The Voice Of Love

Capítulo 1: Nossas vidas pacatas.

Tudo bem, eu definitivamente tenho o que fazer, mas não é exatamente o que eu quero fazer. O que eu quero? Nem eu mesma sei. Estou esperando só um momento certo para sair do quarto e me mostrar para os outros. Mas, a pergunta que não quer calar é: Porque estou sentada ao pé da minha cama? Eu poderia estar viajando com minha melhor amiga em algum lugar da Inglaterra (permissão eu tinha!), mas no entanto estou aqui, esperando o momento certo. E quando será este momento certo?

Há um momento certo realmente e esse momento vai ser quando meu irmão Rony chegar com o Harry. 'Nossa, ela ainda gosta desse cara!', vocês vão perguntar e a resposta é simplesmente meu rosto corado toda vez que eu o vejo. Certas coisas não mudam... Me chamo Virgínia Weasley com 'Molly' no meio, mas eu não gosto muito dele. Deve ser porque me lembra muito minha mãe, já que seu nome é Molly - nada contra ela, só acho que não tenho nada a ver com uma perfeita dona da casa com sete filhos pra criar. Posso ser muito decidida quando o assunto é o futuro. Já sei que profissão seguir, onde vou morar, quantas almofadas terei em cima da cama, se terei ou não um gato de estimação. A única coisa que eu não sei é com quem vou passar meus dias e minha noites. Harry seria perfeito. É bonito, inteligente, pode ser dedicado, gosta de quadribol como eu, torcemos para o mesmo time...Mas ele não é perfeito; não gosta de mim...Ou pelo menos nunca demonstrou.

Bem, continuando: Tenho 16 anos de idade e isso pode ser visto de inúmeras formas. Como por exemplo, estou no sexto e penúltimo ano de Hogwarts. As vezes me sinto aliviada quando penso nisso, mas só de pensar que terei de ficar um ano letivo inteiro sem o...De qualquer forma, costumo ver esses meus 16 anos como a idade ideal para uma adolescente. Algo me diz que é neste ano que tudo acontece. Para mim será meu primeiro amor verdadeiro e quem sabe, meu tão esperado primeiro beijo. Não ria, mesmo que pareça meio estranho, mas eu ainda espero meu primeiro beijo. Muitos se assustam com essa declaração por que eu já namorei dois caras, eu devo ter beijado cada um de meus namorados. Mas não é exatamente este primeiro beijo. É muito complicado, acho que explico mais tarde. Agora vou continuar minha apresentação. Sou da Grifinória e única menina da família Weasley; as vezes me sinto na responsabilidade de ser uma filha perfeita, mas isso é realmente impossível. Tenho uma amiga chamada Cornélia, a típica garota 'problema' que minha mãe gosta de depreciar. Para mim ela é perfeita, por isso ela é minha melhor amiga. Está no mesmo ano que eu; é alta e magra, tem os cabelos longo, tão longos que se ela os deixasse soltos, poderiam varrer o chão, mas ela tem o bom senso de os deixar presos em uma trança. Seus olhos são azuis, como os que eu gostaria de ter. Não é aquele azul desbotado feio, mas é um azul violeta, vivo, expressivo. Adoro essa cor, deve ser por isso que quase tudo que tenho é azul violeta.

Meu quarto pode dizer muito da minha personalidade. As paredes são azuis de um claro que se confunde com branco. O tapete é uma imitação de pele de unicórnio branco, tão quente nos dias de inverno...Uma cama estreita fica no centro; coberta por lençóis de algodão um tanto que empolados, mas mesmo assim muito confortáveis. Ao lado esquerdo do quarto há uma escrivaninha branca onde se encontra pergaminhos esquecidos e uma ou duas penas. No canto dela, uma esfera azul violeta brilha, é uma espécie de abajur. Dentro dela, há uma fadinha adormecida. O armário ocupa toda a parece direita, é azul claro (da mesma cor que as paredes). Todos me dizem que seu calma e tranqüila, e eu não discordo. É bem verdade que o grupo com quem ando é bastante rebelde e difícil de se lhe dar, por isso eu tenho que tomar a postura séria e calma.

Enquanto estou sentada na cama, o sol vai aparecendo devagar, estou distraída, não vejo o início do espetáculo. Não faz mal, eu nunca fui muito ligada ao nascer do sol. Sempre preferi a noite e o pôr do sol. Sem motivos verdadeiramente importante para isso, apenas acho que o final de um dia pode ser mais emocionante que o começo deste.

Escuto um barulho alto do lado de fora, opaco e curto, dou um salto e levo minha mão até minha testa. Fecho os olhos por um momento. Ele chegou.

E então, a decisão que eu queria tomar, mas que não sabia ao certo como tomá-la; exige alguma resposta. Devo sair ou não?

Talvez eu possa aparecer para o café da manhã...Ou quem sabe para o jantar. Ou nem isso. Já sei! Vou dizer que estou doente. Não...Isso não! Minha mãe vai ficar louca!

Nada faço. Fico olhando para a mesma direção que olhava durante algumas horas. A janela. Nela vejo quem eu queria ver - apesar de não o ver bem, era apenas uma sombra de alguém, escondida pela neblina. Sorrio e me levanto para colocar algo apresentável. Uma saia curta? Um vestido vermelho com um decote extravagante? Decido por uma blusa branca e uma calça jeans. Penteio meus cabelos rapidamente e me olho no espelho. Não estou exatamente apresentável, mas estou menos pior que costumo estar.

É agora ou nunca!

Uh! A adrenalina sobe dos pés à cabeça. No momento estou andando pelo vago corredor até chegar na escada. Depois dela encontrarei ele!

Procuro não pensar muito nisso, pode me fazer mal. Não queremos um ataque cardíaco bem na hora em que ele vai me dizer um "Oi Gina.".Queremos?

Primeiro, segundo, terceiro degrau...Vou descendo as escadas devagar, tentando reorganizar os pensamentos e acalmar meu coração que batia forte contra o peito. E então eu o vejo.

De uma calça jeans desbotada e uma camisa verde musgo ele olhava atentamente para a sala. Seus cabelos continuavam rebeldes, balançando graças a fraca brisa que passava por ele. Tão lindo, tão perfeito...

-Oi Gina! - ele disse dando um meio sorriso. Vamos l�, você consegue dar um sorriso inteiro! Vendo que nada acontecia, decido responder ao "Oi Gina!".

-Olá Harry! - ótimo! Sem gaguejar, sem corar...Ah! Não me lembre em corar que...

-Gina, você está ficando vermelha...

-Impressão sua, Ronald.

-Vem, Harry. Vamos levar suas malas para meu quarto. - Rony passa por mim dando um sorrisinho cínico que eu odiei.

Subiram as escadas rápido e logo estavam trancados no quarto do meu desnaturado irmão. Foi quando eu bato na testa e praguejo. Devia ter ficado no quarto, fingindo dormir feito anjo. Assim pelo menos daria menos entender aos dois idiotas. Lógico que aquele sorriso cínico quis dizer: "Foi só ouvir um barulhinho de nada para vir correndo ver seu querido Harry Encantado". Nessas horas eu queria ser menos romântica!

O café da manhã ocorre bem; pulando as partes em que engasgo com os biscoitos toda vez que Harry fala comigo. Em certo momento da refeição eu fico em estado alfa. Tipo aqueles filmes que a mocinha está no meio de um jantar importante em que todos conversam e do nada ela fica muda, olhando para o nada. Ela fica pensando na vida e bl�, bl�, blá. Penso que a menos de três dias, enquanto ainda me encontrava em Hogwarts, eu levava uma conversa com Cornélia. Falávamos sobre o assunto mais banal: Harry.

"Sabe de uma coisa?", nós estávamos sentadas no chão, comendo sapos de chocolate; Cornélia lutava bravamente contra um sapo rebelde que tentava a todo custo sair das mãos assassinas de minha amiga.

"O que?"

"Você não deve pensar nele como se ele fosse especial pra você."

"Ignorando o detalhe que ele realmente é especial para mim..."

"Eu sei que ele é. E isso não vai mudar tão cedo. Talvez nunca mude. Mas o fato é: Você age como se ele fosse um Deus à ser reverenciado! Já experimentou tratá-lo como se fosse apenas um...amigo?"

"Não funciona..."

"Não funciona porque você não faz questão de tentar."

"Não dá simplesmente olhar para aqueles olhos verdes e não sentir minhas bochechas queimarem. Eu não controlo isso!"

"Entenda uma coisa, Weasley. Homens gostam de ser tratados como deuses. O maior erro de uma mulher é tratá-los assim. É algo complicado, mas a verdade é que homens precisam de uma mulher que os trate mal"

"Esta dizendo para eu tratar o Harry mal?"

"Não é um mal que possa ofender e sim...Olhe, veja as coisas desta forma: Homem gosta de desafios. Seja um desafio para o Harry!"

"Não estou entendendo nada!"

"Você deve deixar transparecer que você não está mais tão apaixonada assim. Homens gostam de ir atrás de uma mulher. Gostam de tomar a iniciativa.", àquela altura, Cornélia comia triunfante o sapo derrotado e eu ouvia confusa.

"Você acha que isso vai funcionar? Lia, meu coração! Você só pode estar doente."

"Você é quem está doente se pensa que correndo atrás do garoto do seus sonhos, vai ganhá-lo."

"Eu prefiro resolver isso da minha forma."

"Claro...E demorar meio século para chegar à conclusão que o que digo é verdade!"

-Gina, dá pra você acordar? - a voz de Rony me desperta. Eu balanço minha cabeça confusa e olho meramente para ele.

-O que foi?

-Estou a meia hora querendo lhe perguntar se a senhorita pode passar a geléia para mim!

-Desculpe. - digo enquanto dou a ele o vidro de geléia.

-Estou começando a ficar preocupado com você, Gina. Será que a presença do Harry te faz assim...Tão mal?

-Cala a boca, Rony! - Hermione fala, tenta melhorar as coisas. -Não seja idiota, porque você não cuida da sua vida?

-Mas eu só estou...

-Pois nem deveria!

Outra vez pensei em Cornélia. Uma idéia maluca se forma na minha cabeça e imagino como seria se Cornélia passasse alguns dias comigo. Louca, pois ela não é o que minha mãe chama de bom exemplo. Não que eu me importe com isso, mas evito à todo custo uma situação ruim.

Se Cornélia viesse para A Toca eu poderia...

-Já terminei! - digo me levantando rápido para não ouvir os protestos de minha mãe.

Ainda pude ouvir um "O que há com ela?", de Rony.

Sento na escrivaninha e pego um pedaço de pergaminho. Nele escrevo:

"Cornélia,

Estou escrevendo de manhã, depois de um café da manhã com o Harry. Aconteceu de novo! Sabe quando ele fala um "Como vai sua vida?" e você só consegue dizer um "Bem, obrigada..."! Isso sempre acontece comigo, deve ser alguma macumba de sua parte! Sério, acho que o problema está em mim. Porque eu não posso dizer um "Muito bem, e você Harry?" sem ter que abaixar a cabeça e ficar da cor dos meus cabelos! Isso é ridículo...Sabe que eu até cheguei a pensar em seguir seus conselhos sobre 'Como tratar um Homem'; mas meu bom senso me disse que eu só podia estar ficando louca. Convenhamos, eu não consigo mentir por muito tempo.

Resumindo, só estou escrevendo porque eu realmente tive uma idéia meio maluca; pensei que de repente você poderia passar alguns dias aqui, pois se você estiver comigo, não vou pensar 24 horas no Harry, o que você acha? Tudo bem se você não puder, é completamente compreensível.

Responda quando puder,

Beijos,

Gina."

Depois disso, lacro o pergaminho e vou até o pequeno seleiro onde Pichi (a coruja de Rony) costuma ficar. Passo tão depressa pela cozinha, que minha mãe nem tem tempo de reclamar minha saída estratégica.

Fico olhando por alguns minutos Pichi voar pelo céu límpido de um dia de verão. Não faz exatamente calor, mas uma temperatura agradável. Eu poderia vestir um biquíni e ir tomar banho no rio perto de casa, mas só não o faço porque não quero que Harry - em hipótese nenhuma - me veja com tais trajes. Não é uma questão moralista, só não quero que ele veja como uma garota pode parecer gorda quando se está de férias. Olhe para mim! Estou tão gorda que se eu estivesse do lado de um trasgo, seria facilmente confundida com o infeliz! Também não é falsa modéstia, estou sendo sincera comigo mesma!

-Gina? - olho para trás e me deparo com Mione me olhando séria. Tenho uma vaga sensação de estar sendo repreendida, mas não faço nada de errado.

-Oi Mione. - respondo sorrindo sem jeito dando passos até ela.

-Posso conversar com você?

-Lógico!

-Poderia ser em outro lugar? Não quero que ninguém nos interrompa.

-Tudo bem. - andamos sem rumo e por ironia do destino, paramos nas margens do rio. Ela então começou:

-Você ainda gosta dele, certo?

-De quem?

-Não adiante bancar a sonsa. Não estou perguntando, estou afirmando.

Não falo nada só concentro minha atenção nas águas agitadas do rio.

-Porque você não tenta falar com ele?

-Ele não entenderia.

-Como você sabe? Nunca falou com ele!

-Claro que já falei!

-Não estou falando das conversas que você tem. Se é que posso chamar aquilo de conversa. É sempre um "Oi Harry." ou um "Tudo, Harry". Você nunca experimentou ter uma conversa com ele decente!

Abro a boca para reclamar, mas ela não me dá chances para eu me defender.

-Se você conversasse com ele ou tentasse ter um diálogo maior dos que você costuma ter...Quem sabe ele pudesse perceber que você pode ser uma boa companheira para ele?

-Porque está me dizendo isso?

-Porque você deixa claro para todos o quanto você gosta dele! Não sei quem é mais idiota; você que demonstra cada minuto sua paixão por ele ou o Harry que não percebe algo tão óbvio!

-Se ele não percebe, é porque não está assim tão óbvio, Mione!

-Não seja cabeça dura, Gina! Porque não vai falar com ele agora?

-Agora?

-Lógico! Rony está jogando xadrez bruxo com Jorge. Vá falar com ele!

-Mas eu não posso!

-Claro que pode!

Olho desolada para os olhos de minha amiga. Teria ela razão? Não sei. Dou de ombros e digo:

-Se der errado, vou culpar você pelo resto da minha vida!

Mione sorri por alguns instantes, mas depois me olha séria.

-Vá agora, ou vai ter problemas com Rony.

Estou andando lentamente até a sala onde supostamente vou encontrar o Harry. Estou pensando em alguma forma de me aproximar e dizer: "Quer conversar?". Não, isso soa como se eu estivesse ali por obrigação. Talvez um..."Adoraria conversar com você Harry!", não emotivo demais!

Imaginação

"Essas férias estão um saco!", digo me sentando folgadamente no sofá da sala. Harry está do meu lado e sorri:

"Nada ficará um saco se você estiver comigo, meu amor!", e me tomando em seus braços ele me beija com ardor!

Realidade

-Oi! - digo quando me sento num cantinho do sof�, com as mãos se apertando nervosamente no meu colo.

Rony responde:

-Oi.

Harry dá um meio sorriso e diz:

-Olá.

Ótimo! Não é exatamente isso que queria, mas se não há outra forma...

-O que vocês estão fazendo?

-Não está óbvio? - RONY responde. Sinceramente? Deviam dar um semancol para esse cara! Ai, que ódio!

-Cala a boca, Ronald!

-Oh, desculpe! Você não queria que eu respondesse...Harry, responda a pergunta da minha irmã!

Ódio, ódio, ódio, ódio!

-Er...Estamos jogando xadrez bruxo, Gina. Quer jogar no meu lugar? - vejo o quando Harry estava vermelho. Eu devo lembrar de sufocar meu irmão enquanto ele estiver dormindo!

-Mione me disse que...Hum, que Rony estava jogando com o Jorge...

-Ele teve que sair. Fred apareceu na lareira e pediu que ele fosse até a loja de Logros, deve ter acontecido alguma coisa. - Rony informou.

-Hum, tudo bem. Não quero jogar. Vou subir!

E subi mesmo. Subi tanto que quando cheguei no meu quarto achei ter esquecido das minhas pernas lá embaixo. Eu deveria ter ido mais de vagar, Harry poderia pensar que estava fugindo!

Deito na cama - deito não, me jogo! - e cerro meus olhos. Adivinhem! A imagem do Harry dando um meio sorriso para mim logo quando ele chegou veio à tona. Se eu fosse uma Cornélia da vida, eu poderia ter altos papos emocionantes com qualquer garoto e eu tenho; não duvidem disso. Acontece que quando se trata dele, eu empaco, todos os assuntos do mundo parecem sumir da minha cabeça. Acabo falando besteira!

Me lembro da vez em que eu tentei - pela primeira vez - ter uma conversa com Harry, eu estava no quarto ano.

"Oi Harry!"

"Olá Gina."

"Podemos conversar?", perguntei olhando para os meus sapatos, com o rosto tão corado que parecia que eu fritaria minha carne.

"Claro..."

Fomos para algum lugar que não importa onde, mas era perfeita. Afinal, eu estava me sentindo segura e fazia uma bela tarde de sábado. Fomos para algum lugar que não consigo recordar. Talvez seja o famoso bloqueador de mentes; mas isso não importa agora.

"Pode falar.", ele me disse; foi quando todas as conversas ensaiadas pareceram se desmanchar na minha cabeça, fiquei em silêncio por alguns instantes, tentando achar um motivo para estar conversando com ele naquela hora. Pense, pense, você consegue!

Mas nada veio à minha cabeça. Tudo o que vi foram rostos rindo da minha cara envergonhada. Riam tanto que chegavam a ficar roxos. O que eu poderia fazer numa situação daquelas?

"Eu tenho que ir, depois agente conversa!", disse depressa enquanto minha garganta deixava passar algum som; corri tanto que minha pernas doeram no final do dia, quando eu remoia na minha cabeça minha chance jogada na lata do lixo.

Lembro que só dei tempo de dizer um "Tudo bem...", se ele falou algo mais, não pude ouvir; já estava longe demais.

E a nossa conversa? Bem, ela nunca aconteceu realmente. Talvez ele nem se lembre que ainda temos que conversar, mas eu não faço nada que possa lembrá-lo.

-Eu não acredito! Quando você vai ter coragem para falar com ele? - Mione parece zangada. Estamos conversando no meu quarto, já é noite e o jantar será servido em breve. Hermione me olha com raiva e depois suspira pesadamente, dando de ombros em seguida. -Desculpe se estou sendo chata, mas eu não agüento mais essa história mau acabada de vocês!

-Tudo bem, até eu estou achando que isso está um... - paro de falar ao ver uma coruja marrom me encarando carrancuda pelo vidro de janela. Eu sei que aquela coruja é de Cornélia, sorri distraída, sem notar que eu não havia terminado de falar.

-O que foi?

-Nada, Cornélia me mandou uma coruja. - vou até ela e abro a janela que se encontrava fechada. Tento fazer um carinho para Odete, mas esta me lança um olhar fuzilante antes de levantar voou, deixando o pergaminho nas minhas mãos.

-Você quer que eu sai pra você ler?

-Não precisa! - digo balançando a cabeça. -Pode ficar aqui.

Hermione senta na minha cama e cruza os braços. Quando vejo, ela já está mergulhada nas páginas de algum livro.

"Gina,

Já falei com minha mãe sobre eu passar alguns dias com você. Ela até disse que ficava aliviada, pois ela teria de viajar com o papai, sabe como é...Negócios!

Graças a Merlin sua fama de santinha serviu para alguma coisa, Weasley! Minha mãe só deixou eu passar duas semanas com você porque confia no seu 'bom senso'. Abrigada por me livrar da minha tia Lurdes, ela é um saco!

Sobre você não conseguir falar direito com o Garoto Dos Seus Sonho, a culpa não é minha. O que eu ganharia fazendo macumba contra você? Eu fico é torcendo para que você desencalhe logo! Eu sabia que você pensaria na nossa conversa, você não faz idéia de como me sinto feliz em perceber que alguma vez na vida você pensou! Sério, só faltou eu dar cambalhotas no ar de tanta empolgação. Não vejo a hora de te ensinar meus joguinhos infalíveis! O Potter vai ficar tão abismado que até vais te pedir em casamento!

De acordo com minha mãe chegarei até sua casa depois de amanhã, estou fazendo as malas, mal posso esperar!

Te adoro,

Cornélia."

-O que sua amiga conta de novo?

-Ela vai vir passar alguns dias aqui. - respondo ainda com um sorriso nos lábios. Hermione me olha por alguns momentos até sorrir brevemente.

-Está tal Cornélia é aquela que namora o John Veryo?

-Namorava, ela terminou com ele no Expresso.

Ficamos em silêncio por um instante.

-Ora! Eu acho que ainda não terminamos nosso assunto!

-Assunto?

-Não finja que se esqueceu, Gina. O que vai fazer amanhã?

-Pretendo responder Cornélia. Porque?

Ela sorri de forma que me pareceu marota - o que acho estranho; Hermione? Sorrindo desta forma? Vai chover trasgos esta noite.

-Você não vai levar a tarde toda escrevendo para essa sua amiga, vai?

-O que você está planejando?

-Nada...

Tudo bem, agora ela quer que eu acredite depois de ter visto um sorriso tão suspeito nos lábios dela? Lábios...Essa palavra me lembra alguém.

-O JANTAR ESTÁ SERVIDO! - ouço os gritos agudos da minha mãe e me levanto da cama, indo em direção à porta.

-Gina, espera! Você vai assim?

-Assim como? - na minha voz havia um tom de irritação, mas Mione parece não perceber.

-Você não quer colocar uma saia, uma blusa? Está calor, talvez se você usasse uma das minhas roupas...

-Estou bem assim! - falando isso, deixo Mione sozinha no quarto.

-Diga, eu sou ou não o cara perfeito?

-Claro que é, Draco.

-Não me convenci, dá pra dizer novamente?

-Lógico que é, Draco!

-Acho melhor você me provar de outra forma.

-E qual seria ela?

-Mais ou menos assim Inclino um pouco minha cabeça e toco meus lábios nos lábios dela, que fecha os olhos e se deixa beijar. Aprofundo o beijo e assim ficamos por alguns minutos, até ela vir com uma conversa estranha:

-E então, quando vai me apresentar para sua mãe?

-O que você quer com minha mãe? - pergunto arqueando as sobrancelhas. Típico de um Malfoy fazer isso.

-Ah, você sabe. Quero conhecer logo a minha sogra!

-Sogra?

-Claro, Draco! Sempre admirei a Narcissa!

-Sra Malfoy. - corrijo automaticamente. Anna me olha estranho e depois empina seu nariz.

-Você quer dizer que não vai me apresentar à sua mãe?

-Não está nos meus planos.

-Então você quer viver um romance às escondidas! - diz ela sorrindo alegremente, chega até a gargalhar, mas eu continuo olhando sério para ela.

-Também não faz parte dos meus planos viver um romance às escondidas.

-Então não estou entendendo, Draco.

-Vou tentar explicar; Anna Malfoy não soa nada bem, entende?

A vejo corar e bufar de raiva. Mas algumas pessoas devem encarar a realidade, sendo esta triste ou não. Anna Malfoy? Francamente!

Anna que havia acabado de conhecer nas férias - uma garota magra, com cabelos cacheados e negros e belos olhos azuis - era uma aluna da Lufa-Lufa. Blaise havia me pedido para sair com ela, já que a própria não largava do pé de meu amigo. O que não fazemos por amizade?

Assisto ela recolher suas roupas jogadas no chão (ainda com o rosto corado) e falar coisas desconexas, que também não fiz esforço nenhum de entender.

-Já vai? - pergunto cinicamente.

-Lógico que sim! Depois de ouvir que você não quer nada além de sexo...

-Se você pensar bem, vai perceber que eu não disse exatamente isso.

-Tá bom, só está me dizendo isso para me levar pra cama de novo!

-Pode ser, mas vai negar que você também não quer?

-E o que isso adianta? Você não dá a mínima pra mim! - faz biquinho, o que me faz rir.

-Nós mal nos conhecemos e você já fala em casamento!

-Desculpe se penso no futuro. - fala emburrada.

Aproveito para me levantar e ir até o banheiro. De lá digo a ela:

-Fecha a porta quando for sair.

-Você está me expulsando?

-Não, você que quer ir embora, lembra?

-Você não dá mesmo a mínima para mim, não é?

-Eu nem te conheço. Só sei que seu nome é Anna, o que você queria?

-Que tal se você me conhecesse?

Boto a cabeça para fora do banheiro e a olho irônico.

-Já conheci tudo o que eu queria conhecer, acredite.

Depois disso só ouço o barulho estridente de uma porta sendo fechada com raiva.

Mais tarde naquele mesmo dia, vou até a casa de Blaise e ao entrar na mansão dos Zabini, ouço um grito e em seguida um barulho de algo quebrado. Tudo bem, vou esperar na sala, talvez seja uma briga entre os Zabini's; prefiro não interferir.

-SEU IMUNDO IDIOTA! COMO OUSA FAZER ISSO COMIGO! - uma voz que não é desconhecida por mim soa estridente. Aquela altura eu já sabia o que se tratava.

Segundos depois, uma garota loira que tinha o rosto vermelho descia as escadas. Pára subitamente ao me ver. Por favor, não seja quem eu acho que é...

-Draco!

-Er...Olá Daph.

-O que você está fazendo aqui? Desde quando você vem a casa daquele cachorro estúpido?

-Desde...Hum, que Blaise e eu somos amigos?

-Não me lembro disso. - responde sorrindo levemente. Por um instante ela parece esquecer da gritaria que provocou, mas quando Blaise desce as escadas assoviando, ela grita de raiva.

-Seu filho da p...

-Hei, calma Daph! Droga, eu até agora não entendo o porque de todo esse escândalo!

-AH, VOCÊ NÃO SABE!

-NÃO, SUA LOUCA!

-POIS EU LHE MOSTRO QUEM É A LOUCA SEU... - a garota avança com uma expressão assassina pra cima do meu amigo e tudo o que faço e segura-la.

Vamos esclarecer algumas coisas. Este loiro lindo, estonteante e perfeito sou eu, que no exato momento seguro uma garota muito bonita amiga de infância - infância não, porque eu só cheguei a conhecê-la no terceiro ano em Hogwarts -, chamada Daphne Gregg. Ainda não sei o real motivo para ela estar ali, também não me interessa muito. Aquele cara moreno, de olhos azul descendo as escadas é Blaise, meu amigo. Sem dúvida não é a melhor situação para apresentações, nem me sinto muito confortável estando no meio de uma briga de casal; embora nenhum dos dois dêem o braço a torcer que são na verdade apaixonados. Por falar em paixão, não tenho namorada. Se alguém que está lendo isso se habilita, pode vir -contanto que seja puro sangue...

-Eu definitivamente não queria estar aqui, afinal o casalzinho deve se entender.

-Cala a boca, Draco! - ela grita histérica. -Blaise Zabini não é digno de me ter como namorada. Sou muita areia para o caminhãozinho dele.

Blaise ri desdenhosamente.

-Se não mereço você, porque veio me visitar no meio da noite? - Daph empalideceu.

-Cala a boca, seu idiota!

-Se vocês quiserem, posso voltar outra hora. - digo irritado.

-Não, cara. Fica para você ver que garota maluca essa Gregg é!

-Pode deixar, Zabini, não vou mais perder meu tempo com você!

A loira vai embora furiosa e apenas diz um "Te vejo por aí" para mim. Os Gregg's nunca perdem a educação...

-Cara, você precisa resolver esse seu relacionamento maluco com essa garota. - eu digo.

-Cala a boca, Draco. Me diz, porque você veio?

-Porque me deu vontade. - respondo displicente. -Por falar em relacionamento, o que ela estava fazendo aqui?

-Sei lá. Ela veio ontem a noite quando eu estava me preparando para sair com a May, lembra dela? - afirmo com a cabeça e ele continua. -Aí ela aparece do nada no meu quarto e eu estava só de cuecas! Ela parecia estar bêbada e muito triste, depois eu descobri o porquê. Ela terminou com o Matt da Corvinal. Nós passamos a noite conversando e do nada ela me beijou. Ai depois rolou...Você sabe.

-Está me dizendo que fez sexo com Daphne Greeg!

-Qual é o espanto? Eu não tão feio assim! Na verdade muitas gostariam de estar no lugar dela...

-Mas vocês nunca se deram bem, cara.

-O que importa é que quando ela acordou, começou a gritar feito uma maluca e dizer que eu tinha aproveitado dela. Pode? - Blaise ri. No momento estamos conversando na sala, enquanto ele bebe cerveja amanteigada.

-Vai entender as mulheres...

-E você?

-Eu o que?

-Como foi com a Anna?

-Ah, ela até é boa de cama, mas depois ela veio com uma conversa estranha...

-Conversa?

-É, do tipo "Quando você vai me apresentar sua mãe".

-Você teve sorte. Comigo ela perguntou quais seriam os nomes dos nossos 'futuros filhos'.

-Garota louca!

-Completamente! - ele concorda.

-O que pretende fazer agora?

-Eu gostaria de tomar um banho. O cheiro irritante da Gregg está me dando náuseas. Porque?

-Estava com planos de ir até o Holly Hunter hoje.

-Certo, pra que ir até lá de novo?

-Você tem uma idéia melhor?

-Que tal você ir para sua casa e eu tomar meu banho? Nós já saímos ontem, Draco.

-Digamos que eu não me saciei.

Nos olhamos longamente e depois ele faz uma careta.

-Nossa, até parece que nós somos gays!

-Não seja estúpido, Zabini.

-Tudo bem, vamos ao Holly Hunter, mas antes vou tomar um banho.

-Ótimo, fico esperando aqui.

-Tem certeza que não quer tomar banho comigo? - pergunta rindo. Eu pego uma das almofadas de couro verde musgo que está em cima do sofá e jogo na cara dele.

-Você tem reflexos péssimos.

-Vá se ferrar!

Blaise começou a ser meu amigo quando começou a passar as férias na minha casa. No começo não gostei muito da idéia de ter um cara estranho que sempre andava desarrumado; mas com o tempo fui me acostumando. Nos tornamos amigos, embora pouca gente soubesse. Prova disso foi o espanto de Daphne em me ver na casa de Blaise. Aliás, me lembrei de fazer uma aposta com os outros caras da Sonserina e ver por quanto tempo Blaise e Daph vão fingir que não são loucos um pelo outro.

Enquanto espero, batendo levemente meu pulso cerrado na mesinha ao lado do sof�, dou uma olhada em volta, para ver se havia algo para me distrair.

Alguns quadros dos antepassados da família Zabini me olham sérios. Com exceção de uma mulher com longos cabelos negros e olhos azuis - incrivelmente parecida com a Sra Zabini - que parecia flertar comigo. Até que barulhos de sapatos descendo as escadas soam.

-Demorei muito?

-Até demais, pra falar a verdade.

-Essa foi a intenção. -respondeu provocador. -E então, onde vamos?

-No lugar de sempre, Blaise.

Fim do 1° Capítulo

N/A : FanFic concluída, mas com uma autora um pouco enrolada para postar. Sobre as outras fanfics, serão em breve atualizadas.

BeijoS especiais para Amanda, Lina, Angelina (que disse ter gostado da fic) e para todas as garotas sorridentes que leram e foram educadas em dizer que não está assim tão péssimo.

-Mari implora para que as pessoas bondosas tenham a solidariedade de deixar reviews! Não sou nada sem reviews!

o/