Capítulo 3: Nossa última (?) noite.
Sem perceber, deixou uma lágrima escorrer por seu rosto e sentiu que precisava urgentemente de fugir para algum lugar onde ninguém a encontraria. Certamente a casa de seus pais seria uma boa escolha, mas sabia também que se fosse pra l� correria o risco de Draco ir procurá-la. Por mais que a idéia lhe parecesse absurda em outras circunstâncias. Talvez fosse mesmo absurdo. Conhecia demais Draco. E sabia perfeitamente que ele jamais entraria no território 'inimigo'.
Para todos os efeitos, foi até uma praça trouxa e sentou-se em um dos banquinhos de pedra. Algumas crianças brincavam tranqüilas e suas mães olhavam-nas com ternura. Sentiu uma inexplicável vontade de ser mãe. Tais pensamentos a fizeram lembrar dele, o que fez com que todas as esperanças de ser mãe fossem embora.
"Droga", pensou amargurada. "Draco nunca vai querer ter filhos..."
E então, sentiu-se mais tola do que nunca. Lembrou como se fossem flash's que passaram na sua cabeça do que havia ocorrido no escritório de Draco naquele mesmo dia e sentiu uma dor aguda na zona do coração.
-Ele pode não querer, mas eu os quero! - murmurou dolorosamente como se as palavras pudessem feri-la ainda mais. Não, ela não podia mais sofrer. E se no fundo ela sabia que não seria capaz de se relacionar com outro homem, pelo menos ela teria um filho. Mesmo que incluísse um esforço tremendo de uma possível recaída.
"Idéia maluca", pensou tentando afastar os pensamentos idiotas de sua mente. "Não vou ter um filho dele. Só vai me fazer lembrar que...", e mais lágrimas vieram...
Passou tanto tempo desde que ela se fora que Draco desistiu de contar os dias e nem sair de casa parecia ser interessante àquela altura. Ia ao trabalho todos os dias como sempre fazia e se alguém, desinformado com os assuntos amorosos do mundo bruxo, lhe perguntava sobre ela, ele apenas dizia que não sabia; e a verdade lhe doía muito mais do que imaginava. Não a via desde que Kelly fora ao seu escritório e que estupidamente Gina ouvira a conversa entre ambos. Tentou, desde o dia que havia encontrado o armário vazio com as suas próprias roupas somente, colocar a culpa em Gina. O que fazia com que se sentisse ao menos metade humano.
E embora as pessoas comentassem que o velho Draco Malfoy havia sumido desde que sua namorada o tinha deixado, nenhuma delas ousava perguntar o porque da separação; alguns desconfiavam que era culpa dele - Bando de idiota, pensava aflito -, outros diziam que um Malfoy e uma Weasley nunca poderiam ter dado certo e que aquela relação tinha ido longe demais.
Quando ele aparatou no sala notou que a casa estava mais iluminada que o normal. "Malditos elfos-domésticos", foi o que lhe ocorreu em sua mente. E quando mal tinha colocado os pés na escada sentiu alguma coisa encostar em suas costas. Se virou irritado para trás:
-Que diabos... - congelou incapaz de dizer nada, apenas a fitou pasmo.
-Sentiu minha falta, Draco? - ela sussurrou séria.
-O que você está fazendo aqui?
-Uma visita.
-Mas...
-Quer que eu vá embora? - Gina murmurou irritada já virando os calcanhares e dando um meio passo que foi interrompido com Draco segurando-a fortemente pelo braço.
-Por favor, não vá...
-Ótimo. - ela disse lhe sorrindo de maneira estranha como se não tivesse a mesma vivacidade nos sorrisos antigos e Draco se culpou intimamente por aquilo. -Podemos conversar?
-Claro!
Os lábios dele pareciam tão macios naquela noite que pareciam estar saudosos à 'volta' dela naquela casa sombria e fria. Por mais que aquilo fosse confuso - as sensações que sempre sentia ao beijá-lo longamente ou quando ele mordia levemente sua pele seja qual fosse sua localização -, ela sentia-se grata por tê-lo tão perto. Mesmo que aquela fosse a última vez deles.
-Draco, espera... - murmurou tentando se desvencilhar dos braços fortes que a agarravam.
-O que foi?
-Não íamos conversar?
-E qual é a diferença entre a linguagem corporal da oral?
-Idiota! - ela pôde senti-lo sorrir com a resposta. Ambos estavam no corredor estreito que - no final dele -, dava para o quarto deles. Gina tentava não suspirar ou se entregar completamente às carícias dele, mas era algo impossível.
"Conversamos depois então", pensou sombria enquanto Draco tirava sua própria camisa e depois - com uma rapidez assustadora -, desabotoava a blusa de Gina. "Pena que vai ser assim...", sentiu os olhos lacrimejaram e fez um esforço muito grande para não deixar as lágrimas caírem.
E, como se lesse seus pensamentos, Draco se afastou ofegante dela e a olhou intensamente tentando descobrir o que se passava na cabeça ruiva da sua 'namorada'.
-O que foi? - ela perguntou um tanto tímida fazendo-o sorrir.
-Nada, estava te observando. E você continua linda. Mesmo que tenha passado todo esse tempo longe de mim!
-Mas foram só duas semanas, Draco.
-Tempo demais!
Ele abriu a porta bruscamente e a puxou com força para dentro do quarto. Ela estava sem blusa, com o sutiã à mostra e ele estava sem camisa, com o peitoral subindo e descendo com a respiração afetada pela ansiedade que sentia. Alguma coisa o fazia ter calma e fazer daquela noite a mais perfeita que os dois haviam passado em todos os anos de convivência. Algo que ele não sabia explicar ou até mesmo não queria pensar. Gina estava - de certa forma -, diferente e aquilo o assustava demais.
-Senti sua falta - murmurou entre os beijos. Ela podia sentir os músculos de Draco apertando-a com força. Ela já estava por baixo dele quando somente as roupas íntimas os separavam. Ela, que já não tinha nenhuma razão para impedir que ele a possuísse estava suspirante, enquanto ele se perguntava como havia sobrevivido sem ela todos aqueles dias.
Os braços de Gina estavam em torno do pescoço dele hora o arranhando com as unhas roídas, hora massageando suas costas. Draco arriscou olhar pela janela e viu que a noite já caía lá fora. Da janela, não se via a lua e muito menos estrelas, mas sabia que uma lua gigante estava no céu olhando o amor que parecia acordar dentro deles.
Os corpos movimentando-se em ritmo perfeito, o suor de uma noite quente transpirava, molhava os lençóis e os corpos colados, amando-se avidamente. Quando nenhum dos dois agüentavam mais aquele ritmo, quando Draco deu um longo suspiro e deixou todo seu peso sobre Gina, um último beijo foi trocado. Neste, Gina pôde sentir uma melancolia imensa. E quando as línguas se encontraram, uma lágrima escorreu livremente pelo rosto dela.
Como ela queria que aquilo tudo fosse pra sempre. Aquela sensação de amor, da plenitude e satisfação...
Draco passava a mão levemente pela barriga dela causando-lhe calafrios onde a mão gelada passava.
-Draco... - murmurou.
-Hum...?
-Foi ótimo, obrigada.
Ele sorriu sarcástico e beijou os olhos semi fechados da ruiva. Aquele gesto causou mais dor ainda nela.
-Todas as noites vão ser assim, Virgínia. - ele disse suspirando. -Sei que fui um cachorro e um idiota por tudo que fiz. Mas eu amo você.
-Você me traiu, Draco.
-Você não sabe o quanto eu me arrependo...
-Isso não muda as coisas. - disse se erguendo da cama e sentando-se de costas para ele. Depois de segundos, ela sentiu o corpo dele abraçando-a por trás. -Nada vai ser como antes, Draco.
-Nada?
-Porque você mentiu e não me contou a verdade no primeiro momento. Deixou que eu ficasse sabendo por terceiros e isso...
-Shh... - sussurrou no ouvido dela. -Tudo vai ficar bem agora. Ela nunca mais vai nos incomodar, Virgínia.
-Não é estava a questão...
-Não fala nada, por favor.
-Desculpe, mas eu precisava saber se ainda sento o que sentia antes...
-E qual é sua conclusão? - sorriu triste o que a fez fechar os olhos pesadamente.
-Que não é a mesma coisa.
-Não?
-Não é. Porque uma das regras da convivência é justamente ser sincero, nunca mentir.
-Droga, Gina. Esquece isso...
Ela se afastou dele e começou a se vestir rápido como se tivesse medo de que se ficasse mais um minuto ali nunca sairia de lá. Ficaria presa a sua própria dor. Mesmo que estivesse diariamente ao lado dele.
Draco nada fez para impedi-la. Apenas fitou os cabelos flamejantes brilhando à fraca luz das velas, as vestes amassadas dela e o esforço que ela fazia para que as roupas ficassem sociavelmente aceitáveis.
-Porque...Você veio então?
-Eu já lhe disse o porque.
-Não, não me convenceu.
Gina arqueou a sobrancelha.
-O problema não é meu se você não acredita.
-Você poderia simplesmente saber que não me ama mais. Você poderia ter certeza disso sem transar comigo.
-É. - respondeu aérea.
-Porque?
-Porque eu queria te sentir uma última vez. - falando isso, pegou a varinha e aparatou no seu antigo quarto.
"As coisas vão voltar a ser como eram antes", pensou positiva apesar de sentir que não conseguiria viver sem os sorrisos sarcásticos e sua voz irônica.
"Tudo vai ficar bem", pensou.
N/A: Eu sei que devia estar envergonhada com o atraso e ainda mais por um capítulo tão...não NC17!
Acontece que tia Lina disse para eu não fazer uma NC17 propriamente dita e como é ela que dá a última palavra, aqui estou eu pedindo desculpas.
Quero agradecer a paciência de vocês e dar um comunicado: A fic está acabando. Esse foi o penúltimo capítulo e no próximo sem datas para a postagem, vai ser o grande - mas nem tanto - final. E esclarecendo mais ainda, essa "última noite" e a idéia de ter filhos estão interligadas. Mas não significa que Gina fique grávida. Nunca se sabe. Talvez a dona cegonha lhe faça visitas.
Hoje não poderei responder aos reviews, mas agradeço a todos! Obrigada, obrigada!
Próximo capítulo...O ajuste de contas. A única coisa que prometo é que será...GRANDE!
Beijo nas crianças e abraço geral!
PS: Triste pelo flamengo ter perdido pro fluminense...
PS2: sem beta, perdoem pelos erros...