Adeus, sexto ano!

Era muito cedo, cerca de oito horas da manhã, quando eu acordei, naquele domingo chuvoso. Engraçado, tinha feito um sol danado no dia anterior... Remo estava dormindo mais uma vez agarrado em seu travesseiro e Pedro estava jogado na cama, de barriga pra cima, ainda com o uniforme da escola. Pelo visto, ele tinha conseguido mesmo o Firewhisky sem a Evans e o Moony notarem. E pelo o que eu conhecia do Pedrinho embriagado, era melhor ele ficar no sono pesado dele mesmo.

Sirius não estava na cama naquela hora. Isso era estranho, porque eu subi antes dele na noite anterior, o que era cerca de duas da manhã, e ele não estaria disposto a levantar tão cedo em um domingo, principalmente depois daquela festa toda. Onde é que ele estava? Eu pulei pro outro lado da cama, peguei meu espelho no criado-mudo e, para não acordar os outros garotos, desci até a Sala Comunal.

" Sirius." - eu chamei, bem nítido, mas o espelho nem se mexeu. - "Sirius. SIRIUS..."

"...BLACK, EU JÁ TE DISSE, EU NÃO QUERO SABER SE VOCÊ FOR EXPULSO! VOCÊ VAI PRO DUMBLEDORE!"

" Você é louca, garota! LOUCA, SABIA?"

Virei meu pescoço tão rápido que, por um momento, eu pensei que ele tinha quebrado. Tem cena mais bizarra do que Sirius Black e Lily Evans entrando numa sala comunal, aos berros, às oito horas e dez minutos de um domingo chuvoso?

" O que diabos está acontecendo com vocês dois?" - eu me levantei. Evans caminhou decidida até o meu lado e Sirius parou em frente ela. Os dois se fuzilavam com o olhar, como se a qualquer segundo eles fossem acabar com a vida um do outro de alguma maneira bem dolorosa. Era uma visão realmente adorável pra mim, tratando-se do meu melhor amigo e da menina que eu...hmmm, vocês sabem, não é?

" Eu não sou louca! Eu sou sensata, responsável e muito digna! Coisa que aquela menina certamente não é!" - Evans estava com a mão esquerda em um quadril e com a outra, ela apontava Sirius com raiva, como se só de apontá-lo ela pudesse fazer ele virar uma lesma gosmenta.

" Ela tem um nome, Abigail Munck, e você nem conhece ela!" - Sirius gritou, os olhos semi-cerrados.

" Ah, veja só, você sabe o nome dela!" - Evans ergueu os olhos, sarcástica.

" Alguém poderia, por favor..."

" Sirius fez uma coisa estúpida, nojenta, e...meu Deus, eu não consigo achar palavras para definir o que ele fez!" - Evans me interrompeu, adivinhando a pergunta.

" Eu dormi com a Munck na Torre de Astronomia." - Sirius virou-se para mim, agora com um sorrisinho malicioso.

" E ele fala como se não fosse NADA!" - ela jogou as mãos para o ar.

" Aaaaaah..." - eu balancei a cabeça, compreendendo e respondendo ao sorriso dele. Evans soltou um grito de raiva. Por que é que ela estava tão brava, ora essas? O que ele e a garota lá faziam não era problema dela! Ou era?

E lá vai você pensar besteira de novo, Tiago...

" E qual é o problema, Evans?" - eu cruzei os braços.

" Qual é o problema? Você vai me dizer que não vê? Você é nojento como ele!" - ela me fuzilou com o olhar dessa vez. Chega a dar medo...

" Você só está nervosinha porque não era sua amiga." - Sirius balançou os ombros.

" O que você disse?" - ela arregalou os olhos.

" Ok, má escolha de palavras." - Sirius riu. - "Você está nervosinha porque é como se eu tivesse traído sua amiga."

" E não é?"

" Não! Nós não estamos namorando mais, Evans! Nós terminamos. Por que é tão difícil pra vocês duas entenderem isso?" - ele revirou os olhos.

Evans fechou os olhos por um segundo e respirou fundo.

" Peraí, como você sabe que o Padfoot estava com a...a..."

" Abigail." - Sirius sussurrou.

" É, tanto faz...como você sabe?"

" Sabendo." - ela virou-se de novo pra ele. - " E isso não tem nada a ver com o término injusto e brutal do seu namoro com a Anne, isso tem a ver com responsabilidade..."

" Você sempre faz isso!" - eu reclamei. - " Você sempre aparece do nada e..."

"Ah, eu apostaria toda a fortuna dos meus queridos pais que você está apenas se vingando por..."

Agora nós três falávamos juntos, cada um se entendendo menos do que o outro.

" CHEGA!" - Lily exclamou. - " Você, depois." - ela apontou pra mim. - " Você. A Torre de Astronomia não é um motel barato de estrada, você vai ter que se explicar pro diretor sim."

" Motel barato de estrada?" - Sirius deu uma risadinha. - "Ora, Evans, o que você acha que nós fizemos l�?"

Padfoot a fitou de uma maneira divertida. Lily parecia tentar visualizar a situação, e sua cara era de nojo.

" Me poupe dos detalhes, Sirius."

" Bem, eles realmente não interessam a você, mas nós não fizemos nada de "impuro" lá. Se bem que não seria "impuro" mesmo, já que se trata de algo natural, e eu diria, essencial do ser humano..."

" SIRIUS! "- O rosto de Lily estava de uma cor bem próxima do brasão da grifinória que estava pendurado na parede, e eu não pude evitar de soltar uma daquelas mega-gargalhadas.

" Como eu ia dizendo, nós só queríamos sair da confusão que estava naquela Ala Hospitalar, principalmente depois que a McGonagall fez a gente sair de lá aos berros, e bem, eu não podia trazer ela aqui, ela é da Corvinal, então... mas nós não fizemos nada, juro. Aliás, isso não é da sua conta! " - Sirius ria ainda mais que eu.

" É? Mas você disse...eu pensei..."

" Eu não disse nada, Evans. Você deduziu o que tinha acontecido e eu, bem... eu não quis te corrigir porque, ora, estava divertido!"

" Quanta maturidade, Merlin! Quer saber? O que seja. O problema é que, além de vocês terem passado a noite fora do dormitório, vocês invadiram a Torre de Astronomia e..."

" Evans, ei, não seja tão chata! Você vai reportar o Pads por causa disso? Não é justo."

" Ele quebrou regras, Potter, e quando isso acontece..."

" Ah, dá um tempo, Evans! Amanhã começam as provas, nós estaremos em casa em semanas. E você vai ficar com um peso tremendo na consciência se me submeter a detenção nessa época do ano." - Sirius fez cara de coitado. - " Pense. Provas...eu não terei tempo para estudar...eu falharei nos meus exames...isso me marcará profundamente...meus NOEM's serão péssimos e eu passarei o resto da vida lavando as estufas pras aulas de Herbologia. Você realmente quer que isso aconteça por causa de um inocente encontro na Torre de Astronomia? Você quer viver com isso dentro do seu coração?"

Eu poderia rolar no chão rindo da cara de piedade que Sirius fez pra Evans. Ela cruzou os braços, com os olhos fechados e apertados, pensando seriamente no que dizer.

" Aaaaah! Vocês são terríveis!" - ela jogou as mãos para o alto. - "Ok, eu não vou contar pra professora. Mas você tem que me prometer uma coisa."

" E por que eu faria isso?" - ele a olhou displicente.

" Porque você sabe que eu tenho maneiras piores de te punir." - ela piscou. - " Você vai conversar com a Anne."

" Você está alucinando, Evans!"

" Sim, você vai, e vocês vão se entender. Eu não estou lhe dizendo para voltar a namorar com ela ou o que seja, eu só quero que não fique mais esse clima chato entre vocês dois. Porque o Remo é meu amigo, você é meu colega de classe e o Potter..." - ela virou-se pra mim. Eu sorri e passei a mão pelo cabelo (eu digo, é instintivo!) - "...bem, nós convivemos todos juntos, não?"

" Eu. Odeio. Você." - Padfoot disse, com um sorriso malicioso. - " Tome cuidado com essa garota, Prongs. Ela consegue arrancar qualquer coisa de você."

" Sirius Black! " - ela virou um pimentãozinho de novo.

" E agora, eu vou pro dormitório, porque aquele chão de pedra não me deixou pregar o olho, entre outras coisas..." - ele piscou, malicioso. Evans revirou os olhos.

Assim que ele desapareceu pela escada, eu me virei para ela.

" Agora minha vez. Como você aparece assim do nada?"

" Do nada, como?" - ela pôs as duas mãos na cintura. Aaaah, a cintura dela... Concentre-se. - " Eu estava indo ao corujal mandar uma carta para a minha mãe e encontrei os dois no corredor."

" E aquele dia na floresta? Eu nunca compreendi como você nos achou daquele jeito."

" Eu não achei, eu supus que vocês estavam mentindo e iam certamente sair à noite, quando todos estavam dormindo, para ir xeretar pelo castelo."

" Nós, xeretando? Era você que não deveria ter aparecido ali!"

" Vocês não deviam ter nem saído do castelo!" - ela ergueu a voz.

" Ok, eu não quero discutir com você por causa disso..." - eu balancei a cabeça.

" Acho bom." - ela bufou. Meu olhar percorreu a Sala Comunal. Ela estava vazia e silenciosa. Éramos apenas nós dois ali.

" Evans...o que você faria se a Arista não tivesse nos interrompido?" - eu perguntei, e como ela fez uma cara de quem não estava entendendo - "Aquele dia, no corredor."

" Eu não ia fazer nada." - ela olhou para o chão, as bochechas vermelhas. - " E-eu nem reco-cordo o que aconteceu."

"Ou pelos seus atos. Foi o que você disse." - ela ergueu os olhos, surpresa. - "Sim, eu recordo perfeitamente o que aconteceu." - eu sorri, mas dessa vez minhas mãos resolveram se esconder nos bolsos do meu pijama.

" Ora, você é previsível, digamos. Em certos momentos. Quer dizer, certas coisas que você faz, a primeira coisa que vem na minha cabeça é "Tinha que ser o Potter"..." - ela deu um meio sorriso.

" Isso é o que todos acham de mim. "Potter" já se tornou um adjetivo." - eu ri.

" Mas você também é bem imprevisível! Eu não tinha idéia de que você lia clássicos da literatura trouxa, ou tocava piano. Eu também não imaginava que você se esforçaria tanto para salvar o Snape da morte. Ou que você seria aquele a me consolar no dia em que eu surtei por causa, bem, de toda a situação. Ou ia se lembrar exatamente do que eu disse. Essas coisas..". - ela sorriu timidamente.

" Então há qualidades no Tiago Potter arruaceiro e problemático que a própria razão desconhece!" - eu soltei uma gargalhada. Ela fez o mesmo.

" Eu nunca deixei de ver suas qualidades! O problema é que seus defeitos meio que as encobriam."

" Encobriam?"

" Sim, Potter." - ela sorriu. - " Eu não posso evitar, eu simpatizo com você. Por algum motivo que eu ainda não consigo discernir, mas sim, você é suportável."

" Puxa, Evans, assim você me deixa encabulado." - eu exclamei, irônico.

"Ah, longe de mim erguer seu ego à altura das nuvens, se ele já não estiver lá." - ela riu.

" Bom dia Lils, Prongs...Prongs?" - Moony apareceu na ponta da escada, e esfregou os olhos com força. - " Você? A essa hora?"

" Eu não sei por que vocês se assustam quando eu acordo cedo!"

" Lily, se você quiser, eu estou livre agora." - Remo caminhou até ela.

" Hmmm, o que vamos fazer?" - eu já me coloquei no meio da conversa.

" Estudar Transfiguração." - Evans estava muito generosa, sorrindo para mim tantas vezes seguida... - " É a pedra no meu sapato."

" Logo transfiguração? Você, a queridinha da McGonagall? Meu mundo ruiu!" - eu gargalhei. - " Bem, então vamos. Sentem-se, eu vou acender a lareira."

Lily e Remo se entreolharam.

" Você vai estudar com a gente?" - ele ergueu uma sobrancelha.

" Não custa nada dar uma olhada no que esses livros dizem, não Moony? Eu sempre tive curiosidade de saber, em todos esses seis anos..."

" Ah, essa é a oportunidade da sua vida!" - Evans sentou-se, abrindo o livro na página 435 e apontando para o título do capítulo, Profundas Considerações sobre a Animagia. Eu olhei de esguelha para Remo e ele me retribuiu com um sorriso tímido. " Eu sempre achei todo o esquema de transformação um tanto complicado. A sua experiência de vida poderia ser de bom uso aqui, Potter."

" Animagia, minha especialidade." - eu me sentei entre ela e Moony e estalei os dedos. - " Dá uma coceira dos diabos no começo sabia?"

E por duas horas, eu nunca me senti tão grato por existirem livros didáticos e entediantes no mundo, por McGonagall realizar provas tão severas e por Lily Evans ter os olhos mais atentos e brilhantes do mundo e ser tão perdida quando o assunto é animago.


Após o fim das semanas de exames, nós estávamos finalmente voltando para casa. Sirius estava com um brilho diferente no olhar - eu e Remo até o pegamos assoviando uma música enquanto arrumava suas malas. Bem, eu estava feliz por ele. Pela primeira vez na vida, ele não teria que voltar para aquela mansão terrível. Não que ele chegasse a ficar lá por muito tempo...normalmente, uma ou duas semanas depois de voltarmos de Hogwarts, Padfoot sempre batia na minha casa procurando abrigo. O quarto de hóspedes era mais dele do que de qualquer outra pessoa, e minha mãe realmente o considerava como um filho já. Dessa vez, porém, era como se ele tivesse nascido de novo. Isso não queria dizer que ele nunca mais veria a família dele, pelo contrário. Regulus ainda voltaria no ano que vem, e Narcissa e Lúcio Malfoy certamente não nos deixariam em paz por muito tempo. Mas...era um sentimento estranho, pelo menos pra mim. Sirius estava praticamente órfão, e estava adorando isso. Várias vezes eu me peguei pensando em como seria se ele tivesse nascido na minha família, ou se os Black tivessem percebido o filho "traidor" que teriam e tivessem jogado ele na nossa porta. Pensamentos idiotas, sim, mas eu não precisava nada disso para ter Sirius como um irmão.

Quem estava muito cabisbaixo era Moony; a primeira semana de férias seriam de Lua Cheia. Suas pupilas já estavam bem dilatadas e ele estava sempre ofegante e pálido, como era de costume nessa época. A primeira a notar isso foi Evans, e por isso ela estava sempre o lembrando de se alimentar bem, sempre ordenando aos elfos-domésticos para prepararem chá para ele, sempre cuidando para que ele não pudesse fazer muito esforço. Remo nos confidenciou que se sentia como se seus pais tivessem contratado uma babá para ele. Arista o observava com curiosidade. Apesar dela dizer que sabia já fazia um tempinho, era meio que novidade para ela. Acho que ela nunca notou como o Remo ficava mal nesses dias.

Era um sábado muito bonito, com um sol de rachar, quando embarcamos no trem de volta a Londres. Eu e os garotos pegamos a nossa cabine de sempre, no fundo do trem, e não demorou muito até a porta se abrir novamente. Eram Arista, Evans e Anne.

" Olá." - Evans sorriu abertamente. - " Remo?"

" Estou ótimo, Lily. Obrigado por perguntar, pela décima vez em quarenta e cinco minutos." - ele riu timidamente.

" E vou perguntar ainda mais." - ela balançou a cabeça. Anne estava ao lado dela, e parecia muito mais confiante do que eu a tinha visto tempos atrás. Arista passou pelas duas e sentou direto ao lado de Pedro e Sirius.

" Sirius, a cabine ao lado está vazia."

" Obrigado pela informação, Evans." - ele respondeu, distraído, com a varinha apontando para o rabo de Bolinha-de-Neve, a gata mais dorminhoca de todo o mundo. Acho que não a vi acordada uma vez nesse ano, a não ser pelo primeiro dia.

" Sirius!" - Arista bateu na mão dele. - " Deixe ela dormir!"

" Ah, sim, coitada, ela não faz isso nunca!"

" Sirius... a cabine. Vazia. Agora."

" E eu com isso? Aaaaah... tá." - ele percebeu quando ela apontou com a cabeça para Anne, que estava concentrada no botão de sua capa, como se não tivesse nada a ver com o assunto. - " Er...Krakowsky, eu acho que precisamos conversar."

" Que seja." - ela levantou o olhar, franziu a testa e entrou na cabine que Evans mencionou. A ruivinha sentou-se ao meu lado com um sorriso nos lábios.

" Eu estou tendo um bom pressentimento em relação a isso!"

" Ah, claro, os dois pareciam com tanta vontade de conversar." - Pedro caçoou.

" Faz um favor pra mim, Potter? Eu não alcanço daqui."

" É pra já." - eu levantei a mão e dei um tapa na cabeça do Wormtail.

" Ai! É verdade, não?"

" E então, Evans, o que você vai fazer nas férias?" - eu pus meu braço ao redor do pescoço dela. Ela o retirou.

" O de sempre. Ficar em casa e ser infernizada por Petúnia, ou viajar com meus pais e continuar sendo infernizada por Petúnia."

" Você sabe que é sempre bem vinda em minha casa, Lily." - Arista disse, afagando uma Bolinha-de-Neve totalmente desfalecida. - " Nós não temos nada contra bruxos, você sabe." - ela piscou. Skyler vinha de uma família de bruxos famosos por jogarem quadribol como ninguém.

" Ou na minha. Meus pais iam te adorar." - eu ajuntei.

" Na sua casa? " - ela ergueu uma sobrancelha.

" Qual o problema? Eu te visitei, nada como você retribuir a visita."

" Ele tem razão nesse ponto." - Remo comentou, sorrindo.

" Eu esqueci que você é amigo dele por um momento." - ela revirou os olhos, mas rindo. - " Ok, Potter, pode ser que eu te visite. Isso faz parte do acordo "vamos ser amigos", não? "

" É, digamos que sim."

Sirius e Anne retornaram à cabine vinte minutos depois. Padfoot sorriu quando ela a acompanhou para dentro, mas Anne ainda tinha o mesmo olhar homicida. Evans suspirou: pela cara da Krakowsky, a conversa não tinha tomado o rumo que ela esperava.

" Como pode ser tão difícil assim para eles se acertarem? " - ela murmurou, mais para ela mesma.

" Digo o mesmo. Como pode ser tão difícil para um casal se acertar? "

" Cale a boca, Potter." - ela remexeu no lugar.

Antes que pudéssemos perceber, o trem já estava prestes a parar na Estação King's Cross. Nós começamos a recolher todos nossos pertences e caminhar para fora do trem. Como de costume, havia alguém responsável por não deixar todos saírem ao mesmo tempo e causar uma visão bizarra aos trouxas. Nós pegamos a fila.

" Bem, vocês estão todos convidados à futura festa que terei no meu futuro apartamento." - Sirius sorriu de orelha a orelha. - " Será uma cerimônia simples, apenas para os mais íntimos, sabe."

" Se você for convidar todos que são íntimos a você, Padfoot, você teria que reservar um cômodo só para a centena de garotas que chegariam."

Todos rimos da observação de Remo, e até Anne pareceu reprimir uma risadinha. Sirius deu sua gargalhada-latido de sempre.

Logo chegou a nossa vez de cruzarmos a barreira. Logo avistamos um homem de cabelos loiros e olhos muito azuis, que lembrava muito a Krakowsky. Ele olhava de um lado pro outro, como se procurasse alguém, e de vez em quando lançava aos pais que levavam seus filhos estudantes de Hogwarts para fora da estação um olhar de curiosidade misturada com receio. Não podia ser... o pai dela era um médico que morava na Rússia e tinha certa aversão por bruxos. Mas pela exclamação que Anne soltou quando passou pela barreira com Lily e Arista, era certamente ele.

" Pai! " - ela correu até ele. - "O que você está fazendo aqui?"

" Marianne, você está tão diferente." - ele disse, com um sotaque forte e pouco carinho em suas palavras. - " Desde a última vez que a vi..."

" Sim, pai, eu acho que eu cresci alguma coisa desde os seis anos." - ela revirou os olhos. Arista e Evans se juntaram a nós e ficamos apenas observando o encontro.

" Bem, eu pensei em lhe fazer uma surpresa. Eu tinha um seminário sobre transplante de órgãos e pensei em trazer Nádia e Irina para conhecerem a Inglaterra."

" Irina está aqui? " - ela exclamou com alegria. Sirius virou-se rapidamente para trás e eu percebi que ele estava olhando para uma coisa muito baixa. Era uma menina de cabelos bem pretos e olhos que pareciam duas jabuticabas, bem grandes, olhando para nós com curiosidade. Ela não devia ter mais que quatro anos.

" Oi! "

" Er...oi." - Sirius acenou.

" Você é estranho." - ela ponderou, olhando para ele como se ele fosse uma das atrações mais divertidas de um parque de diversões. Nós todos não conseguimos segurar a risada.

" As pessoas costumam gostar de mim assim. Um estranho ruim ou um estranho bom? "

" Um estranho bom, eu acho."

" Você também é estranha, sabia? Você é pequena demais."

" Isso porque eu ainda sou criança. Quando eu tiver sua idade, eu vou ser maior que você e vou poder bater em você." - a menina concluiu, sorrindo.

" E por que você faria uma coisa dessas? " - ele abaixou-se. - "Aposto que, até você ter a minha idade, você já vai ter aprendido a gostar muito de mim."

" E por que eu faria uma coisa dessas? "

Eu, Moony e Wormtail quase engasgamos com essa.

" Uma baixinha com atitude. Já sei de quem você puxou isso." - Sirius riu. - " Você sabe com o que você se parece? Com um gnomo."

"Gnomos não existem." - a garotinha cruzou os braços, falando como se fosse crescida. - " Meu pai me disse que essas coisas são fruto da imaginação das pessoas."

" Bem, então ele mentiu não é? Porque eu já vi um, e meus amigos também, não é Moony? "

Remo, que estava adorando a garotinha, apenas balançou a cabeça.

" Meu pai nunca mente."

" Bem, o Moony também não." - Sirius o abraçou. - " Então estamos num impasse."

" Nina! " - Anne a cutucou. Os olhos da lorinha brilhavam. - " Que saudades de você! "

" Annie! " - Irina respondeu, sorridente, jogando os braços em volta do pescoço da irmã. - " Também estava com saudades! Eu sempre pergunto sobre você, e papai não se importa de falar. Ele diz que você teria um grande potencial para ser médica, se você não se preocupasse em estudar besteiras."

" Ah sim, que gentil da parte dele. Acho melhor irmos... você já conheceu meus amigos, não? " - ela levantou os olhos para Sirius rapidamente.

" Já. Ele é bonito." - ela sorriu, apontando para mim. - " E ela também." - ela apontou para Evans. - " Vocês combinam."

Foi a vez de Sirius e o resto rir às nossas custas. Evans fechou a cara.

" Vamos, Irina." - Anne acenou para nós e acompanhou a meia-irmã para onde seu pai estava, com uma cara de fúria. Ele se virou e começou a caminhar rapidamente para longe de nós. Anne pegou Irina no colo e a menina acenou para a gente.

" Crianças também não mentem." - Arista caçoou.

" Não mesmo. Ela disse que o Sirius é estranho! " - Evans respondeu, com um sorriso maroto. - " Ah, e lá estão mais pais... e eca, Petúnia trouxe o namorado. Só para me afrontar."

" Dia especial para conhecer pessoas, não? E sua irmã namora aquilo? " - eu apontei para um cara gordo, com um bigode ainda nascendo e uma cabelo já com algumas entradas. Ele parecia ser o cúmulo do tédio.

" E aquele cara namora sua irmã ? " - Sirius comentou, fazendo graça. Bem, se você ver por esse lado...

" Eles não são feitos um para o outro? Petúnia disse que eles ainda se casam esse ano. E ela está feliz por isso." - Evans revirou os olhos. - " Espero que ela saia de casa logo. Adeus, todo mundo! " - ela sorriu bastante, abraçando a todos. Por fim, ela hesitou, mais acabou jogando seus braços em volta do meu pescoço. O perfume dos cabelos dela quase me embriagou. Ela podia ficar ali para sempre, não podia?

" Você está me devendo uma visita, moça."

" Veremos se você a merece." - ela piscou e saiu andando. Ah, como eu quero essa garota...

Logo a mãe de Arista - ofegante e reclamando do quão poucas horas o dia tinha - chegou para buscá-la. Os pais de Remo - com um olhar preocupado e abatido - vieram pegá-lo também. Restou a mim e Padfoot pegarmos o metrô de volta pra casa.

" Amanhã mesmo eu procurarei um apartamento." - ele comentou, no caminho.

" Sem pressa. Pelos meus pais, você podia ficar em casa pra sempre. " - eu exclamei, ainda com o que ele chamaria de "cara de bobo" por causa da despedida da Evans.

" É impressionante! Essa menina te pegou de jeito." - Sirius gargalhou.

" Desse ano ela não escapa, você vai ver, Pads."

" Bom, esse é nosso último ano, então não é como se você tivesse muita escolha." - Sirius piscou.

" Obrigado por estar do meu lado, amigo." - eu ri.

" Ah, o que você faria sem mim, Prongs? "

" Provavelmente nada." - eu me virei para ele e sorri. Sirius bateu nas minhas costas.

" Se você for ficar emocionadinho agora, eu vou te bater até te virar do avesso."

" Eu ia quebrar duas de suas costelas antes de você pensar em fazer isso."

" Você não teria coragem. Você me ama." - nós dissemos juntos. E o resto das pessoas que estavam no trem, no momento, levaram um susto com a nossa bizarra gargalhada.

E então, horas depois de chegar em casa, quando meus pais já estavam dormindo e Sirius estava com a cara enfiada no travesseiro no quarto ao lado, eu percebi que mais um ano tinha se passado e que, logo, começaria o meu último ano de adolescência e liberdade. Merlin, isso assusta.

Mas até agora, foi muito divertido e, se o próximo será o último, que seja o melhor!

Adeus, sexto ano! Você vai deixar saudades!


N/A: Rufar de tambores!

Trombones e trompetes!

Esse é o último capítulo de Prongs Parte I ! Aplausos!

Agora, sério, espero meeeeeesmo que vocês tenham gostado, porque eu me diverti muito escrevendo essa fic e lendo seus reviews! Agradeço MESMO, de todo o coração, todos vocês que leram, até os que vieram um pouquinho só, ou que não deixaram reviews...eu sou grata a vocês do mesmo jeito!

A parte II está por vir, mas vocês terão que esperar um pouco, minha vida está bem louca e atarefada agora... mas vocês esperam, não?

Arashi: Ok, ok, não posso obrigar as pessoas a gostar de todo mundo hehehe mas que bom que você gosta do jeito que eu escrevo! Obrigada!

Natalia Potter: Empolgou, hein mate? Sim, eu lembro de você encenando a cena! E, já que esse é o último cap, já vou agradecendo você por ser madrinha do meu filhote e cuidar tão bem da Prongs! Você é a melhor mate e beta que existe! Amo você! (E você ainda me inspira muito pra escrever a Lils...talvez por isso ela seja tão "humana" ;D)

Pikena: Brigadinha! Sim, sim, fique ligada que a continuação vir�! Que bom que você gostou do cap, espero que goste desse também e obrigada por todos os reviews!

Dani Potter: Brigada brigada por amar a Prongs! Hehehe Também amo jogos, porradas e sorrisos XD "Thank you" por todos os reviews! Vocês são todas fofas, ai ai...

Laura Black Malfoy: Vou cobrar de novo, e agora pelo último capítulo! Que bom, pessoas animadas pra segunda parte! Obrigada pelos reviews!

Kanako Sumeragi: Magiiiiiina, querida! Eu sei que você num queria ser chata! Eu só falei a verdade, que essa é a Lily pra mim, fazer o quê? Haha. Por favor, continue deixando reviews! Beijo!

Mah Clarinha: Ai, odeio te decepcionar, mas pelo que você pode perceber nesse capítulo, só na próxima parte hehehe Mas eles estão meio caminho andado, não? Já estou escrevendo a II sim! Tá devagar, mas está caminhando XD Obrigada pelos reviews, Mah! Beijo!

KeKa Black: Entediada? Magina! AMO AMO reviews! Adorei você se sentindo íntima dos personas, e eu também fico meio repetitiva. Afinal, o que podemos dizer desses meninos a não ser que eles são cutes demais? Obrigada pelas reviews enormes!

Gente, agradeço de coração mesmo por tudo! Vocês fazem a alegria dessa humilde escritora de fics a cada review que chega, e vocês me alegraram demais por esse tempo todo! THANK YOU!

E aguardem...Prongs II vir�!

Muitos beijos!

P.S: Enquanto esperam pela Prongs II, dêem uma olhadinha nas minhas outras fics, hã? XD propagandazinha básica!