Amigos são para...
Era noite ja, estávamos todos reunidos na Sala Comunal. Evans parecia lutar contra sua vontade de arrancar a cabeça do Pads e mandar os elfos cozinharem em fogo alto, mas o assunto do qual tratávamos era mais importante. Enquanto eu e Sirius contávamos o que tinha acontecido na sala do Dumbledore, Arista, Moony e Evans nos olhavam com interesse e curiosidade. Wormtail estava praticamente cochilando na poltrona do lado.
" E vocês disseram que o acidente de trem não era importante!" - Arista se pronunciou.
" Eles abafaram o caso, não? " - Sirius rebateu.
" Mas com certeza foi obra deles! E vocês disseram que não devíamos nos preocupar com os..."
" Na verdade" - Evans começou. - " Eles queriam nos despistar, Riz. Eles foram checar tudo isso sozinhos. " - ela cruzou os braços.
" Viu o que dá contar pra ela? " - Sirius reclamou.
" Contar? Foi você que me forçou..."
" Contar o quê? "
Sirius olhou para mim, eu olhei para ele, olhamos para Arista. Ela já franziu a testa, irritada por antecipação. Garotas...vou te contar. Está vendo por que não dá pra compartilhar informações desse nível? Tá que foi o Padfoot que começou... Evans continuava com os braços cruzados, agora com uma cara de "bem feito, agora conte".
" Bem, nós fomos ver no que o Ranhoso e seus amiguinhos estavam metidos. Nós não queríamos que vocês fossem, é perigoso! " - eu ajuntei, quanto Arista abriu a boca para reclamar, mas Lily bateu no ombro dela, para que ela me deixasse falar. - " Eles tinham uma reunião à meia-noite, e nós os seguimos."
" E então eu segui eles, por que eu tinha certeza que eles estavam planejando alguma coisa!" - Evans me interrompeu, sem nem notar minha surpresa. Ela falava rápido e mexia os braços. - " Eu sabia que como monitora, não deveria estar andando pelo castelo, mas era importante. Você sabe o resto da história, eu te contei, lembra?"
" Você disse que não os encontrou, que houve uma grande confusão e um cervo te salvou... " - Arista balançou a cabeça, como se a história de Lily fosse absurda. Evans cruzou os braços e olhou pra mim, aproveitando sua vingancinha pessoal. Boa hora pra me deixar falar!
" Bem...tudo começa com..." - eu olhei para Remo, pedindo por algum tipo de autorização ou encorajamento. Ele sorriu e balançou a cabeça. - "...com Remo sendo um lobisomem."
Arista abriu um sorriso compassivo. Eu levantei a sobrancelha.
" Eu já sabia disso."
" Como assim? " - Eu e Sirius exclamamos juntos.
" Se esse é o grande segredo, eu já sei, Tiago. Não são apenas vocês que são espertos o bastante para desconfiar, e por favor, com vocês todos sabendo e cochichando por aí sobre o assunto, a Lily pedindo para eu ajudá-la o tempo todo com poções curativas..." - ela revirou os olhos.
" E você não nos informa disso? " - eu virei pro Remo.
"Você não vai contar o resto, Prongs? " - ele se remexeu na poltrona.
" Eu era o cervo. " - eu murmurei, baixinho.
"Mas o que...o quê?" - Arista arregalou os olhos.
Eu olhei para os dois lados da Sala Comunal. Remo fez sinal com a mão para eu abaixar ainda mais meu tom de voz quase inaudível, e Sirius pôs a mão no bolso, com certeza apertando a varinha na mão.
" Eu, Sirius e Pedro...somos animagos. Daí os apelidos que ninguém entende. Eu sou um cervo, o Pads é um cão e o Wormtail, ele é um rato." - eu sussurrei isso com pressa, como se a velocidade fizesse a informação mais fácil de digerir. Arista fez um barulho parecido com uma tosse reprimida. - " Mas como a Evans chegou até nós, eu não sei. " - foi a minha vez de fazer acusações.
" Ela não pegou o mapa, eu devo ter esquecido, eu o achei na minha cama no outro dia. " - foi a vez de Remo se manifestar. - " O fato é que..."
" Animagos? " - Arista não se conformava. - " Mas como? "
" O fato é que Severo Snape, Regulus Black e outros sonserinos estão envolvidos na gangue... " - Remo tentou continuar.
" Vocês iam me contar isso quando? " - Arista segurou e apertou meu braço.
" Riz, por favor..". - eu supliquei, erguendo uma sobrancelha.
" ... e, pela preocupação que o Professor Dumbledore demonstrou, isso é apenas a ponta do..."
" Vocês não podem simplesmente se tornar animagos do dia pra noite! " - ela gritou.
" ARISTA SKYLER! " - Sirius superou a exclamação dela. - " Claramente nossa decisão de não te contar faz sentido! Nós estamos falando de lunáticos matadores de trouxas aqui! Dá pra concentrar, porra? Quem se importa com isso AGORA, quando vidas podem estar em perigo?"
Padfoot expôs, finalmente, o que eu e cada um de nós estava pensando há tempos, mas não tínhamos coragem de admitir nem para nós mesmos. Vidas estavam em perigo sim, se os tais Comensais da Morte fossem mesmo tão temíveis quanto pretendiam ser. Eles eram sim um bando de malucos, e talvez fosse isso o que os fazia ainda mais perigosos. Mas eles chegariam a alguma lugar mesmo? Não é possível que eles pudessem fazer tantos estragos. O Ministério ia cuidar disso. Meu pai ia cuidar disso, com certeza. Ele sempre fez seu trabalho com muita responsabilidade - digamos que seu filho não puxou a ele, não?
O silêncio se prolongava por minutos até Lily Evans levantar-se, inesperadamente.
" Eu preciso...eu já volto."
Ela caminhou com rapidez para a saída da sala, seus sapatos fazendo muito ruído no carpete fino e vermelho. Nos olhamos e Arista e Remo logo se levantaram, mas eu fui mais rápido.
" Deixa que eu vou. "
" Ti, eu não acho..."
" Por favor. " - eu insisti. Remo sorriu e Arista abanou a cabeça. Eu saí pelo retrato, à procura dela, e não precisei ir muito longe. Ela estava sentada, no chão, encostada na parede, os braços ao redor dos joelhos. Os olhos dela estavam perdidos, vazios, parecendo analisar com cuidado a textura da parede de pedra à frente e, ao mesmo tempo, não olhando para absolutamente lugar algum. Algo na luz que entrava pelas enormes vidraças e batia nos cabelos avermelhados dela, algo na lua refletida nos seus olhos verde-esmeralda, algo na suavidade com que ela batia os pés no chão... ok, talvez eu esteja ficando romântico demais (e Sirius daria uma gargalhada daquelas se me visse, e a ocasião fosse mais propícia), mas Evans estava tão frágil que cortou meu coração. E então, eu me lembrei, e me senti com vontade de cortar minhas próprias orelhas sem uso de magia por ter-me esquecido... Lily Evans nascera trouxa. Lily Evans tinha pais trouxas e uma irmã chata e irritante, mas igualmente trouxa. Se algum de nós tivesse que ser eleito como o mais afetado por toda aquela conversa, ela ganharia com unanimidade.
" Posso me sentar? " - eu murmurei.
"O corredor é para todos os alunos, Potter." - a voz dela saiu falha.
" Posso me sentar? " - eu repeti, com firmeza. Ela acenou com a cabeça, dando-me permissão. Nós ficamos em silêncio por mais um bom tempo, eu esperando Lily decidir falar o que ela quisesse, mesmo que fosse para me expulsar dali, e ela ainda observando a parede.
" Isso tudo é terrível. " - eu decidi começar.
Silêncio.
" Nós não devíamos ter falado isso..."
" Na minha frente? " - ela virou-se e me olhou nos olhos. - " Se eu não ouvisse, faria eles desaparecerem? Não, não é? "
" Me desculpe."
" Não é sua culpa, Potter. " - ela disse, agora menos hostil. - " Eu não entendo porquê."
" Ninguém entende, não é? " - eu respondi, irritado. Na minha mente, veio a imagem do Severo Snape, gargalhando e apontando para mim, enquanto Lily rastejava de dor, sangue escorrendo de seus lábios. Eu sacudi minha cabeça com tanta força que Evans se assustou. Por que isso agora?
" Eu queria que alguém viesse e me dissesse que eu não deveria temer nada, que as coisas estão bem. "
" Tudo vai ficar bem, Evans."
" Como você pode ter certeza? Nós nem temos idéia do que eles realmente querem, quem realmente são!"
"Dumbledore parece ter."
" E ele está tão tranqüilo, né? " - ela disse, com sarcasmo. - " Por Merlin, Potter, ele nem pôde contar tudo pra vocês! Você não acha que isso é sério? "
" Escute, Evans..."
" O que você vai dizer agora? Que eu não deveria "esquentar minha cabecinha linda com isso"? "
" Não. Que eu não vou deixar nada acontecer com você. Nenhum de nós. Eu prometo que eu, a Riz, o Sirius e o Remo, poxa, até o Pedro faria de tudo para te ajudar! "
Ela olhou para frente de novo, mas dessa vez sorrindo.
" Boa. Eu tenho um cão, um cervo e um rato para me protegerem. "
" Sua guarda real pessoal, mocinha. " - eu disse, pomposo.
" Obrigada, Potter." - ela, surpreendentemente, me abraçou. Sim, eu queria deixar isso registrado para ocasiões posteriores! - " Acho que, apesar de tudo, você é um bom amigo mesmo."
" Evans, eu me transformo em cervo por um amigo. Acho que isso é prova suficiente!" - eu ri, passando a mão pelo cabelo.
Ela revirou os olhos.
" Todos nós temos um lado bom, não? " - ela sorriu, sarcástica.
" Eu tenho muitas coisas boas em mim, Evans." - eu sorri, aproximando meu rosto dela.
" Espero que não tenha dito isso com nenhuma outra intenção, Potter." - ela franziu a testa.
" Seis anos são suficientes para se conhecer alguém por suas palavras, Evans."
" Ou pelos seus atos. " - havia algo no olhar dela que eu não consegui decifrar.
" E isso quer dizer o quê? "
Ela desviou os olhos para os meus cabelos arrepiados, e sua mão estava vindo na direção do meu pescoço quando...
" Está tudo bem aí com vocês? " - a voz de Arista soou no corredor. - " Ai. Oops. " - ela mexeu os lábios quando eu olhei para ela homicidamente! E com razão! Lily Evans ia me beijar! Por vontade própria! E ela vem e me interrompe! Dá pra acreditar a SORTE que eu tenho?
" Tá tudo ótimo! " - Evans pulou do chão, seu rosto vermelho. - " Você acredita, o Potter aqui me consolando? Cuidado, essa noite vai ter uma tempestade devastadora! Bem, vamos entrando, está tarde, se a Prof. McGonagall nos pega aqui..." - ela entrou na Sala.
Eu parei ao lado de Arista, ao passar pelo retrato. O olhar dela indicava um pedido de desculpas.
" Você me assassina agora ou vai deixar pra depois? "
" Dois segundos, Arista! Você podia ter esperado dois segundos! " - eu sinalizei com meus dedos.
" Desculpa, como eu ia saber? Mas bem...essa é pelo baile de Halloween. Eu nunca tive chance de me vingar, sabe. E você ainda me deve pelo Jeremias! " - ela riu. - " Ela está melhor? "
" Eu espero que sim. " - eu balancei a cabeça.
Sexta-feira, véspera da última partida de quadribol, que seria Grifinória X Sonserina, como sempre. Já no café-da-manhã, o Salão Principal estava, digamos, em alvoroço. Arista estava devorando o pouco que lhe restava de unha nos dedos, Remo anotava algo em uma tabela cuja função eu desconhecia, totalmente alheio a tudo, Pedro negociava o placar do jogo com três terceiranistas um pouco afastado de nós e Evans observava tudo com surpresa. Eu e Padfoot estávamos achando graça de tudo isso, lógico. Pra nós, o título estava garantido. Sempre estava.
" Eu nunca percebi o quanto o castelo se transforma antes do jogo! "
" Isso por que você nunca ligou pra quadribol, não? " - Remo murmurou, sem tirar os olhos do livro.
" Como não? Eu gosto de quadribol, eu só não entendo muito disso. " - ela franziu a testa pra ele. - " Eu sei que são quatro bolas e sete jogadores, é suficiente pra mim! "
" Oh, a heresia, Merlin! " - Sirius levantou as mãos pro céu. - " Quadribol nunca se resumiria a quatro bolas e sete jogadores, Lílian Evans! "
" Quadribol é um estilo de vida! " - eu ajuntei.
" É... algo que pulsa em suas veias, sabe? " - Sirius imitou uma voz dramática. - " Algo que toma conta de você, que move cada músculo, cada órgão de seu corpo em busca da perfeição e da adrenalina. "
" É o que nos faz sentirmos vivos! É uma mescla de...liberdade, e poder, e superação de barreiras..." - eu continuei na dele.
" São sete garotos correndo atrás de duas bolas e fugindo de outras duas." - ela comentou, displicente.
" Oh! Meus ouvidos! " - Sirius exclamou, se jogando em cima de mim e se contorcendo. Até Remo saiu de sua sagrada concentração para gargalhar com a gente.
" Você nunca vai entender, Lily. " - Arista confirmou.
" Vocês levam isso a sério demais! " - Evans balançou a cabeça, rindo também, e, no próximo segundo, Bessie Kendricks apareceu descabelada, com suor prestes a pingar de sua testa, bramindo um pergaminho nas mãos. Evans murmurou um "Viu?"
" Consegui! " - ela gritou, antes de inspirar e expirar repetidamente para recuperar o fôlego.
" O que é isso? " - eu perguntei, tirando o pergaminho da mão dela e já lendo o que estava escrito. - " A McGonagall nos liberou pra treinar? "
" Isso é ridículo! " - Lily Evans ligou seu "modo monitora". - " Nós teremos provas daqui uma semana, eles precisam estudar! "
Sirius e eu olhamos para ela, incrédulos. Quem precisa estudar mesmo?
" Os seres humanos normais que estão no time precisam, Potter. " - ela retrucou.
" Ora, Evans, é apenas um dia de treino! E é a final! Encare como...um N.O.M emocionante. " - Kendricks sorriu.
" Hmmm...eu não consigo ver a comparação. " - Sirius riu.
" Bem, temos que falar a língua deles, não? " - eu o cutuquei, rindo.
" Depois você me empresta suas anotações? " - Arista pediu à Lily, e ela concordou com a cabeça.
" Puxa, Arista, então você vai ter que ficar a noite toda copiando as anotações da Evans, que peninha. Eu comunico pessoalmente o...o...como é o nome dele mesmo? "
" Jeremias Burkefield. " - ela revirou os olhos, virando pra Evans. - " Ele ficou com bronca do garoto por causa do nosso encontro."
" Na Torre de Astronomia! " - eu exclamei. Por que ninguém dá a importância devida ao fato?
" O quê? Você tá ficando louca? Você não vai! " - Tá vendo? Eu sabia que o Padfoot entenderia...
" Ah, Criador, olha pelo que eu tenho que passar. " - Arista ergueu os olhos ao céu fictício do castelo. - " Por que vocês não cuidam da vida amorosa de vocês, hein? "
" Porque ela está em frangalhos. " - Pedro já chegou na mesa caçoando. - " Daria pra você pegar o pomo só depois que a gente completasse 40 pontos, Prongs? A maioria do pessoal apostou que a diferença ia ser de 50 ou mais, e eu preciso da grana..."
" Eu vou ver o que eu faço. " - eu sorri, dando um tapa nas costas dele. Wormtail faltou só saltitar de tão feliz. Esse é o Pedro...
" Já que ninguém aqui percebe a importância da aula de Feitiços, eu estou indo, antes que eu me atrase. " - Evans se levantou.
" Eu vou com você, Lils. " - Remo fez o mesmo.
" Er...eu vou dar uma olhada na Anne antes disso. " - ela disse, timidamente.
" Sem problemas. Encontro você na sala. Bom treino, pessoal. " - ele acenou a cabeça e seguiu com Evans.
Eu, Sirius e Arista seguimos Bessie para o campo de quadribol. Sirius estava resmungando algo para si mesmo, como ele faz quando quer dizer algo e não sabe como começar.
" O que foi? "
" Não sei porque tanto exagero, ela não pode estar tão mal assim! " - ele disse baixinho, para que Arista não ouvisse, mas ela captou suas palavras.
" Eu nem vou comentar a sua falta de sensibilidade! "
" Ah, comente, eu sei que você quer, Arista Evans. " - ele bufou.
" Idiota. " - ela revirou os olhos. - " Se você se importa com ela, por que está fazendo isso? "
" E eu não sei por que vocês acham que podem decidir com quem eu namoro ou deixo de namorar! Que droga! "
" Você que tocou no assunto! "
" Não, a queridinha do Prongs que tocou no assunto, na minha frente, de propósito. "
" Ê, meu Deus, pra que a implicância com a Evans? "
Sirius ignorou meu comentário.
" De propósito? Paranóia agora, Sirius Black? " - Arista exclamou, irônica.
" Enquanto você não contar o motivo verdadeiro, ninguém vai sossegar, Pads. " - eu comentei, me incluindo no "ninguém", obviamente.
" Eu acho que vocês deveriam parar de pegar no meu pé antes que eu me irrite de verdade. " - ele respondeu, em um tom sombrio, característico do meu amigo. Chega queria dizer chega.
Chegamos no campo e Tristan, Takahashi e Travis já estavam lá. Travis estava visivelmente perturbado, com enormes olheiras debaixo dos olhos.
" Você dormiu, Noah? " - Arista perguntou, passando a mão no cabelo do menino. Ela lembrou instantaneamente minha mãe.
" É, dormi. Há do-ois dias atrás. " - ele respondeu, atropelando as palavras. - " É-é minha-a primeira fi-final..."
" Ah, pobrezinho. " - Arista o abraçou.
" Ótimo, trabalho em dobro. " - eu resmunguei, e Tristan balançou a cabeça, concordando. Takahashi observava Sirius, como se estivesse verificando se o terreno estava seguro. Padfoot respondeu com uma cara de "Tá olhando o quê?".
" Chega vocês dois." - Bessie de um tapa nas costas de Sirius. - " Olha ali...até torcida temos! "
Bessie apontou para a arquibancada, onde duas loirinhas, Abigail Munck e Lucy Davenport, quintanistas da Grifinória, estavam acenando freneticamente na nossa direção.
" Você ficou com a Davenport o ano passado, não? " - eu sorri para ele.
" Hmmm..." - ele forçou a memória. - " É, acho que sim. Umas duas semanas. Mas eu não repito garotas. A Munck não era tão bonita assim o ano passado. "
" Seria por que ela tinha cabelos castanho-escuro? "
" Talvez. " - Padfoot riu. - " Desde quando você tem boa memória? "
" Eu nunca esqueço uma garota, Pads. " - eu inflei o peito, e disse de boca, cheia, e como ele continuou me olhando desconfiado... - " T� eu chutei. "
Nós treinamos durante umas cinco horas até sermos interrompidos pelo Tumble e sua corja de verdinhos que se achavam jogadores de quadribol. Eles também queriam treinar, e Tumble trazia uma ordem de Dumbledore para que a parte da tarde fosse destinada aos sonserinos, pra ficar "justo". Com muita reclamação por parte minha, do Sirius, do Tristan e do Kenji, nós (lê-se Arista, Bessie e um Noah apreensivo) resolvemos ceder o campo para "as mocinhas" brincarem de voar. Tudo bem, eles que se divirtam, porque amanhã nós vamos acabar com eles. Trucidá-los. Não vai sobrar nem um tracinho de verdinho para contar história.
Riz tentou nos convencer de que, se corrêssemos, não chegaríamos tão tarde à aula de Adivinhação ("Ah, seja razoável, Arista, você realmente acha que eu e o Prongs precisamos ir naquela droga? Como se já não estivéssemos cheios de borra de café e adjacentes..."), mas como a proposta não foi aceita, nós resolvemos voltar pra Sala Comunal. E foi no caminho que encontramos o desagrado em pessoa: Severo Ranhoso Snape. "Encontramos" não é exatamente a palavra. Eu estava gargalhando do Padfoot imitando o gigantesco batedor da Sonserina tentando se equilibrar na vassoura quando esbarrei em algo nojento e seboso. Foi um encontrão tão forte que caímos os dois no chão, e antes que eu pudesse abrir os olhos eu senti alguma coisa me queimando. Ele estava carregando uns vidrinhos cheio de poções.
" Merda! " - eu exclamei, olhando para a minha camisa, onde escorria um líquido viscoso e laranja-fluorescente. - " Olha por onde anda, seu...aff, é você! "
Sem responder, Snape tentava recolher os cacos que se espalharam no chão. Arista aplicou um feitiço de limpezae o verdinho gritou:
" Sai daqui, eu não preciso de sua ajuda! "
" Eu não estou te ajudando, seu panaca, eu estou limpando o chão do corredor! "
Sirius, que tinha me erguido, fez o mesmo na minha roupa. O olho dele brilhava. Ele pisou em cima de um pedaço razoavelmente grande de vidro. Snape ergueu os olhos flamejantes. Onde é que o Ranhoso estivesse se escondendo, ele não poderia ficar no casulo muito tempo, não é? A imagem da Lily chorando no canto voltou à minha cabeça, e meu peito doía de ódio. Se ele estava mesmo envolvido na sujeira, e o quanto ele estava envolvido não me importava. A existência de Snape me incomodava mais do que nunca, como se fosse uma pedrinha minúscula no seu sapato, que no começo você finge não sentir mas depois vai cortando sua carne, cada vez mais pontiaguda, até tornar-se insuportável.
" Não olha para mim com essa cara, seu verme! " - Padfoot exclamou, o rosto contorcido de nojo.
" Eu olho para onde eu quero, escória. " - Ranhoso se levantou, rápido, devolvendo o olhar de Pads com outro pior.
" Você tá se achando muita coisa mesmo, não? Então agora você é importante, não é, fazendo parte daquele bando..."
" Eu me divirto com a sua prepotência, Black. Digno de quem não sabe nada, e acha que está por dentro de tudo. " - Snape sorriu, misterioso. Arista, que estava impaciente no lugar, me segurou quando eu dei um passo a frente.
" Chega, Sirius, vamos. " - ela disse, com firmeza.
" A Narcisa está metida nisso. " - Sirius afirmou, de repente, olhando para o Seboso com curiosidade.
" E você acha que eu passarei informações à você? " - Snape riu.
Sirius o pressionou contra a parede, a varinha apertando o pescoço de Snape. Foi a vez de eu segurar a Arista, e deixar Sirius jogar o jogo dele. Eu caminhei até o moleque.
" Quem está metido nisso? " - eu perguntei, minha voz tremendo de ódio.
" Eu não vou falar nada para você, seu quatro-olhos amiguinho de sangue-ruim! "
Arista então, fez um grande esforço pra eu não avançar no pescoço daquela COISA enquanto eu murmurava entre os dentes "Eu vou matar ele, eu vou!".
" Você não vai querer se meter com esse tipo de gente, Snape! Não vai querer! " - Sirius gritou.
" Dando conselhos agora, Black? " - Snape soltou uma gargalhada horrenda. Arista murmurou um "humpf", mas eu fiquei mais ligado no som que vinha do corredor. Pessoas conversavam animadamente, e logo elas viraram o corredor. Na frente deles, Lupin e Evans. Ela nos viu e correu na nossa direção.
" Ah, Sirius, de novo não! " - ela exclamou, ofegante. - " Por favor, solta ele! "
Alunos piscavam seus olhos, assustados. Sirius parecia enlouquecido. Ele jogou Snape no chão.
" Sirius, é a segunda vez. " - Remo olhou para ele significativamente.
" E dessa vez, com testemunhas! " - uma voz ecoou do outro lado do corredor. Uma turma de sonserinos subia das masmorras, e com eles, justo quem? A monitora-chefe dos malditos, Narcisa Black. - " Peguei você. " - ela sorriu para Sirius.
" Eu estava levantando ele, Narcisa. Você vê, meu amigo aqui esbarrou no Snapezinho. A Arista estava levantando ele, e eu estava ajudando o Ranhoso. "
Narcisa olhou com uma cara de desprezo pra mim e Arista, que ainda estava agarrando meu braço. Snape estava com os olhos arregalados em Sirius. Ela pousou, por fim, os olhos no Seboso.
" Severo? "
" Foi o que aconteceu, Narcisa. Agora, me solta. " - ele empurrou Sirius num descuido dele. Ele passou pelos sonserinos, empurrando-os com o cotovelo, e sumiu.
" Ok, nada para se ver aqui, pessoal, vamos lá. " - Remo disse, gentilmente, para os alunos que vinham com ele. Narcisa, não tão gentil, "convidou" os verdinhos a se retirarem.
" Você escapou por pouco! Vocês ficaram loucos, é? Amanhã tem jogo, depois provas! Vocês poderiam estar muito encrencados! " - ela virou-se para mim. - " Eu não quero ver vocês brigando com eles por causa daquele assunto. Não é assim que vocês vão resolver isso! "
Sirius e eu resmungamos, ainda putos da vida. O Ranhoso estava se engrandecendo, Narcisa andando como se dominasse a escola (como se isso não acontecesse antes...). Alguém tinha que agir rápido enquanto dava tempo. Dava tempo, não?
" E por Merlin, vão tomar um banho... " - Lily riu, descontraindo.
Sirius e eu nos olhamos e caímos na risada.
" Ok, mãe. " - Sirius prolongou a risada, e Evans fez um biquinho maravilhoso.
" Eu estou morrendo de fome, nem um lanchinho nós fizemos. " - Arista reclamou. - " Oh, e eu tenho que tomar banho rápido, já ia esquecendo do Jeremias! "
" Mais essa agora! " - eu exclamei, e senti a mão do Sirius; recebi um tapa na cabeça.
N/A: Aaaaah, essa faculdade está roubando todo meu tempo... o dia não deveria ter 30 horas?
Tá acabando, a Prongs I tá acabando, que triste, não? (Camys soluçando). O pior é que com a minha falta de tempo, eu não consigo escrever a Prongs II! Não é terrível?
Lariri, vamos aos comments!
Naty: Camys ficaria tão mas TÃO feliz se a mate querida dela viesse para Campinas! O Snapélio a gente supera...ele, no fundo no fundo, é legal. Eu também amo essas três! E você também, mate querida!
Miri: Nah, acho que não. Takahashi não é nenhum santo também, e Anne nunca trocaria o Sirius por ele. Aliás, quem faria uma coisas dessas? Eu não trocaria o Sirius por nada...hahahaha. Porém, nunca se sabe, não é mesmo?
LoganLovegood: E eu curiosa pra saber o que vocês vão achar! Obrigada!
Mah Clarinha: Você me achou no Orkut, viu? Num é tão difícil... XD Sim, Sirius é o rei das crises existenciais (pelo menos na minha cabeça), mas algo me diz (Camys coça o queixo) que muitas pedras irão rolar... (que expressão de vó haha) Obrigada pelo review!
Pikena: É, o Tiago gosta muito da Arista, como de todos seus amigos, e isso se reflete na atitude superprotetora dele. (Nossa, que análise psicológica...) E isso é tão fofo da parte dele que me dá vontade de abraçá-lo! (Como sempre...hehe) E respondendo à sua pergunta, a Prongs I está pronta sim. A Prongs II que está me dando um trabalho...hahaha Beijos pra você também!
Gaby: Que lindo, você leu a BD! A Anne é um amorzinho... Sirius precisa dela, ele só necessita perceber isso. Humpf. Volta pra ler sim! Beijinhos!
Dani Potter: Não é apenas só você, querida...todos eles são meus filhinhos do coração, minhas fofuras...Bem, esse é o antepenúltimo capítulo da Prongs I (ufa haha). Tá acabando, falta um pouquinho só...Obrigada e beijos pra você também!
Keka Black: Eu compreendo você perfeitamente. Bah, faculdade...eu adoro de paixão a minha, mas tadinha da Prongs, deixada no canto, às traças haha Que bom que você se achou na parte do Dumbledore, porque ela será ligeiramente importante! Ou não... XD Infelizmente, a história deles é dark sim, isso eu não posso mudar, por mais que eu gostaria. Tia JK foi muito cruel com eles... Obrigada pelos reviews!
Kanako Sumeragi: Como assim, a Lily chata? Como assiiiiiim? (Camys senta e chora profundamente) Bem, chata ou não, a Lily se apresenta assim para mim e não há nada que eu possa fazer. XD Bem, continue lendo a fic para saber se haverá o clichê ou não! Até mais!
Rezem para que eu possa me dedicar mais ao meu filhote, e continuem lendo e deixando reviews!
Beijinhos!
Próxima Atualização: 27/03/2005
