Capítulo 2: Nada a Declarar.
O tempo passou tão rápido que eu penso hoje que poderia ter feito coisas melhores no período das férias. Mas não posso mudar o que 'não fiz', apenas aceitar que perdi tempo. E agora estou olhando para o teto do meu quarto - que não verei por um bom tempo -, meio perdida, meio impaciente, meio chorosa; tudo está como antes, exceto pelo meu sentimento de 'não estar fazendo a coisa certa'. As coisas são bem mais complicadas quando a vemos em outros ângulos, como por exemplo, deitada de pernas para o ar, olhando fixamente o teto com rachaduras grotescas.
No entanto, o que me preocupa é que eu estou na mesma, sem nenhum avanço ou qualquer evolução do meu eterno problema. Ainda gosto dele, e acho que isso não vai mudar assim tão rápido. Talvez nem mude, e eu tenho que aprender a conviver com essa possibilidade.
Mione está lendo, num canto obscuro da minha casa, enquanto Cornélia assiste a um jogo improvisado entre os Weasley's e...bem, entre o Harry. Eu estou no quarto, com meio peso do mundo nas minhas costas, com a velha e maldita sensação de estar fazendo algo errado. Você me entende? Eu não consigo raciocinar, acho que hoje de manhã comi meu cérebro ao invés da torrada.
Vejamos, falta algumas horas para anoitecer, e logo jantarei pela última vez aqui em casa; seis meses longe. Esse sentimentalismo um dia vai me matar...
Hoje de manhã, quando eu abri meus olhos pela primeira vez neste dia; me deparei com olhos azuis grandes me olhando intensamente.
"Achei que você não acordaria mais..."
"Já é tarde?", perguntei sonolenta, enquanto esfregava minhas mãos nos meus olhos.
"Você nem imagina o quanto.", Cornélia responde. Como ela dizia na carta, veio feliz para minha casa, com uma mala do tamanho de meu próprio guarda-roupa. Ela está aqui desde então. Não quis ir embora quando sua mãe lhe pediu e hoje vive se arrependendo de sua escolha (ela insiste na idéia que ando estranha).
"Porque não me acordou antes?", ela soltou um muxoxo baixo e sentou-se na minha cama, ao meu lado.
"Não queria incomodar a Bela Adormecida", ela zombou.
"Hoje é nosso último dia de férias.", disse meramente, mais para mim do que pra ela.
"Eu sei disso"
"Desculpe"
"Porque?"
"Por ter sido uma péssima amiga"
"Relaxa, eu me diverti bastante aqui..."
"Sério?"
"Não!"
"Ah...", levantei e fui até meu armário, escolher uma roupa para passar o dia.
"Como vai ficar você e o Potter?"
"Do mesmo jeito."
"Tem certeza? Já não é hora de mudar?"
"Você falou isso o verão inteiro", observei. "Estou começando a acreditar que mudar será minha solução"
Ela soltou uma exclamação e deixou-se sorrir. E eu revirei meus olhos.
"Não sei como começar."
"Isso é o de menos", respondeu ela ainda sorrindo. "O primeiro passo você já deu, admitir que precisa mudar!"
"Não vai ser daquelas mudanças drásticas, não é? Quero dizer, eu gostaria de pelo menos, manter minha identidade."
"Sua identidade está escondida por trás dos seus cabelos longos de mais e da casca desarrumada que você insiste em manter"
"Oh, olha quem fala...Meus cabelos são longos demais? E os seus, Rapunzel?"
"Eu pelo menos cuido deles", defendeu-se.
"Claro que sim...", sorri sarcástica. "O que vai fazer a respeito?"
"Hoje a noite você será uma nova Gina, meu amor!", riu com vontade, como se aquilo fosse piada ou uma mera brincadeira sem conseqüências. Eu deveria ter dito um 'Esqueça, você nunca vai mexer no meu cabelo', mas do que adianta? Eu adoro ver Cornélia ria satisfeita com sigo mesma!
Voltamos ao presente? Eu ainda estou na mesma posição, estou começando a sentir minha perna direita formigar; vou me virar um pouco talvez eu fique melhor...
No momento eu me delicio nas melhores posições da vida; deitado numa cadeira de praia, tomando sol. Blaise está do meu lado, ele quis vir para pegar uma corzinha - ele estava ficando azulado -, mas no fundo eu sei que ele está fugindo. Exatamente: Fugindo! De quem? Ora, isso não é óbvio? Daphne Greeg, a própria. Os Greeg's foram convidados para um almoço sociável na casa dos Zabini's. Minha mãe foi convidada, mas eu não quis ir.
"Draco, você vai me deixar ir sozinha?", perguntou irritada naquela mesma manhã.
"Ninguém vai te agarra, você pode muito bem ir só"
"Não é esta a questão", retrucou seca. "É um tanto deselegante ir a uma festa desacompanhada."
"E quem se importa?"
Eu não fui. Eu estou aqui, não estou? Muito bem servido por sucos excêntricos de frutas silvestres. Não estou tão bem acompanhado quanto deveria, mas mesmo assim, feliz.
-Draco, me passa o suco de uva com melancia?
-Pega você!
-Mas você está mais perto que eu!
-E daí?
-Você poderia pegá-lo para mim, por favor?
-Não sou seu elfo-doméstico, Blaise. Pegue você mesmo.
Ele me olha mal humorado por alguns instantes, mas acaba levantando para pegar o suco.
-Você parece meu pai.
-Não sou tão velho assim. – digo.
Blaise ri divertido, mas eu não entendo a piada ou o motivo de tal riso.
-Você está de mau humor por eu estar aqui com você?
-Vamos esclarecer as coisas, eu preferia estar sozinho.
-Você é estranho.
-Você mais ainda.
-Isso é uma questão de ponto de vista.
-As férias já estão acabando, o que vai fazer?
-Nada, o que quer que eu faça?
-Você sabe...Você nem me olha quando estamos em Hogwarts!
-Não quero estragar minha reputação com você. - faço questão de frisar este 'você' em tom de desprezo.
-Você tem vergonha de estar comigo? - ele parece sentido, mas quem liga?
-Falando assim, parece que você está apaixonado por mim e - faço uma careta - que nós somos um casal de namorados.
-Ora, me poupe!
-É o que parece, Blaise.
-Eu não sou gay!
-Então pare de agir como um!
Ele revira os olhos, parece irritado.
-Eu só queria que você não me ignorasse em Hogwarts.
Dou de ombros.
-Para mim tanto faz. Mas não sou eu quem vou puxar assunto.
Ele parece mais feliz agora. E tudo que penso é que realmente as possibilidades de Blaise ser gay são grandes.
Eu estou no pior dos lugares, praticamente no território inimigo, sorte minha ele não estar aqui. Bem, tia Narcisa está falando algo para mim, mas eu não presto atenção; até me sinto um pouco culpada por isso. Estão em volta da mesa oval meus pais, Narcisa, eu e os pais daquele ogro fedorento.
Blaise Zabini nunca foi o estereotipo do cara com quem eu costumo me relacionar, mas alguma coisa nele me atrai e definitivamente não são suas vestes sempre amassadas. Sua família é igualmente rica como a minha. Porque ele não cuida de sua aparência? Sempre que eu o vejo nos corredores vastos de Hogwarts, ele está com seus cabelos negros em desalinho, com um certo ar entediado e - Merlin, o que eu estou pensando? - com um sorriso de deboche que eu particularmente acho incrivelmente sexy.
Em pensar que dias atrás era apenas uma atração sem importância, como extintos selvagens que as vezes dá na gente. Agora estou grilada; eu estou obcecada por Blaise Zabini? Por favor, me acorde desse pesadelo! Maldita hora em que eu fui bater na porta daquele traste ridículo! Eu estava fragilizada, e a única pessoa que veio na minha mente - momentaneamente doentia -, foi ele! O que eu deveria ter feito era me consolar já que fui humilhantemente trocada por uma...SANGUE RUIM!
Filho da mãe miserável...Bem, voltando ao Zabini; eu estava bêbada - tinha tomado alguns copos de vinho e wisky que meu pai costuma guardar no escritório -, e o que ele faz comigo é abusar da minha fragilidade momentânea! E o pior: Não consigo me lembrar de NADA! Nem um beijo, nem um abraço. Tudo que sei é que acordei na manhã seguinte, naquela cama gostosa, ao lado de um moreno com cabelos despenteados. Fiquei chocada, claro. E ainda estou.
-Daphne, querida, você está me ouvindo? - tia Narcisa pergunta, eu olho assustada para ela que sorri discretamente. -Pensando no namorado?
-Na verdade...Eu terminei com ele. - digo evitando olhar nos olhos cinzentos dela.
-Oh, me desculpe. Você deve estar sofrendo tanto...
-Estou chateada, estava com Matt há algum tempo; mas fui eu quem deu fim ao namoro. Não quero perder meu tempo com ele...Vou me concentrar nos estudos e quem sabe me relacionar com alguém que valha a pena.
Narcisa me olha admirada por eu demonstrar tanto amadurecimento.
Olho atentamente - tentando me interessar pelos assuntos que são discutidos na mesa -, e suspiro baixinho, definitivamente, estou começando a achar que se o Zabini estivesse aqui, teria alguma coisa para me distrair...
O sol está começando a me incomodar. Viro para o lado, e me deparo com a figura adormecida de Draco. Estou cheio de ficar me queimando no sol, vou dar um mergulho na piscina antes de ir embora. Estou começando a achar que não era tão boa assim a idéia de vir pra cá. Estou fugindo de que? Daquela loira açucarada!
Não Blaise Zabini, você deve enfrentar seus problemas de frente! Medo de mulher? Fala sério!
E ela nem é tão perigosa assim, tudo que ela pode fazer é ficar bêbada e se jogar pra cima de mim. Falando nisso.. Nunca pude imaginar que ela pudesse ser tão...acolhedora!
Minha cara quase foi para o chão quando dei de cara com ela, no meu quarto. Eu estava de cuecas, vestindo o pijama (já era tarde, não que eu costumo dormir cedo, mas pelo motivo de que não havia nada de interessante para se fazer...), quando a vejo sentada na minha cama, com os olhos marejados de lágrimas.
"Greeg?", perguntei incerto. Ela levantou os olhos azuis para mim e sorriu afetadamente.
"Oi Blaise!", levando a vida de boêmio que levo, sei perceber quando uma pessoa está bêbada. Daphne Greeg estava tão bêbada quanto um gambá.
Digo gambá por que o cheiro que ela exalava era de álcool.
"O que você está fazendo aqui?", pergunta clichê, confesso. Mas não havia nada além disso pra dizer a ela. Eu esperava (intimamente) que ela estivesse ali por motivos realmente importantes, ou seja, por sexo.
"Quero apenas me divertir um pouco"
"Se divertir comigo?"
"Ah, qual é a surpresa? Você é um cara divertido!"
"Como sabe se sou? Você nunca falou comigo!"
"Eu sinto", ela disse séria, andando até mim, fazendo um esforço desumano para se equilibrar no salto alto.
"Não quer tirar sua sandália? Parece incômoda"
"Tire você mesmo", disse com um tom sexy.
O que eu faço? Vou até ela, com minha boa vontade e tiro a sandália dela. Os pés dela são perfeitos. Delicados, pequenos. Ela me puxa e me beija...Que beijo! Nossos lábios se encaixam tão perfeitamente que tenho medo que isso seja irreal.
Ela que estavam sentada na cama e eu ajoelhado no chão - tirando sua sandália -, me puxou mais para perto e sem que eu ou ela esperássemos por aquilo, cai em cima dela. Ela gemeu e murmurou algo que eu não entendi.
"Você é...pesado!", exclamou excitada.
"Quer ficar por cima?"
"Não precisa", ela respondeu. "Nunca imaginei que faria sexo com você, Zabini!", ela riu por um momento e eu (já que estava claro as intenções dela) tentei tirar sua blusa amarela. Os botões eram pequenos e extremamente delicados. Tive receio de estragar a blusa e então me virei na cama, fazendo com que ela ficasse por cima.
"Tira sua blusa", falei e ela assim o fez. Tirou tão rápido que imaginei o quão desesperada ela estava. Tentou tirar minha camisa e não teve sérios problemas quanto a isso, pois minha camisa era simples e fácil de ser tirada, tudo que fiz foi erguer meu corpo para frente, para que ela pudesse tirá-la do meu corpo. Então ela suspirou.
"Você é...virgem?", sussurrei no ouvido dela. Pude ver quando ela se afastou e me olhou confusa.
"Como assim?"
"Você sabe...Nunca fez sexo com alguém"
"Er, bem...", ela estava visivelmente envergonhada. Sorri brevemente e beijo os lábios dela.
"Não precisa ficar assim, tudo bem"
"Só achei que você não perceberia..."
"Relaxa", disse ajudando-a tirar minhas calças. "Você tem certeza que quer fazer isso comigo?"
"Que pessoa melhor que você?"
"Tenho sérias dúvidas quanto a isso", respondo.
Num instante eu estava de cueca e ela sem blusa, no minuto seguinte, estávamos nus.
Corpos colados, sussurros, beijos intensos, carícias íntimas. Essa foi minha noite. Seria perfeita se a louca não acordasse e gritasse assustada.
Definitivamente, prefiro Daphne Greeg bêbada, nua e deitada na minha cama.
Em Hogwarts as coisas às vezes são caóticas. Digo isso porque não há ninguém de interessante para se preocupar ou - o cumulo dos clichês -, alguém para se observar atentamente; sabe do que estou falando? De não ter com quem sonhar, de não ter motivo algum além de perder suas horas na frente de algum livro amarelado de tão velho...Eu converso com alguns caras, dou uns amassos em algumas garotas, mas não é nada que eu pudesse depender.
Eu via Daphne Greeg de longe, uma garota bonita, de fato. Mas existia - e ainda existe - uma barreira de gelo entre nós dois. Apesar de vivermos em mundo iguais, ela não é o tipo de garota com quem um concordasse passar minha vida ao lado dela. No mínimo seria suicídio.
E vê-la ali, me beijando, sentindo todo o calor que seu corpo exalava, me deixou tão confuso que hoje já não sei se quando eu voltar à Hogwarts tudo será como antes. Acho que terei alguém para observar; será que ela pensa o mesmo que eu? Duvido, ela deve estar confortável, conversando futilidades no jantar em minha casa.
-Você já vai, Blaise? - Draco pergunta e eu tenho a leve impressão de que ele esteja esperançoso com um 'Sim' da minha parte. Eu balanço minha cabeça, afirmando.
-Então a donzela decidiu enfrentar os dragões? - ele perguntou irônico.
-Não enche. - digo -Só quero saber quando você vai até a estação.
-Pra que? - ele parece surpreso.
-Como assim pra que? Para combinarmos de ficar na mesma cabine.
-Ah... - ele parece pensativo -Acho que umas 10 horas, não sei. De qualquer forma, fico na cabine dos monitores, é impossível ficar na mesma cabine que você, Blaise.
Droga, maldito Draco Malfoy! Falando assim, até parece que necessito da companhia desse loiro aguado. Não, eu não preciso. Mas pensem comigo: Se eu andar com ele, mais chances das garotas ficarem atraídas. Uma espécie de paraíso Zabini; os dois caras mais lindos de Hogwarts (não que eu ache Draco bonito, mas é o que de fato as garotas pensam), andando juntos pelos corredores desertos daquele castelo enorme; a qualquer momento, atacados por alguma estudante louca para nos agarrar! É o paraíso do qual sonho cada dia que passa.
-Tudo bem, nós nos vemos em Hogwarts. - digo enquanto pego minhas roupas espalhadas e vou embora, o deixando no seu precioso sol de verão.
Nesse segundo, neste milésimo de segundo estou olhando meio torto para o uniforme que Hermione me deu (nosso número é parecido), já que minha mãe não pôde comprar um uniforme novo para mim. Está bem conservado, até. Mas eu realmente gostaria de ter um uniforme novinho...
-Gina, onde estão meus livros?
-Que livros?
-Os de poções...
-Não vi, Mione...
-Pode me ajudar a procurar?
-Claro!
:...PENSAMENTO ASSASSINO, EGOÍSTA, DEPRAVADO E MAL...:
Certo, hoje você me pede para ajudá-la, amanhã quer que eu seja sua escrava. Tudo isso porque? Porque você me deu essa porcaria de uniforme! Você se sente no direito de fazer o que quiser comigo só porque eu não tenho dinheiro para comprar um uniforme decente...E você se acha no direito de mandar em mim.
Eu conheço garotas como você, Hermione!
Vocês são as piores, pois são as boazinhas que no fundo planejam controlar os mais fracos!
Nunca vou perdoá-la por isso!
Olho para a cara mascarada da minha "amiga" e dou um soco tão forte (desses que Harry usa quando vai bater no Malfoy) e ela voa tão alto que vai parar no Japão!
Mas, com minha vassoura super potente de última geração, vou correndo a mil por horas e chego onde ela esta caída. Para completar minha doce vingança, lanço uma Avadra Kedrava e acabo com ela!
Sim, depois dessa ela vai querer pedir perdão por abusar de mim...
:...VOLTANDO A REALIDADE...:
-É esse aqui? - pergunto com um livro extremamente pesado e com capa negra nas mãos.
É tão pesado e...grande que...
EU NÃO QUERO FAZER O SÉTIMO ANO EM HOGWARTS!
Eles são loucos! Hermione mais ainda por ler todo aquele livro grande, pesado e...de poção! Credo!
-É sim, obrigada! - responde ela sorridente.
O jantar foi meio estranho, mamãe estava como sempre fica nas vésperas do retorno à Hogwarts, triste e amuada. Talvez pela carga de Percy não estar mais conosco colabora para sua tristeza aumentar.
"Então...", Cornélia diz no meio do silêncio. "Esta casa fica sempre triste na véspera do retorno à Hogwarts?"
"Sim", respondo. "Mamãe é bem temperamental"
"Pois eu estou louca para voltar", ela continua. "John me mandou uma coruja esta manhã. Ele gostaria de conversar comigo em Hogwarts"
"Nada mais romântico", falei em tom irônico. "Dar uns amassos nos corredores frios da Sonserina e vez ou outra ser interrompido por fantasmas entediados"
"Não seja tola, Weasley! John e eu vamos conversar perto do lago"
"Nada mais clichê..."
"É impressão minha ou 'alguém' está com inveja?"
Eu engasguei quando ouvi tal acusação.
"O que! Eu não estou com inveja!"
"Claro que não", era só sarcasmo.
"Ok, pense o que quiser"
"Você só está nesta situação porque quer, Gina!"
"Não venha me dizer que..."
"...Você precisa mudar? Desculpe-me, mas é verdade!"
"Eu não quero..."
"Está com medo?"
Reviro meus olhos.
"De que, idiota?"
"Está com medo de que mesmo assim, Potter não queira nada com você."
"NÃO É VERDADE!"
"Gina, meu bem, aconteceu alguma coisa?", Molly pergunta preocupada. Só então me dou conta que eu havia gritado. Todos na mesa me olhavam intrigados e Rony perguntou:
"O que não é verdade?"
Cornélia abafou uma risadinha e arqueou uma sobrancelha.
"Nada", responde envergonhada. "Estou dizendo que...Não é verdade que eu gosto do professor Snape.
Harry franzi o cenho intrigado, só então notei que ele estava ali. Corei furiosamente e desviei o olhar.
"Que desculpe ridícula, Weasley", Cornélia sussurra no meu ouvido. "Poderia ter se saído melhor"
"Não enche"
A conversa volta à mesa e logo todos estavam ocupados falando de algo. Cornélia me cutuca.
"E então?"
"E então o que?"
"O que vai fazer a respeito da 'mudança'?"
"Não sei."
"Vem comigo"
"O que?"
"Vamos para o seu quarto."
"Hey, ainda não decidi se..."
"Não importa. Eu já decidi por você"
Não deu tempo para questionar, Cornélia me puxou com tanta força que caí no chão. Tive de levantar desconcertada e seguir Cornélia que ria descontrolada. Podia ouvir a risada dos gêmeos também e num segundo deprimente, imaginei ter ouvido a gargalhada de Harry. Naquela hora eu queria sumir, me enterrar no fundo de algum lugar que eu pudesse ser esquecida por todos. Segui Cornélia sem dizer nenhuma palavra e não questionei quando ela mandou soltar meu cabelo da trança em que estava preso.
Em pouco segundos ela cortava, lavava, passava tantos cremes nos meus cabelos que eu desisti de contar quantos quando chegou no 12ª vidro de poção embelezadora. Fui ficando entediada e cochilei, não me importando se isso atrapalharia Cornélia com minha 'transformação'.
-Gostei muito do seu cabelo, Gina. - ela diz me tirando do estado aéreo em que estava e me fez olhar para ela.
-Obrigada, mais diga isso à Cornélia. - respondo. Na verdade, preferia meu cabelo longo; mas Cornélia insistiu em dizer que estava me dando um aspecto infantil. Ela cortou um pouco abaixo dos ombros, fez franjinhas um pouco mais longas que o normal e toa hora eu tenho de tirar aquelas mechas irritantes dos meus olhos. Quanto ao meu guarda-roupa, ela passou a noite inteira escolhendo roupas para jogar fora. Eu também tive de ficar acordada, pois eu não conseguiria dormir sabendo que tinha uma maluca jogando minhas roupas fora. Ela me deu três vestidos dela, falando que ficavam horríveis nela e que certamente ficaria lindos em mim. Quanto a isso não reclamei, pois os vestidos são sem dúvida lindos; um tanto curtos e justos, mas mesmo assim lindos.
"Não sei se tenho coragem de vestir um vestido desses..."
"Como assim não sabe?", ela perguntou com as sobrancelhas arqueadas, quando me ajudava a fazer minha mala.
"São muito curtos e...Justos?", arrisquei.
"Nada disso, você vai usá-los tanto que vão até rasgar!"
E eles estão na mala, dobrados cuidadosamente enquanto Hermione me olha (ou melhor, olha para meu cabelo) encantada.
-Cornélia corta muito bem! - ela diz -Fará sucesso com os garotos!
Ótimo, ela não sabe o que está dizendo! Garotos? Interessados por mim? Eu não quero 'garotos', quero o Harry, nenhum outro serve. Será que ele vai gostar? Ou vai achar feio como eu achei?
-Já está pronta? - eu pergunto para Hermione que está no banheiro.
-Ainda não! - ela responde. Eu iria dizer pra ela se apresar, mas a porta se abre tão de repente mostrando a figura corada e excitada de Cornélia.
-Gina! Vamos logo já estamos... - ela para e me olha estranho depois solta uma gargalhada. -Você acha que vai aonde desse jeito?
-Ir para a estação...
-Você ia assim, mas sorte sua ter uma amiga que te quer bem e que nunca vai deixar você ir vestida desse jeito para a estação.
-O que há de errado com minha calça jeans?
-Nada além de ser tão larga e tão acima do umbigo... - fala com ironia. Desde quando ela aprendeu a usar ironia com tanta eficiência? -...Fracamente! Parece até que é uma das calças que a minha mãe usa!
Então ela vai, pisando duro procurar 'alguma coisa' no meu armário. Fica olhando atentamente para cada peça de roupa, como se a vida dela dependesse daquilo. Respiro fundo.
-O que você está fazendo? - eu pergunto.
-Procurando alguma coisa decente para você vestir.
-Acho que você tem uma visão errada do que é decente...
-Pare de ser boba, Weasley. - Ela para num canto escuro do armário onde eu nem olho mais e tira uma saia jeans velha que eu não via há séculos. Deve ser de quando eu era pequena. Pois é bem curta e tem alguns rasgados na frente. Hoje me arrependo amargamente por não ter jogado no lixo aquela maldita saia. -É perfeito! - grita excitadíssima.
-Você não quer que eu use isto!
-Claro que você vai usar!
-Mas ela está rasgada!
-Está na moda. Usa com esta blusa. - ela me mostra uma blusa preta com 'Eu te amo' em francês escrita com letras vermelhas. Não é minha; definitivamente mini-blusas não são muito encontradas no meu armário.
-Não, não, não! Não vou usar saia rasgada e muito menos esse pedaço de blusa.
-Ai, gina! Que horror, você parece minha avó.
-Então sua avó tem bom senso, coisa que você não tem!
-Você nunca vai ser reparada por Potter, deste jeito!
Droga de Cornélia. Preciso falar alguma coisa mais? Quando eu dei por mim, estava com a saia mais curta que vi na vida (e rasgada) e aquela blusa preta.
E eu estou descendo as escadas, sentindo um friozinho na barriga e uma vontade doida de sumir. Vou descendo as escadas vagarosamente, como se eu tivesse medo que os minutos passassem e aquele meu coração acelerado - batendo fortemente contra o peito -, pudesse, de alguma forma, se escutado por alguém.
-Bom dia! - eu digo um pouco envergonhada, pois quando eu chego na cozinha, Rony franzi o cenho e Harry apensa sorri. Merlin, porque ele tem de ter aquele sorriso extremamente perturbador?
-'Dia - Harry disse, mas seus olhos verdes voltaram a ler o jornal, e eu já não estava mais no seu campo de visão.
-Porque está vestida desse jeito, Gina?
-Cornélia me obrigou - respondo sem olhá-lo. Eu me sinto desconfortável com essas roupas ainda mais quando estou perto 'dele'. Pode parecer idiotice, mas eu sinto que toda vez que ele me olha - com os quilos de maquiagem, roupas extravagantes e magníficos penteados na cabeça -, pensa que tudo que faço é para conquistá-lo; que eu não vivo sem imaginar como ele deve estar no momento e isso está me deixando cansada. Porque é verdade. Tudo gira ao redor dele, fico bonita, mudo os cabelos, uso perfume e ele nunca me diz um..."Você está bonita hoje, Gina". Se ele não percebe, pra quê me arrumar tanto? Agora estou horrorizada por me dar conta que tudo o que faço tem um Harry no meio. Meus pensamentos são voltados para ele, eu não vivo para mim. Isso é justo?
-Gina mudou o cabelo - Hermione fala enquanto sorri para mim como se quisesse ma dar força. Força para que? Para eu continuar a me arrastar por Harry e ele não saber nem se quer eu eu gosto dele?
-Ficou legal - Harry diz sem nem me olhar direito. Aposto que falou aquilo para não me deixar 'pra baixo'. Eu me sento ao lado de Cornélia e uma conversa se inicia entre eles. Mas eu não presto atenção. Estou chateada comigo mesma; tudo seria mais simples e menos doloroso se ele gostasse de mim ou quem sabe, eu não fosse assim, tão apaixonada por ele.
Eu me sinto uma idiota achando que um dia ele poderá olhar para mim e sentir a mesma coisa que sinto há anos. A propósito, eu ainda não falei do meu tão esperado primeiro beijo, não? Pois bem, eu vou contar.
Eu sonho todas as noites com a mesma coisa; beijar os lábios de quem eu amo, de quem eu gosto. Os dias passam e eu ainda não o encontrei. Quero dizer, tem o Harry de quem eu gosto, mas é impossível beijar alguém sabendo que ele não me ama da mesma intensidade que eu. Os meus outros namorados gostavam de mim - sei disso porque eles me diziam -, mas eles nunca estavam à altura 'dele' e isso me desanimada. Quando eu beijaria por amor verdadeiro? Eu gostaria que esse meu "primeiro beijo" fosse algo mágico e que eu pudesse lembrar para o resto da minha vida e de certa forma, me orgulhar desta lembrança - mesmo que eu não fique com ele para sempre e que meu amor ou o dele acabe.
Seria tão mais fácil se ele me amasse...
-Cornélia... - sussurro ao seu ouvido e ela me olha.
-O que foi?
-Estou sufocada...
-Quer ir pra fora? - ela me pergunta e me parece preocupada. Eu nego com a cabeça.
-Não...Eu estou sufocada, mas ar fresco não vai melhorar.
-O que você tem?
Sinto meus olhos lacrimejarem e me sinto uma idiota por não poder contê-las.
-Me tira daqui...
Ouço meramente Cornélia dizer alguma desculpa e me levar até meu quarto. A vejo trancar a porta e fechar as janelas evitando que um vento gelado da noite entrasse.
Em seguida eu a vejo sorrir e vir até mim, me abraçando com força e murmurando no meu ouvido:
-Calma, Gi.
Mas eu não queria calma e muito menos consolo. Eu queria amor.
-Cornélia, porque eu gosto dele?
-Porque você é uma idiota.
Me afasto dela levemente.
-Nossa, isso me anima tanto...
-Estou falando sério, Gi. Você passa todas as horas pensando nele enquanto ele nem liga pra você.
-O que eu faço?
-Esquece.
-Como? – murmuro meio desesperada, com medo do amanhã. O que eu faria dali pra frente com minhas esperanças esmagadas?
-Olhe para os lados, amiga. Você pode encontrar uma pessoa que não seja tão cega e que possa corresponder seus sentimentos.
-Mas...
-Gina, acorda! Você tem tudo pra ser feliz!
O que posso fazer agora? Dou um sorriso sem graça, tento limpar meu rosto e me deixo ser abraçada por Cornélia. Sem nenhuma convicção de que esse ano seja o melhor de todos como eu pensava. O que vou fazer da minha vida?
Argh, gostaria de ser menos dramática...
N/A: Queria agradecer aos reviews e principalmente à Lina que me mandou um review tããão grande que quando olhei tive medo de ler. Adoro-te amigaaa!
Miaka: Fique tranqüila que logo, logo você vai ver como Draco entra nessa história. Que perfeito que você tenha gostado da fic...Vc está sempre comentando minhas fics...(pula em cima de Miaka) Espero que continue lendo!
Angelina: Nossa, moça! Obrigada, obrigada! Não sei pq mais adoro receber ameaças de morte...Beijinhos pra senhorita!
E espero que você continuem comentando, sabe? Eu estou tão carente de reviews...
Próxima atualização só fim de semana que vem!
Obs: Sem beta até dona Lina resolver aparecer...
o/
