O Mito do Amor Eterno
O Meio
Segunda Parte
by Arthemisys
Cora se acorda bastante disposta. O tão sonhado dia enfim, tinha chegado. Rapidamente ela salta da cama e antes que Cianéia chegasse, a princesa toma seu costumeiro banho na fonte, untando o seu corpo esbelto e jovem com óleos perfumados. Ela veste a sua melhor túnica, um esvoaçante vestido de cor verde clara, que realça ainda mais a tonalidade verde dos seus olhos. Nos cabelos, uma presilha em forma de libélula cravejada de esmeraldas prende duas mechas de seus cabelos, deixando o resto da cabeleira livre. Naquele instante, Cora parece sintetizar toda a beleza cálida e acolhedora da natureza virgem. Antes de sair do seu quarto, Cianéia aparece.
- Bom dia lady... – a ninfa pára quando vê sua senhora já vestida – Pelos deuses! Acho que dormi demais hoje...
- Não Cianéia, você não dormiu demais – diz Cora sorridente – apenas acordei hoje mais disposta. – e continuando – Mamãe já está acordada? Preciso falar com ela.
- Ela me disse ontem à noite que se levantaria antes do resplandecer da Aurora e que partiria para uma reunião no Monte Olimpo. Parece que ela vai demorar bastante.
A alegria estampada no rosto de Cora instantaneamente se apaga. O que ela estava prestes a fazer com certeza irá ferir profundamente os sentimentos de sua querida mãe. Ela fecha os olhos por segundos e pensa - "Não posso retroceder agora. Seu eu falhar, destruirei o meu sonho e serei condenada a viver eternamente ao lado de alguém que eu não amo... perdoe-me mamãe... sei que hoje irá condenar arduamente o que eu vou fazer, mas creio que no futuro a senhora entenderá..."
- O que houve princesa? – Cianéia pergunta preocupada.
- Nada Cianéia... Nada... – e tentando tirar tantos maus pensamentos, ela muda de assunto - Após a refeição, eu quero ir para o rio. Você me acompanha Cianéia?
- Sim, lady Cora! – e a ninfa brinda a deusa com o seu costumeiro sorriso.
Floresta de Elêusis
No alto de um velho Carvalho, dois seres estão à espreita. O primeiro, é um jovem de aparência encantadora. Seus cabelos loiros e cacheados caem desordenadamente sobre sua testa, como se quisessem esconder os seus olhos vividamente azuis. Como vestimenta, usa uma leve túnica que o cobre apenas da cintura para baixo. Ele está a brincar com um casal de passarinhos pardais, fazendo com que as pequenas criaturas cantem e se biquem, como se estivessem se beijando. A primeira vista, seria considerado apenas um belo mortal, se não fosse pelo par de asas de penas branquíssimas que ele ostenta e também pelo arco e flechas douradas que estão próximos a ele. Em outro galho oposto, outro rapaz está afiando as pontas de suas flechas de chumbo. Fisicamente ele é idêntico ao outro jovem, diferenciando apenas na cor de seus cabelos que são pretos, pelos frios olhos cor de mel e pelas asas negras que usa. Os dois jovens são respectivamente Eros, o Deus do Amor e da Paixão e seu irmão Anteros, o Deus do "dio e do Rancor, filhos de Afrodite.
Os dois deuses param as suas atividades, ao ouvirem sons de passos se aproximando cada vez mais.
- A sua "presa" chegou. – diz Eros, ao avistar Cora e Cianéia.
- E a sua "presa" está para chegar. – Anteros fala secamente – Hora de agir.
Os dois descem da árvore e tomam os seus lugares estratégicos.
- Vamos para o rio, lady Cora? – Cianéia pergunta, percebendo a leve perturbação nos olhos de Cora.
- Vá à frente Cianéia – ela diz, tentando se controlar – vou colher alguns narcisos e logo estarei no rio. – ela continua, mas percebe que a sua amiga parece estar preocupada – Não se preocupe Cianéia! – e a abraçando, termina – tudo dará certo.
É claro que Cianéia não compreende o verdadeiro sentido daquelas últimas palavras. Por isso, a jovem mortal responde:
- Tudo bem! Não demore muito! – e saiu correndo em direção ao rio.
Vendo a amiga se distanciar, Cora fala:
- Logo estaremos juntas novamente, minha amiga...
Mal ela termina de pronunciar as últimas sílabas, quando uma revoada de corvos negros corta o céu azul. O coração da jovem deusa dispara. Esse é o sinal indicando que Hades está se aproximando do Mundo dos Vivos. Porém, seu pensamento é talhado por uma voz desconhecida, que surgiu por detrás dela.
- Que dia lindo não é lady Cora?
Ela se vira rapidamente:
- Quem é você?!
Nesse momento, a terra úmida se abre dando passagem para Hades em seu corcel negro que cavalga a uma velocidade incrível. Sem seu elmo e sem a sua sápuris, Hades é um alvo fácil para Eros que escondido no alto de uma árvore, atira uma flecha. Essa flecha, porém, passa pelas costas do Imperador, não o atingindo.
- Maldição! – Eros pragueja, enquanto mira outra flecha que desta vez, atinge a sua "presa" – Pontaria perfeita! – o deus do amor comemora do alto de uma árvore.
Hades não sente absolutamente nada, pois as flechas de Eros estão impregnadas de amor e paixão.
- Quem é você?!
Anteros dá um sorriso de desdém.
- Não importa – e apontando a sua negra flecha de chumbo em direção de Cora, termina – adeus, filha de Deméter!
Ele dispara a arma, que atravessa o peito da deusa. Vendo que o seu trabalho terminara, Anteros dá um sorriso de desdém, desaparecendo logo em seguida. Cora nem consegue gritar, pois a dor lancinante parecia moer sem piedade o seu coração. Os olhos da deusa começam a escurecer, mas antes de perder os sentidos, ela distingue a silhueta de um homem vindo a cavalo em sua direção.
Antes que ela desmaiasse por completo, Hades, ainda com o cavalo em movimento, se inclina, puxando-a para junto de si. Seu olhar se torna preocupado ao contemplar a palidez inexplicável de Cora. Inexplicável, pois o ferimento que Anteros causou nela foi interno. O alvo foi o coração apaixonado da deusa. Porém, Hades não tem tempo de averiguar o que realmente aconteceu. A terra estava se abrindo novamente, e ele agora cavalgava mais rápido, rumo ao Reino das Sombras.
Atraída pelos pássaros negros que gralhavam sem parar, Cianéia sai correndo até o local onde havia deixado sua princesa. Ao chegar naquela clareira da floresta, ela cai no chão tamanho é o terror que assolou o seu corpo. Ela vê Cora desacordada, sendo levada por um desconhecido que a terra naquele exato momento está tragando em seu seio. Ela leva uma das mãos até a boca e com um tom quase mudo se desespera:
- Lady Cora foi raptada!!!
Palácio de Afrodite. Ilha de Chipre
- Executamos a caçada de acordo com o vosso desejo, amada mãe. – Eros fala, enquanto se reclina em sinal de reverência.
- Nem a deusa, nem o Imperador notaram a nossa presença. – Anteros completa.
- Fizeram um ótimo trabalho meus amados filhos! Sua mãe jamais irá esquecer tão sublime favor... – Afrodite fala carinhosamente para os dois filhos, enquanto sai da piscina de seu magnífico Palácio. Duas ninfas correm em direção da deusa com tecidos finos, a fim de cobrir a sua divina nudez. Uma vez vestida, ela termina – Agora podem partir meus queridos!
Assim, os dois deuses saem cada um, em lados opostos daquele aposento. Ela recebe uma maçã oferecida por uma das ninfas e com um sorriso cínico em seus lábios, pensa:
"Agora você sentirá na pele a terrível dor que só o desprezo pode oferecer. Será rejeitado por aquela que você está disposto a dar até a sua desprezível divindade. Sofra! Sofra para sempre com esse amor tão imenso e tão amargamente não correspondido, Imperador Hades!"
Palácio de Hades. Mundo dos Mortos.
Na coxia do castelo de Hades, dois espectros conversam.
- Você ainda irá parar no Tártaro se continuar a cortejar as ninfas do senhor Thanatos!
- Mas eu apenas estava dizendo a ela o quanto era bela... – dizia o outro, enquanto massageava o enorme galo em sua testa, produzido por um soco dado pela ninfa em questão.
- Ah, Zeros, sempre tão feio e sempre tão idiota... – Valentine, espectro da guarda real e um dos mordomos de Hades, repreende Zeros, outro espectro do Reino das Sombras.
De repente, a conversa é interrompida com o som dos galopes do cavalo de Hades que terminava de cruzar as colinas dos Elísios. Os dois espectros se assustam ao ver que nos braços seu rei, está uma dama desmaiada. Hades freia o galope do animal com força e rapidamente desce dele com Cora ainda desacordada. Ele olha para os assustados subordinados e exclama:
- O que fazem olhando para mim como se fossem dois idiotas?! Levem Nocturnus para o seu estábulo agora!!! – ele então sai quase que correndo para dentro do palácio com a jovem nos braços.
- E...ela é uma deusa? – Valentine pergunta em um sussurro.
- Acho que não. Está muito pálida... Talvez seja uma humana morta. – analisou Zeros.
- Uma humana?! Bonita daquela maneira?! – Valentine retruca – Mas por que o Imperador traria uma mulher como ela para o Castelo?
O cavalo começou a relinchar com fúria, como se estivesse incomodado com tantas especulações em torno do seu dono. Por fim, Valentine leva o arisco animal para o estábulo. Dentro do castelo, mais precisamente nos aposentos reais, Hades pousa o corpo inerte da princesa Cora em uma espaçosa cama feita de ébano. O rosto da princesa, tão pálido quanto o alvo algodão, está semi coberto pelos seus cabelos que caem desordenadamente. Hades retira com cuidado as mechas caídas do rosto da jovem. Nesse exato momento, Nix entra no quarto.
- Senti que precisava de mim, Imperador... – ela pára quando vê Cora deitada na cama de Hades – então ela é Cora?
- Sim, Nix. Ela desmaiou, mas não sei por qual motivo. – ele se levanta da cama, dando passagem à deusa da Noite que ao se sentar, verifica o pulso da jovem. – Estou bastante preocupado... O que será que aconteceu a ela?
- Também desconheço o que pode tê-la levado a esse mal estar repentino, Hades. Bem, acho que o melhor é deixá-la descansando um pouco. Com certeza ela se acordará bem melhor.
- Está bem, Nix.
Os dois deuses saem do quarto. Antes de cerrar a porta, Hades lança um último olhar ainda preocupado à sua princesa.
Mundo dos Vivos.
A Lua já está bastante alta no céu noturno e a floresta de Elêusis está coberta pela escuridão. O único som audível é o das corujas voando atrás de caças e de Cianéia, bastante apavorada, correndo em direção ao Palácio de Deméter. No Palácio, Deméter acabara de chegar.
- Cora? Cora, onde você está filha?? - a deusa das colheitas caminha pelos corredores do seu castelo. A cada chamado não respondido por sua filha, o coração da deusa dá um salto. Ela sente que algo de ruim aconteceu à sua única filha. De repente, Deméter escuta sons de passos. Ela se vira alegremente pensando ser Cora que chegara, mas para o seu desespero...
- Grande Deméter, perdoe-me!!! - Cianéia que está com a alva face banhada de suor e lágrimas, se ajoelha trêmula aos pés da deusa - Não foi a minha intenção!!! Lady Cora foi levada a força!!!
O rosto da deusa perde o habitual tom róseo. Totalmente desesperada, agarra Cianéia pelo braço, chegando a machucar a jovem ninfa:
- O que está dizendo, mortal?! Minha filha foi levada?!? Por quem?!?!
- Eu não sei Grande Deméter!!! - Cianéia soluça sem parar - O homem que a levou era tão rápido quanto o trovão!!! - ela tornou a chorar mais ainda.
"O homem...?" - Deméter digeriu amargamente essa palavra. Então não restava dúvidas. "O homem" que Cianéia se referia era "ele". Deméter fica estática e devagar ela afrouxa o braço da jovem que cai sentada no chão de mármore branco. Temendo o pior, Cianéia fecha os olhos e pede aos deuses que tenham misericórdia de sua pobre alma mortal. No entanto...
- Levante-se Cianéia. Vamos agora mesmo ao Olimpo.
Cianéia ouve quase sem acreditar na repentina benevolência de sua senhora. Deméter sentiu isso no espírito da jovem:
- A culpa não foi sua. Aquele que a levou... - seus lábios tremem de tanto ódio - é o único culpado pela minha desgraça e pela desgraça da minha filha! Vamos! Zeus jamais permitirá que algum mal aconteça a minha Cora!
Assim, deusa e mortal saem rapidamente do Palácio das Colheitas em direção ao Palácio Olímpico. No exato momento que a carruagem parte, Cianéia sente em sua pele um frio tremendo. Seus dentes chegam a tremer diante de tanto frio sentido. Deméter vê que a jovem tenta se agasalhar e diz num tom totalmente desprovido de emoção:
- Esse será o meu castigo para com todos.
- Castigo...? - Cora não entende bem o que a deusa quis dizer.
- Olhe para fora, Cianéia.
A jovem não acredita no que presencia. Uma terrível tempestade de neve cai impetuosamente sobre os campos que antes nunca tinham sido afetados por nenhuma alteração climática. Todo o verde dava lugar a uma massa branca e espessa de neve. Cianéia jamais presenciou algo parecido.
- O que é...? - Cianéia pergunta com os lábios trêmulos de frio e de medo.
- Neve. O Inverno. Se "ele" não me devolver Cora sã e salva, toda a humanidade perecerá com um Inverno rigoroso e perpétuo.
Cianéia pára de olhar para o exterior da carruagem mágica. Seus pensamentos se voltam para sua princesa e amiga Cora e para o cruel destino que Deméter reservara para a sofrida raça humana.
Palácio de Hades. Mundo dos Mortos.
Cora começa a abrir os seus olhos. Sua turva visão permite lhe mostrar o local onde está. Ela se senta na cama, levemente debilitada. A princesa olha assustada para o quarto revestido de grossas paredes de mármore, os móveis de madeira de lei ricamente talhados, a mesa com um candelabro de prata que fica exatamente na frente da cama onde se encontra. Sem dúvida deveria estar em um Palácio, concatena a deusa. Porém, ela nunca tinha visitado aquele lugar antes. Nesse momento, seus olhos assustados se voltam imediatamente para a porta do quarto que acabara de abrir, dando passagem para Hades.
- Cora - Hades libera um sorriso de alivio ao ver a princesa já recuperada - vejo que já está melhor minha princesa!
Ele se aproxima da jovem, ansioso pelo aconchego de seus braços. Porém, o que Hades menos imaginava, acontece:
- Não se aproxime!!! - Cora brada desviando-se rapidamente do Imperador.
- O que disse Cora? - Hades está atônico.
- Não me toque! Eu não quero ser tocada, nem olhada por você! Deixe-me em paz!!! - ela grita, ainda mais descontrolada.
Os olhos de Cora expressam um ódio tão desmedido que nem mesmo Hades jamais vira algo parecido durante toda a sua existência. Sem compreender os motivos que levam ela a agir dessa forma, ele continua a se aproximar e a falar:
- Por que está agindo assim? O que fizeram à você durante todo esse tempo que eu não vim lhe buscar? - e agarrando Cora pelo punho, continua - Foi a sua mãe?! Foi Deméter que envenenou você contra mim?! Responda Cora!!
Ela tenta se soltar em vão. Desesperada por ser mais fraca, ela esconde o rosto do olhos penetrantes de Hades. Está chorando novamente. Ele se compadece da dor de sua amada princesa. Esquecendo-se momentaneamente do repúdio dela a ele, Hades a abraça com carinho.
- Por favor minha lady, não derrame mais nenhuma lágrima por mim. Sou indigno de suas lágrimas...
O rancor de Cora floresceu novamente. Ainda sendo abraçada por Hades, ela toma em suas mãos o candelabro e sem que Hades notasse, ela o atinge na cabeça com o objeto. Tomado pela dor, ele a solta, colocando as mãos na coroa da cabeça que está sangrando. Aproveitando esse momento, Cora sai correndo do quarto, na intenção de fugir do Palácio dos Mortos. Rapidamente voltando a si, Hades grita:
- Cora!!! - e sai correndo atrás dela.
A filha de Deméter corre bastante, porém acaba se perdendo no verdadeiro labirinto que é o Castelo de Hades. Desesperada, ela entra em um corredor que acaba notando que não tem saída. Ao ver o imenso paredão a sua frente, ela dá alguns passos para trás, esbarrando com alguém que fala:
- Ora, ora, ora... Uma ninfa perdida. Não acha mais a saída? Eu posso lhe ajudar... Ehehehehe... - Thanatos, o deus da morte, é quem encontra Cora primeiro.
Ela pela primeira vez levanta o seu cosmo, o empurrando com ferocidade contra a parede, continuando a correr. Thanatos se enfurece e sai atrás dela também. Enquanto isso, Hades se encontra com Hypnos, irmão de Thanatos e seu aliado, que está com sua mãe, a deusa Nix. Rapidamente o Imperador conta o fato a eles que se aliam na busca da princesa. Quando os três recomeçam as buscas, ouvem um grito vindo de um dos corredores. O grito veio de Cora que infelizmente, é achada primeiro por um Thanatos cheio de ira.
- Quem é você?! Como ousa se levantar contra um deus?! - ele a segura pelo pescoço, impedindo a deusa de respirar - Receberá a devida punição por isso!! - e levantando o seu cosmo, uma esfera de energia começa a surgir. Nesse exato momento...
- Solte-a imediatamente!!! - Hades brada.
- I...Imperador?! - Thanatos fica totalmente surpreso com a presença de Hades, sua mãe Nix e seu irmão Hypnos. Imediatamente ele solta a princesa que novamente se prepara para fugir. Vendo isso, Hypnos reage:
- Durma um pouco princesa. - e levantando o seu cosmo, uma corrente de ar dourada surge de suas mãos, voando imediatamente até Cora, envolvendo ela completamente.
Cora começa a perder os sentidos, envolvida em um sono profundo. Antes que ela caísse, Hades a apara nos braços novamente. Os olhos do Imperador naquele momento revelam um misto de amor, mágoa e tristeza. Sem compreender o que realmente acontecera a sua princesa, Hades sai mudo com ela em direção aos seus aposentos.
- E...Eu imaginei que ela fosse uma ninfa, meu Senhor e... - Thanatos tenta se explicar, mas é interrompido por Hades que sem olhar para trás, fala:
- Nunca mais ouse encostar em nenhum fio de cabelo da futura Imperatriz deste Reino, compreendeu Thanatos? - Hades pergunta de uma forma tão fria que o deus da morte estremece de medo.
- S...Sim, meu lorde... - ele responde resignado.
Nix faz menção de acompanhá-los mas Hades impede.
- Não preciso de sua ajuda Nix. Vou resolver tudo através dos meus próprios meios. - e assim, ele desaparece com a jovem.
- Isso não me parece muito bom... - Nix diz a si própria.
Palácio de Zeus. Monte Olimpo.
Deméter adentra a Sala do Trono, interrompendo de forma brusca uma reunião entre Zeus, sua esposa, a deusa Hera e sua filha Athena.
- Zeus! Preciso falar com vossa majestade imediatamente!
- Deméter? - Zeus se levanta do trono surpreso - O que aconteceu para que você entre tão abruptamente aqui?
- Ele!!! Seu maldito irmão seqüestrou a minha filha! Hades levou Cora para o seu maldito reino!!!
Todos os deuses presentes ficam bastante surpresos com o que Deméter acabara de proferir.
- Por favor Hera e Athena, podem nos deixar a sós? - Zeus fala, sem tirar os olhos de Deméter.
A contra gosto, Hera sai do recinto, seguida por Athena que mantém um ar totalmente compenetrado, talvez imaginando o que teria levado Hades a cometer tal insensatez. Sozinhos, Zeus prossegue:
- Explique isso melhor, Deméter. Como Hades poderia ter levado Cora? Isso não condiz com a personalidade dele.
- Dias antes ele veio até o meu Palácio pedir a mão de Cora em casamento... - ela tenta manter um ar mais calmo, pois Zeus será, de acordo com os seus pensamentos, a única solução para o que Hades cometera. - e eu não permiti.
- E a princesa? O que ela pensa disso tudo? - Zeus torna a perguntar.
- Ela... - Deméter não consegue esconder o desgosto em seu semblante - parece corresponder aos anseios de Hades.
- Então, por que está tão aflita Deméter? – Zeus fala tranquilamente, levantando-se do trono e indo em direção à deusa – Fico muito feliz em saber que Hades finalmente inclinou o seu coração para o amor, ainda mais sendo a eleita a doce Cora...
- Você não compreende!!! – Deméter se descontrola mais uma vez – Ele não pode! Hades não pode se casar com Cora!!! Antes a pior desgraça do que ver a minha filha casada com um irmão seu!!!
- O que está dizendo, deusa?! – agora, é Zeus que parece se descontrolar.
Deméter não segura mais as lágrimas. Mesmo se sentindo humilhada, ela resolve contar a Zeus, um segredo que guardara há muito tempo.
- Cora... – Deméter tenta dar um pouco mais de dignidade à sua voz – Minha filha foi fruto de um erro... Ela é sua filha, Zeus.
O Rei dos deuses parece não acreditar no que ouve.
- Você está dizendo que Cora é minha filha...?! E VOCÊ ESCONDEU ISSO DE MIM?! – ele está tomado pela cólera – Não!!! Você não escondeu! Mentiu! Isso! Mentiu para mim durante todo esse tempo ao dizer que ela era filha sua e de um homem mortal!!! Por que Deméter?! Por qual motivo você nunca disse a verdade?!
- Porque eu sabia que no momento em que soubesse que Cora era a sua filha, você a tiraria de mim! A traria para morar no seu Palácio e eu perderia para sempre!!! – ela diz encarando o olhar elétrico de Zeus – É por isso que venho até vossa majestade, em sinal de repleta humilhação, lhe pedir que faça algo com relação à "ele"! Não quero que Cora repita o mesmo erro que eu cometi no passado!!!
Zeus respira fundo. Tentando se controlar ele decide terminar aquilo tudo nesse exato momento.
- Vejo que o seu egoísmo exacerbado é o maior culpado pelo desespero que agora assola o seu coração. – ele fala, sentando-se no trono novamente – Mas saiba que irei intervir nos assuntos do meu irmão apenas por amor à sua filha, que também é minha filha. Volte ao seu Palácio, Deméter e saiba que no momento certo, agirei.
Deméter não consegue esconder a imensa alegria. Sem dizer mais nenhuma palavra, ela sai do Salão Celestial do Palácio Olímpico, certa de que Cora brevemente voltaria para a companhia dela e que de lá, não sairia mais.
Grande engano.
Continua
Nota da autora:
Em primeiríssimo lugar, quero pedir aos leitores minhas sinceras desculpas, pois esse capítulo (na minha opinião) foi bem inferior aos outros dois capítulos lançados anteriormente. Isso aconteceu pelo fato de que eu estou com uma carga enorme de trabalho e de estudos, mas prometo que a próxima atualização terá uma qualidade bem melhor! Ah! E antes que pensem que Hades está "bonzinho" demais, saibam que ele vai está mais malvado no próximo capítulo (bem, eu acho! )!
Em segundo (mas não menos importante) lugar, gostaria de enviar o meu "muito obrigada" para todos que estão enviando sugestões e críticas para mim e também para todos que estão acompanhando este fic, mas que não enviaram suas opiniões a respeito! Muito obrigada!
Continuando, gostaria de salientar mais uma vez que "O Mito do Amor Eterno" é uma adaptação romântica do mito grego de Hades e Perséfone e que tal mito é patrimônio da humanidade. Também é válido lembrar que o anime Saint Seiya pertence ao seu criador Masami Kurumada.
E por fim, gostaria de pedir que os leitores continuem mandando suas opiniões sobre este fanfic!
Um grande abraço,
Arthemisys
