Capítulo 11: O primeiro Hanukkah em Hogwarts


A vitória no quadribol animou Christine, que notou que Draco agora estava mais quieto em relação a Christine do que seu orgulho inicial. Agora ele parecia estar mais na sua do que antes.

Claro que o tempo foi esfriando mais do que Hogwarts já era frio, e com aproximação do frio, Christine estava sofrendo mais do que o normal, e ainda mais que o frio daquele ano estava ainda mais intenso que o normal. Isso para Christine foi terrível, ainda mais pelo fato do Instituto Norte-Americano de Bruxaria ser em um lugar muito quente, mesmo no inverno: ela não estava acostumada a sentir muito frio.

- Que lugar frio. - disse Christine, subindo do lugar mais frio de Hogwarts, as masmorras aonde ficavam a sala de aula de poções - Como pode existir um lugar frio desse tanto? Parece que estou na Antártica! Só faltava os pingüins...

- Simples. - disse Rony, irônico - Como pode existir alguém com um coração tão gelado quanto o do Snape? Isso aqui apenas reflete o coração daquele seboso!

- Você tem razão, Rony! - disse Christine - Ele tem um coração de nitrogênio líquido!

- Ei, vamos parar de falar de coisas tristes? - disse Harry - Lembrem-se: agora começa o recesso de Natal. Duas semanas para nos divertirmos.

- E duas semanas sem ter que encarar aquele cara-de-passa do Malfoy. - disse Rony.

- Vocês vão ficar? - perguntou Hermione - Papai e mamãe vão para um congresso no Japão, mas me disseram que vão dar um jeito de me comprar o presente por lá.

- O pessoal vai todo para a Noruega, auxiliar o Carlinhos em algumas pesquisas sobre o Dragão Norueguês...

- O Norberto? - perguntou Harry.

- Como? - perguntou Christine

Os três explicaram a história do Bebê Norberto, o dragão que Hagrid quase criou em Hogwarts, mesmo isso sendo proibido por lei.

- Entendi...

- Então, vou ficar. Mas pelo menos vai ser bom, porque a Gina e os Gêmeos vão: a Gina sente falta do Carlinhos, enquanto os Gêmeos vão é para farrear: dizem que as bruxas norueguesas são um espetáculo...

- Francamente, Rony! - disse Hermione.

- Tem gente que não aprende mesmo! - brincou Christine.

- E você, Chris? - perguntou Rony.

- Bem, vou ficar... Distância, sabe como é? Além disso, voar o Atlântico é demorado e perigoso, mesmo com vassouras como a Wuthering Highs, que tem um sistema anti-colisão contra aviões trouxas...

- Entendi. Bem, vamos ser quatro... - disse Rony, chegando na Torre de Grifinória.

- Ou melhor, cinco! - disse Christine, ao ver que Neville estava na Torre, quando todos os outros tinham corrido e pegado suas coisas para passarem o recesso em seus lares.

- Neville, o que houve? - disse Rony.

- Vovó vai viajar. Um tio meu da Holanda parece que está doente e a vovó foi visitar ele.

- Bem, vai ser legal! - disse Christine - Neville, a gente vai se divertir bastante, você vai ver.

Os três outros olharam-se com uma expressão de surpresa: não entendiam como Christine podia achar alguma coisa em um cara apagado como Neville.

Mas conforme o recesso foi passando, eles começaram a entender o que Christine via: depois que "quebraram o gelo" com Neville, eles perceberam que Neville é apenas tímido. De resto ele é como todo e qualquer Grifinório: honrado, corajoso e muito sincero. Além disso, conseguia sorrir e divertir-se, mesmo quando mantinha sua timidez.

Neville e Christine participavam de todas as atividades que o grupo mantinha. Pela primeira vez, todos viram Neville dar um sorriso sincero e espontâneo, enquanto eles participavam de uma guerra de bolas de neve.

Aquilo foi interessante para Christine, que percebeu que Neville estava se integrando aos demais, e era parte de sua missão que Neville passa-se a ser mais bem visto por Harry, Rony e os outros.

Foi quando no Natal, Christine sentiu alguém lhe arrancando a coberta em um dia estupidamente frio:

- Ei, sua preguiçosa, acorda! Feliz Natal! - disse Hermione, com seu roupão.

- Shalom Hanukkah para você também, Hermione! - disse Christine, ainda meio sonolenta, enquanto procurava os óculos e o roupão.

- Como assim? - disse Hermione.

- Shalom Hanukkah! Feliz dia dos Tabernáculos! - completou Christine.

- É isso?

- Na verdade, o Hanukkah não é comemorado no dia de hoje, mas vou aproveitar e comemorar com vocês!

- Bem, vamos tomar um banho e descer, que os garotos devem estar esperando!

- Certo.

As duas garotas então aproveitaram que só elas estavam de garotas no quarto das Quinto-Anistas de Grifinória e tomaram um banho caprichado, quando elas ouviram alguém gritar:

- Ei, vocês duas, vão demorar?

- Já vamos, Rony! - disse Hermione - Só um minuto!

- Vocês têm presentes?

- Sim! - gritou Christine

- Peguem eles e desçam no Salão Comunal! Estaremos esperando vocês lá!

- Certo!

Após o banho, as duas recolheram todos os seus presentes e desceram as escadas. Chegando no Salão Comunal, elas viram que os meninos tentavam entender um jogo que Neville ganhou:

- Memória Explosiva? O que é isso? E quem me mandou?

- Fui eu! - disse Christine - Memória Explosiva funciona como uma espécie de card game trouxa e é muito popular nos Estados Unidos.

- Como assim? - perguntou Rony.

- Card games são uma mistura de baralho e figurinhas colecionáveis. No caso do Memória Explosiva, cada caixa traz as figuras de 60 bruxos famosos, duas de cada, em um total de 120 figuras. O jogo é assim: depois de embaralhar as cartas e espalha-las sobre a mesa, viradas para baixo, o jogador puxa duas. Se as imagens forem iguais, o jogador recolhe o par, marcando um ponto, e pode tentar de novo. Senão, deve devolver as cartas à posição original e passar a vez para o seguinte. Quem marcar mais pontos ganha.

- Ah, é só isso?

- Nada disso: se você virar uma carta que já tenha virado antes, e errar, ela causa uma explosão, que nem o baralho de Snap Explosivo...

- P-p-puxa! - disse Neville assustado - Quer dizer que...

- Olha, agora você vai aprender a guardar as coisas na cabeça, nem que seja na marra. - disse Christine.

Todos deram risada da situação, até mesmo Neville. Foi quando Rony perguntou:

- O que vocês ganharam?

- Não sei... - disse Christine.

- Vejamos. - disse Hermione.

Hermione abriu seu primeiro pacote: de dentro saiu um ovo.

- Espera aí... Não é páscoa...

Ela então escutou o ovo quebrando:

- Esse negócio tá chocando! - disse Christine.

- Deve ser um Rabo-Córneo Húngaro! - disse Rony, apavorado - O Carlinhos me disse que os ovos deles são assim!

- Nem brinca, Rony! - exclamou Harry - Não quero ver um outro daquele na minha vida!

- O que será? - perguntou-se Hermione.

O ovo quebrou todo, e de dentro saiu uma coruja muito marrom, que deixou cair sobre o colo de Hermione o seguinte cartão:


"Filhinha:

Como prometemos, demos um jeito de comprarmos seu presente de Natal. Aquele senhor ruivo, pai do seu colega de escola Rony foi bem gentil em nos conduzir pelo Beco Diagonal até Gringotes para trocarmos algumas libras por dinheiro bruxo. Então decidimos comprar para você essa coruja. Esperamos que você goste.

Feliz Natal

Seus Pais"


- Puxa vida! Foi muito legal o presente dos seus pais! - disse Christine.

- O pai do Rony foi bem legal em auxiliar seus pais, Mione! - comentou Harry.

- Dá para perceber de onde o Rony herdou seu coração de ouro! - disse Hermione, fazendo o jovem ruivo corar.

- E você, Chris? Ganhou o que? - perguntou Rony.

- Deixe-me ver, tem vários presentes... Alguns são de amigos meus da Sigma: pode-se ver porque eles marcaram os presentes com a letra Sigma de minha Irmandade em Salem. Outros são de mais pessoas de Salem. Vejamos esse aqui... Parece ser lá de casa...

Christine abriu um pacote que parecia um tridente. Quando o papel de presente desfez-se nas mãos dela, ela não pode esconder a surpresa:

- Adonai Jire! Um tabernáculo de prata! Que lindo... - disse Christine, empunhando o castiçal de sete pontas, três de um lado, três do outro e um central, todas de um prateado límpido, lustroso e exuberante.

- Espera um pouco! - disse Rony - Eu sei sobre isso. Meu avô tinha um em casa...

- Como assim? - perguntou Christine - Isso aqui é trouxa. Se teu avô tinha um em casa...

- Vovô gostava das coisas dos trouxas da mesma forma que papai. E dizem também que, utilizando-se velas corretamente produzidas, um tabernáculo de prata portado por uma pessoa que acredite no seu poder pode produzir um círculo de proteção tão forte que é capaz de resistir até mesmo à Avada Kedavra!

- Sério? Não sabia disso...

- Seja como for, pode ser bem útil no futuro. - disse Harry - Veja o próximo presente seu, Christine.

Então Christine pegou um pacote disforme. Quando bateu o olho nele, Rony exclamou:

- Não pode ser! Isso não pode ser verdade!

- O que? - disse Christine, enquanto abria o pacote. De dentro dele, uma suéter tricotada a mão branca, semelhante à bandeira de Israel, caiu sobre as mãos de Christine. Dentro da Estrela de Davi da bandeira, um C estilizado em uma letra hebraica. Rony, em um misto de espanto e vergonha, disse:

- Ah, não! Até você, Chris! Mamãe lhe mandou uma suéter Weasley! Que nem eu e o Harry! - disse Rony, apontando para sua suéter cor-de-tijolo com um R na frente, e a suéter verde-garrafa com um H na frente.

- Ahn, Rony... E acho que não é só a Chris que ganhou sua primeira suéter Weasley esse ano não. - disse Harry, enquanto apontava Hermione, que desempacotava uma suéter cor de trigo, aonde um livro com as letras H e G estava bordado.

- Ah, não! - disse Rony, amuado - Desse jeito, TODA a Hogwarts vai receber suéteres Weasley no Natal...

- Ei, Rony! - disse Chris - Não esquenta a cabeça com isso. Afinal de contas, a sua mãe apenas está demonstrando que é legal. Além de tudo, é lindo! As cores e os símbolos de Israel!

- Mas depois vem aquele imbecil do Malfoy e diz que...

- Manda aquele filisteu do Malfoy ir tomar no ... - disse Christine, completando com algo que fez todos dizerem "Chris!"

- É isso mesmo! - disse Hermione - O Malfoy não pode humilhar impunemente pessoas. Se aquele babaca acha que pode mandar em todo mundo, bem, ele vai descobrir que em mim ninguém manda.

Foi quando então Harry abriu um presente dele e Christine um dela, ambos sem nome: quando abertos, revelaram a ambos dois cadernos semelhantes: de capa vermelho carmesim, com o emblema de Hogwarts nas costas e o de Grifinória na frente. Neles, dois nomes: "Remus J. Lupin" e "Tiago Potter".

- Ei, que cadernos são esses? E porque são iguais? - disse Harry.

- Ei, tem um cartão aqui! - disse Neville, pegando o caderno de Christine e puxando um pequeno cartão branco que estava dentro do mesmo. Foi quando ele leu-o e ficou espantado com o que leu:


"E aí, Christine, como vai?

Bem, eu estou aqui com o Aluado (não posso dizer aonde), mas decidi lhe mandar um presente que pode lhe auxiliar:

Lembra que eu te falei sobre a Chave de Daniel e sobre como o Aluado e o pai do Harry descobriram informações sobre ela na Seção Reservada. Bem, dei uma pressionada no Aluado aqui e descobri que ele também pegou algumas teorias de aritmânticos de todo o mundo, principalmente judeus, sobre a Chave de Daniel. Como achei que o meu afiliado Harry também poderia se interessar no assunto e dar uma força, decidi passar uma duplicação (Dupplio é um feitiço fantástico quando bem utilizado) das anotações para ele.

Bem, espero que seja útil.

De seu amigo,

Sirius Black"


- Vo... cê... é... afilhado de Sirius Black, Harry? - ficou apavorado Neville.

- Não vá fazer besteira, Neville! - disse Rony.

- Tenho que contar a McGonagall. Não podemos deixar um fugitivo bruxo ficar impune! - disse Neville, correndo para a passagem secreta da Grifinória.

- Petrificus Partiallis: Podos! - disse Christine, antes que Neville saísse de perto.

As pernas de Neville ficaram petrificadas, coladas ao chão. Neville então pegou a varinha. Hermione disse:

- Expelliarmus! - fazendo a varinha de Neville voar. Antes que Neville conseguisse esboçar reação, Christine apontou a varinha de Neville e disse:

- Accio varinha! - recolhendo a varinha de Neville.

- Chris, o que...

- Neville, você confia em mim?

- Claro, é que...

- Pode lançar o Verita Vocallis em mim, Neville, se acha que estarei mentindo. - disse Christine.

- E em nós! - disseram os outros três.

- Está bem. Mas espero que não estejam mentindo! - disse Neville

Christine pessoalmente entregou a varinha para Neville que então utilizou-se do Feitiço da Voz Verdadeira:

- Verita Vocallis!

Os quatro estavam agora sobre efeito do Feitiço da Voz Verdadeira: eram agora incapazes de mentir, mesmo que desejassem.

- Vamos ver então! - disse Neville, em algo que não lembrava o atrapalhado bruxo de sempre, e sim um poderoso Auror com sangue Longbottom - Quero saber, palavra por palavra, toda a história.

Para sorte de Harry, Rony e Hermione, apenas Christine e Neville estavam lá: os demais tinham ido tomar café cedo. Isso porque os três contaram, tintim por tintim, o que se passou na época da fuga de Sirius de Askaban, inclusive sobre o Vira-Tempo que Hermione utilizava e sobre o Feitiço do Patrono.

- UAU! - disse Neville - Mas porque o resto do pessoal...

- Cai na real, Neville! - disse Rony - Teria que ser muito crédulo para cair em uma história dessa sem uma comprovação! Por isso permitimos que você usasse Verita Vocallis: não nos preocupávamos conosco, pois iríamos contar a história verdadeira de uma forma ou de outra. Nos preocupávamos em você acreditar no que falávamos.

E se eu contar aos outros...

- Neville! Lembre-se do vinagre! - disse Chris.

- O quê? - disse Hermione - Como assim, "lembre-se do vinagre"?

Christine então contou a eles sobre a "Roda do Vinagre" que fez com Neville. Obviamente, Christine não contou sobre os segredos que Neville lhe revelara.

- Entendi. - disse Rony - Quer dizer que...

- Neville, se minha amizade vale alguma coisa para você, por menos que seja, você NÃO IRÁ contar esse segredo para mais ninguém! - disse Christine, segurando Neville nos ombros.

- Sim, Chris! - disse Neville.

- Bem, vamos esquecer tudo isso, e aproveitar o Natal... - ia dizendo Harry.

- Hanukkah. - cortou Christine, enquanto ela desfazia o Feitiço da Petrificação dos Pés que lançara em Neville.

- Que seja, vamos aproveitar e nos divertir! - completou Harry, descendo com todos para o café.

Depois do café, os cinco jovens foram disputar uma rápida partida de Snap Explosivo. Além do Snap Explosivo, todos experimentaram o verdadeiro card game trouxa: Christine trouxera tudo que conseguira de cards para Hogwarts, e isso foi o suficiente para divertir a todos até o almoço de Natal.

Para Christine, almoços de Natal sempre lembravam a muito refrigerante e churrasco à beira da piscina olímpica do Instituto de Salem. Na verdade, essa piscina servia para lembrar aos bruxos de Salem sobre como era a morte dos que se afogavam no lago: diferentemente dos Inquisidores que, à exceção dos que seguiam informações coletadas por São Cipriano, eram extremamente ineficientes, os seguidores de Cotton Mather, o maluco que quis caçar os bruxos no novo continente estavam extremamente bem armados de conhecimento e técnicas. Aparentemente, Mather era um aborto com tanto rancor e ódio de seus pais bruxos que declarou uma guerra contra os bruxos, que só teve fim vários anos após sua morte.

Já em Hogwarts, as mesas das casas tinham desaparecido: como haviam apenas os cinco amigos e alguns alunos da Grifinória, uns cinco ou quatro da Lufa-Lufa e uns dois ou três de Corvinal e Sonserina, apenas a mesa dos professores foi usada. Além do mais, quase todos os professores haviam sido convocados para missões especiais: em Hogwarts estavam apenas Flitwick, Hooch, Sprout e McGonagall, além do próprio Dumbledore.

Foi um almoço bastante divertido, mesmo com os olhares da professora McGonagall tentando pedir moderação dos jovens. Obviamente, as tradicionais bombas de bruxo estavam lá: Christine, ao puxar uma, deu a sorte de ganhar um charud (o chapéu que os judeus usam na cabeça) nas cores de sua tribo, Benjamim (curiosamente, o mesmo vermelho e dourado da Grifinória) e um conjunto de peças de xadrez de bruxo, o que garantiu muita diversão por muitos dias que se seguiriam.

Mas em momento nenhum, Christine esqueceu que, primariamente, aceitou a missão que Adonai colocou na Bíblia, a três mil anos atrás, e que uma bruxa encontraria com o uso do computador:

"Christine bas Tanenbaum... Você o mudará?"