O Mito do Amor Eterno

By Arthemisys

O Meio

Quarta Parte

O dia do casamento enfim chegara. A pedido de Hades, Zeus foi escolhido para ser o celebrante do matrimônio, que também não tem a pompa comumente vista pelos deuses imortais. E como a teoria de que Hades seqüestrou a sua noiva foi a mais evidente, vários deuses deixaram de comparecer a cerimônia, ainda enraivecidos com a "atitude" do Imperador dos Mortos.

No Castelo, mais especificamente nos aposentos reais, Cora se encontra olhando os Campos Elíseos, seu coração sentindo muita saudade de sua terra natal e de sua mãe. Desde aquele dia em que soube que ficaria no Reino dos Mortos, ela não saia do quarto para absolutamente nada, afim de não ter que se encontrar com o seu "raptor". Hades por sua vez, não forçava nenhum encontro e assim, estavam há dias sem se verem, mesmo convivendo sob o mesmo teto. Apenas Nix é que aparecia, para ver se ela estava precisando de alguma coisa.

- Lady Cora, fiz esse ramalhete de lírios brancos para a senhora usar no casamento... – Cianéia aparece no quarto, fazendo com que Cora desviasse o olhar para a ninfa e para o arranjo floral que esta trazia.

- Não irei usar nenhum ramalhete. – e se levantando, sai até os jardins do Castelo, deixando a ninfa sozinha.

Nos jardins, Cora caminha sem rumo. Seus pensamentos estão longe dali, imaginando como seria triste a sua vida naquele lugar, ao lado daquele deus. De repente, uma alma mortal se aproxima da jovem. É o espírito de uma criança. Esta oferece um lírio selvagem á deusa e se ajoelha em reverência. Encantada com tal ato, Cora responde:

- Obrigada pelo lindo presente, pequena criança! – e abraçando a pequena menina, ela lhe pergunta – Por qual motivo você foi obrigada a vir viver neste reino tão prematuramente?

A criança, ainda abraçada com Cora, responde prontamente:

- Eu morri de fome. É que teve um inverno forte lá em cima – ela fala, apontando o dedinho para o alto, como se apontasse o Mundo dos Vivos – e não teve alimento. Meus papais ainda ergueram um altar para a senhora, deusa Perséfone, mas a senhora não atendeu ao pedido dos meus papais...

Cora ouve o relato, espantada. Perséfone?! O nome dela não é esse!

- Mas menininha, meu nome não é Perséfone, é Cora...

A menina balançou a cabeça negativamente e continuou.

- A senhora é Perséfone sim! Meu papai disse que a senhora foi a causadora da neve e por isso ele construiu um altar para a senhora lá em casa para não deixar que eu morresse.

Cora leva as mãos até a boca, terrivelmente assustada. Logo ela pousa a pequena criança no chão e corre em direção a Sala do Trono, onde Hades se encontra. Chegando até o local, ela vê Hades analisando o Livro dos Mortos junto com Lune de Balron, o procurador dos mortos. Mal o Imperador da Morte percebe a presença da princesa na Sala, Cora começa a falar esbaforida:

- É sua culpa! – ela grita, apontando o dedo indicador para Hades.

- Retire-se, Lune. – Hades fala, enquanto se levanta do trono.

Quando o espectro se retira, Hades se aproxima da jovem que está trêmula de tanta raiva.

- O que eu fiz para que você me acuse dessa forma?

- Sabe do que os humanos me chamam agora?! – Cora retorna a falar, mas sua voz fica embargada com lágrimas que começam a surgir – Perséfone! É assim que eles se referem a mim!

- Aquela que traz a destruição... – Hades decifra o nome de Perséfone.

- Sim!!! Mas eu nunca quis trazer males para os homens! Eu os amo e...

- É essa a retribuição que a raça humana sempre dá aos deuses. – Hades fala tranquilamente – Enquanto nos preocupamos com eles, eles nos rebaixam, achando que são mais poderosos e invencíveis que os imortais. Por isso, lady Cora, saiba que eu não sou o culpado por você está sendo venerada com esse sombrio nome.

Ela o olha com um enojo inacreditável. Após um suspiro, a fim de parar o pranto que ainda insiste em correr, ela brada:

- Saiba Imperador Hades, que da mesma forma que você fez comigo eu irei fazer com você... – seus dentes rangiam de tanto ódio, provocado não pela descoberta que fizera, mas pelo motivo que conhecemos – Transformarei a sua vida em um inferno, eu juro!!! – ela sai, fechando a porta bruscamente atrás de si.

- É o que veremos... – Hades fala com a costumeira voz sombria e enigmática, porém mais confiante.

Algumas horas depois...

Na cerimônia, que está sendo realizada em um templo nos Elíseos erguido há milhares de anos em homenagem a Hades, poucos deuses se fazem presentes. Dentre eles, estão Zeus, suas filhas Athena e Ártemis, Deméter, Nix e seus filhos Thanatos e Hypnos e também Afrodite, que fez questão de ir até a cerimônia vestida com a sua melhor túnica e com o seu adorno preferido, um cinturão de ouro e pedras preciosas, que diziam fazer com que os seus poderes aumentassem consideravelmente.

Quando todos os imortais finalmente se acomodaram, Hades entra no templo. Vestido com a sua sápuris, seu ar altivo e seu físico atlético demonstram claramente todo o poder a ele conferido. Nem Vênus que estava ali apenas para desfrutar melhor de sua vingança, ficou insensível a visão que seus olhos lhe mostravam. O coração da fogosa deusa da paixão saltou quando sentiu Hades passar por ela, porém, sem lhe dirigir o olhar. Finalmente, ele pára em frente ao seu irmão, que diz em voz baixa:

- Por favor, meu irmão, eu lhe peço. Cuide de Cora como se ela fosse uma jóia única. Pois eu infelizmente, não tive essa oportunidade de conviver com um ser tão bom como aquele que você está prestes a desposar.

- Saiba Zeus que ela será a deusa mais feliz de todas em pouco tempo. – ele lhe responde prontamente.

Mal terminara de falar, Hades e todos os demais, sentem uma leve e entristecida cosmo-energia surgindo no local. Todos se viram em direção a fonte de tão cálido poder. Fora Hades e Nix, todos ficaram abismados com a visão que estavam tendo.

Cora, começa a subir as escadarias do templo, acompanhada por sua fiel escudeira Cianéia. Ao contrário das noivas normais, a princesa está vestida com uma longa túnica de seda preta. Seu véu também é negro, sendo este sustentado por uma fina tiara feita de bronze. Fora a tiara, Cora não usa mais nenhum adorno. Seu rosto que sempre estava livre de qualquer artifício de beleza, dessa vez está maquiado com tons pesados e está encoberto pelo véu que ostenta. E finalmente, ao invés de um ramalhete de flores, a triste noiva leva consigo uma coroa de espinhos secos. Uma visão triste e gótica, mas não menos bela, uma vez que a filha de Deméter não conseguiu se ultrajar de sua beleza campestre e divina.

- Pelos céus... Minha filha... – Deméter não esconde a grande tristeza e decepção por ver sua filha naquele estado.

- Estúpido deus Hades! – Ártemis fala baixo, porém a sua irmã Athena escuta a deusa da caça e percebe que esta está sentindo um ódio desmedido.

- O que houve minha irmã? – Athena pergunta.

- Ainda pergunta o que houve?! Não está vendo tão desalenta situação? Nossa amiga está se casando a força com um alguém que ela nunca amou! Como Hades pode ter um coração tão frio e cruel?!

Athena que percebera que havia algo de estranho em tudo isso há mais tempo, coloca a ponta do dedo indicador nos lábios de Ártemis e fala mais baixo:

- Compreendo a sua ira, minha valente irmã, mas... – ela aponta discretamente para Afrodite que parecia está extasiada de tanta alegria – Não acha que a deusa Afrodite está regozijante demais hoje?

A irmã de Apolo olha de soslaio para Afrodite e então, compreende o que a irmã realmente queria dizer.

Quando finalmente Cora chega ao altar onde se encontram Zeus e Hades, este último estende a mão para a noiva que aceita o gesto. Assim, a cerimônia é realizada. Logo após a cerimônia, uma carruagem leva a agora Rainha Perséfone até os aposentos núpciais, mas antes, ela teve tempo de abraçar a sua querida mãe mais uma vez. Ao ver a filha partir, Deméter se entrega as lágrimas novamente e Afrodite se aproxima dela e lhe pergunta o motivo de tantas lágrimas.

- E ainda pergunta Afrodite?! Não viu o estado em que minha filha está? Por que você teve que nutrir esse amor tão louco em Hades por minha filha???

Afrodite engole em seco a pergunta e responde com a sua costumeira voz doce:

- Quero que saiba Grande Deméter, que se dependesse realmente de mim, esse amor jamais teria acontecido...

Palácio de Hades

Ao chegar ao seu quarto, Cora se desfaz rapidamente do seu véu, jogando o arranjo violentamente na cama. As lágrimas de tristeza começam a borrar a sua pesada maquiagem e a coragem que estava nela, fugiu completamente. Seu medo estava crescendo a cada minuto ao imaginar que teria que se entregar a Hades. Seus olhos crescem de medo ao ver a maçaneta da porta se mexer. Seu marido acaba de entrar, não mais vestido na sápuris, mas com uma túnica púrpura que ia até a altura dos joelhos. Em sua mão direita traz uma adaga e na esquerda uma taça de ouro. Ele deposita os objetos numa mesa e olha para Cora que já está em um canto da parede recuada, como um animal prestes a ser caçado.

- Rainha Cora – ele começa a falar – eis o meu presente de casamento.

Cora o olha assustada, sem entender o que ele falara.

- Presente...? – ela balbucia timidamente.

- Sim. – ao falar, ele a encara com frieza, escondendo assim, a crescente paixão que aparecia toda vez que ele a contemplava - A sua liberdade.

- Minha liberdade?! – Cora dessa vez fala mais alto.

- Sim. Vi que você continua a me rejeitar e não desejo ter ao meu lado ninguém assim. Por isso, eis o meu presente. Bebendo o conteúdo que despejarei nessa taça, você terá condições de transpassar todas as esferas infernais e poderá alcançar o Mundo dos Vivos sã e salva.

Cora riu sem acreditar nas palavras que acabara de ouvir. Mal imaginava ela, que na realidade esse era o plano proposto por Nix para retirar todo o veneno de Anteros tinha despejado em sua alma.

Vendo que Cora acreditou em suas palavras, Hades começa a executar o plano. Com a adaga, ele faz um corte em seu próprio pulso, aparando o sangue que escorre, na taça. Quando o recipiente encheu completamente, ele com o seu poder fechou o corte feito e erguendo a taça, oferece a rainha que acompanha todo o ritual calada.

- Com o meu sangue, você terá o poder de atravessar o Muro das Lamentações sem nenhum esforço. Beba e seja feliz como sempre desejou.

Sem pensar duas vezes, ela toma o cálice das mãos do Imperador dos Mortos e como se tivesse ingerindo um suave néctar, ela bebe todo o conteúdo de uma vez. Quando terminou de ingerir o último gole, sentiu que estava perdendo todos os seus sentidos. Antes de desmaiar, ela é amparara por seu marido. Ele a despeja cuidadosamente na grande cama e acariciando o rosto da jovem que parecia dormir tranquilamente, diz:

- Que esse maldito veneno que inundou seu puro ser seja aniquilado com esse outro veneno que ainda persiste no meu espírito. – e beijando os lábios da jovem, ele diz – tenha bons sonhos Rainha. – e sai, deixando que seu sangue cuide do resto.

No dia seguinte...

Os primeiros raios de luz começaram a romper através das cortinas que flutuavam com a brisa matutina. Hades que passara a noite toda na Sala do Trono se levanta e contempla os Campos Elíseos, por uma janela. O deus dos mortos começara a acreditar que o plano de Nix tinha falhado e isso corroia o seu coração. Porém, antes que pensasse mais, ouviu o portal da Sala sendo aberta e ouviu também, passos pequenos e tímidos indo em sua direção. O Imperador dos Mortos não se vira e então, se sente envolvido pelos braços leves e macios de Cora, tendo a sensação de ser envolvido por laços de seda. Sente também a cabeça da jovem pendendo nas suas costas e percebe que o tecido de sua túnica está sendo molhado por lágrimas. E assim ficaram por certo tempo, até o silêncio ser quebrado por Cora.

- Não sei o que aconteceu comigo, meu senhor... Como o meu amor pode ter se transformado em ódio? Simplesmente não lembro de absolutamente nada do que aconteceu para todo esse rancor ter florescido. Sou um ser indigno do seu amor... Peço que perdoe e que se achar melhor, declame na frente de todos os imortais um castigo para mim, que tão cega ficou sem nem mesmo entender o porquê...

Hades suspira aliviado. Rapidamente ele se vira e procura os lábios da jovem, dando assim um beijo urgente e apaixonado. Depois de receber a carícia, Cora ainda tenta argumentar, porém Hades a cala colocando o dedo indicador sobre a boca da jovem. Ele a puxa gentilmente para o parapeito da janela e a faz contemplar o novo dia que está surgindo nos Campos Elíseos.

- Consegues contemplar todo o vale, minha Rainha? – ele fala com os lábios colados no ouvido da jovem que olha tudo extasiada – Lhe pertence de agora em diante.

Cora dá um sorriso e se vira para Hades. Ela começa a descer as alças de seu vestido, desnudando o seu corpo inteiramente. Hades aparentemente não esboça nenhuma reação, mas o Imperador sente o seu rosto queimar com a visão proporcionada. Ela sorri, tentando esconder a crescente vergonha por tanta "ousadia". Ela então começa a falar:

- Consegue contemplar este corpo e este espírito presentes na sua frente? – ele afirma e ela continua – Lhe pertencem de agora em diante.

O olhar de Hades demonstra claramente o desejo que começa a se manifestar mais e mais. Ele retira a parte superior de sua túnica e envolve a jovem com o tecido. Ela o olha assustada e ele se aproxima, falando bem perto de seus lábios.

- Aqui não é o local ideal para se desposar uma Rainha. – e a erguendo nos seus braços, a conduz até o seu quarto.

Chegando no recinto, ele pousa o corpo da deusa na cama. O tecido que a envolve ao mesmo tempo a desnuda, fazendo com essa visão ficasse inocente e ao mesmo tempo, sensual. Ele a contempla, seus olhos parecendo devorá-la a cada centímetro visto e diz:

- Não tenha medo, lady Cora...

Ela então fica de joelhos na cama, estendendo a mão para ele e diz com convicção:

- Jamais conhecerei o medo se você estiver comigo, meu amor...

Não agüentando mais a paixão que como fogo, o estava consumindo, ele a abraça e a beija com desejo. Ela o puxa para si, e deitando-se, permite que ele comece a explorar o seu corpo. Hades começa a descer seus lábios pelo pescoço da jovem, dando pequenas mordidas em sua pele, seguindo assim, até os seios, ouvindo dela um gemido de prazer.

Vendo que tal carícia a está extasiando, ele prolonga ainda mais, percorrendo depois, o caminho do ventre, indo em direção as suas coxas. Ao ouvir o seu nome sendo pronunciado por Cora, ele rapidamente volta a encontrar seus olhos com os dela e lhe responde com um beijo ardente enquanto sua mão vai ao encontro da feminilidade, fazendo com ela estremecesse de tanto prazer.

Ela por sua vez, começa a imitar as carícias recebidas, e com sucesso, retira o resto da túnica de Hades, fazendo com que sua intimidade entrasse em contato direto com o corpo quente da jovem esposa. O frio coração do deus dos mortos dispara ao sentir que ela lhe dava pequenas mordidas seguidas por suaves beijos em seu baixo ventre. Ele não agüentaria por muito mais tempo. Teria que possuí-la imediatamente.

- Minha deusa... – ele fala em um sussurro rouco – não me submeta a mais sofrimento...

Imediatamente ele a puxa para perto de si e rapidamente, se deita por cima dela e com as habilidosas mãos, abre suavemente suas pernas, começando a torná-la sua aos poucos. A única reação de Cora é arranhar as costas do seu amado, a cada vez que se sente mais invadida. Quando ele consegue romper a barreira de sua inocência, ela dá um leve gemido de dor misturado com prazer, sendo logo calada por um suave beijo de Hades que continua a estimular a jovem, tocando com uma das mãos sua feminilidade. Assim, os dois corpos suados começam uma primitiva dança até chegarem ao mesmo tempo no ápice do prazer.

Sentindo-se fraco e satisfeito, o Monarca se deita, deixando que sua esposa ficasse deitada por cima dele e assim ficaram por um longo tempo. O silêncio é finalmente quebrado por Cora que diz:

- Eu te amo.

- Eu também te amo, minha Rainha.

Lembrando-se dos momentos de intenso prazer vividos há pouco tempo atrás, ela dá um sorriso maroto e diz, enquanto encara os verdes olhos de seu marido:

- Abençoada seja Afrodite por personificar tão pleno sentimento!

Ao ouvir o nome daquela que quase o fez perder Cora, seus olhos se enchem de um ódio descomunal. Com rapidez ele se debruça por cima de Cora, fazendo com que ela o olhasse assustada. Ele diz com uma voz grave e autoritária:

- Jamais pronuncie o nome desta deusa na minha frente entendeu? – e ao perceber o temor nos olhos de Cora, ele a beija e tentando se controlar, lhe fala docemente – Você sim, é a personificação de todo o amor minha doce Rainha. Sou teu escravo e teu guardião perpétuo. Jamais permitirei que conheça o significado da dor, minha amada deusa...

E assim, os primeiros seis meses de casamento prosseguiram. Durante o dia, Hades comanda o seu Reino com autoridade e controle, mantendo o respeito e o temor de seus subordinados, enquanto Cora ou Perséfone, como assim está sendo chamada pelos seus súditos com exceção de Cianéia, vela pela constante manutenção do Palácio dos Mortos e dos Campos Elíseos. Porém, quando a noite chega no Reino das Sombras, os amantes se entregam ao amor e a paixão que não puderam saciar plenamente durante o dia.

Porém, a primavera começava a chegar, indicando que já se fazia tempo de Hades cumprir a sua parte no trato que fizera com Deméter. Com pesar, Cora se despediu de seu marido e partiu rumo ao Mundo dos Vivos. A alegria de ver a sua mãe é sem dúvida sem medidas, mas a saudade de seu esposo com certeza é bem maior. Apesar de repetir para sua preocupada mãe que ama Hades e que seu casamento não tem nenhum dissabor, sua mãe continuava inquieta e apreensiva.

Numa certa manhã em que Deméter foi com Cora até o Olimpo, Afrodite decidiu então averiguar o andamento de sua vingança.

- Minha querida rainha Perséfone – Afrodite fala, ao se aproximar da jovem que está nos jardins do Palácio Celestial colhendo lírios brancos selvagens – Como está pálida! Parece que o Reino dos Mortos não lhe faz bem?

- Ao contrário minha abençoada amiga! – Cora diz, estampando em seu rosto o seu mais belo sorriso – O amor está me fazendo mais feliz a cada dia!

- O amor...? – Afrodite pergunta desconfiada.

- Sim! Como esse sentimento é maravilhoso! Ainda mais com o marido que o Destino reservou para mim! – e abraçando a atônita deusa do amor, completa – Sou a deusa mais feliz de todas, pois amo meu marido e sei que ele me ama mais do que tudo!

Afrodite ouve tudo na mais completa ira e rancor. O seu plano aparentemente perfeito falhou de forma desastrosa. Porém, o "pior" ainda está por vir.

- Posso te contar um segredo, Afrodite? – Cora fala baixinho, como se as flores do jardim tivessem ouvidos.

-... Sim, pode contar... – Afrodite responde séria.

- Há cerca de um mês ando tendo alguns enjôos e tonturas. Não contei nada para Hades, mamãe ou Nix, mas acho que eu estou...

- Grávida?! – Afrodite pergunta alarmada – Mas como?! Você está no Mundo dos Vivos há quase seis meses, como pôde ter engravidado nesse período?!

- Você também acha que estou mesmo grávida?! – Cora não consegue esconder a alegria que contamina a sua alma. Voltando a falar bem baixinho, a jovem continua – É há cerca de um mês, durante uma noite, meu amor me fez uma visita secreta. Depois dessa maravilhosa noite, venho me sentindo estranha... Grávida... Será que estou realmente grávida?!

- Bem, pelo visto pode ser que sim... – Afrodite tenta aparentar serenidade, mas o seu íntimo está revirando com tudo o que está escutando – Por favor, me dê licença. Preciso descansar um pouco.

Deixando Cora no jardim, Afrodite sai pisando duro até o seu aposento no Palácio de Zeus. Ao chegar no quarto, com os seus olhos marejados de lágrimas, ela começa a quebrar tudo o que vê em sua frente. Depois de destruir a última estátua que ainda permanecera de pé, ela fala para si mesma.

- Maldito Hades!!! Como descobriu o antídoto?! Agora isso se tornou sério... – seus olhos azuis brilham com a idéia que surgiu em sua mente – Vou estragar a sua felicidade a todo custo e irei começar por essa vida que começa a crescer no ventre de sua estúpida mulher!!!

Ao retornar para o Reino de seu marido, Cora passa a sentir mais mal-estar a cada dia. A filha de Deméter tenta esconder ao máximo, para evitar preocupações por parte de seu marido. Preocupada com a saúde de sua amiga, Nix pede para contemplar o espírito dela, e qual grande surpresa ao ver que dentro de seu ser, outro ser se fazia presente.

- Pelo Estige! – Nix fala maravilhada – Vossa Majestade está grávida!

Os olhos de Cora se inundam de lágrimas.

- Então estou mesmo grávida?

- Sim. Lorde Hades será pai em pouco tempo... Espere Cora, para onde vai com tanta pressa?

A Rainha dos Mortos já está na metade do caminho que leva até a Sala do Trono, onde comumente seu marido fica. Ao entrar na sala, percebe que interrompe uma reunião entre Hades e os deuses Thanatos e Hypnos. Ao perceber sua esposa, Hades imediatamente interrompe a reunião e pede para que eles retornassem depois. Quando estão a sós, Hades fala:

- O que aconteceu para que minha amada deusa entre dessa forma aqui?

Ela sorri um pouco envergonhada e fala:

- Perdoe-me o incomodo meu senhor...

- Tua doce presença jamais será um incomodo, pelo contrário. – e a abraça, beijando gentilmente.

- Tenho uma boa-nova para você, meu amor! – ela fala, não conseguindo segurar a felicidade que flui dentro de si.

- E o que é? – ele pergunta com um sorriso que só dava para ela, sua Rainha.

- Bem... – ela dá um sorriso maroto e continua – É que brevemente o Reino das Almas terá uma princesa ou um príncipe!

Hades não consegue acreditar no que ouve.

- Você está...?

- Sim! Nix acabou de contemplar! Estou grávida!

Ele em um impulso a ergue nos braços e a gira sem parar. Tentando segurar uma gargalhada de alegria, Cora pede para ser colocada no chão novamente, ou teria outro acesso de tontura. Ele a deixa no chão e sorrindo como um menino, diz:

- Obrigado pelo presente que acaba de me dar, minha deusa.

- Eu é que agradeço pela felicidade sem medidas que me ofereces a cada dia, meu amor...

Ele a ergue novamente e sai em direção a uma saída secreta.

- Para onde está me levando? – ela pergunta curiosa.

- Para o nosso quarto. Precisamos comemorar a chegada do nosso filho, não concorda?

Ela acena a cabeça afirmando que sim e então, os dois amantes partem para o quarto, desejosos de paixão. Mal sabia eles que essa alegria estaria com os dias contados em exatos seis meses, prazo que Cora voltaria para a presença de sua mãe e então, seria alvo fácil para os desígnios vingativos de Afrodite.

CONTINUA...

Revisão: Juli.Chan e Luthy Lothlorien

Notas da autora:

CONSEGUI!!!!! Uau! Nem posso acreditar! Consegui escrever esse capítulo e ainda por cima sai ilesa e sem traumas! (risos)

Bem, mais uma vez quero agradecer de coração a todos que estão mandando os seus comentários, críticas e sugestões. Também quero agradecer a uma turminha especial que está me mandando inúmeros fanart's dessa fanfic! Eu fico muito honrada com isso, já que bem... Desenhar definitivamente não é a minha praia! (risos)

Valeu por tudo pessoal!

E para terminar essa nota, devo avisar que talvez o próximo (e provavelmente penúltimo capítulo) saia com um pouquinho de atraso, já que irei entrar em temporada de provas e também, tenho que dar atenção a outra fanfic que estou escrevendo, que é a fic "Um Novo Rumo".

Mais uma vez, obrigada!

Até a próxima!

Arthemisys