Titulo: Tristes Lembranças

Anime: Gundam Wing

Autora: Patty-Chan

Classificação: Yaoi, Angst, 1+2

Disclaimer: Gundam Wing infelizmente não me pertence, se pertencesse sem duvida o Heero teria beijado o Duo durante o anime. O Duo teria dado um fora nele. O Heero teria sofrido bem mais e no fim eles terminariam juntos '' Mas voltando ao assunto. Gundam Wing tem seus direitos registrados pela Sunrise e todos os seus produtores. Todos os personagens que não fazem parte da série original são criações minhas e de minha mente esquisita

Sobre a fic: Essa é uma fic velha. Na verdade ela começou a ser publica em pequenas partes no Webfanfics a muito tempo atrás, quando ele ainda existia . Eu resolvi posta-la aqui em um formato diferente. O de fases que eu tinha usado pra trabalhar com a fic na época. Portanto para quem já leu não estranhem. A fic tem apenas 3 fases que englobam os pequenos capitulos nos quais ela foi dividida. Como quase ninguém viu o ultimo capitulo da fic é um dos outros motivos pra eu reposta-la. Como levou quase um ano pra sair eu acho que vcs merecem ver. u.u' ou talvez não? Ficou realmente muito ruim ..

Capítulo 03

Duo! Duo! – o garoto ruivo chamava-o insistentemente na tentativa de faze-lo parar e olhar para trás.

- Brian? Que houve? – os olhos violetas encontram-se com os verdes, o sorriso antes tão comum nos lábios rosados agora eram uma leve sombra do que foram um dia. Não que não fosse feliz vivendo com seu pai nos Estados Unidos, mas parecia que faltava algo em sua vida. Não sabia da onde vinha aquela sensação de vazio que corroia sua alma desde pequeno. Sempre pensara que se tivesse tido a oportunidade de ter uma família àquela sensação não estaria ali. Quando passou a viver com os pilotos Gundans, na Inglaterra, aquela sensação inicialmente fora esquecida, mas às vezes em alguns momentos ela apoderava de seu corpo e alma de forma que nem ele entendia como acontecia. Fora assim que se iniciara aquela depressão que havia tido, da qual Heero o havia salvado...O coração do americano apertou-se um pouco mais ao lembrar do japonês...

- Duo? Duo? Ta me ouvindo cara? – o ruivo chamou novamente.

- Ah desculpa! O que você estava dizendo? – Duo perguntou olhando nos profundos olhos verdes do garoto a sua frente. Brian Austin era um jovem ruivo, alto, de olhos verdes e dezessete anos de idade, simpático e alegre. Havia sido o primeiro amigo de Duo em sua nova vida e passou a nutrir uma forte admiração pelo amigo quando descobriu que ele havia sido um dos pilotos Gundans que lutaram na Guerra.

É que tem uma prova amanhã...e sabe... é que eu bem...não sei nada da matéria...será que você podia me ajudar? – os olhinhos verdes imploravam por ajuda, embora Brian fosse um dos garotos mais populares e melhores desportistas da escola ele não costumava prestar muita atenção nas aulas.

- Você não prestou atenção de novo, certo? – o olhar de Duo era reprovador ao mesmo tempo que um pouco gozador...já conhecia esse jeito do amigo.

- Não...herrr é bem...eu prestei, sabe? Mas daí eu comecei a ficar com um sono e acabei dormindo – a expressão moleca no rosto de Brian denunciava que fora algo realmente sem intenção.

- Ok...eu explico pra você, mas não posso ir lá na sua casa hoje. – Duo falava enquanto continuava indo em direção ao portão principal da escola.

- Mas a prova é amanhã Duo...pelo amor de Deus me ajuda! – Brian continuou tentando convence-lo até chegarem no portão onde a limusine negra esperava pelo americano.

- Calma cara! Eu disse que não podia ir na sua casa, mas que ia explicar. – Duo falou com um sorriso amigável no rosto já quase dentro do carro.

- Ah e posso saber como pretende fazer isso? – o olhar confuso do garoto de olhos verdes já dizia o quanto ele não estava entendendo as palavras do amigo. Sempre que pedia a Duo para lhe explicar alguma coisa eles iam até sua casa e ficavam por lá até tarde estudando, como que Duo pretendia explicar pra ele se não podiam ir aonde sempre iam?

- Brian Austin você é meu convidado dessa vez, vamos lá em casa. Você nunca foi lá não é mesmo? – o sorriso de Duo era sincero, sempre ia na casa do amigo e nunca o levara em sua casa, nunca levara ninguém em sua nova casa. Talvez porque sua tia sempre reclamasse de alguma coisa, mas iria aproveitar que ela estava viajando.

- Sério ? Mas e a sua tia? Você sempre me disse que ela odiava que você tivesse visitas... – a expressão de surpresa era evidente nos olhinhos verdes, não que ele nunca tivesse desejado conhecer a famosa mansão do americano 1 mas sempre soube que a tia do rapaz era uma verdadeira megera.

- Ela foi pra Inglaterra ontem à noite, e eu acho bom aproveitar. Almoce comigo, eu detesto almoçar sozinho. – Duo falou já puxando o amigo pra dentro do carro.

- Nossa! Eu nem acredito que vou conhecer sua casa. A maior mansão da cidade... – o caminho até o local onde ficava a famosa mansão foi feito em meio às palavras repletas de expectativas. Brian viera de uma família humilde e apenas estudava em um colégio tão caro por ser um excelente desportista, assim havia conseguido uma bolsa. Apesar de ser popular por estar no time de basquete ele ainda sofria uma forte descriminação por ser mais pobre e quando Duo chegou no colégio achava que isso iria acontecer também. Todas as pessoas tentavam fazer algo para agradar o americano, mas estranhamente Duo era uma pessoa muito simples e nunca procurava ficar na roda dos mais ricos do colégio. Quando descobriu a verdade por trás de Brian Austin rapidamente tornaram-se amigos e somente mais tarde o ruivo descobrira que Duo havia tido uma vida tão difícil nas colônias. Essa descoberta somente os aproximou mais.

Ao entrarem o rapaz ficou perdido em meio a enorme sala em que se encontrava. A casa parecia ser maior ainda por dentro e a imensa escadaria se dividia em duas. O corrimão de uma madeira brilhante possuía detalhes entalhados a mão, o tapete vermelho como o sangue feito de tecido nobre ia até a parte onde a escada se dividia. Duas pequenas estátuas folheadas a ouro estavam ao lado de cada corrimão.

A cena lembrava aqueles filmes antigos onde a princesa descia as escadas e parava em frente ao homem que a esperava conseguindo arrancar suspiros de todos os convidados que haviam na festa.

Porém Brian sabia que bem diferente das cenas de filmes aquela casa era vazia. Pelo que Duo lhe contara, seu pai era alguém muito bondoso, mas vivia trabalhando e sua tia transformava aquele casarão em um inferno. Sabia que Duo muitas vezes sentia-se sozinho lá.

- O meu quarto é lá em cima, você prefere estudar lá ou na biblioteca? – Brian estava tão concentrado em admirar o lugar que nem reparou na pergunta que o jovem de olhos violetas lhe fazia. Para ele apenas saber que alguém como Duo podia viver naquele lugar era surpreendente. Na visão do ruivo Duo era a pessoa mais sortuda do universo, um ex-piloto de Gundam, e rico, muito rico. Era tudo que ele sempre quisera ser, alguém que tivesse vivido uma grande aventura e que pudesse proporcionar a seus pais uma vida mais digna do que aquela que levavam.

- Brian? – Duo tocou de leve no ombro do amigo.

Desculpe, eu não prestei atenção. O que você tinha dito?

- Vamos estudar no meu quarto – o americano sorriu amigavelmente. Lembrou de Quatre naquele momento. De quando havia ido visitar o amigo durante a guerra e entrara em uma de suas mansões. Sentia-se tão atordoado em meio aquele luxo..."Não é assim que deve ser" ·
Assim que abriram a porta Brian estranhou não haver tanto luxo e requinte como na casa toda. O quarto possuía apenas uma cama de solteiro de madeira, uma escrivaninha, uma penteadeira e um guarda roupa, . Modesto, extremamente modesto.

O ruivo caminhou até a escrivaninha para poder observar melhor algo que lhe chamara a atenção. Alguns porta-retratos, neles estavam um garoto loiro, junto de um mais alto de cabelos castanhos, e dois que pareciam ter ascendência oriental e um pouco mais enfezados. No porta-retrato ao lado uma foto de Duo, sorrindo alegremente ao lado de um homem mais velho com uma camiseta havaiana; no terceiro e ultimo, uma foto de um jovem oriental de olhos azuis.

- Quem é? – aquela foto única chamou a atenção de Brian, não somente pela beleza do garoto mas por ele estar sozinho nela.

- Heero Yuy – Duo pareceu hesitar antes de falar. Heero, a imagem do japonês veio a sua mente. Achava estranho que mesmo após sua decisão repentina o "amigo" não ligara e nem dera noticias.

- Esse é o famoso Heero Yuy? Que salvou as Terras e as Colônias? – o ruivo estava verdadeiramente surpreso. Não pensara jamais que Heero Yuy era tão jovem.

- Ele não gosta muito desse titulo. – Duo disse com um meio sorriso pegando a o porta-retrato em mãos.

- Por que ele não gostaria? Quem não gostaria de ser aclamado por ter salvo a humanidade? – a empolgação nos olhinhos verdes era visível. Brian sempre amara emoções, embora nunca tivesse tido a oportunidade de estar dentro de uma delas.

- Heero não gosta, ele pode ser um salvador para a humanidade, mas para mim...ele não é nada além de uma das maiores vitimas dessa guerra. Pena que eu demorei tempo demais para descobrir isto Brian...tempo demais – o americano disse lembrando-se do dia que Heero havia levado-o na casa do homem que havia cuidado dele.

Percebendo a tristeza que se apossava dos lindos olhos violetas Brian rapidamente pulou na cama tentando sentir a maciez do colchão.

- Eu dava tudo pra ter uma cama como essa. – disse sorrindo.

Brian Austin. Duo adorava seu amigo, simpático, extrovertido, alegre e esperto. Aquele garoto ruivo rapidamente desconversava quando percebia que poderia trazer más lembranças à tona, e sempre tinha uma resposta rápida na ponta da língua...lembrava muito, muito mesmo...o antigo Duo Maxwell...

Que bom que acordou – o homem loiro disse ao perceber o jovem deitado na cama abrir os olhos e tentar reconhecer o lugar onde estava

- Zechs? – a voz antes sempre firme, agora parecia mais fraca que o habitual, porem não menos bela e imponente.

- Você está se sentindo bem Heero? Ficou muito tempo desacordado – Zechs Marquise aproximou-se mais da cama onde o japonês se encontrava.

- O que aconteceu? – Heero sentou-se na cama encarando o par de olhos azuis que o fitavam.

- Você não se lembra? – Zechs perguntou com um olhar confuso

Não! – o japonês permaneceu com a voz fria e impassível.

Eu o encontrei desmaiado no porão a algumas semanas. Estava quase morto e extremamente ferido. Não sei o que houve mas...sei que minha irmã tem algo com isso. – o olhar do japonês era completamente confuso. Heero realmente não se lembrava do que havia acontecido.

- Eu..eu não lembro – dessa vez o tom de voz era mais baixo, assim como os olhos azuis cobalto focalizavam as mãos que seguravam com força as cobertas.

- Tudo bem Heero. O médico disse que você bateu com a cabeça...pode ser por causa da batida. – Zechs sorriu amigavelmente. Não sabia porque mas sentia que seu ex-rival de guerra parecia completamente diferente do soldado frio que fora antes, ele parecia estar sofrendo.

- Duo! – o loiro viu os olhos azuis se arregalarem em uma expressão de surpresa e medo.

- Duo? Refere-se ao ex-piloto do 02? – Zechs perguntou ainda confuso

- Sim! Ele corre perigo! – o japonês levantou-se rapidamente, porém sentiu seu corpo ser tomado por uma vertigem e não tardou a se apoiar na parede tentando evitar cair no chão. Seu Duo precisava de ajuda. Aquela mulher iria mata-lo

- Calma Heero! Você não pode sair assim, estava muito tempo desacordado. – o loiro tentava apoiar o japonês mas este insistia em seguir seu caminho, rumo a porta na tentativa de ir a procura de seu "amigo". – Escute Heero. Duo está morando com o pai, nos Estados Unidos. Pra que se preocupar com ele? Onde ele estaria melhor? – Zechs perguntou tentando acalmar um pouco o japonês mas não tendo muito sucesso.

- Onde? Talvez no Inferno, mas não lá. – o timbre de Heero era perigosamente frio e Zechs sabia o que isso significava...

O americano desceu da limusine com o habitual uniforme de seu colégio. Deu umas ultimas palavras com o motorista que foi embora logo depois. Duo entrou pelo portão e estranhou ao ver um grupo de garotos barrando sua entrada. Como achou que o problema não tinha a ver com ele continuou seu caminho tranqüilamente.

- Hei, Duo! Está fugindo por acaso? – um deles perguntou em um tom sarcástico. O americano olhou confuso, nunca havia feito nada para ninguém ali. Nem falava com muita gente e poderia dizer que Brian era o único amigo que ele tinha naquele lugar mesquinho.

- Fugindo?

É! Esse colégio é para grandes pessoas. Você não deveria ter mentido para nós. – o garoto que parecia ser o líder era alto e possuía cabelos castanhos, sua expressão não era muito amigável porém mesmo assim ele mantinha um sorriso cínico nos lábios.

Eu nunca minto Jhonny! – o olhar do americano era de raiva. Não sabia o que havia feito para aquele bando de filhinhos de papai. Não estranhou quando viu uma rodinha de pessoas em volta deles. Esperando ver quem batia e quem apanhava.

- Não? Então o que um rato de rua como você faz no nosso colégio? Afinal...era isso que você era não? Um mero rato de rua. – o tom desprezível com que o garoto a frente falava irritava Duo. Ele se orgulhava de ter sobrevivido a uma dura infância, de ter sobrevivido a uma guerra, de ter sobrevivido das tristezas da pobreza, da fome, dos perigos que a rua trazia, ele se orgulhava de seu passado, não que ele fosse bom, mas justamente por ter lhe ensinado que a vida é dura e que ele havia sido forte o bastante para não cair diante de cada obstáculo mais difícil que era posto em seu caminho. Orgulhava-se de ser um sobrevivente.

E aquele garoto nojento, que se achava o dono do mundo dizia que ele não era nada, apenas por ter tido uma vida dura?

- Correção meu caro Jhonny! O melhor rato de rua. – o sorriso cínico de Duo mostraria para qualquer um que o conhecesse bem, que aquela era a sua melhor máscara. A máscara de Shinigami.

- Acontece que nós não gostamos de ratos por aqui. – o outro pareceu mais irritado diante a provocação do americano.

- Ah é? Bem, eu sinto muito então. Mas o problema é só seu queridinho. – nesse momento Jhonny avançou em cima de Duo. Ele estava em desvantagem, nunca passaria por sua cabeça que Duo fora algum dia um piloto Gundam. Foi com muito trabalho que Brian conseguiu tirar Duo de cima do outro garoto. Ficou chocado ao ver o estado em que Jhonny saiu. Foi só naquele momento que viu como seu amigo realmente era uma máquina de guerra.

Andrea entrou com fúria na sala da orientação. Como aquele moleque podia ter feito aquilo? Jhonny Willians era filho de um dos homens mais ricos da cidade. E agora estava hospitalizado.

- Escute aqui seu moleque. Se seu pai não é capaz de educa-lo como um homem deve ser educado eu farei entendeu? – Andrea olhava com fúria os olhos violetas que naquele momento nada expressavam. Se tinha uma coisa que Duo havia aprendido, era a ser, quando necessário, tão gentil e educado como Quatre Winner, tão calmo e esperto como Trowa Barton, tão enérgico e tão justo quanto Chang Wufei e principalmente tão frio e gélido quanto Heero Yuy. E era essa máscara de Heero que ele usava agora.

- Não me olhe assim seu moleque. Desculpe-me diretora mas esse garoto ainda vai aprender bons modos nem que eu tenha que envia-lo para um colégio interno. – Andrea berrava. Aquele garoto era um empecilho em sua vida, um empecilho que logo acabaria.

- Senhora, por favor se acalme, foi o outro garoto quem começou a briga, seu menino apenas se defendeu. – a diretora falava com calma, podia ver que alguma coisa de bom na aconteceria com aquele jovem.

- Me acalmar? Não eu não posso me acalmar! Escute aqui Duo Maxwell. Ou você começa a se comportar como deve, ou vai para um internato e só vê seu pai depois de sua formatura entendeu?

Hn – Duo respondia como Heero nessas horas. Isso o fez lembrar daquela vez em que o japonês o havia levado as montanhas, onde trocaram beijos apaixonados. Onde ele havia dito que amava Heero. Mas...isso não era, nunca fora verdade. Gostava do amigo, mas não sabia se era amor. Heero havia percebido isso, só podia ser. Era então por isso que ele havia fugido? Era porque sabia que ele não o amava? Duo se assustou com a idéia daquela hipótese ser verdadeira. Assustou-se tanto que saiu correndo, não dando atenção nem para diretora muito menos para sua tia.

Pode ver Brian no corredor. Corria em direção do amigo, os olhos marejados de lágrimas.

- Hei Duo que houve cara? – Brian perguntou quando o americano o abraçou aos prantos. Sabia que a tia dele era diabólica. Todo o colégio sabia, mas Duo nunca pareceu ter medo dela ou coisa assim, nunca pareceu se abalar por causa de qualquer coisa que ela disse.

Vendo que o amigo não reagiria tão cedo tentou leva-lo ao banheiro. Talvez pudesse acalma-lo lá.

Deixe-me ver se entendi tudo perfeitamente. Andrea e Relena estão trabalhando juntas para tirar Duo do caminho. Andrea porque é completamente insana e Relena porque não está muito diferente disso, já que acha que eu sou um objeto que pertence somente a ela. – Heero falou friamente

Exato! Apesar de eu gostar muito da minha irmã, sei que ela possui uma estranha obsessão por você Heero. Ela se conforma em não tê-lo, mas isso somente se você continuar sozinho. O que ela não admite é que outra pessoa toque em você. – No olhar de Milliardo estava expressa toda sua confusão. Relena era um amor de pessoa, mas bastava falar em Heero Yuy com outra pessoa que ela virava um verdadeiro demônio.

O que me preocupa é Duo...- o japonês falou mais para ele mesmo do que para o outro, que apesar disso não deixou de ouvir.

- Duo? Ele sabe se cuidar Heero, não se esqueça disso. – um sorriso ia se formando nos lábios do loiro mas ele parou assim que viu o japonês negando aquela afirmativa com um gesto de cabeça.

- Ele pode saber lutar, mas com a depressão que ele esteve...não duvido nada que ele possa ter uma gravíssima recaída. Seria a oportunidade perfeita para aquela mulher atacar. – os olhos azuis brilhavam de ódio. Imaginar aquela mulher desprezível fazendo algum mal a seu Duo era inaceitável.

Duo com depressão? – Milliardo não pode deixar de se surpreender. Para ele Duo era a imagem da vida, da alegria. Via no jovenzinho americano uma esperança para todas aquelas pessoas que haviam lutado nas guerras. Via no sorriso dele a força para continuar vivendo mesmo com todos os obstáculos que a vida coloca no caminho. Era inaceitável a imagem de um Duo com depressão.

- Por mais estranho que pareça sim. Pelo que o doutor me disse, aquela alegria toda é somente uma fachada, uma proteção para poder ser aceito. Milliardo você precisa me ajudar. Se aquela mulher colocar as mãos em Duo naquele estado...eu não quero nem pensar no que pode vir a acontecer.

- Ajuda-lo? Como?

- Eu preciso apenas ir para lá, o resto eu me viro. Mas eu devo ir para os Estados Unidos...antes que seja tarde demais para Duo. – para o sempre atento Zechs aquele olhar de preocupação não passou desapercebido.

- você o ama não? – Milliardo sorriu diante daquela afirmação. Relena teria mil e um ataques se descobrisse isso.

A surpresa do japonês era evidente. Porem ele não negaria aquilo. Realmente amava Duo. Faria qualquer coisa para vê-lo bem.

- Sim – a maneira como aquela única palavra fora proferida, foi o suficiente para Milliardo ligar o vídeo-fone e chamar um de seus empregados.

- Pagean, providencie um jato supersônico o mais rápido possível. Faça também uma reserva em Nova York, no nome de Heero Yuy. Eu quero isso para ontem entendeu?

-Claro senhor Milliardo.

Obrigado Milliardo – o japonês agradeceu realmente feliz. Deveria encontrar seu Duo, para então poder lhe explicar o plano absurdo daquela louca que era sua tia.

O japonês olhou mais uma vez para o endereço que tinha anotado em um papel, e depois novamente para o enorme portão a sua frente. Então era ali que Duo morava agora. Era ali que estava seu pai, sua família. Por mais que ele não quisesse sabia que Duo sempre quisera ter uma família. Não queria ter que tirar isso dele. Olhou novamente para o pedaço de papel em sua mão e deu meia volta.

O vento gelado em seu rosto bagunçava os cabelos castanhos ainda mais. Não tinha se dado conta do que havia acontecido até ver a enorme mansão. Tudo havia acontecido tão rápido, estava tão preocupado com Duo, que não havia parado para pensar. Para pensar que Duo nem sequer o procurou quando estava desaparecido, nem sequer esperou para lhe dizer que ia embora, nem sequer ligou para seus sentimentos.

...Sentimentos

Ele era Odin Lowe Jr, mais conhecido como Heero Yuy o soldado perfeito. Ele nunca deveria ter se apaixonado. Nunca deveria ter aberto tanto sua guarda para que um sentimento como o amor fizesse parte de seu ser e consumisse sua alma.

Enquanto sua mente brigava insistentemente com seu coração o japonês nem percebeu as lágrimas que suavemente iam rolando por seu rosto. A luta entre sua razão e sua emoção era maior do que podia agüentar, sua mente mostrava todos os acontecimentos, todas as palavras, gestos e ações do americano nos últimos tempos. As conclusões a que chegava faziam a dor em seu peito tornar-se mais insuportável do que qualquer outra dor que sentira em sua vida. Por fim, não mais tentava evitar as lágrimas que caiam ao perceber que não havia notado a coisa mais importante de tudo: Duo não o amava.

- Realmente Duo, você é um grande idiota. Você realmente acha que eu te odeio? Realmente acha que é um estorvo? Diga-me. Porque se for isso mesmo que você achar, a única coisa que posso lhe dizer é que SIM, você realmente é um estorvo, um imenso estorvo que conseguiu destruir todo o meu treinamento de anos, um imenso estorvo que fez com que eu voltasse a sentir, que eu amasse. Que eu amasse você. E eu amo, eu amo você mais que tudo. Eu faria qualquer coisa para vê-lo feliz, para vê-lo sorrir de novo, como você sorria no dia que nós nos conhecemos, porque naquele momento você me atrapalhou, sim me atrapalhou porque entrou no meu coração, com uma palavra, com uma ação você conseguiu destruir anos de treinamento. Você conseguiu com que eu ficasse louco, louco de paixão, de amor. Louco por você, eu preciso de você. Preciso muito. Por isso não diga que eu o odeio, porque se é isso que parece, é só porque eu tenho medo. Tenho medo de que você me negue algo tão lindo, tenho medo que você não me queira ao seu lado. Somente porque eu te amo, e é por isso que eu te odeio, eu te odeio porque você me fez te amar. E é por isso que eu te amo - Duo ficou olhando perplexo para Heero. O japonês havia acabado de confessar que o amava? Era isso mesmo? Claro que era. Heero o amava. Isso só podia ser um sonho. Um sonho impossível.

- Hee...Heero - os olhos ametistas vasculhavam os azuis a procura de uma mentira, mas não encontraram, pelo contrario, havia lágrimas, muitas delas. Que caiam livremente pelo rosto do japonês. Duo levou a mão suavemente ao rosto de Heero e o acariciou limpando em seguida uma das lagrimas que caia. - Eu também te amo...

...Ele havia dito que precisava de Duo, e o americano só havia respondido o que ele precisava ouvir.

- Eles vão gostar de você, porque não há quem não goste. Eles vão querer você por perto, porque depois que alguém lhe vê, não consegue mais viver sem sua presença. E eles vão te amar porque é impossível não amá-lo. - Heero falou aquilo com uma certeza, uma convicção, que imediatamente fez surgir um sorriso na face do americano.

- Hee-chan! - Duo o beijou com paixão, jamais imaginara que Heero fosse capaz de dizer palavras tão lindas. - Eu também te amo Hee-chan - sorriu e deixou que o japonês limpasse a última lágrima que escorria de sua bela face.

...Duo não havia dito aquilo porque vinha do fundo de seu coração e sim porque era o que ele achava que tinha que dizer

- Hilde! - o americano levantou-se ao ouvir a voz da amiga.

O japonês ficou observando Duo abraçá-la e beijá-la no rosto, aquele sorriso surgira novamente na face do americano, aquele sorriso do dia em que se conheceram, aquela alegria e jovialidade que somente Duo possuía. Observou melhor a garota que estava a poucos metros de distância. Os cabelos estavam mais longos, o corpo com curvas mais bem definidas. Sem duvida Hilde estava muito bonita. E dentro em breve seria uma linda mulher.

...Duo nunca havia mostrado aquele sorriso tão belo quando estavam juntos...

- Eu vim falar com você. - Trowa disse já preparando um chá para si

- Aconteceu alguma coisa? - o japonês perguntou preocupado

- Sim, você sabe que sim - ficou observando a expressão do japonês.

- Você não costuma perguntar sobre essas coisas Trowa - Heero comentou sério, não queria que o outro realmente percebesse a sua vulnerabilidade, embora no fundo o que mais implorava era que Trowa lhe dissesse que ficaria tudo bem.

- Quatre está preocupado. Eu não gosto de vê-lo assim. Acho que é porque você e Duo parecem tão bem juntos, mas quando separados...não se sabe quem está pior - o japonês sabia que a afirmação de Trowa era verdadeira, no meio daquele turbilhão de acontecimentos ele havia deixado-se carregar pela tristeza de Duo e agora estava envolvido nela, estava perdido não sabia se ainda podia ajudar seu amor, e não sabia como sair daquilo sozinho.

- ...Eu...Eu não sei mais o que fazer Trowa, eu não consigo faze-lo sorrir daquele jeito. Eu não consigo fazer Duo feliz - Heero dizia já com as lágrimas lhe escapando dos olhos, era Trowa seu melhor amigo depois de Duo, o único que entendia seu jeito de ser. Talvez porque ambos fossem muito parecidos...

- Você não consegue fazer Duo feliz...Mas me responde uma coisa Heero, você é feliz? - dada àquela pergunta Heero calou-se, não, ele não era, nunca fora, jamais seria, porque ele não podia ser feliz.

- Não. - falou olhando para o chão. Era duro admitir a realidade.

- Se Duo o amar tanto quanto você diz que o ama, ele será feliz vendo você feliz...e para isso ele ira superar qualquer obstáculo

... Trowa tinha razão, ele e Duo não eram felizes simplesmente porque ele não podia fazer Duo feliz. Mas o americano também nunca tentara faze-lo feliz...ele definitivamente não o amava

Enquanto pensava em todos os acontecimentos que haviam se sucedido Heero corria desesperadamente em direção ao hotel em que estava instalado graças a Milliardo. Não reparava nos carros que buzinavam e o xingavam, não reparava que quase havia sido atropelado, não reparava nas pessoas em que empurrava e esbarrava no meio da rua, até que não teve tanta sorte e num dos esbarroes acabou caindo sentado na calçada.

- Des...desculpe – o garoto ruivo começou a juntar algumas de suas coisas que haviam caído com o esbarrão e só então percebeu que a pessoa que havia esbarrado com ele ainda estava sentada no chão. – Ah, você está bem? – levantou e estendeu a mão para o garoto de cabelos castanhos a sua frente, vendo que o jovem não aceitaria a ajuda tão cedo ele se abaixou olhando para o garoto fixamente – Cara, você é estranho.

Heero observara o jovem ruivo se desculpar e juntar algumas de suas coisas que haviam caído com o esbarrão, depois perguntar se ele estava bem e estender a mão na tentativa de ajuda-lo a se levantar. Mas ele não fez nada, apenas ficou observando, estava confuso, como nunca esteve antes. Voltou aos seus devaneios e só saiu de lá quando ouviu a afirmação vinda do outro, expressa de uma maneira estranhamente familiar.

- Cara, você é estranho! – imediatamente o japonês levantou um pouco a cabeça e encarou os olhos tão verdes quanto de Trowa a sua frente, o jovem ruivo mostrou um sorriso maroto vendo que sua tática para chamar a atenção do outro havia dado certo.

Para Heero aquele expressão safada, aquele sorriso maroto, aquelas palavras e até mesmo o tom de voz se semelhavam ao jeito de Duo.

- Hei, eu conheço você – o ruivo falou apontando na direção do japonês, que só mostrou um olhar confuso diante disso. – Heero, certo?

Sim... – falou um tanto receoso, apesar de seu tom de voz não aparentar que estava estranhando muito. Era muita coisa pra tão pouco tempo. Reparou na felicidade que os olhos verdes do jovem a sua frente demonstravam.

- Muito prazer! Eu sou Brian Austin. – o japonês se levantou, limpou rapidamente a calça e olhou para o jovem a sua frente. Nunca tinha ouvido falar dele.

- E como sabe quem eu sou? – na mente de Heero ele poderia ser um inimigo querendo matá-lo, o que viria muito bem a calhar devido a sua atual situação. Ou talvez fosse só mais um idiota que tinha visto sua foto em um livro estúpido de história e pensava que ele era um verdadeiro Deus, somente porque havia cumprido corretamente suas ordens durante a guerra.

- Eu vi sua foto, na casa de um amigo. – novamente aquele sorriso maroto na face do ruivo fez o japonês tremer. Por que ele lembrava tanto seu amor não correspondido? Quis sair dali o mais rápido possível, mas quando já estava a uma distância que considerava segura, ouviu o outro gritando: Duo! Duo Maxwell! Você está procurando por ele?

Heero pára ao ouvir aquela pergunta. Duo! Ele estava procurando por Duo? Sim, mas não sabia se Duo queria vê-lo. Porém mesmo assim precisava avisá-lo do perigo que ele corria. Sua mente relutava em saber ou não onde Duo estava. Avisá-lo, sabia que precisava avisá-lo, mas também tinha medo, muito medo de que o americano dissesse que nunca havia gostado dele, que todas aquelas palavras eram mentiras, que ele nunca deixaria de ser o soldado perfeito. Olhou mais uma vez para o jovem ruivo decidido a apenas avisar e ir embora. Para ele tudo já estava claro. Daria um jeito de dizer a Duo o perigo que corria e finalmente sairia da vida do americano para sempre. Se não podia tê-lo, tentaria viver sem ele. Com passos lentos ele se aproximou do ruivo

Brian, certo? – o antigo olhar do soldado perfeito havia retornado, agora ele estava em uma missão: Salvar Duo.

S-sim... – o olhar que Heero lançava para Brian era diferente de qualquer outro que ele havia visto na sua vida, era um olhar amedrontador.

- Escute Brian, eu tenho um recado muito importante para Duo, se isso não for passado a ele sua vida pode correr perigo, portanto, eu realmente preciso encontrá-lo.

O Duo corre risco de vida? – o desespero na voz do ruivo era evidente e Heero notou aquilo com uma clareza que achou nunca ser capaz de possuir para detectar sentimentos. Aquele garoto ruivo, de personalidade tão semelhante ao Duo que ele conhecera nos tempos de guerra seria apaixonado pelo americano?

- Hai. Você sabe me informar onde ele está ou não? Caso contrário eu continuarei minha busca. – Heero pergunta sério para o garoto.

Brian não conseguia entender como o japonês podia tratar aquilo com tanta frieza, ele e Duo não eram amigos?

Ele está em um hospital próximo daqui, eu posso leva-lo até lá se quiser. – aquelas palavras fizeram o olhar do ex-soldado perfeito mudar de frio e insensível para chocado e preocupado, mas isso não durou muito tempo, Heero sabia que deveria retornar a sua missão e assim o fizera.

- Sim.

O percurso foi totalmente feito em silencio, Brian somente analisava o garoto a sua frente, as palavras que Duo dissera referente a Heero vinham a sua mente com uma enorme facilidade

"Heero não gosta, ele pode ser um salvador para a humanidade, mas para mim...ele não é nada além de uma das maiores vitimas dessa guerra. Pena que eu demorei tempo demais para descobrir isto Brian...tempo demais"

Vítima da guerra? Ele definitivamente não parecia ser, não podia negar que o garoto de cabelos castanhos e olhos azuis era um tanto quanto estranho, mas ele não tinha a mínima cara de sofredor, e também não parecia ter jeito para ser assim. Muito pelo contrário, Heero parecia ser uma parede intransponível, uma pessoa que jamais pudesse ser derrotada, parecia uma muralha impenetrável e por mais que Brian tentasse, não conseguia entender as palavras de Duo, não conseguia entender o porque do americano ter dito aquilo, simplesmente não conseguia.

Quando seus pensamentos voltaram ao presente percebeu que já estavam quase na frente do hospital. O enorme prédio branco apesar de tudo trazia um ar de imponência, talvez pelo luxo que aparentava possuir.

- É aqui, o pai dele fez questão de coloca-lo em um dos hospitais mais caros da cidade. – Brian disse percebendo a cara que o japonês fez ao ver o prédio.

Duo nunca foi uma pessoa que gostasse de luxos. Ele deve estar se sentindo sufocado. – aquelas palavras apenas eram um pensamento em voz alta do japonês, porem não passaram desapercebidas pelo jovem ruivo que estava ali.

Vem Heero, o pai dele me autorizou a entrar no quarto, eu acho que não tem problema se eu disser que você está comigo.

Ambos entraram no quarto e avistaram Duo dormindo tranqüilamente. Brian, percebendo que o japonês queria ficar sozinho com o amigo saiu em pouco tempo.

Heero não saberia dizer quanto tempo ficou ali, apenas observando o semblante suave do americano, os cabelos estavam soltos, a franja desgrenhada em seu rosto que possuía uma expressão suavemente triste.

O japonês deu uma olhada na ficha médica que estava presa a cama e não se surpreendeu ao ver o motivo da internação. Sabia que Duo não ficaria bem vivendo numa casa de estranhos.

Quando o médico entrou no quarto se surpreendeu ao ver o jovem japonês olhando-o de forma tão gélida, nunca havia visto aquele garoto no quarto antes.

- Vocês são amigos? – o médico se esforçava para manter um sorriso no rosto

Sim...Ele ainda vai ficar dormindo muito tempo? – Heero mantinha a típica expressão do soldado perfeito, a voz gélida e assustadora, os músculos rijos...

Ele tomou um calmante há pouco tempo, acho que vai demorar um pouquinho, se o senhor quiser esperar, não vejo problema.

Obrigado!

Duo abriu os olhos lentamente tentando se acostumar com a luz repentina que inundava o quarto. Olhou ao redor tentando reconhecer onde estava, a parede branca, os equipamentos médicos...sim, estava no hospital. Sua tia tinha internado-o ali depois de sua tentativa frustrada de suicídio. Aqueles momentos voltaram a sua mente repentinamente, como em um flashback, estranhamente lembrou-se de Heero, ele teria vergonha se o visse naquele estado.

Sentou-se na cama devagar e espreguiçou-se languidamente. Aqueles sedativos que estavam lhe dando já começavam a irrita-lo. Foi então que o violeta se encontrou com o frio azul do oceano, que o fitava com uma expressão feroz. Heero! Heero estava ali, observando-o como um caçador observa sua presa, a fria expressão do soldado perfeito em sua face. Duo não imaginara encontrar aqueles olhos azuis tão cedo novamente.

Heero! O que você...- não conseguiu terminar a frase ao ver o japonês se aproximando.

Heero sentou-se em uma cadeira ao lado da cama, ainda olhando Duo firmemente. Aqueles olhos violetas ainda o perturbavam, aqueles fios cor de mel ainda o fascinavam, aqueles lábios macios ainda o faziam se sentir fraco, aquele corpo ainda o fazia se sentir humano...mas isso não importava no momento, tinha que cumprir sua missão e faria isso com a excelência e maestria que se orgulhara durante toda sua curta vida.

Eu vim aqui apenas por um motivo Duo. – a voz gélida de Heero fez o coração do americano se contrair. O que significava aquilo? Onde estava o Heero que se mostrou carinhoso e gentil na Inglaterra? Onde estava aquele Heero? Um aviso na mente de Duo fez com que ele lembrasse que Heero deveria estar com Relena naquele momento.

-...motivo? Que motivo? – sua voz saiu falha, seu corpo parecia não querer obedece-lo, Heero parecia incrivelmente sexy naquela pose de "soldado perfeito".

Eu vim só para lhe contar uma coisa, mas antes quero que você prometa para mim que vai ouvir até o final. – Duo teve a impressão de ter visto a guarda de Heero baixar por um só segundo, mas vendo que o outro aguardava sua resposta acenou afirmativamente com a cabeça.

Heero olhou mais uma vez para o profundo violeta dos olhos de Duo, tentados encontrar as palavras certas para não choca-lo demais. Como dizer aquilo? Duo sua tia quer mata-lo porque você é um estorvo? Não era a melhor saída.

- Duo...eu, realmente...não sei como lhe contar isso. Mas você sabe que eu não costumo fazer rodeios, certo? – o americano apenas afirmou com um gesto de cabeça. – bem, eu não sei o que falaram para você quando eu desapareci, mas...eu fui capturado, e foi sua tia quem mandou que fizessem isso. – os olhos de Duo apenas se arregalaram, demonstrando todo seu espanto, mas percebendo que o japonês gostaria de terminar ele continuou mudo. – Ela cometeu o erro de contar o plano para mim, Duo...eu sei que você gosta daqui, do seu pai e talvez até da sua tia, mas a única verdade é que ela acha que você é um empecilho no sonho dela de se casar com seu pai. A única coisa que ela quer é fazer fortuna, e você está no caminho entende?

Então é isso? – o americano perguntou, com a surpresa ainda evidente em seu rosto

- Sim – o japonês estranhou a aparente calma com que o amigo estava tratando o assunto

- Então pode sair daqui, eu não preciso das suas mentiras perto de mim Heero. Já não é o suficiente o que você fez? – a voz do americano não saiu fria, nem indiferente, mas sim cheia de magoas e ressentimentos. Há muito tempo Duo guardava a dor que seu coração sentia só para ele, quando achou que Heero tinha vindo para pedir perdão descobre que ele apenas veio retirar o ultimo fio de felicidade que lhe restava. Aquilo era inadmissível.

O que eu fiz pra você? Duo eu não lhe fiz nada. – para Heero aquelas palavras foram à gota d'água, Duo havia abandonado-o na Inglaterra, não ousara se quer procura-lo e agora isso? Ele podia amar aquele americano baka, mas ainda restara um pouco de amor próprio em Heero Yuy, e nessas horas que ele deveria se utilizado.

- Não se faça de tolo Heero, saia, eu podia perdoa-lo por ter me deixado na Inglaterra, mas não posso perdoa-lo por tentar destruir minha família. – os olhos violetas agora possuíam o brilho do antigo Shinigami. Heero havia tocado na ferida mais profunda de Duo e agora teria que arcar com as conseqüências.

- Deixado você na Inglaterra? Eu nunca fiz isso. Duo, você não ouviu o que eu disse? Eu fui capturado.

- Quanta asneira. Saia daqui Heero, agora. Saia - há muito tempo à calma de Duo havia ido embora. E nesta altura da discussão as palavras eram agressões, e a conversa virara gritaria. Heero sabia que não poderiam continuar daquele jeito. Ele havia feito tudo que podia para avisar seu americano baka, agora quem deveria arcar com as conseqüências era exclusivamente Duo.

O americano entrou em casa correndo e foi recebido por um caloroso abraço de seu pai. Finalmente tinha recebido alta e estava feliz de sair daquele lugar horrível.

Eu comprei chocolate em Paris, lembrei que você adora chocolate. – o homem de olhos verdes sorriu amigavelmente para o filho, seu lindo filho que corria em direção a cozinha afoito, tão afoito que nem ouviu o telefone tocando.

Pegou todos os chocolates em cima da mesa, arrancando sorrisos discretos dos criados que ali estavam e saiu correndo novamente em direção ao pai. Somente neste momento percebeu que ele falava ao telefone, decidido a não perturba-lo ele já estava subindo quando ouviu o homem mais velho chamando-o, avisando que a ligação era pra ele.

Qual foi a surpresa de Duo ao perceber que era o loirinho que ele tanto adorava, acompanhado de sua fiel e calada sombra Trowa Barton.

Quatre! - a felicidade era tão evidente nos olhos de Duo que Evans não pode deixar de sorrir, apesar de tudo seu filho ainda possuía um sorriso maravilhosamente belo, como o de sua mãe.

Duo! Que bom que eu lhe encontrei. Aconteceu uma desgraça. – o loirinho não conseguiu conter as lagrimas que assolavam seu lindo rosto angelical. Trowa o abraçou, tentando conforta-lo inutilmente e virou-se para o americano.

- Duo, onde sua tia Andrea está? – o olhar sempre sério de Trowa continuava o mesmo, apenas sua voz parecia um tanto quanto ameaçadora.

O americano olhou para o seu pai em questionamento, mas este parecia tão perdido quanto o filho.

- Não sei, deve ter saído. Por quê?

Duo, Heero tentou falar com você nesses últimos dias?

Sim, ele esteve aqui falando mais um monte de mentiras, mas eu o mandei embora.

- Você fez o que? – Quatre perguntou aparentemente irritado, conseguindo fazer até Trowa ter uma expressão de espanto ao ver aquilo, seu anjinho loiro jamais se irritava daquele jeito, muito menos com Duo.

- Eu o mandei embora. E acredite Quatre, foi melhor assim. Ele deve ter enlouquecido por causa daquele sistema maluco.

Duo! Heero pode ser estranho, mas não é louco. – o loirinho falou num tom de repreensão.

Ah não? Ele me aparece falando um monte de besteiras da minha tia e você queria que eu fizesse o que? Dissesse, hora Heero eu sei que você está certo. Eu vou mata-la para você não se preocupar mais. Ah por favor. É minha tia. – Evans ficou observando as palavras do filho, sabia que Andrea poderia ser muito perigosa se ela quisesse. Mas ao ver o olhar do garoto moreno no videofone se surpreendeu. Havia esquecido que seu filho era um ex-piloto de Gundam, assim como seus amigos.

Duo! Se você visse isso aqui – o moreno mostrou um maço de folhas e relatórios – você sairia daí correndo para pedir desculpas ao Heero.

Ah é? O que é isso então? – o americano ainda mantinha o tom irônico e era perceptível a indignação em sua voz.

Relatórios que comprovam o envolvimento da sua tia em organizações militares. Embora eu ache que seu pai deveria falar a respeito disso. Não estou certo senhor Evans? – o moreno disse olhando diretamente nos olhos verdes do homem em pé ao lado de Duo. Ainda estava chocado em saber que Andrea havia se envolvido na guerra.

Mais ou menos, eu sei que ela nunca foi uma boa pessoa. – os olhos verdes claros agora demonstravam uma imensa tristeza.

Eu sugiro que procure Heero. Ele ainda está em Nova York. – Quatre disse com um sorriso triste – lembre-se do que ele fez por você Duo. Ou será que você já se esqueceu? – a voz magoada do loirinho foi percebida por seu amante. Trowa olhou preocupado para Quatre e passou a mão por sua cintura.

Não Quatre... eu nunca vou poder agradecer o Heero. Mas ele...

Mas ele te ama. – Trowa disse friamente. Estava cansado daquela ladainha toda. Não costumava se meter em assuntos que não lhe diziam respeito, porém Duo estava magoando seu melhor amigo simplesmente por não entender algo tão simples. Heero amava Duo...a pergunta era e Duo amava Heero?

Ele o que? – Evans não deixou de se surpreender. Nunca imaginou que o famoso herói de guerra fosse..gay. Se bem que a forma como o moreno tratava o loirinho no videofone também dava a entender que eles tinham um relacionamento mais...uhn...intimo.

Ele não me ama Trowa...ele foi passar aqueles três meses com a...

Relena? Segundo o que Milliardo nos contou, ele resgatou Heero que havia sido preso por Relena. Ninguém nunca pensou que ela chegasse a tal ponto.

Me diga Quatre, o que Relena ganharia com isso?

Afastar você e Heero...o mais triste é que ela conseguiu. – o loirinho disse com um sorriso triste.

Maxwell. Afinal você retribui ou não os sentimentos do Yuy? – Quatre e Trowa olharam surpresos para trás e encontraram um Wufei com uma cara de pouquíssimos amigos olhando para o monitor.

Wufei! – Duo olhou surpreso para o monitor

Se você retribuí, vá atrás dele, peça desculpas e diga que o ama. Se não, deixe-o em paz. Heero já sofreu demais e você não precisa ajudar a piorar isso. – Quatre, Trowa e Duo estavam surpresos com a reação do chinês, ninguém sabia do sentimento de amizade que ele nutria tanto por Heero quanto por Duo. E também ninguém sabia que o japonês havia procurado-o antes de partir e dito o quanto amava Duo. Ele havia ficado chocado com o turbilhão de sentimentos que Heero demonstrou ter, sabia que o amigo devia estar sofrendo e ainda lembrava-se das palavras dele quando lutaram. Soaram tão tristes que ele percebeu que Heero já tinha sofrido tudo que era necessário em uma única vida. Queria vê-lo feliz.

Como assim? Wufei! Ele veio me dizer um monte de

Não seja idiota Duo. Todo mundo sabe que aquela mulher quer te matar e só você não percebe. Heero está neste momento na sede dos Preventers em Nova York tentando lhe arrumar proteção. Faça o favor de recuperar o bom senso.

Ela quer matar o meu filho? – Evans disse surpreso.

Sim senhor, eu pensei que o detetive que você contratou tivesse lhe dito. O plano dela é matar o baka do Maxwell e depois conseguir sua atenção só para ela. Realmente ela e Relena fazem uma dupla de obcecadas.

Como sabe do detetive? – Evans perguntou perplexo, só ele sabia do detetive, ninguém mais.

Heero me contou. Não chamavam ele de soldado perfeito a toa. – o tom de voz de Wufei era o mesmo de um soldado orgulhoso. Heero era o melhor deles e ele tinha orgulho de tê-lo como amigo.

E por que meu detetive particular me negaria uma informação tão valiosa?

Porque Andrea lhe pagou muito bem pra isso. E com o seu dinheiro.

Isto é mentira Wufei. – o olhar de Duo era repressor e seu tom de voz irritado, parecia até que estavam fazendo um complô.

Pense como quiser Maxwell...Heero vai pegá-la e você vai perde-lo. – Wufei desligou o videofone logo depois. As palavras de seus amigos ainda ecoavam nos ouvidos de Duo.

"Mas ele o ama"

"Afinal você retribui ou não os sentimentos de Yuy?"

Ele retribuía? Heero o havia ajudado. Havia sido carinhoso quando ele mais precisava. Ainda lembrava das mãos fortes o segurando e levando-o no colo quando ele estava precisando de ajuda. Lembrava da maciez dos lábios, do gosto daquela boca. Sim retribuía os sentimentos de Heero. Só não tinha coragem de assumir.

Seus amigos não mentiriam para ele. Nunca mentiram. Então sua tia realmente estava tentando mata-lo? Heero poderia lhe responder.

Estava decidido. Ele iria procurar Heero, pedir desculpas, se declarar, e dar um jeito em sua tia.

Só havia um problema...ele tinha medo de que Heero não quisesse mais olhar para ele depois de tudo que havia feito.

O olhar verde novamente estava fixo em si, ele percebia. Estar com Brian lhe dava a sensação de ter um pouco de Duo por perto. A alegria e espontaneidade daquele garoto eram as mesmas que Duo tinha há alguns meses atrás...a mesma que ele deixou se perder com o tempo.

"Então pode sair daqui, eu não preciso das suas mentiras perto de mim Heero. Já não é o suficiente o que você fez?"

As palavras ainda estavam ecoando em sua mente, Duo havia sido cruel sim, mas ele entendia que o americano estava perturbado, estava no hospital por tentativa de suicídio.

Brian? – o japonês inquiriu ainda olhando para a enorme janela do café, que dava para uma rua bastante movimentada.

- Uhn? Diga Heero! – Brian sorriu alegremente, era a primeira vez que o japonês dissera alguma coisa depois que saiu do hospital.

Por que Duo tentou se matar? – os olhos azuis continuavam fixos no movimento da rua, embora eles parecessem estar olhando para lugar nenhum.

Eu não entendi muito bem, o médico disse que foi uma crise, que ele havia deixado de tomar os remédios. Eu nem sabia que ele tomava essas coisas. Você sabia?

Sim, eu só não entendo porque ele deixou de tomar isso. – o japonês agora focalizara o olhar verde. Brian sorriu docemente, reconhecia aquela preocupação. Aquele jovem a sua frente não estava preocupado somente com seu amigo Duo e sim com seu amor.

Você o ama Heero? – a pergunta veio tão subitamente que Heero não teve tempo de por sua mascara de soldado perfeito para poder negar, a surpresa da pergunta era visível em seus olhos, assim como a resposta dela.

Ha..Hai – as palavras saíram como um sussurro e Brian não teria ouvido se não estive prestando atenção máxima no japonês a sua frente. Ao ouvir a resposta ele sorriu feliz, Duo nunca havia lhe dito nada sobre alguma coisa a esse respeito, mas ele lembrava-se do dia que vira o retrato de Heero e sabia que por mais abalado que o garoto que ele conhecia podia estar, ele certamente sentia algo pelo jovem a sua frente.

Bom dia, Duo! – o americano virou para o lado e não pareceu surpreso ao ver um par de olhos verdes o observando amigavelmente.

Brian! Oi... – o ruivo percebeu o desanimo do garoto a sua frente, sabia o porque disso...pelo menos imaginava. A conversa que tivera com Heero naquela tarde não terminara naquele ponto e ele acabou por descobrir que o japonês era simplesmente fascinante e se já não pertencesse a Duo ele certamente estaria tentado a correr atrás do garoto.

Credo cara que desanimo. Que houve? – sorriu amigavelmente...sabia que seu amigo sentia algo pelo garoto de olhos azuis, mas não seria ele a tocar no assunto.

Eu cometi um grande erro Bri, muito grande... – Duo não hesitou em contar tudo ao colega, o ruivinho era um amigo que lhe lembrava Solo, um amigo que lhe lembrava como ele fora e que lhe dava esperanças para um futuro feliz. A felicidade que Brian irradiava, mesmo com todas as dificuldades era inspiradora e seria nisso que ele se basearia para pedir perdão a Heero, se vingar de sua tia e começar uma nova vida.

Erro? – Brian procurou se fazer de desentendido

Sim. Heero...eu...quer dizer... – vendo que o amigo estava se enrolando com as palavras o jovem de olhos verdes sorriu.

você foi injusto com Heero. É isso? – disse sentando-se na beirada da cama e olhando fixamente o amigo.

Ele nunca vai me perdoar. – os olhos violetas demonstravam um verdadeiro arrependimento

Ele já perdoou Duo, aquele cara te ama. E eu nunca deixaria um cara tão lindo, sexy e gostoso a solta sozinho pelas ruas de Nova York. – o tom brincalhão com o qual Brian falou fez Duo dar um leve sorriso.

Tire os olhos Brian. Ele já tem dono. – jogou uma peça de roupa em cima do outro, entrando no clima da brincadeira.

Sim, eu sei. Por isso que eu fiz questão de descobrir isso pro senhor esquentadinho que falou besteira sem pensar. – o ruivo ergueu um pedaço de papel enquanto ostentava um sorriso vitorioso no rosto.

Duo olhou tentando entender o que poderia ser aquele pedaço de papel. Aproximou-se devagar e leu o que estava escrito em apenas uma linha. Um endereço. Endereço de um hotel.

Deus! Brian...Diga-me que isso é o que eu acho que é. – pela primeira vez em meses Duo mostrava um sorriso verdadeiro, aquele sorriso que ele sabia que Heero amava.

Sim o endereço do hotel dele, alias...o que você ainda está fazendo aí parado? – o jovem ruivo sorriu e apenas ouviu o som dos passos apressados porta afora. Quem sabe ele não poderia ver aquele sorriso maravilhoso no rosto de seu amigo mais uma vez.

Um brinde! Mesmo as coisas não tendo saído exatamente como nós planejamos deu certo. – a mulher mais velha deu uma leve batida na outra taça.

Andrea, minha cara. No fim, aquele garoto estúpido vai acabar pior. Nunca pensei que ele pudesse ser tão idiota a ponto de cair em algo assim tão facilmente. – a jovem loira disse levando a taça aos lábios.

Enquanto as duas saboreavam sua aparente vitória, não repararam na entrada de um homem alto de longos cabelos loiros.

Relena. – a voz grave se fez ouvir em todo o ambiente chamando a atenção das duas.

Ah! Milliardo. Que bom vê-lo meu irmão. Creio que você ainda não conhece minha amiga Andrea.

É um prazer conhece-la senhorita – disse dando um beijo no dorso da mão da mulher mais velha.

Relena, sinto interromper, mas temos um assunto urgente pra tratar.

Urgente? Certo! Com licença Andrea, eu já volto. – a jovem loira foi seguindo seu irmão para o lugar que ela reconhecia como escritório naquela casa. – Que ouve Milli? – perguntou logo após ver o irmão trancando a porta e guardando cuidadosamente a chave no bolso.

eu tenho vergonha de tê-la como minha irmã. Logo você que tanto pediu pela paz Relena. Você transformou a vida daqueles dois ex-pilotos em um inferno, não que já não fosse antes mas...

O que você está falando? Eu não fiz absolutamente nada. – relena gritava desesperada. Amava seu irmão, muito, como ele podia dizer aquilo para ela?

você fez de tudo para que Heero Yuy fosse apaixonado por você, mas não conseguiu. Ele ama o outro piloto. Duo Maxwell. Confesso que fiquei surpreso quando eu soube disso, você também deve ter ficado. Mas Relena. Você não ama este garoto. Você é obcecada por ele.

É claro que eu o amo. Eu não sei viver ser o Heero. Ele é meu! Só meu! Você sabe disso Milliardo.

Não Relena. Uma pessoa jamais vai pertencer à outra. Tenha certeza que com seus últimos atos ele nunca vai perdoa-la. E por fim. Eu tenho exatamente tudo que foi feito com ele e contra Duo Maxwell gravado. Vocês não foram muito espertas ao se esquecerem que todas as nossas casas tem sistema de segurança com câmeras. Portanto Relena. Por mais difícil que seja para que eu faça algo assim...

Do que você está falando Milliardo? – os olhos azuis estavam arregalados num tamanho quase impossível. Ela havia se esquecido das câmeras. Todos os planos para matar Duo Maxwell estavam gravados? Como podia ter sido tão descuidada?

Que você vai renunciar ao seu cargo político. Você não tem mais moral para agir em nome da família Peacecraft. E eu só não vou denuncia-la por ser seu irmão. Embora eu não possa dizer o mesmo daquela mulher.

Você não pode fazer isso. Eu sou Relena Peacecraft. Foi você quem matou pessoas na guerra e não eu entendeu?

Alias, Relena. Você também nunca mais se aproximara de Heero Yuy. E eu espero que você entenda que isso não é um pedido, nem uma ordem e sim uma ameaça. – saiu da sala trancando-a novamente. De sua irmã cuidaria depois. Agora era a vez daquela mulher nojenta.

Você acha mesmo que essa tia do Duo não iria delatar a sua irmã? – o jovem de cabelos castanhos apareceu repentinamente na frente de Milliardo.

Barton. Eu acho que dessa vez Relena não escapa de uma punição da justiça. Tentativa de homicídio e seqüestro são acusações graves. Mas... eu não posso fazer muita coisa em relação a isso. E aquela mulher?

Lady Une providenciou para que fosse levada por seus homens. Ela é acusada de envolvimento com atividades terroristas de caráter militar. Apodrecerá na prisão, ainda mais com a acusação do assassinato de Nicole Priestley mais a tentativa de homicídio de Duo e o seqüestro de Heero.

O que eu não entendo é porque o tal Evans nunca a denunciou já que ele sabia do assassinato.

Eu também não entendia. Então fui tentar descobrir e fiquei sabendo que ele manteve um relacionamento com as duas irmãs pouco antes de Duo nascer. Para se livrar de Andrea ele a subornou. Não é nada de tão grave se comparado ao que ela fez. Mas para um homem com posses e nome como ele um escândalo nunca seria bem vindo.

Por que a mudança de idéia repentina?

Acho que saber que ela não pararia é um bom motivo. Vai entender as pessoas de hoje em dia.

Realmente. Mesmo assim, obrigado pela ajuda Barton.

Só estou fazendo meu trabalho como Preventer. E como amigo de Yuy e Maxwell.

Duo olhou para o grande prédio a sua frente respirando profundamente. Era agora ou nunca. Pediria perdão a Heero.

Entrou a lentos passos no hotel, visivelmente nervoso. Avistou a recepcionista e caminhou em sua direção.

Por favor, poderia informar o Senhor Yuy do quarto 325 que Duo Maxwell está aqui?

Quarto 325? O hospede deste quarto saiu faz quase duas horas senhor. – vendo o olhar de pura decepção nos olhinhos violetas ela acrescentou um sinto muito em suas palavras.

Tudo bem, você sabe que horas ele volta?

Desculpe senhor Maxwell, acho que não fui clara. Ele já entregou as chaves. Até onde eu sei ele pediu que um carro o levasse para o aeroporto.

Aeroporto? Você sabe que horas era o vôo? – a aflição era evidente na voz de Duo.

Infelizmente não, senhor. – a mulher só teve tempo de ver o ex-piloto saindo correndo do hotel.

Na mente de Duo milhares de coisas se passavam. Ele havia magoado Heero. Dito coisas horríveis para ele. Havia sido injusto e ferido a única pessoa que o amava por ser simplesmente quem era. Não que seu pai não o amasse. Mas eles eram dois estranhos ainda.

Corria o mais rápido que podia. Avistou um táxi e quase se jogou na frente do carro pedindo que parasse.

Ta maluco garoto? – o taxista perguntou enquanto Duo apenas entrava ofegante no carro.

Pro aeroporto. Rápido. Eu lhe pago o triplo da corrida. – o taxista não pensou duas vezes antes de ir rapidamente para o aeroporto.

Duo só conseguia pensar que Heero iria embora. Que ele não poderia mais beija-lo. Há quanto tempo não sentia o suave gosto daqueles lábios. Aquelas mãos fortes tocando seu corpo. Aqueles olhos azuis repletos de ternura. Aquele afago nos seus cabelos que somente Heero sabia fazer. A paz que só ele conseguia lhe transmitir.

Não tardou para o táxi chegar ao aeroporto. Duo simplesmente colocou duzentos dólares na mão do taxista e saiu correndo. Deixando o homem com um olhar perplexo e um sorriso de pura felicidade no rosto. Não era sempre que conseguia duzentos dólares assim tão fácil. Seria bom encontrar mais garotos suicidas desesperados e ricos pelo caminho.

O jovem de cabelos trançados passou correndo pelas portas do aeroporto. Não sabia nem em qual vôo, muito menos com que empresa Heero iria viajar. Não sabia nem para onde ele estava indo.

Olhou para a tabela de vôos rezando para que seja lá qual avião Heero fosse pegar, que não tivesse pego ainda.

Corria alucinado pelo aeroporto a procura do japonês. Foi quando o viu terminando de entregar a passagem para uma das aeromoças, ou seja, lá o que aquela mulher era e entrando rumo a um caminho que ele sabia que levava para o avião.

HEERO! – saiu correndo gritando em direção ao japonês. Mas um dos seguranças o segurou firmemente. – Me solta! Heero! Não vá. – por mais que ele gritasse o japonês não escutaria mais. E ele apenas caiu de joelhos no chão. Chorava como uma criança que havia se perdido da mãe. Numa cena que comoveu muitas pessoas por ali. Mas não adiantaria. Heero não voltaria para ele.

3 meses depois

Bom dia meu filho. – Evans abraçou o filho protetoramente dando-lhe um suave beijo na testa. – Feliz aniversário Duo.

Obrigado pai – Duo sorriu em resposta. – Que tem pro café? Eu to morrendo de fome sabia? Onde já se viu deixar o aniversariante faminto? – Evans riu diante da afirmação do filho indo com ele para a cozinha. Ver seu filho fazendo brincadeiras era maravilhoso.

Após o ocorrido no aeroporto eles não obtiveram mais nenhuma noticia de Heero Yuy. Havia ficado preocupado com seu filho, tinha medo que ele tivesse algum tipo de recaída devido à depressão, mas surpreendendo até o psicanalista que estava tratando Duo em nova York o jovem de olhos violetas provou o porque de ser um piloto de gundam antigamente assumindo uma busca desenfreada por Heero. Não que tivesse obtido algum resultado positivo até agora, mas era algo que o fazia levar a vida adiante e Evans estava feliz com isso. Embora soubesse que caso o filho encontrasse o garoto de olhos azuis e frios como o gelo, aquela felicidade que tanto tinha ouvido os amigos de Duo falarem quem sabe não poderia realmente surgir no lindo rosto do garoto.

Trowa, Quatre e Wufei devem estar chegando logo – Duo disse enquanto colocava um grande pedaço de panqueca na boca.

Duo, tenha modos, coma devagar a comida não vai fugir da mesa. – Evans disse sorrindo como de costume. Duo se sentia a pessoa mais sortuda da face da Terra e das Colônias. Seu pai mesmo quando brigava com ele era carinhoso.

Desculpe – disse ainda tentando mastigar aquele pedaço que parecia ser maior que sua boca. Arrancando um olhar meio repreensor meio debochado de seu pai.

Duooooooooooooo! – a voz de Brian se fez presente fazendo Duo se engasgar com o pedaço de panqueca fazendo seu pai levantar-se preocupado tentando ajudar o filho. Brian era como um membro da família, embora fosse um tanto quanto escandaloso.

Quando finalmente conseguiu ajudar o filho a se recuperar do "pequeno" engasgo Evans sorriu para ele. Eu disse para não ter pressa.

Feliz aniversario Duo! – Brian apareceu atrás de Duo abraçando-o e lhe entregando uma pequena caixinha e um envelope.

Muito obrigado Bri, mas não precisava se incomodar com isso. – Duo disse sorrindo para o amigo.

Que incomodo que nada. Eu sei que com isso eu vou ganhar uma grande caixa no meu aniversario mesmo. – a voz continha um nítido tom de brincadeira, embora soubesse que no fundo era verdade. – alias, abra primeiro a caixinha e depois o envelope.

Geralmente não é o contrario? – o jovem de olhos violetas olhou para o outro tentando entender.

Sim, mas eu sou do contra mesmo.

Brian, junte-se a nós no café, por favor. – Evans disse indicando uma cadeira para o ruivinho sentar-se.

Oba, café da manhã. Sabe que eu adoro a comida da Liz né senhor Evans? – sentou-se e sem cerimônia nenhuma já foi se servindo da farta mesa de café da manhã.

Enquanto Brian conversava com seu pai e se fartava de comida Duo abria a pequena caixinha dada por seu amigo. Dentro tinha um cordão preto com um kanji. Graças a algumas aulas de Heero durante a guerra Duo aprendera algo sobre kanjis e seus significados, sabia o que aquele significava: amizade. 2

Brian. – Duo chamou para ver se o amigo esquecia o prato de comida e olhava para ele, não demorou muito para isso acontecer. – Obrigado – o americano tinha os olhos úmidos, quase a beira do choro.

Sabe Duo, você é muito sentimental. Mas eu fico feliz que tenha gostado – o ruivinho sorriu e voltou-se novamente para seu prato de panquecas. Diante daquilo o americano sorriu e abriu o envelope, e a cada palavra escrita seus olhos demonstravam surpresa maior. Chamando a atenção de Brian e Evans.

Colônia L1 14 de abril

Espero que esta carta chegue em suas mãos antes até o seu aniversario Duo. Eu sei que tem procurado por mim. E lembro de ter ouvido sua voz no aeroporto pouco antes de minha partida. Estaria ouvindo coisas? Não sei.

Sei que você não sente por mim o mesmo que eu sinto por você. Eu o amo, amarei pra sempre. Mas quero vê-lo feliz, não importa com quem. Enviei essa carta para a casa de seu amigo Brian, simplesmente porque sei que ele vai te entregar no momento certo.

Devo confessar que estou curioso pra saber porque quer me encontrar. Meu coração alimenta esperanças, que minha mente sabe que são falsas. Mas eu não posso culpa-lo, posso?

Eu gostaria de poder estar aí no seu aniversario Duo. De poder ver seu sorriso apenas mais uma vez. Mas eu não sei se posso agüentar olhar pra você e não poder toca-lo.

Eu também sei que seu pai está preocupado por causa do julgamento de sua tia que é daqui a duas semanas, por achar que meu testemunho é de fundamental importância. Diga para ele não se preocupar, eu irei testemunhar.

Mas Duo, eu lhe desejo toda a felicidade desse mundo. Eu quero vê-lo sorrir como você sorria pra mim antes. Lembra-se da casa de caça que eu levei você uma vez? Lembra-se do que eu lhe disse lá? Eu nunca te odiei. Eu sei que você pensa que eu o odeio, mas não pense assim.

Com amor,

Heero Yuy

Duas semanas. Em duas semanas Heero estaria lá. Ele iria testemunhar. Ele voltaria.

À tarde seus amigos chegaram de viagem. Duo havia resolvido comemorar seu aniversario em grande estilo. Numa boate que havia aberto recentemente. Seu pai alugou o lugar para ele e a festa prometia ser grande.

Lugar lotado. Musica, bebida e diversão. Era assim que Duo gostava que as coisas fossem. Sua festa de aniversario estava sendo um sucesso completo. Olhou para um lado da pista e avistou Quatre e Trowa dançando juntos. Faziam um lindo casal. Do outro lado Brian dançava com Hilde. Quem diria que seu amigo poderia terminar se engraçando pra cima de Hilde. Assobiou e sorriu levemente. Fariam um casal bonito. Não muito longe de Brian estavam Wufei e Sally, definitivamente o chinês não levava muito jeito para danças. Mas devia admitir que ele se esforçava.

Pediu uma bebida para o barman ainda olhando para seus amigos que pareciam extremamente felizes.

Ai Heero, se você estivesse aqui. – suspirou baixinho.

Aqui senhor. – ouviu a voz anasalada sussurrar em seu ouvido. Virou-se para o barman para encontrar os olhos azuis que sabia que só uma pessoa conhecia. – Não deseje as coisas sem pensar, elas podem acontecer.

Heero! – o americano deu um salto e abraçou o japonês, como que com medo de que ele fugisse e não voltasse nunca mais. Heero, ainda perplexo com tal atitude apenas deixou-se ser abraçado. Sentir o calor de Duo era algo que ele não imaginava que pudesse sentir novamente.

Feliz aniversario Duo. – Heero surpreendeu-se ao sentir os lábios de Duo já juntos aos seus. Num beijo exigente, apaixonado e repleto de volúpia, que explorava cada milímetro de sua boca.

Quando finalmente se separaram, ambos ofegantes, Duo colocou as duas mãos no rosto de Heero olhando profundamente nos olhos azuis.

Me perdoe, eu fui um tonto, um estúpido. Eu sei. Eu fui burro. Eu não confiei em você, eu o magoei. Mas eu o amo Heero. Eu o amo tanto. Eu senti tanto a sua falta. Eu sei que o que eu fiz não tem perdão. Mas eu peço me perdoe, eu não posso viver sem você. Heero Yuy, você é o motivo da minha existência, eu só estou vivo por sua causa, porque você me salvou, inúmeras vezes, na guerra, depois dela. E eu me apaixonei. Me apaixonei por você meu amado Heero. Perdoe-me. – a surpresa nos olhos azuis, sempre tão frios, era clara. O japonês não acreditava naquilo. Não acreditava por completo naquelas palavras. Talvez porque não merecesse tal felicidade. Mas queria acreditar que Duo dizia a verdade. E não tinha porque perdoa-lo. Ele estava confuso naquela época, estava doente e sua vida havia virado de cabeça para baixo...

Duo...eu já perdoei você, há muito tempo. – e dizendo isso Heero viu algo que não via desde os tempos de guerra. O sorriso amplo de Duo. Aquele sorriso pelo qual ele havia se apaixonado. E naquele momento ele teve certeza de que era a pessoa mais feliz do mundo.

pouco mais de 2 semanas depois

O americano estava no colo do japonês, abraçado a ele carinhosamente, em seu colo o pequeno Herói, enquanto isso Heero lia a matéria publicada no jornal 3 Na capa escrito em destaque: Relena Darlian e Andrea Garth declaradas culpadas pela justiça.

Parece que nós acabamos de sair de um grande pesadelo. – Duo disse baixinho enquanto acariciava o macio pelo de Herói.

Sim. Mas agora tudo vai ficar bem Duo. – Heero deu um beijo suave em seu namorado, tomando cuidado para não assustar o bichinho que estava quase dormindo.

Enquanto isso de um pequeno vão da porta, um par de olhos verdes e outro de olhos azuis espiavam a cena, ambos com um sorriso no rosto.

Parece que agora vai ficar tudo bem Trowa – Quatre sorriu para seu amante.

Sim meu anjo. Só espero que eles não queiram sair somente dos beijos ali na sala porque daqui a pouco o pai do Duo vai estar chegando. – Trowa deu um pequeno sorriso para Quatre pegando na mão do amante.

Hehehe, eu soube que só na semana passada ele pegou os dois no flagra quatro vezes. – Trowa deu uma alta gargalhada abraçando seu loirinho pela cintura.

Heero e Duo ainda não descobriram que existe algo chamado quarto. Se bem que a idéia de poder ser pego me parece excitante. – um sorriso travesso apareceu no rosto do latino e Quatre enrubesceu rapidamente beijando seu amante com ardor.

Fim

10 de maio de 2003 à 3 de abril de 2004

1 lembrem-se que o pai do Duo é rico

2 - eu tenhu um desses, só que ta escrito amor u.u'' eu pensei nisso porque o Brian não é rico e esses cordões custam apenas 3 reais. Mas eu sou adepta daquela política, não importa o valor e sim a intenção e achei que não tinha nada melhor pra demonstrar a amizade que, no meu ponto de vista, esses dois tem do que um simples cordão escrito amizade

3 - eu estava pensando em por o New York times...q eh o único jornal de Nova York q eu conheço...mas como ficava muy tosko imagem qualquer jornal mesmo

Patty cava um buraco na terra e se esconde lá:

Credo que horrível '' Ok eu sei que depois de quase 4 meses de espera pelo ultimo capitulo (o.o tudo isso?) vocês mereciam algo melhor. Mas fazer o que...eu sou uma péssima escritora.

Mesmo assim obrigada a todas as pessoas que me mandaram reviews '' apesar de eu achar que a fic ficou totalmente diferente do que eu queria ela me rendeu mais de 200 reviews o.o''''''''''

Duo: também...o que você queria? Já ia fazer um ano que você tinha começado essa coisa e não tinha terminado ainda...não era de se duvidar de que mandassem tantos e-mails te xingando

Patty: ;; nhai...gomen Duo-chan

Heero: pelo menos eu terminei com o Duo. Pena que sem lemon...mas com ele.

Patty: Gomen Hee-chan ;;

Heero: Que gomen o que...você me fez sofre a fic inteira pra ter miseras três páginas de felicidade e ainda SEM lemon ¬¬

Patty: Não se preocupe Hee my love '' Você sabe que eu gosto de vê-lo sofrendo né? Por isso já comecei uma nova fic onde você sofre um pouquinho mais que nessa...coisa básica

Duo e Heero: O QUE?

Patty: u.u''' nhai

Heero: Omae o Korosu

Patty: se prepare Hee-chan Secret Sorrow será uma fic onde você sofrerá mais...mas se você me matar agora não terá o prazer de ver TODAS as pessoas que já me mandaram reviews nessa vida tentando me matar

Heero e Duo: nani?

Patty: Hi- mi - tsu

Duo: Que é himitsu Heero?

Heero: Segredo, Duo. Isso me preocupa..

Patty: Byezin gente e até a próxima fic

Beijos e agradecimentos a todos da Patty-chan

Heero: Reviews deste ultimo capitulo, tentativas de homicídio e ameaças de morte por favor mandem um e-mail para Hee-chan você fica tão sexy falando assim

Patty: ¬¬ vão fazer isso no quarto seus pervertidos

Thanks a todos