pensado nisso. Afinal, essa era uma possibilidade que ele jamais cogitara.

Mudança? – perguntou só para ter certeza se havia ouvido direito.

Sim, você vai morar conosco em Nova York meu querido Duo! – ela falou sorridente, sem perceber os olhares espantados de Evans e Duo.

Isso claro, se você quiser Duo! Eu não pretendo força-lo a fazer algo que você não queira.

Bem...eu não sei, posso pensar? – o americano estava falando a verdade, jamais mentiria, não sabia o que fazer. Como será que Heero reagiria? Heero...Percebeu que o japonês estava demorando, e começou a procura-lo pelo local.

Algum problema Duo? – Evans perguntou notando a apreensão do filho

Heero! Ele deveria ter voltado – levantou-se abruptamente procurando o amigo.

Ele deve estar bem meu anjo, afinal é um ex-piloto Gundam não? – Andrea falou tentando acalmar o americano.

É eu sei, mas...ele está com o MEU celular – Duo falou aquilo conseguindo fazer tanto Andrea quanto Evans sorrirem. O que ele não imaginava era que Heero havia ouvido isso no pior momento possível.

Pronto Duo, desculpe por ter tomado o seu celular – Heero entregou pegando seu casaco.

Você já vai Hee-chan? Fica mais um pouco – o americano pediu fazendo biquinho

Eu tenho trabalho! Foi um prazer conhece-los, nós nos veremos em breve. – Heero disse cumprimentando-os com um aperto de mão.

Com certeza Heero! – Evans cumprimentou-o e logo depois o japonês foi embora. – Ele é um jovem interessante – o pai de Duo comentou sorrindo levemente

Heero é meu melhor amigo, ele é um pouco estranho, mas eu gosto muito dele – o americano sorriu diante daquela afirmação, um sorriso de alivio, finalmente havia entendido o que sentia pelo japonês...

Duo andava muito mais animado nos últimos dias, havia saído com seu pai todas as tardes e todos os ex-pilotos já haviam conhecido Evans Demarchi, dono de uma das maiores empresas de telecomunicações dos Estados Unidos. Um homem rico, poderoso e influente e ao mesmo tempo humilde e inocente, lembrava até mesmo a excêntrica personalidade de Duo às vezes. Quatre havia definido-o como um homem gentil; Trowa, como um homem feliz; Wufei, como um homem justo, e Heero preferiu omitir sua opinião. Ele não tinha nada contra o homem que era pai de seu grande amor, pelo contrario agradecia a ele todos os dias por ter dado vida a uma pessoa tão maravilhosa como Duo. Apenas sabia que aquela mulher que o acompanhava o irritava, Andrea Garth, havia pesquisado tudo sobre ela, mas apenas sabia que seus pais haviam morrido junto com sua irmã em L2 e ela só havia sobrevivido porque um contratempo a impediu de ir à viagem.

Boa tarde Heero, espero não estar atrasado! – o americano entrou no quarto e rapidamente começou a trocar de roupas.

Você chegou na hora, seu pai vai leva-lo? – Heero perguntou sem tirar os olhos do laptop.

Na verdade, eu queria que você fosse comigo. Hoje é a minha ultima consulta, e foi você quem sempre me acompanhou, por isso eu queria que você...que você fosse. – o americano estava meio envergonhado em pedir aquilo, não havia dado muita atenção a Heero nos últimos dias, mau fava com o japonês, e quando o fazia eram apenas cumprimentos e nada mais. Dialogo? Já não mais existia.

Hai! Se você quer, eu vou! – Heero levantou-se pegando uma jaqueta e as chaves do carro que estavam em cima da mesinha de cabeceira. E pouco depois os dois já estavam no carro a caminho do consultório do psicanalista de Duo.

Boa tarde Duo, Heero! – o jovem doutor loiro cumprimentou-os com um sorriso amigável no rosto.

Boa tarde! – ambos cumprimentaram em uníssono

Duo eu tenho que comprar umas peças para o meu laptop, e depois venho busca-lo certo? Até mais doutor. – o jovem japonês saiu tão rápido que nem mesmo deixou tempo para perguntas.

O que aconteceu com ele? – Richard perguntou levemente preocupado com a súbita saída do japonês, sabia que Heero sempre esperava o "amigo" do lado de fora.

Não sei! – Duo falou olhando com uma cara de quem realmente não havia entendido nada do que estava acontecendo.

Entraram no já conhecido consultório, aquela seria a ultima consulta de Duo. Ele havia se curado completamente e na verdade só estava lá naquele momento para ouvir os ultimo detalhes do que deveria fazer caso houvesse algum tipo de recaída ou coisa parecida. A conversa transcorria normalmente até chegarem em um ponto um pouco mais delicado...

Então, seu pai quer que você vá morar com ele? Bem, me parece um pedido normal de qualquer pai, ainda mais um que esteve afastado de seu filho durante tantos anos. – Richard comentou sorvendo um gole de chá

Sim, mas...eu não sei. Eu gostaria de ir, eu adoro ele, nossa! É o pai que eu sempre sonhei, mas...eu tenho medo de deixar meus amigos.

Seus amigos se importam com você Duo, mesmo que eles não estejam por perto você sempre vai poder contar com eles.

Eu sei! Mas quem realmente me preocupa é o Heero!

Heero? Por quê? – Richard perguntou ligeiramente curioso

Minha tia não aceita o nosso, relacionamento sabe? – sem dúvida o americano hesitou um pouco antes de falar, adorava seu pai, mas realmente sua tia...era uma pessoa estranha.

Algum motivo para ela não aceitar?

Eu acho que ela não vai com a cara do Heero

Mas vocês têm um relacionamento sério? Você nunca me deu muitos detalhes sobre isso, e eu também nunca fiz muita questão de perguntar – o jovem doutor deu um pequeno sorriso ao perceber aquele pequeno descaso com seu paciente favorito

Bem...eu não sei, Heero disse que me ama, mas depois de um tempo ele nunca mais tocou no assunto, nem eu. Durante aquelas semanas agíamos como dois adolescentes no começo de um namoro, mas eu não sei de mais nada e não nego estar confuso por causa disso.

Bem, pelo que me parece isso acabou por causa da historia de sua família, não estou certo?

Sim, confesso que me afastei um pouco dele.

Será então que não é ele quem esta confuso Duo? Afinal, de acordo com o que você me disse, Heero foi treinado para não sentir. E esse treinamento foi parcialmente quebrado, ele deve estar realmente perdido e confuso, já que não está habituado com o fato de poder demonstrar suas emoções e sentimentos.

Heero confuso? Não me faça rir Richard...Heero sempre sabe o que fazer, ele não fica confuso, jamais! - a convicção com que Duo falou aquilo fez os olhos azuis do jovem doutor estremecerem. Ele podia ser jovem, porem sabia que ninguém estava sempre ciente do que deveria ser feito. E tinha certeza de que o jovem japonês não era tão diferente assim de qualquer outro tipo de pessoa, pelo contrario...

Você não deveria falar assim Duo, ele sempre se mostrou extremamente preocupado com você.

Ele só faz isso por causa das missões. Ele acha que me ama, porem eu sou a pessoa mais próxima dele, confesso que ele pode não entender muito de emoções, talvez por isso pense que eu sou alguém que ele deve amar, mas Heero é incapaz de amar algo alem de suas missões.

Eu não acho, ele sempre se mostrou preocupado com você, e cuidou de você muito bem, de acordo como eu pedi.

Você pediu? Como assim?

Eu pedi que ele cuidasse de você a primeira vez que o trouxe, você precisava de carinho e atenção, e ao que me parece ele fez tudo corretamente.

Mas era exatamente disso que eu estava falando Richard...Para Heero, eu sou apenas uma missão...

O japonês olhou para o relógio se amaldiçoando por seu atraso, se aquela maldita vendedora não tivesse ficado dando em cima dele e vendesse mais rápido ele não se atrasaria para buscar Duo no consultório. Pelo menos ele havia conseguido a peça que tanto queria. Estava quase chegando no lugar onde estava seu carro quando ouviu passos atrás de si. Se fosse outra pessoa não ligaria, mas ele era Heero Yuy e estava condicionado em seu treinamento. Olhou para trás e não avistou ninguém. Pensando ser um puro ato de sua imaginação continuou seu caminho até o carro. Colocou a sacola no porta-malas e quando ia fecha-lo tudo escureceu...

Droga...Heero está atrasado. – o americano ligou para o celular do "amigo" e apenas o encontrou desligado. Não era do feitio de Heero se atrasar.

O americano resolveu esperar mais um pouco e ficou conversando com a secretária para passar o tempo, vendo que Heero não chegara após meia hora resolveu ligar para os amigos.

Sinto Duo, eu não consegui entrar em contato com ele – Trowa disse enquanto o americano entrava no carro.

Será que aconteceu alguma coisa? Heero não é de sumir assim. – O americano perguntou preocupado

... – o garoto de olhos verdes sabia que sue amigo não estava bem, mas Duo tinha razão, Heero não era de sumir assim. Apesar de que talvez ele quisesse mesmo ficar sozinho.

Você acha que aconteceu alguma coisa Trowa? – Duo perguntou realmente preocupado.

Heero sabe se cuidar melhor que qualquer um Duo! – "Embora eu realmente ache que ele não anda nada bem" acrescentou pensativo o latino

É você tem razão...

Os olhos azuis cobalto abriram-se vagarosamente, aparentava estar em algum lugar escuro. Sentiu suas mãos amarradas fortemente em alguma coisa, ainda via o lugar girando e a forte dor de cabeça que sentia o faziam chegar à conclusão de que havia levado uma pancada muito forte na cabeça. Como que se perguntando onde estava olhava atentamente em cada canto do pequeno cômodo onde se encontrava.

Vejo que acordou! – Heero pode ver a mulher já conhecida se aproximando...apesar de não entender nada do que estava acontecendo

O que você quer? – a falta de expressão no rosto do japonês dava sinais de que aquele era o antigo soldado perfeito e não Heero Yuy.

você não vê Heero? você esta no meu caminho...assim como aquele garoto estúpido. – ela falou em um tom que demonstrava toda sua raiva...

No seu caminho? Como assim? – Heero não entendeu o que ela estava querendo dizer.

Não se faça de tolo Yuy. Evans é um dos homens mais ricos dos Estados Unidos. Mais rico e mais bonito... E ele é meu, só meu e de mais ninguém...a ultima pessoa que se intrometeu no meu caminho foi assassinada por vários soldados... – os olhos daquela mulher brilhavam intensamente, certos de que haviam feito a coisa certa...embora Heero não soubesse do que ela estava falando...só podia ser mais insana do que ele julgara.

...Nani? – a surpresa era evidente nos olhos azuis...Será que ela pretendia matar Duo?

Minha irmã se chamava Nicole Prietsley. E ela seduziu Evans de um jeito que só vendo para acreditar. Mas ele era meu, ela sabia disso, mas mesmo assim ousou seduzi-lo. E ele se apaixonou por ela. Tadinho tão tolo, ele era jovem demais para se apaixonar daquele jeito. Dessa paixão nasceu seu amiguinho...Duo Maxwell, ou Dylan Prietsley chame como você preferir. Eu aproveitei que Nicole foi para uma reunião que tentava manter a paz entre as Colônias e a Aliança e paguei para um dos soldados mata-la, ela e Dylan. Ele fez um bom trabalho com Nicole, mas não teve coragem de matar o bebê...Evans descobriu há alguns anos atrás...mas ele não pode fazer nada em relação a isso. Eu tenho bons argumentos para que ele não me entregue a policia...Mas eu nunca achei que o pequeno bebê sobreviveria sozinho nas ruas de uma Colônia em guerra. Mas mesmo assim Evans o procurava, desesperadamente. Foi então que ele resolveu entrar em contato com os Preventers e encontrou Sally Po... contou a historia dele e mostrou a foto de minha irmã...você deve ter visto, ela se parece muito com o jovenzinho que você ama.

Os olhos de Heero estavam arregalados de estupefação. Como alguém podia ser tão cruel e ainda assim dizer amar outra? Como ela podia tanto querer aquele homem só para ela a ponto de matar a própria irmã e tentar matar o sobrinho indefeso?

Você é louca – foi só o que Heero conseguiu dizer. Estava assombrado com aquela história, porque seu Duo tinha que ter sofrido tudo aquilo? Por que alguém tão amável, e sorridente tinha que ter uma história tão triste por trás de tudo?

Pode ser! Mas eu amo Evans, eu o quero e com Duo...credo que nome horroroso, e com Duo agora no meu caminho ele não vai nem mesmo olhar para mim.

você fala como se ele olhasse pra você, creio eu que nenhum homem em sã consciência se importasse com uma louca como você! – a voz do soldado perfeito veio junto com um meio sorriso que demonstrava a certeza que ele tinha de estar falando à coisa que mais poderia ferir a mulher completamente louca a sua frente.

Somente o som da mão de Andrea Garth se chocando contra a face do japonês pode ser ouvido. Apesar de ele ainda manter seu meio sorriso vitorioso, sabia que havia encontrado o ponto fraco de seu inimigo. Mas naquele momento precisava dar um jeito de sair daquele lugar e avisar Duo do perigo que ele corria.

Você disse que eu era um obstáculo no seu caminho, por quê? Eu também não quero que Duo vá embora para os Estados Unidos. – ele falou novamente com a expressão séria.

Eu sei, mas apesar de querer aquele menino morto, eu vou precisar de que ele viva um pouco mais. Afinal como você mesmo disse, Evans não me ama. Mas é Duo quem vai fazer ele me amar. E quando isso acontecer...pobre Duo...acidentes acontecem todos os dias com tantas pessoas diferentes, porque não poderia acontecer com seu amor? – o tom provocador daquelas palavras fez o sangue do japonês ferver em suas veias, tentava se soltar mas não conseguia, na verdade nem entendia como poderia ter ido parar em um lugar como aquele. Logo ele, Heero Yuy o soldado perfeito pego por uma mera civil? Não ela devia ter excelentes pessoas treinadas ao lado dela.

E você não acha que Evans vai suspeitar de você? – precisava de tempo para sair e devia prolongar aquela conversa

Não meu querido, eu tenho um excelente plano, e é por isso que você está aqui. O único suspeito será você. Eu até já vejo as manchetes nos jornais. Ex- piloto Gundam mata companheiro dos tempos de guerra por causa de amor doentio... Hahahaha será a coisa mais maravilhosa que alguém poderia ver – os olhos azuis cobalto brilhavam de raiva diante daquelas palavras, ela realmente não achava que ele colaboraria com aquilo, ou achava?

Você realmente acha que eu vou lhe ajudar?

É claro que não, mas é você quem vão encontrar – ela disse saindo do pequeno cômodo e deixando um Heero parcialmente confuso.

O americano andava inquieto pelo quarto de um lado para outro. Heero não avisara ninguém de onde tinha ido, não ligara e nem havia dito que chegaria tarde. Apesar de saber que o japonês podia se cuidar muito bem sozinho, ainda sentia algo de estranho, que as pessoas costumavam chamar intuição ou talvez pressentimento?...

Os olhos violetas perdiam-se pelas paredes brancas do quarto, o americano estava sentado em cima da sua cama, olhando diretamente a parede, com o olhar mais vazio do que se podia imaginar. Sua vida havia mudado tanto em tão pouco tempo...havia descoberto sua família, seu pai...ele era um amor de pessoa, sua tia que também parecia ser uma pessoa muito simpática, mas não sabia nada sobre sua mãe...e seu pai nem mesmo comentara, será que ela o havia abandonado? Ou será que não? Esta era a duvida que mais lhe assolava... Não queria perder isso que havia encontrado, porem antes, quando julgara que sua família era a única coisa importante em sua vida, não tinha percebido como Heero fazia falta. Ele realmente estava preocupado.

Seus pensamentos foram interrompidos pelo som do videofone que tocava insistentemente. Duo demorou para levantar de onde estava e ir atender, quando finalmente o fez pode ver a imagem de Relena Peacecraft na tela.

Relena! Que bom vê-la! Sinto dizer, mas o Heero não está. – o americano falou com um sorriso gentil nos lábios

- Olá Duo! Eu sei que Heero não está aí. Inclusive ele que me pediu para ligar, eu precisei de ajuda dele hoje de manhã...e sabe vai demorar algum tempo...E como ele está muito ocupado me pediu para avisa-los para que não se preocupem – a jovem falara calmamente com um sorriso tão gentil quanto o de Duo.

Ah! Então foi isso! Sabe quanto tempo ele vai ficar por aí?

Cerca de três meses, é que estamos recebendo algumas ameaças...e o período critico é esse...você entende?

Claro! Peça para o Heero entrar em contato quando ele puder. E obrigada!

Não tem de que! Tchau

O americano desligou o aparelho e encostou sua cabeça sobre a escrivaninha...três meses ao lado de Relena...então era tudo mentira? Então Heero não se importaria se ele fosse embora? Não viria nem para se despedir? Que tipo de amor era esse? "O tipo de amor onde se quer a pessoa só para dizer que a tem" pensou calmamente colocando suas roupas em uma mala...diria a seu pai que finalmente estava pronto para partir.

Continua

1 Patty em momento de inspiração o.o surpresa consigo mesma
2 Referencia ao livro Os irmãos Karamazov de Dostoievisk

3– esse nome e as características desse personagem são uma brincadeira...Alguém se lembra do amiguinho do Duo em "Descobrindo Sentimentos"? É, pois é...exatamente igual...só que mais velho '' (Falta de criatividade é dose ..'')

Pois é gente ''' onegai mandem reviews visitem meu blog tosku http:www.madashirenai. eu tenhu um blog tosku sai saltitando feliz abandonando a fic num canto

Heero: �� Baka

Duo: xx depois vc diz que eu é que sou feliz