Capítulo 4: Chegada a Hogwarts


Christine dividiu seu tempo até o dia 1º de Setembro entre o Beco Diagonal e visitas a vários lugares de Londres, com ou sem Harry. Passou a freqüentar a sinagoga local, mas sem dizer ao rabino que era uma bruxa. Sempre deixava sua varinha no Caldeirão Furado quando ia à sinagoga, para não dar na telha de que era uma bruxa. Ela sabia que muitos rabinos não tinham a mesma mente aberta de Rabi Johnson, o rabino da sinagoga de Salem. Eles poderiam desautorizá-la de freqüentar a sinagoga por ser uma bruxa. E, como ela sabia que ficaria muito tempo sem ir até uma sinagoga, ia ser a morte para ela ficar tanto tempo distante dos estudos da Torah.

Foi quando o Rabi Albrecht, rabino da sinagoga que Christine freqüentava em Londres, lhe perguntou:

- Algo lhe atormenta, Christine bas Tanenbaum?

- Sim, Rabi. Estou indo para um colégio interno. Vou ficar muito tempo sem freqüentar a sinagoga. E não queria ficar longe dos estudos da Torah e dos profetas... - disse Christine.

- Sei! E também sinto que você teme me contar alguma coisa sobre esse seu colégio interno. Mas não se preocupe, não te obrigarei a dizer nada que você não queira contar.

- Tenho medo de perder sua amizade, Rabi. O senhor foi muito bom para mim, me introduzindo na comunidade. Existem coisas sobre minha vida que não devo contar, pois acredito que as pessoas me julgariam por causa delas e isso me custaria sua amizade.

- Não tema em perder minha amizade. Vejo que é bastante fiel aos Mandamentos do Senhor, e isso me basta. Tenho grande orgulho disso, principalmente por sua aplicação nos estudos da Torah. Você é de que tribo?

- Sou filha de Benjamin.

- Benjamin? Eu sou filho de Judá, mas isso não deve ser problema: afinal de contas, somos irmãos em Adonai. Devo dizer que sempre quis te dar uma coisa. Queria lhe dar isso de presente...

O rabino lhe entregou uma caixa, aonde estava um exemplar muito bonito da Tanakh (N.A.: o Antigo Testamento completo, que é formado pela Torah, que os cristãos chamam Pentateuco, as Profecias e as Escrituras). Filigranado e tudo o mais. E todo comentado por um grande Rabi de Israel.

- Rabi, é muito bonito! Deve ter custado muito caro ao senhor. Eu não posso aceitar algo tão valioso...

- Claro que pode! Você deve aceitar isso. É um presente não meu, mas de Adonai que está a recompensando por sua fé. E dizendo que você deverá estudar mais!. E seja no que for, se você seguir os Mandamentos de Adonai, a sua cólera sempre se erguerá contra seus inimigos, e apenas contra eles.

- Obrigada! Queria dizer que hoje será minha última visita esse ano à Sinagoga, e que sou muito grata por todos os ensinamentos que o Rabi me deu. Talvez ano que vem eu volte... Até lá, não poderei conversar mais com o Rabi, por motivos que não devem ser discutidos...

- Tudo que posso lhe desejar então é shalom, Christine bas Tanenbaum ben Perez ben Benjamin...

- Shalom, Rabi Albrecht ben Goldstein ben Yussef ben Judah. Que Adonai lhe abençoe. - disse Christine, beijando a face do rabino carinhosamente, como uma filha que despede-se de seu pai.

- Que Adonai deseje assim.

- Christine bas Tanenbaum deixou a sinagoga, pedindo que Adonai a iluminasse quanto ao significado daquela frase que achara duas vezes no Código da Bíblia.

- "Christine bas Tanenbaum... Você o mudará?"


Era dia 1º de Setembro. O primeiro dia de Christine em sua nova jornada. Seu primeiro dia em Hogwarts. Christine já deixara preparada todas as suas coisas, enquanto descia o seu novo Malão de Contravolume para levar a Hogwarts. Harry então perguntou a Christine:

- Como pretende ir até King's Cross?

- De táxi, ou de metrô, quem sabe...

- Ficou maluca? - disse Harry - O que os trouxas iriam dizer ao ver alguém carregando um malão desse tamanho?

- E você?

- Vou com o Rony. Se quiser uma carona, os Weasley vêm me pegar daqui a pouco...

- Espero que caiba mais um...

- Que nada! Não se preocupe, Christine. A família Weasley é que nem coração de mãe: sempre cabe mais um...

E realmente, Christine descobriu que sempre cabia mais um "Weasley honorário" entre todos eles. O sr. Weasley foi muito gentil em levar todos até King's Cross no carro que o Ministério da Magia Inglês cedeu. Depois, foi a vez de Rony ensinar a Christine como atravessar a barreira entre as plataformas Nove e Dez para alcançar a plataforma Nove e Meia.

Christine ficou impressionada com a quantidade de gente a pegar o Expresso de Hogwarts. Para ela era meio novidade tudo aquilo: eram muitas pessoas, corujas, sapos, gatos e ratos por todos os lados...

- Christine, o que houve? - disse Harry.

- Já sabia que tinha muita gente em Hogwarts, mas nunca que tinha TANTA gente!

- Como é que é? - disse Harry - Como você...

- Bem, ganhei Hogwarts - Uma história, do diretor Willows antes de vir para a Inglaterra.

- Será impressão minha, ou TODO mundo que vai para Hogwarts resolve ler esse bendito livro? - disse Rony.

- Vamos embarcar então. - disse Christine - Quero chegar logo em Hogwarts.

Christine entrou com toda a cautela no Expresso de Hogwarts. Harry, Rony e Hermione a convidaram para ir até Hogwarts em sua cabine. Hermione parecia lustrar seu novo distintivo de Monitora de Grifinória:

- Para que ano você vai? E que casa? - perguntou Hermione, enquanto uma coruja lhe entregava o Profeta Diário.

- Não sei... Parece que vai ser o Chapéu Seletor quem irá decidir isso...

- Vejam! - disse Hermione - Olhem só: "Mundo mágico em polvorosa: descoberta pesquisa secreta sobre a Chave de Daniel."

- Como? - perguntou Christine.

- Aqui: "O Ministério da Magia descobriu recentemente que a famosa aritmântica Eleanor Vector, professora de Aritmância da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, estava envolvida em uma pesquisa secreta sobre a lendária Chave de Daniel..." Que estranho.

- O que é a Chave de Daniel? - disse Harry.

- Diz a lenda que um profeta chamado Daniel teria colocado na Bíblia uma série de profecias, mais exatamente, uma espécie de grande mapa de profecias. Mas que a teria ocultado de alguma forma, através do uso de algo chamado a Chave de Daniel. - disse Rony.

- Isso é verdade, Rony! Daniel realmente ocultou alguma coisa na Bíblia! - disse Christine, sem deixar transparecer que ela já sabia, e mais, que ela tinha acesso ao Código da Bíblia.

- Como você tem certeza, Christine? - disse Hermione, sacando que a menina algo sabia a mais.

- Está escrito na Torah: "Tu porém, Daniel, conserva secretas as palavras e lacra o livro até o tempo final! Muitos vaguearão perplexos para que cresça o saber."

- Sei... - disse Hermione, ainda observando Christine como quem dizia: "Ainda vamos ter uma conversa muito séria, garota!"

Christine estava muito preocupada: a Presidência da Magia Norte-Americana era bastante liberal quanto ao uso da magia, desde que isso não comprometesse leis básicas, como o sigilo da Magia... Mas ela sabia que o Ministério Inglês era muito rígido. O medo dela era ser descoberta: ela tinha posse de objetos tecnomânticos, o que poderia ser considerado ilegal pelo Setor de Mau-Uso dos Artefatos dos Trouxas.

Mas com o tempo, Christine foi relaxando. Os sapinhos de chocolate vieram muito a calhar para animar a jovem judia. Mas ela continuava preocupada: se os bruxos já sabiam do Código da Bíblia, isso queria dizer que Voldemort poderia estar por dentro do que estava acontecendo quanto ao Código da Bíblia no mundo dos trouxas. E se isso acontecesse, muitos estariam correndo risco.

Foi então que Christine percebeu que estava com muito sono, devido a toda essa tensão, e acabou descansando um pouco...


Christine acordou com Hermione a cutucando:

- Ei, Christine! Acorda! Estamos chegando em Hogwarts!

- Ah! Droga! - disse para si mesma Christine - Perdi algo importante?

- Não, Christine, mas é bom você levantar e colocar suas vestes, pois o trem está quase chegando na estação de Hogsmeade. Venha, vamos nos vestir.

Christine e Hermione foram para outra cabine, que estava desocupada para se vestirem. Foi quando Christine percebeu que as vestes de Hermione tinham as cores Vermelha e Dourada da casa de Grifinória, enquanto a sua própria ainda era totalmente negra.

- Não se preocupe! Depois de ser selecionada, suas vestes receberão as cores de sua casa.

- Sei. Espero que sejam as mesmas da sua casa, Hermione.

Depois de vestida, as duas garotas voltaram ao encontro dos dois garotos. Ao ver a veste de todos, Christine percebeu o quão diferente eram das vestes de Salem, que costumavam ser coloridas, em geral em azul, branco e vermelho, com muitas estrelas e brilhos. Apenas os brasões e símbolos das Irmandades, como a Coruja com a letra grega que dava nome à Irmandade Sigma de Christine, eram escuros.

- Bem, vamos ver como é Hogwarts. - disse baixinho para si mesma Christine.

"Todos os alunos, favor seguirem as orientações da Guarda de Hogwarts no desembarque. Como de costume, deixem todos os seus pertences aqui, que eles serão levados até o Castelo..."

- Guarda de Hogwarts? - perguntou Rony - Hermione, você está sabendo de algo?

- Não! Não contaram nem aos Monitores. Talvez, só os Monitores-Chefe estejam por dentro da questão...

- Bem, seja como for, temos que tomar muito cuidado, agora que Vocês-Sabem-Quem voltou. - disse Rony.

- Como? - disse Christine - O Vocês-Sabem-Quem voltou?

- Sim! Tudo aconteceu no ano passado...

Harry explicou a Christine tudo que se sucedera durante o Torneio Tribruxo.

- E foi assim. - disse Harry.

- Adonai Jire! Tudo isso... Por causa...

- Sim! Poder!

A cada segundo que passava, parecia mais e mais claro a Christine a importância dela naquilo tudo:

- "Christine bas Tanenbaum... Você o mudará?"

O trem então parou e alguns alunos, paramentados com capas azuis-escuras com o brasão de Hogwarts bordado nelas estavam posicionados em cada porta.

Foi quando um homem de aspecto selvagem e muito grande, mas muito grande MESMO, começou a gritar:

- Alunos de Primeiro-Ano! Alunos de Primeiro-Ano! Desçam e formem fila!

- Quem é esse cara? - perguntou Christine.

- Ele é o Hagrid. Ele só parece assustador: na verdade, ele é um cara muito bacana mesmo. Pode confiar.

- E eu devo ir com ele?

- Sim. Você ainda vai ser selecionada. E só alunos em seus primeiro anos em Hogwarts são Selecionados.

- Certo!

Christine desceu do trem quando a tal Guarda de Hogwarts permitiu que eles saíssem. Ela então viu que realmente Hagrid parecia ter um bom gênio. Hagrid pegou os alunos do primeiro ano, acrescidos por Christine, e levou-os até os barcos:

- Ali está, pessoal! Hogwarts! - disse Hagrid, enquanto saiam de uma clareira pela qual haviam andado para chegar até lá.

Eles estavam na beira de um lago... E no outro lado do lago, um majestoso Castelo, que Christine não sabia definir como acolhedor ou como assustador, embora ele fosse ambas as coisas...

- Bem, apenas quatro por barco. Senhorita Tanenbaum, a senhorita vem comigo! - disse Hagrid.

Tão logo todos se acomodaram, os barcos saíram em disparada, aparentemente guardados por bruxos da Guarda de Hogwarts montados em vassouras, observando a passagem da flotilha de barcos, até uma passagem na beira do lago, que desembocava em uma espécie de passagem secreta, que por sua vez levava até uma espécie de doca. Nesse local, Christine e todos os outros desceram.

Então Hagrid entregou todos à professora McGonagall, que por sua vez explicou detalhadamente sobre as Casas e sobre a questão dos pontos. Antes de entrar, porém, ela chamou Christine de canto, lhe entregou um pedaço de pergaminho e disse:

- Senhorita Tanenbaum, preciso que você me entregue ainda hoje, antes de ir dormir, a confirmação das suas opções de Matérias Facultativas. Aconselharia você a esperar o Chapéu Seletor te selecionar quanto a Ano e Casa. Quando isso acontecer, todas as matérias estarão distribuídas adequadamente nesse papel, de forma que você possa fazer suas decisões. Pode voltar ao seu lugar...

Logo em seguida, os quatro fantasmas das Casas apareceram diante dos mesmos, falando e comentando sobre tudo que acontecia em Hogwarts. Foi quando a professora abriu a porta do Salão Principal e Christine sentiu que ia de encontro ao destino que o Código da Bíblia lhe revelara:

"Christine bas Tanenbaum... Você o mudará?"