Prólogo: Mudaram as estações.

Ela não poderia imaginar o quanto, bem lá no fundo, ela o amava. Eram diferentes, mas nada havia sido forte suficientemente para acabar com seu amor. Amor esse que dedicava todos os dias, amando-o cada vez mais, como se não houvesse nada a fazer, somente o prazer de amá-lo a noite, dormir com ele.

Sim, ela já era uma mulher; tão mulher que dormia com o homem que amava mesmo não estando casada; moravam juntos, dividiam uma vida a dois, eram felizes.

Ele vivia conquistando-a ainda mais, com seu jeito único, falando palavras ousadas, deixando-a cada vez mais independente.

Virgínia Weasley acordava todas as manhãs e fazia o café; mesmo que na mansão Malfoy tivesse vários elfos-domésticos. Ela sentia prazer em cozinhar para ele, sentia prazer ao vê-lo apreciando sua comida. Vivia como sua mulher, gostava disso apesar de ainda ser somente uma amante.

Naquela manhã de sol não seria diferente. Gina acordou antes de Draco, levantou da cama, vestiu uma roupa – normalmente não dormia com elas – e foi até o banheiro, fazer sua higiene matinal. Olhou-se no espelho, viu seus cabelos ruivos bagunçados pela noite mal dormida, olhos brilhantes da cor do mel. Penteou os cabelos lisos e levemente cacheados nas pontas.

-Ah, droga...Meu cabelo está horrível! – disse irritada, tentando fazer com que eles ficassem mais lisos. "Droga de beleza padrão!", pensou amaldiçoando o estereótipo.

Bufou irritada e desistiu de fazer com que os cabelos ficassem lisos, apenas os penteou e saiu do banheiro. Checou se Draco ainda dormia, e ao vê-lo dormindo como um verdadeiro anjinho, não deixou de suspirar.

Caminhou até a cozinha e preparou caprichosamente o café e os biscoitos de chocolate que havia aprendido com sua mãe.

Colocou junto com pães e torradas, numa bandeja de prata.

Andou de volta até o quarto e colocou a bandeja em cima do criado mudo, depois sentou-se na cama e começou a acordá-lo.

-Draco, acorda, olha que delícia eu fiz pra você! – disse carinhosamente, ao mesmo tempo em que acariciava os cabelos platinados.

Ele abriu lentamente os olhos e, sem que ela esperasse por isso, puxou-a bruscamente, fazendo com que ela deitasse na cama e, com os braços musculosos, abraçou a namorada.

-Você não vai acordar agora? – ela perguntou, deixando-se abraçar por ele.

-Você sabe que eu odeio acordar cedo. – disse com a voz sonolenta, mas que mesmo assim, saía arrastada.

-Draco?

-Hum?

-Eu te amo.

Ele sorriu e apertou a ruiva mais ainda nos seus braços, fazendo com que seus corpos ficassem colados e com um movimento suave, pressionou seu corpo forte contra o corpo delicado de Gina. Ele pode senti-la estremecer.

-Você sempre me diz isso. – ele falou como se quisesse provocá-la.

Ela mostrou a língua, fazendo uma careta; e novamente Draco a surpreendeu beijando-a com paixão, unindo seus lábios e mordendo levemente a língua dela. (N/A: Isso ficou um pouco estranho, confesso! Mas achei que Draco poderia ser um lindo canibal :D)

Depois de alguns minutos, ele parou de beijá-la e ficou observando-a com ternura.

-Eu também te amo, Weasley. – disse, e voltou a beijá-la.

-Virginia, eu odeio quando você faz isso! – ele disse com raiva, despejando toda frustração de um dia rum na namorada.

Gina o olhou, assustada. Ela estava guardando as roupas de Draco no armário, e viu um bilhete bastante suspeito que estava escrito um nome – nome feminino, para desespero dela – e um endereço.

-Ai! Que susto, eu só estava guardando essa sua camisa que estava jogada por ai.

-Você não precisa, tem bastantes elfos-domésticos nessa casa. – disse tirando a camisa das mão dela com um movimento brusco.

-Tudo bem, não faço mais. – disse séria, sentia seu coração apertar, odiava brigar com ele, mas em algumas vezes, era impossível. –Mas dá pra me dizer, quem é Mary Jane? – perguntou contendo sua voz. No momento queria brigar, gritar, matá-lo por aquela possível traição.

-Ah, ótimo! Não bastava você ficar mexendo nas minhas coisas e agora quer saber de coisas que não lhe interessam? – ele gritou.

-Ah, não interessa?! Eu sou sua mulher!

Ele riu friamente, fitou-a com desdém e disse:

-Você só é minha namorada, não somos casados, aliás, não pretendo casar com uma mulher ciumenta e intrometida como você!

Ficou calada, apenas o olhando. Logo sentiu as lágrimas forçando para sair. Mas não deixou que elas caíssem, abaixou a cabeça e foi até o quarto.

Draco ficou olhando Gina sair, sabia que não deveria ir até ela naquele momento, pois queria ficar sozinha. Sentiu um aperto no coração quando viu seus olhos marejarem com lágrimas. Não era culpa dela, mas seu dia havia sido péssimo. Precisava de férias urgentemente. Estava com 23 anos e parecia um velho trancado no escritório. Só sentia-se vivo na cama, com Virginia Weasley.

Foi até a sala de estar e se sentou no sofá branco. Odiava branco, mas mesmo assim suportava, por que ela amava a cor.

Se ele desse uma boa olhada na sua mansão, veria que estava mudada. Não era tão sombria como antes; tinha um toque de Gina em qualquer canto. E seu perfume doce de lavanda estava impregnado em todos os móveis.

Ela era tão importante para ele, que se ela fosse embora, não acharia mais graça na sua vida. Poderia ter as mulheres que quisesse, mas mesmo assim, sabia que não poderia ter a que mais queria para sempre ao seu lado, Virginia Weasley.

Jogou os cabelos loiros para trás, num movimento de impaciência. Queria ir até ela e pedir desculpas, mas sabia que se fosse naquele momento, acabariam brigando novamente.

Foi por isso que ele saiu, com o objetivo de tentar esfriar a cabeça e dar um tempo para a sua ruivinha.

Depois de algum tempo, quando já estava cansada de chorar, saiu do banheiro e foi até o quarto, ver que horas eram. Já estava tarde, deitou-se na cama e dormiu instantaneamente.

-Qual é seu nome? – uma voz sensual falou bem perto de seu ouvido. Ele olhou para trás e viu uma mulher muito bonita, que vestia roupas curtas e vulgares. Ela tinha cabelos curtos e negros, olhos castanhos claros, tão claros que chegavam a ser amarelados.

-Por que quer saber? – ele perguntou mal humorado.

-Por que de repente, se você estiver sozinho, eu posse te divertir um pouco. – ela disse com um tom exageradamente sensual, fazendo com que parecesse vulgar.

-Não preciso, estou esperando minha mulher. – ele disse tomando um gole de sua bebida.

-Oh, você é casado...Mas mesmo assim, duvido que sua mulher seja tão bonita quanto eu.

Draco olhou muito irritado para aquela mulher. Era muito bonita, mas não tinha a doçura, a meiguice que Gina possuía naturalmente.

Gina era bonita ao seu modo, mas sua personalidade que fazia com que ele se apaixonasse a cada dia por ela.

-Não duvide de mim. Se ela não fosse perfeita, não estaria comigo. – disse seco, fazendo com que a mulher fosse embora, deixando-o sozinho.

Acordou assustado, estava deitado ao lado de uma mulher que definitivamente não era Virginia Weasley. Era a mulher da noite passada, que se encontrava nua ao seu lado, abraçada e com a maquiagem borrada.

Sentiu-se culpado.

Levantou da cama, e quando ia vestir suas roupas, olhou-se num espelho pequeno do quarto sujo. Ele estava horrível, marcas de baton no pescoço, roupas amassadas, e uma marca de chupão; ele não poderia ir pra casa naquele estado. Suspirou fundo e acordou a mulher.

-Hum...? –a mulher abriu os olhos sonolenta e sorriu ao ver Draco.

-Você tem banheiro nessa...casa? – perguntou com um tom de desdém. Olhou em volta, o quarto era sujo; os poucos móveis eram velhos e gastos.

-Oh, não é minha casa! É apenas um quarto de motel. – ela disse sorrindo, depois levantou-se, sem se preocupar com sua nudez. Seu corpo era bonito, branco, com formas bem acentuadas, mas ele se perguntava se era realmente importante ter um corpo quase perfeito, quando tinha em sua casa uma mulher que ficava ao seu lado todas as horas. Uma companheira que poderia contar sempre. Gina significava uma nova fase para uma vida cheia de trevas. –Mas acho que aquele é o banheiro. Quer tomar um banho comigo?

-Não.

Tentou tirar as marcas de seu corpo, e aos poucos foi se lembrando o que acontecera.

Estava bebendo seu décimo drink, quando a mulher voltou novamente, ela parecia bêbada, assim como ele. Ao se aproximar, ela nada falou, apenas o olhou como se ele fosse sua caça e ela uma caçadora, pronta para capturar sua presa.

-Você mudou de idéia sobre sua esposa ser "perfeita"? – perguntou enquanto chegava cada vez mais perto.

Ele não disse nada. Terminou de beber e se levantou da cadeira, meio tonto, e falou para ela:

-Sempre dá tempo pra mudar de idéia.

Foram parar naquele lugar sujo, pois ela fizera questão de pagar a conta, além do mais, ele não estava com dinheiro, apenas alguns galeões para pagar sua bebida. Por isso ela pagou a estadia dos dois.

Subiram apressados para o quarto e ela apagou as luzes.

Lembrava de flashs, mas nada muito claro. E nem queria lembrar, sentia um grande peso na consciência, ficar lembrando de detalhes iria piorar as coisas.

-Draco, quando vou te ver novamente? – ela perguntou quando ele saiu do banheiro, totalmente arrumado.

-Espero que nunca mais. Eu não preciso dizer que foi um erro ter dormido com você, não é?

Ela sorriu fracamente.

-Vai dizer que não foi bom? Fizemos mais de duas vezes, você quase não me deixou dormir!

-Olha, Senhorita...

-Kelly, Sussan Kelly.

-Kelly, eu estava bêbado, normalmente não traio minha mulher...

-Sua mulher é uma tola, você mesmo disse isso!

Draco revirou os olhos e caminhou até a porta, voltando a encarar Sussan, com uma das mãos na maçaneta.

-Eu amo minha mulher, e você definitivamente não chega aos pés dela.

Saiu, encontrando um dia claro pela frente. Suspirou frustrado. Ela já devia estar acordada, como poderia chegar em casa as 11 horas da manhã e arranjar uma desculpa boa? Ela nunca contaria que dormira com outra, sabia que se contasse a verdade, machucaria Gina. Foi por isso que ele foi até a casa de seu amigo Blaise.

Seu amigo morava em um dos bairros que ficavam perto onde ele estava agora. Andava pela rua cheia de gente desconhecida, a maioria era trouxa, e ele não conhecia ninguém. Seu plano era simples e certamente Gina acreditaria; diria a ela que havia ido à casa de seu amigo e perdeu a noção das horas, dormindo no sofá da casa dele.

Quando chegou na casa grande e completamente branca, com um pequeno jardim com várias rosas vermelhas, suspirou.

-Draco? – Blaise perguntou ainda de pijama quando desceu para atender o pedido do mordomo, Draco estava na sala, olhando para o chão, sentado no sofá de couro preto.

-Preciso de um favor.

Ela tinha acordado tarde naquele dia. Sonolenta, virou na cama e deparou com ela vazia.

Draco ainda não havia chegado, e se dormira em casa, acordou muito cedo e arrumou o seu lado da cama. Certamente ele não havia dormido em casa.

Sentiu um aperto no coração ao ver o quarto vazio, sem ele. Ela sentia-se protegida perto dele e toda vez que ele tinha de viajar, sentia como se um pedaço de si estivesse longe demais de seu alcance. Então se lembrou da briga.

Ele havia deixado claro, não tinha planos para se casar com ela. Ouvir aquilo dele, a machucou profundamente, pois tudo que ela mais queria era ser dele, nos papeis, em quatro paredes. Mas não seria.

Suspirou e enterrou o rosto nas mãos. Estava se sentindo tão fraca. Toda sua força e vontade de viver parecia ter ido embora, junto com ele. Podia ser uma simples briga para ele, mas para Gina, era como se ele dissesse o que aconteceria daqui uns anos: Estaria grávida. Esperando o sétimo filho: mãe solteira; a eterna namorada de Draco Malfoy. Enquanto este passava seu tempo com Mary Jane uma mulher sem rosto, mas muito melhor que ela.

E sentiu as primeiras lágrimas do dia chegarem aos seus olhos. Ela não sabia mas o que fazer para levantar sua moral, erguer a cabeça e sair de casa. Encarar um dia ensolarado lá fora.

Vestiu-se então, desceu as escadas e viu o café da manhã posto. Frutas, pão, café...Cheiro de café. Aquilo a animou. Sentou-se numa das cadeiras e começou a comer.

Gina ouviu o barulho da porta se abrindo, viu Draco entrar sério em casa e depois de algum tempo a encarar.

Ao vê-lo, sua raiva aumentou, mas assim como a raiva, a dor também veio à tona. Teve vontade de ir até ele, chorar e pedir para que ele mudasse de idéia e se casasse com ela. Queria ser a mulher dele, mas ela não fez nada do que queria.

Quebrou o contato visual, olhou para a fruta que comia, perdera o apetite ao vê-lo entrar naquela hora da manhã em casa. Mas mesmo que isso pudesse doer, decidira que não faria perguntas, apenas daria um bom dia distante e continuaria a comer, mesmo sem fome.

Aprendera muito com Draco Malfoy. Como agir numa ocasião difícil, como ser fria quando necessário. Ela sabia ser com os outros, mas não com ele. Apesar disso, tentou.

-Bom dia, Draco.

-Bom dia, Virgínia.

Ficaram em silêncio, ele esperava o possível escândalo que a ruiva iria fazer por ele ter dormido fora. Mas ela não disse nada, não gritou. Isso não deixou de preocupa-lo.

-Dormiu bem? – ele perguntou tentando puxar assunto.

Gina sentiu seu rosto corar mas não era vergonha e sim raiva. Como ele podia ser tão cara de pau em perguntar aquilo? É claro que ela não havia dormido bem! Estava péssima, graças a ele.

-Sim, e você? – disse ainda com os olhos na fruta.

-Eu dormi na casa de Blaise, fui até lá para conversar e...Acabei dormindo lá.

Ele odiava mentir para ela. Mas ele não podia simplesmente falar que passara a noite com outra mulher, num motel barato de Londres. Ela ficaria louca, o mataria.

Gina ficou em silêncio. Ela ainda olhava seu prato. Ergueu a cabeça e o olhou nos olhos.

-Se você está dizendo, eu acredito. – disse séria.

Claro que ela não havia acreditado. Sabia muito bem que, se ele houvesse dormido realmente na casa do amigo, com certeza avisaria a ela.

Talvez ele estivesse com raiva de mim. Por isso não me avisou, pensou por um minuto, mas lembrou-se das outras brigas. Ele sempre saia de casa e quando dormia fora, arrumava algum jeito de avisar mesmo que a briga tivesse sido feia.

Ele ficou em silêncio. Aquilo o deixou ainda mais angustiado. De alguma forma aquelas palavras que ela havia dito o feriram. Não por ela ter sido fria ou por não ter dito que sentia saudades ou coisas do tipo, sabia que merecia aquele tratamento. Era outra coisa que o preocupava. Nada de escândalos, nada de brigas.

Lógico que ele não gostava de brigar. Mas ele sabia que os escândalos que ela fazia toda vez que ficava com ciúmes, eram meios de saber que ela se importava realmente com ele, que ela o amava demais a ponto de querer mudar todos os maus hábitos que ele possuía.

Sentou-se ao lado dela, suspirando. Logo ele observou Gina, mas ela pareceu não perceber que ele a olhava. Continuava compenetrada em olhar para a fruta.

-Eu tirei folga hoje. – disse enquanto se servia de café. –Blaise vai cuidar de tudo no escritório. Posso ficar com você a tarde toda.

-Pode? Pois eu não. Prometi a mamãe que a visitaria hoje. – mentiu. Certo que Molly sempre reclamava que sua filha caçula nunca aparecia em casa para uma visita. Mas ela queria tomar certa distância dele. Pelo menos por um tempo. Pelo menos por um dia.

-Eu posso ir com você. – Draco estava tão desesperado que falou aquilo sem qualquer indicie de insatisfação. Pelo contrário. Parecia querer mesmo ir com Gina até a casa dos pais.

-Você não quer. Você odeia minha casa, sempre odiou visitar meus pais. Por que hoje seria diferente?

-Esta é sua casa, Virginia.

Ela voltou a olha-lo. Suspirou e se levantou.

-Já acabei. Depois agente se vê. – falou caminhando até as escadas, indo até seu quarto e pegando seu casaco.

Depois de alguns instantes, Draco ouviu Gina aparatar.

Notas da Autora: Mais uma fic, mais problemas... Essa é uma pós-Hogwarts que eu fiz. Estou cansada de escrever sobre Hogwarts, sobre como eles se conheceram. "Mari estressada".

Sem dúvida nenhuma os prólogos estão aumentando... :D Agora estão tão grandes que duvido que alguém em sã consciência vai ler até o final :/ Mas mesmo assim vamos torcer para pelo menos um review... :)

Próximo capítulo...

Mas confusões e Draco se vê muito enrolado.

-O que você pretende fazer agora? – ele perguntou sem ter coragem de encara-la. Olhava para o chão escuro e para seus sapatos.

-Ir embora.

Só peço uma coisinha: REVIEWS!!! Por que sem eles, eu não continuo...:)

Bjs!

MiaH & Mari

Obs: O nome da fic é dedicado a minha amiga Lina, pois foi ela que me deu essa brilhante idéia. Adoro-te amiga!