Capítulo 9: Longbottom
Os dias continuaram a passar: Christine já tinha se recuperado do acidente na aula de Snape, sem nenhuma cicatriz. Ela, utilizando-se de sua ótima vassoura Silent Hille vestindo as roupas de quadribol dos Chicago Ghostriders (um traje branco, com uma grande tarja vermelha, aonde um fantasma com a forma de um avião trouxa aparecia e acima do qual estava escrito o nome do time), conseguiu a vaga de artilheira, aberta pela saída de Angelina Johnson por formatura de Hogwarts e, portanto, do time de quadribol da Grifinória. Rony Weasley era o goleiro, assumindo a vaga do antigo capitão Olívio Wood: ele continuava a tradição dos Weasley de sempre terem jogadores no time de quadribol da Grifinória com um verdadeiro baile no gol.
Os treinos iam de vento em popa: Christine já se dava bem com suas companheiras de ataque Alicia Spinnet e Katie Bell. Harry era o capitão, e ele permitiu que Christine mostrasse às outras duas atacantes as manobras do quadribol norte-americano, como o Ataque dos Cavaleiros Fantasmas (quando os três artilheiros voam juntos até os limites da pequena área, com aquele que porta a goles no meio e os outros dois de lado. Os que estão de lado voam então para cima, cruzando-se em xis, e o artilheiro que está de posse da goles pega e atravessa entre os dois, cruzando-se pelo meio dos dois artilheiros. Durante um loop rápido, o artilheiro opta por passar a goles para um dos outros dois ou por avançar até a pequena área, lançando a goles). Isso estava estimulando o time a pensar novas estratégias, e parecia que Harry agora era mais maduro, ao mesmo tempo estimulando e sendo otimista e também corrigindo defeitos e sendo realista. Isso estimulava a todos.
Christine também passou a ir melhor em suas matérias mais fracas, que eram Herbologia e Poções. Na verdade, Christine e Neville vinham melhorando em Poções: por algum motivo, Snape sempre a deixava junto com Neville. Era como se Snape quisesse ver Christine tendo problema por causa de Neville. Mas o tiro inevitavelmente estava saindo pela culatra. Agora, Christine na verdade estava fazendo Neville entender que não era difícil Poções: se alguém com dois anos de atraso podia recuperar o tempo perdido, porque Neville que, apesar dos pesares, estava com a matéria em dia, iria ter problemas em Poções?
Mas a grande verdade é que, depois da "demonstração de força", Neville voltou a ser o mesmo esquecido e desastrado de sempre. Certo final de semana, Neville sentou-se perto do lago, de costas para uma árvore. Christine estava saindo do treino de quadribol, um dos mais intensos de todos os tempos, pois era para a partida mais aguardada do ano: Grifinória contra Sonserina. Ela estava cansada, carregando sobre os ombros sua vassoura Silent Hill. Foi quando viu então o jovem grifinório e decidiu se aproximar dele:
- Oi, Neville! - disse Christine.
- Oi... - disse Neville, um pouco cabisbaixo, arremessando uma pedrinha no lago, com toda a sua força.
- Se importa? - disse Christine, sentando-se ao lado dele, de contra a árvore.
- Tudo bem.
- O que aconteceu?
- Nada, Chris...
- Olha, não é muito bom mentir para mim. Você viu o que eu fiz com o Draco no começo do ano. Posso muito bem fazer em você. - disse Christine, sorrindo.
Neville sorriu rapidamente e disse:
- Tem razão. Na verdade, meu problema é comigo mesmo.
- O que foi?
- Sabe, eu não sei porque... Sempre esqueço alguma coisa. É fogo! Eu penso: "não posso esquecer que bezoar é usado em antídotos", "não posso esquecer que bezoar é usado em antídotos", "não posso esquecer que bezoar é usado em antídotos"... Chega no dia de fazer o antídoto... Cadê o bezoar, o Snape me pergunta! É impressionante! Isso sem falar no tanto de vezes que fiquei para fora do Salão Comunal por esquecer a senha, mais os problemas na aula da professora McGonagall, mais os do professor Flitwick...
- Entendi.
- Sabe, eu sou um desastre mesmo. - disse amuado Neville, arremessando mais uma pedrinha - Desde o primeiro ano é assim. Começou com o caldeirão do Simas que eu derreti. Depois, foi eu perder o controle da vassoura e acabar caindo, dessa eu nem sei como escapei! Depois... Bem, são tantas coisas que nem me lembro direito.
- Neville, você tem algum problema fora de Hogwarts?
- Nenhum... Porque?
- Bem, eu não vejo sua avó mandar cartas para você. Só materiais esquecidos e Berradores.
- Ela não tem muito tempo para ficar ouvindo meus problemas... - disse Neville
- Bem, Neville, sabe que acho você um cara super cool, como dizemos lá em Salem? - disse Christine.
- Como assim?
- Olha, você não tem nada de semelhante com nenhum dos outros garotos do 5° Ano. Draco é um metido, Finch-Fletcher é um babaca, Boot é totalmente estranho, o Simas é um verdadeiro tarado galinha sem noção... Bem, você é bem diferente dos demais.
- E isso é bom ou ruim? - perguntou Neville.
- Depende de como você vê isso. Olha, Neville, eu estou sentindo que você não está contando toda a verdade para mim sobre você. E seus pais? Onde eles estão?
- Bem... Eu... Sabe... É que... - disse Neville, visivelmente incomodado com o fato de Christine ter lhe perguntado sobre os pais.
- Olha, eu não vou te forçar a falar nada que você não queira, mas se você quer fazer uma coisa... Aguarde aqui.
Christine correu para o castelo e voltou, com duas taças:
- Neville, beba isso.
- O que é? - disse Neville - Não é nenhuma poção, não? Você não colocou Veritaserum aí?
- Você acha que eu seria capaz de uma coisa dessas? Claro que não! Na verdade, isso é vinagre.
- Vinagre? Como...
- Na Sigma, minha Irmandade em Salem, tínhamos uma brincadeira que era uma espécie de ritual. Chamávamos de "Roda do Vinagre". Funcionava assim: todos os que participavam pegavam cálices cheios de vinagre e tomavam. Depois, cada um de nós fazia uma pergunta para o outro, e o outro tinha que responder a verdade, por mais íntima que fosse a pergunta. O vinagre era uma forma de lembrarmos que nessa roda podiam estar sendo contados segredos íntimos, e que seria doloroso para a pessoa que o contou ser traída pelos demais. Entendeu?
- Sim. Você então...
- Depende de você.
- Tudo bem.
Neville e Christine viraram os cálices de vinagre de chofre. Christine viu Neville fazendo uma careta ao sentir o gosto ácido do vinagre descendo por sua garganta. Ela tinha certeza que ele também viu quando a mesma fez uma cara de ânsia quando terminou seu cálice.
- OK! Então Neville, pode perguntar.
- O que você veio fazer em Hogwarts? Por que saiu dos Estados Unidos, de sua Escola de Magia e veio para a Inglaterra? Imagino que isso não seja fácil, afinal de contas, você tá longe dos país, da família e tudo o mais.
- Queria estudar em uma boa Escola e... proteger Harry.
- Por que?
- Bem, posso lhe dizer que acredito que ele esteja em perigo, e tenho fontes seguras de que ele pode ser alvo, ainda esse ano, de um ataque dos homens de Você-Sabe-Quem.
- Entendi.
- Agora sou eu, Neville: por que você esconde tanto as coisas sobre seus pais?
Neville ficou um pouco nervoso, mas então percebeu que não podia voltar atrás: Christine tinha sido totalmente sincera nas duas perguntas, e provavelmente teria sido em outras, mesmo que ela tivesse segredos capazes de custar sua vida. Então, Neville decidiu abrir o jogo:
- É uma história muito, muito longa...
Neville contou então para Christine tudo, absolutamente tudo sobre seus pais, sem esconder nada. Christine ouviu horrorizada: ela já sabia muito mais sobre Neville do que ela imaginava.
- Então é isso... Eu os visito vez por outra no Hospital St. Mungus para Doenças e Acidentes Mágicos, mas eles não sabem quem eu sou. - disse cabisbaixo Neville.
- E por isso você odeia tanto Draco Malfoy?
- Sim: claro que Malfoy sabe alguma coisa que não quer me contar. Mas seja como for, não sei se gostaria de saber o que Malfoy pensa. Sabe, eu tenho sangue puro, e minha família faz parte de um pequeno grupo de famílias de sangue puro altamente tradicionais, como os Weasley, os Malfoy e os McMillian, para citar algumas. E não é de hoje que os Malfoy se atracam com os Longbottom.
- Rixa de família?
- Mais ou menos...
- Agora, Neville, queria fazer uma pergunta bem íntima. Portanto essa vou deixar ao seu encargo responder ou não: você sente falta de seus pais?
Neville pensou um pouco, até que decidiu por responder:
- Claro! - disse Neville - Queria um pai que visse eu em cima de uma vassoura jogando quadribol, que tivesse visto minhas primeiras E.I.M.s e por aí afora. Alguém que me levasse a cinco anos atrás no Beco Diagonal para comprar minha primeira varinha na Olivaras, e que tivesse me levado à Plataforma Nove e Meia no dia 1º de Setembro, torcendo para que tudo corresse bem em Hogwarts. Alguém que depois receberia minha coruja e comemoraria o fato de eu ter entrado na Casa de Grifinória. Talvez seja por isso que eu seja tão desastrado...
- Isso sem falar que vovó, apesar de sempre ter sido muito boa comigo, achava que eu era um aborto, que eu era totalmente trouxa. Ela me colocava em cada roubada: isso até o dia em que meu tio me segurou de cabeça para baixo na casa da vovó e me soltou acidentalmente. Se não tivesse disparado magia acidental, teria me esborrachado de cabeça...Parece até que eu só seria importante em minha família se fosse bruxo!
- Bem, nem sei o que dizer, pois sou filha de pais trouxas, e só fui descobrir que era bruxa aos 11 anos, com a carta da coruja de Salem. Até lá, sempre achei que tinha sobrevivido a tudo que me aconteceu por mera sorte. E meus pais me entenderam e me amaram, do jeito que eu sou. - disse Christine.
Christine e Neville se olharam:
- Neville, posso te dizer uma coisa? - disse Christine.
- Sim.
- Se precisar de um ombro amigo, para desabafar a qualquer momento, pode contar comigo.
- Obrigado.
Neville e Christine se encostaram na árvore, enquanto via o sol frio de inverno descendo... E quando o mesmo terminou de descer, os dois voltaram para a Torre de Grifinória.
