Capítulo 18: Black (ou Explicações e Liberdade)
(N.A.:Provavelmente esse será o capítulo maior da Fic. Isso se deve ao fato de ser necessário explicar o que aconteceu antes dos livros, ao menos na visão da fic. Se não bater com a idéia que cada um faz dos personagens citados, peço desculpa.)
O resto da semana foi de imensa expectativa em Hogwarts: todos já sabiam que o foragido Sirius Black estava preso junto com um Comensal da Morte chamado por todos apenas de Rabicho em uma torre cuja entrada secreta era através da sala de Dumbledore, da qual era totalmente impossível sair, e cujas paredes podiam lançar "tentáculos" que transformavam-se em grossas correntes de Ferro Frio, que impediam o uso de Animagia e que não podiam ser Transfiguradas diretamente (apenas o Feitiço da Sala era capaz de transfigurar as correntes). Dumbledore expulsou os dementadores enviados pelo Ministério para "tomarem conta" de Sirius e disse a Fudge, em uma carta que "se fossem comprovados atos criminosos por parte de Black, suas penas deveriam ser de acordo. Agora, se ficar comprovado de que Rabicho tem algum, com perdão do trocadilho infame, 'rabo preso' com o passado, que Black não pague pelos crimes cometidos por Rabicho."
O julgamento seria transmitido pela Rede Radiofônica dos Bruxos, diretamente de Hogwarts, o que excitou ainda mais a todos. Christine queria ver o julgamento por motivos mais "técnicos": ela já tinha lido alguma coisa sobre Advomagia, mas não sabia como seria uma defesa em um caso como aquele.
- Chris... - disse Harry, na noite do julgamento, enquanto tentavam relaxar.
- Sim? - disse Christine.
- Será que você... han... como posso dizer. - disse Harry.
- É sobre Black? - disse Christine. Um pacto dos cinco que sabiam a verdade sobre Sirius foi feito, dizendo que eles deveriam demonstrar tanta tranqüilidade e estranheza quanto ao assunto Black quanto possível. Mas naquele momento, os cinco estavam jogando uma partida de Magic: The Gathering, card game trouxa que estava ficando popular entre os amigos, em uma mesa mais isolada no Salão Comunal de Grifinória.
- Acho que vou passar isso aqui para os gêmeos! - disse Rony - Do jeito que eles são, é capaz deles criarem uns jogos desse tipo bem realistas. Bem, viro uma montanha e mando um Raio em você, Hermione! - disse Rony, virando a carta com o desenho da montanha e apresentando a Hermione a carta de Raio.
- Sem querer ser chata, Rony, mas isso aqui não é xadrez de bruxo. - disse Hermione - Viro três ilhas e uso um Sorvedouro de Mana em seu Raio. - terminou Hermione, virando três cartas com o desenho de uma ilha e apresentando a carta Sorvedouro de Mana, para espanto de um frustrado Rony.
- Agora você entende porque odeio esses baralhos azuis. - disse Christine.
- Voltando ao assunto Black - disse Harry - você não poderia...
- Consultar o Código da Bíblia? Já lhe disse que sim... Mas precisaria tirar a Parvati e a Lilá de perto do meu Malão de Contravolume, e então eu poderia ocultar o notebook e o PDA e executar o Código dentro do malão mesmo.
- Bem, acho que isso não vai ser muito difícil: o Simas e o Dino estão dando em cima das duas e acho que isso vai garantir o tempo que você precisa. - disse Harry, enquanto comprava uma carta do seu maço, ou grimório, como era chamado o maço em Magic.
- Certo... Já volto.
Christine correu para o quarto das quinto-anistas, abriu o Malão de Contravolume com a sétima chave, abriu disfarçadamente o notebook e o iniciou. Hermione entrou no quarto e o trancou por dentro.
- Como você conseguiu a chave?
- Tenho a chave de todos os quartos da Grifinória. Esqueceu que sou Monitora? - disse Hermione - Seja rápida! Isso aqui é totalmente contra os regulamentos.
- Estou quase terminando... Sirius Black, Pedro Pettigrew, Rabicho, Tiago Potter, Lillian Potter. OK. Pode abrir! - disse Christine, fechando o Malão de Contravolume. - Agora podemos nos preparar para o julgamento do Sirius.
- Isso mesmo! - disse Hermione - Lembre-se de que Harry, Rony e eu somos testemunhas.
- Beleza. Mesmo assim, vai ser legal eu ir vestindo alguma coisa bonita.
Christine e Hermione foram tomar banho, após terem aberto o quarto. Tomaram um banho bem legal, enquanto isso ouviam os comentários das suas colegas de quarto Parvati e Lilá (que praticamente tinham declarado guerra às duas amigas):
- Espero que tranquem esse Black em Askaban e joguem a chave fora. - disse Parvati.
- Eu também! Dizem que ele é padrinho do Potter.
- Acho que ele também é maluco, que nem o Black. Viu com quem ele anda? O Weasley esquisito, a Granger cabelo-de-vassoura, a judia Tanenbaum e o atrapalhado do Longbottom. - disse Parvati em meio a risinhos.
- Jezebéis! - disse Christine baixinho, ao ouvir os comentários das duas.
- Todas as duas! - concordou Hermione.
Depois as duas saíram e puseram seus trajes de gala. Christine vestia uma veste encarnada, com detalhes dourados e uma capa de veludo também encarnada por sobre os ombros, aramelas douradas prendendo-a por sobre o pescoço. Como não podia deixar de ser, aquelas vestes também carregavam o Sigma prateado da antiga Irmandade de Christine em Salem.
Hermione também vestiu suas vestes (azul-escuras com faixas prateadas) e desceram, procurando encontrar-se com os três garotos. Harry se aproximou de Christine e perguntou:
- E então? Algo sobre ele?
- Ainda não terminou de processar. Eu avisei que era demorado. E para combinar ainda com várias coisas como você me pediu, vai demorar um pouco. - disse Christine.
Hermione, Rony e Harry desceram junto com Christine e Neville, que vestia uma camisa em estilo semi-japonês preta (presente de Natal de Christine para Neville, junto com o baralho de Memória Explosiva) por sob uma veste escura. Por algum motivo, Neville ficava bem naquela cor.
Os cinco separaram-se na frente do Salão Principal. Harry, Rony e Hermione dirigiram-se para a sala das testemunhas (a sala pela qual os competidores do Torneio Tribruxo saiam da Escola, Harry sabia bem disso) e Neville e Christine foram procurar um lugar legal no Salão Principal (que havia sido transfigurado em um Tribunal de Júri). Sentaram-se em dois lugares vagos na fileira da frente. Foi quando...
- Posso? - disse um garoto carregando em suas vestes verde-musgo e prateadas o brasão da Casa de Sonserina.
- Malfoy? - disse Neville.
- Algum problema, Longbottom? Ou será que não se pode mais ser educado sem esperar alguma reação estranha?
- Claro que não. É que...
- Pode sentar, Draco! - disse Christine.
- O que você tá querendo... - sussurrou Neville.
- O traído, a defensora e o desprezado! - disse baixinho Christine.
Neville entendeu, exatamente na hora em que o juiz nomeado pelo Ministério da Magia entrava. Christine, Draco e Neville não viram Harry, Rony e Hermione entrarem. Foi quando os dois prisioneiros entraram. Um era Sirius Black: estava bem encorpado e tinha barba feita e cabelos aparados e bem cuidados, embora ainda assim bastante longos. Vestia-se com uma veste verde-folha aveludada (ainda era frio em Hogwarts, apesar da proximidade do verão, principalmente à noite) e usava um tradicional chapéu de bruxo na mesma cor verde-folha.
O outro prisioneiro era Rabicho, ou melhor, Pedro Pettigrew: estava esquálido, embora tenha lhe sido oferecida a mesma quantia de comida que a Sirius, os olhos aguados de um rato pendiam em uma posição que obrigaria um observador menos acostumado com suas maldades a sentir pena dele. Mas ele era um rato acuado. Suas roupas ainda eram exatamente as mesmas que ele usava no dia de sua captura em Hogsmeade, o que incluía as vestes negras de Comensal da Morte. Para muitos foi um espanto o fato de Pedro Pettigrew ainda estar vivo e, pior, ter aliado-se a Voldemort: muitos daqueles bruxos e bruxas, principalmente os com sangue puro, cresceram imaginando Pettigrew como um mártir e Black como um traidor. Ver Pettigrew vivo e aliado a Voldemort foi um impacto chocante para os jovens.
- Acha que vão prender o tal do Black, Christine? - perguntou baixinho Draco, enquanto os três se sentavam.
- Não sei, Draco. Até onde saiba, Black era um animago não registrado, e isso dá Askaban, com certeza. Mas pode ser que, por ele ter ficado durante 12 anos preso sem dever nada à Justiça, isso amenize a pena.
- O juiz pode fazer isso?
- Claro. Isso o impediria de entrar com uma Ação contra o Ministério por prisão ilegal.
- Christine...
- Me chame só de Chris.
- Você não respondeu minha coruja sobre ajudar o Potter para acabar com aquele maldito cara-de-cobra. Mudou de idéia ou o Potter recusou minha ajuda?
- Claro que não nas duas hipóteses. Apenas não sabemos exatamente o que fazer... Quando tivermos maiores informações a gente passa. Até lá... Acho que o seu comportamento vai funcionar como o período de teste. Se errar esse quinquinho... Vai acabar pilotando uma vassoura de carga cheia de banana podre para Hong Kong! - disse Christine, fazendo troça com um filme que ela gostava muito. Claro que Draco não entendeu muito bem a piada, mas riu de forma tão ampla quanto a situação ali permitia.
- Ei, vocês dois! Silêncio! Vai começar! - repreendeu Neville, quando o julgamento começou.
Pettigrew estava sendo acusado de associação com o crime e falsa comunicação de óbito, pois tinha fingido-se de morto por anos. Já Sirius estava sendo acusado de Uso de Magia Ilegal e Uso Ilegal de Animagia. Um dos primeiros a depor foi Rony Weasley, que explicou coisas que Christine não sabia. E nem Draco:
- Então Pettigrew era aquela ratinho ridículo do Weasley, o tal Perebas? Esse cara é realmente um rato, em todos os sentidos! - disse Draco enojado.
- Acho que ele é mais rato que um rato! - disse Neville - Ocultar-se durante 12 anos na forma de um rato apenas para não pagar por seus crimes!
- Vamos ver agora o que acontece. - disse Draco, de certa forma interessado. Tecnicamente interessado, podemos dizer.
Depois Harry explicou todo o caso dele com Sirius Black, em seguida foi a vez de Hermione explicar sua situação, e como seu gato Bichento descobriu que tanto Black quanto Pettigrew eram animagos.
- Então a Granger e o Potter sabiam que Black estava foragido? - disse Malfoy.
- Sim... Mas temos que lembrar que quase Snape matou-o.
- Também, ele aprontou para cima do Black...
- Que nem você fez para o Harry, quase mandando o Filch em cima dele.
- Tem razão... Mas que foi divertido foi! - disse Malfoy.
- Ora, seu... - disse Christine, demonstrando seu desagrado.
Como os dois estavam sendo julgados ao mesmo tempo, tanto Pettigrew quanto Black, algumas coisas que serviam como prova à favor de um iam contra o outro e vice-versa. Foi quando o Promotor chamou Sirius Black:
- Jura dizer a verdade, apenas a verdade, e nada mais do que a verdade, com a ajuda de Deus e da Magia? - disse o escrivão, colocando a mão de Black sobre a Bíblia (que tinha a mesma importância, ou similar, entre bruxos e trouxas).
- Juro. - respondeu Sirius, de uma forma muito calma.
Pettigrew olhava Black como se implorasse alguma coisa para ele: Christine sempre soube que Pettigrew era uma sombra que ficava atrás dos demais Marotos: o pai de Harry Tiago Potter, o ex-professor de Hogwarts lobisomem Remo Lupin e o foragido Sirius Black. E havia algum segredo mais profundo que Christine não sabia. Ela sentia isso:
- Chris, o que você acha... - disse Draco.
- Silêncio, Malfoy! - disse Christine. - Preste atenção.
- Por favor, senhor Black, queria que nos contasse como e porque tornou-se um animago, e mais, porque não revelou que tinha essa habilidade a nenhuma pessoa, exceto ao diretor de Hogwarts Alvo Dumbledore. - disse o Promotor
- Na verdade, senhor Promotor, nem mesmo Dumbledore sabia de começo sobre nosso intento, embora depois veio a descobrir de nosso estado exótico. - começou Sirius.
Como já foi comentado nesse processo, Pettigrew e eu fazíamos parte de uma mesma turma aqui em Hogwarts. Nós nos autodenominávamos "Os Marotos" e éramos quatro: Pettigrew, eu, Tiago Potter e Remo Lupin. Entramos juntos em Hogwarts e sempre estudamos juntos, fazendo tudo junto. Como todos são capazes de imaginar, nasceu um forte elo de amizade entre nós.
- Protesto, meritíssimo! - disse o defensor de Pettigrew (ele tinha direito a um advogado: os bruxos respeitam os Direitos de Miranda) - O senhor Black está desvirtuando o assunto!
- É necessário entender esse lado da história para entender o que nos levou a nos tornarmos animagos ilegais. - completou Sirius, calmamente.
- Protesto negado! - disse o juiz - Continue, senhor Black.
- Bem, senhor juiz, conforme fomos crescendo, percebemos que Lupin tinha um comportamento estranho: todos os meses costumava se ausentar das aulas por alguns dias, o que definitivamente não permitiria a ele acompanhar as aulas. Mas ele, "inexplicavelmente", conseguia acompanhar as aulas.
- Depois de algum tempo, e começando a comparar datas, descobrimos que Lupin saia na lua cheia. Isso era muito estranho. Foi quando...
"- Ah, droga! - disse o jovem de cabelo negros compridos, em seus 11 ou 12 anos de idade. - Ei, Tiago! Tá dormindo?
- Não, Sirius. - disse o jovem de cabelos espetados à sua frente - Para falar a verdade, não tou conseguindo dormir.
- Estou preocupado com o Lupin. - disse Sirius - Será que ele está tendo uma daquelas suas "ausências misteriosas"?
- Acho que sim. Só tem um jeito de descobrir.
- Tiago, você sabe que é arriscado! Da última vez que usamos a Capa, quase que a Nor-r-a nos achou.
- Ah, vai enganar que tá com medo do Filch, Sirius?
- Não tou com medo de ninguém, Tiago! Mas não quero é vacilar e perder pontos... Você sabe que aqueles babacas da Sonserina estão doidos para ferrar conosco.
- Bem, quer saber de uma coisa, Black? Eu vou, você vindo comigo ou não.
- Certo! - disse Sirius, levantando-se da cama e apanhando sua varinha. - Você sabe que simplesmente NÃO AGÜENTO ficar fora de enrosco.
- Se tudo der certo - disse Tiago, retirando de dentro de seu malão a sua Capa de Invisibilidade - não vai haver enrosco nenhum.
Tiago colocou sobre os dois a Capa e os dois saíram da torre de Grifinória e foram, andando pelos corredores escuros do castelo de Hogwarts:
- OK, manda-chuva! - disse Sirius, quando os dois pararam no meio de um corredor qualquer de Hogwarts - Agora, para que lado!
- Pensei que pudesse me dar uma idéia!
- Droga, Tiago! Você vai acabar enfiando a gente em roubada!
- Ah, vai... - ia dizer Tiago, quando pensou ouvir alguém.
- Silêncio! - disse baixinho Tiago.
- Agora me lembrei: estamos perto da torre de Dumbledore!
- Oh, m$#a! - xingou baixinho Tiago - Com tanto lugar para ir parar, tinha que ser perto da Torre do Dumbledore!
- Silêncio... - disse Sirius - Acho que ouvi a gárgula se mexer.
A gárgula abriu-se, quando um senhor com óculos de meia-lua e barbas prateadas saiu de dentro da gárgula, acompanhando um garoto de 12 anos de idade, mais ou menos. Mas o mais estranho era o fato de que o garoto tinha algumas poucas mechas de cabelo branco em meio aos seus cabelos castanhos:
- Professor, eu não queria ter que ir! - disse o garoto.
- Sim, eu sei, e eu também gostaria de não ter que te mandar para lá, mas o problema é que você não pode ficar em Hogwarts nesse período. Você pode acabar tornando-se uma ameaça a si próprio e aos demais. Sei que compreende isso muito bem, e que não vai me desobedecer.
- Tudo bem, professor Dumbledore. Tudo bem... - disse o garoto.
- É o Remo! - disse Tiago baixinho.
- Como? - disse Sirius.
- Aquelas mechas de cabelo branco eu reconheceria em qualquer lugar!
- Bem, vamos seguí-lo.
Sirius e Tiago puseram os pés para fora de Hogwarts, quando viram uma coisa impressionante:
- Ah... Droga... Professor Dumbledore... Afaste-se... - disse Lupin, tendo espasmos.
- O que diabos está acontecendo? - perguntou Sirius baixinho, mas temendo pela seqüência.
- Veja ali, Sirius! - respondeu Tiago.
O garoto de cabelos brancos começou a crescer e ganhar pelos pelo corpo. Suas mãos e braços foram adquirindo massa muscular, enquanto tornavam-se menos humanas, transformando-se em garras. Seu rosto foi ficando cada vez mais bestial, como o de um lobo. Um uivo seguiu-se pouco depois. Dumbledore se afastou e, apontando Lupin com sua varinha, disse:
- Estupore!
O raio de luz vermelha mandou o homem, lobo ou seja-lá-o-que-era a nocaute.
Tiago e Sirius apenas viram ele utilizar-se de um Feitiço de Deslocamento até na direção do Salgueiro Lutador, aonde Dumbledore pegou um graveto e tocou um nó na base do Salgueiro, fazendo-o parar. Então Dumbledore entrou por uma passagem, desaparecendo com a criatura por dentro da mesma, para visão de dois jovens grifinórios embasbacados escondidos sob uma Capa de Invisibilidade."
- Dessa forma, eu e Tiago descobrimos que Lupin era um lobisomem. Claro que, inicialmente, temíamos por nossa própria segurança: Tiago é quem fez a idéia de nos afastarmos de Remo cair. Ele achava, com o perdão do termo, uma p... sacanagem a gente desprezar o Remo por ser um lobisomem. Tirando esse "pequeno problema", ele sempre foi um grande amigo, talvez melhor do que alguns que tivemos. - disse Sirius, deixando claro que as últimas palavras dirigiam-se a Pettigrew.
- Continue! - disse o juiz.
- Bem, foi então que, certa vez, nós estávamos conversando sobre nossas famílias, quando...
"- Gente, vocês não acreditam! - disse Tiago, agora já no imbatível time de quadribol da Grifinória, certo dia, enquanto estudavam no Salão Comunal.
- O que? - disse Pedro Pettigrew, que sempre foi curioso demais da conta.
- Meu tio Aesclepius é animago!
- Como? - disse Sirius - Você tá falando que ele transforma-se em um animal?
- Isso mesmo. Ele me contou esses dias atrás.
- Caracas! Deve ser muito legal ser animago! Andar por aí, sem ninguém reparar em você.
- Seus pirados! - disse o quarto Maroto, Remo Lupin, que sempre era o "caxias" da turma - Esqueceram o que a McGonagall disse? Para ser um animago, tem que passar por um treinamento rigorosíssimo, estudar muito, passar em uma prova e registrar o fato no Ministério da Magia.
- Ah, mas acho que isso pode ser legal para resolver o nosso probleminha... - disse Sirius.
Remo sabia que os três amigos Tiago, Pedro e Sirius sabiam que ele era um lobisomem. Claro que ele sentia-se infeliz, mas mesmo assim voltou-se para os três e disse:
- Vocês estão malucos? Aquela poção de confusão do professor Gilsmay derreteu o cérebro de vocês? Vocês vão entrar bem se fizerem isso! Podem ser expulsos, e até mesmo mandados para Askaban! - disse Remo.
- Ah, Remo, vai enganar que você não gostaria de ter companhia naquele problema! - disse Tiago - Além disso, não deve ser difícil. Tanto que já pedi pro meu tio me dar umas dicas sobre como virar animago.
- Tiago, você realmente pirou! - disse Lupin - Tá pensando que é que nem magia normal! Se liga: é complicado pra caramba! E um único erro é MAIS DO QUE O SUFICIENTE para te deixar em um estado animal irreversível!
- Você quer saber do que mais? - disse Tiago - Você tá certinho demais atualmente! Acho que vou entrar sozinho nessa, a não ser que vocês me acompanhem ou que o Remo "Eu sou certinho" Lupin resolva me estuporar aqui mesmo!
Sirius e Pedro riram, enquanto Lupin ficou com aquela cara de ofendido, como quem diz: "Não teve graça, Potter!""
- Alguns dias depois, o tio do Tiago, que era animago registrado, mandou-nos um livro por coruja explicando todo o processo de uso da animagia.
- Sei, continue. - disse o juiz, interessado.
- Bem, nós passamos a estudar esse livro, e realmente levou muito tempo para conseguirmos desenvolver animagia. Mas com o tempo, todos fomos tendo progressos, inclusive esse maldito... - Sirius deu uma rosnada na direção de Pettigrew e começou a gritar alguma coisa incompreensível: na verdade, ele latia incoerentemente de raiva. Christine já tinha estudado a algum tempo em Salem sobre a animagia: ela sabia que algumas vezes o animago fica sujeito às reações típicas do animal, como tentar avançar em pessoas ruins para animagos de cachorro, e por aí afora, mesmo quando estava em sua forma humana, principalmente se ficou em forma animal por muito tempo.
- Ordem! Ordem! - gritou o juiz, enquanto os bruxos da lei que o Ministério da Magia mandou para cuidar do caso seguravam Sirius. - Senhor Black, se o senhor não parar de manifestar esses comportamentos não convencionais, serei obrigado a suspender seu depoimento.
- Desculpe, meritíssimo. Bem, como eu ia dizendo, todos nós apresentávamos progressos na animagia, mas nenhum de nós conseguia a transformação completa. Isso demorou algum tempo. Foi quando, no quarto ano...
"- Acho que devíamos desistir! - disse Pedro.
- Você desiste fácil demais das coisas, Rabicho! - retorquiu Tiago.
- Sem querer ser chato e do contra, mas já sendo, Tiago, você tá esquecendo de um detalhe: não estamos tendo nenhum resultado! Vamos desistir dessa m... que a gente ganha mais! - disse Sirius.
- Resultado temos, Sirius! - disse Tiago - Você mesmo não apareceu com aquelas patas de cachorro, Almofadinhas?
- Ah, tá! E aqueles chifres de cervo ridículos, heim, Pontas? - disse Sirius
- Ei, vamos largar mão disso! - disse Pedro.
- Se liga, Rabicho! Você também fez aquele rabo de rato nascer, não fez! - disse Tiago.
- Mas ninguém conseguiu se transformar totalmente! Apenas aparece uma parte, a gente começa a virar alguma coisa, mas quando vê, tá de volta à forma humana. - disse Sirius
- É complicado... Espera um pouco.
- O quê?
- Se dessa vez falhar, desisto!
Tiago se concentrou, fechou os olhos e começou a mentalizar alguma coisa. De repente, os chifres de cervo foram nascendo na testa de Tiago, ao mesmo tempo em que, lentamente, sua cabeça ia ganhando a forma da de um cervo. Suas mãos perderam o polegar opositor e viraram cascos. Seu corpo lentamente reclinava-se, ao mesmo tempo em que a coluna adaptava-se para a horizontal. Seu corpo cobriu-se de um pelo castanho fino e lustroso. Uma pequena cauda branca apareceu por detrás dele. Foi quando aquele cervo abriu os olhos leitosos e observou seus amigos.
- Tiago! - disse Sirius, assustado.
- Deus do céu! - disse Pedro, caindo para trás de susto - Ele virou um cervo de verdade!
- Como assim... Tiago, se é você mesmo, bate com o casco no chão uma vez.
O cervo fez o gesto que Sirius pediu.
- Tiago, volta logo a ser gente e diz qual é o segredo!
O cervo fechou os olhos e o processo foi lentamente sendo desfeito. Os chifres recuaram e desapareceram testa adentro de Tiago. Sua cabeça voltou a ser humana, e os cascos voltaram a ser mãos e pés. Ele foi erguendo-se lentamente, enquanto sua coluna voltava à posição vertical típica dos bípedes. Os pelos desapareceram. Ao terminar isso, Tiago sentou-se no chão:
- Cara, isso cansa!
- Pontas! Não acredito! Você conseguiu! - disse Sirius.
- Você é simplesmente demais! - disse Pedro.
- É, mas isso arrebenta com a gente! - disse Tiago - Deve ser por falta de costume...
- Qual é o segredo?
- Pedro, só podemos nos transformar em certos animais, pois depende de nossas características pessoais. A hora na qual todos travamos é na hora em que os instintos animais fundem-se com a mente humana.
- Como?
- Não dá para ser um rato sem ter medo de gatos, ou um cervo sem ter vontade de correr pelo mato. Isso é instintivo. Podemos até manter um certo controle mental sobre isso, mas é um instinto do animal no qual vamos nos transformar que não pode ser totalmente barrado. Mas mesmo assim, é na hora da fusão da mente com os instintos que nós entrávamos bem. Agora, consegui fazer a fusão de instinto com mente. É só deixar a mente limpa no momento certo, sem perder o controle da situação. O resto é deixar fluir, como diz no livro.
- OK! Vou tentar. - disse Sirius
Sirius então fechou os olhos, concentrando-se na transformação. Começou a sentir o seu corpo tremer por dentro, enquanto as células se reorganizavam. Sua mente ia ficando mais simples, seus objetivos e sentimentos menos complexos. Sentia as orelhas crescerem e penderem para baixo, o rosto deformando-se na forma de um focinho. Essa hora sempre deu algum medo para Sirius. Foi quando ele decidiu deixar a mente limpa. Ele sentia uma vontade enorme de dar um latido: sem motivo, apenas latir. Seu corpo foi ficando menor e ficando em posição quadrúpede. Já podia sentir um cheiro de medo. Ele não sabia como explicar, mas sabia que era cheiro de medo. Havia um segundo cheiro, de amizade e expectativa. Os cheiros passavam a ter mais significado para ele do que sempre tiveram: sentia um ar de tensão e expectativa enquanto ele se transformava. De repente, sentiu uma coisa muito estranha, como se precisasse por a língua para fora: ele não conseguia expirar pelo nariz! Colocou a língua para fora, e sentiu as mãos almofadadas.
Sirius deu um latido de vitória. Conseguira! Era um animago.
- Vai, Pedro! Tenta você. - disse Tiago
Sirius viu, com sua visão desbotada e borrada de cachorro, uma massa corporal começando a desfazer-se. Ele podia saber que o rosto de Pedro estava deformando-se, enquanto os dentes incisivos cresciam. "Bigodes" cresciam-lhe pela lateral do nariz e um pelo ralo aparecia por todo o corpo dele. Uma cauda fina e pequena apareceu e suas mãos tornaram-se patas. O cheiro de medo aumentou, conforme Sirius notava que Pedro sentia-se mais "rato". Após o mesmo ter se transformado, Tiago voltou à sua forma de cervo:
- Conseguimos! - disse Sirius.
- É verdade! Nunca imaginei que conseguiríamos! - disse Pedro.
- Vocês desistem rápido demais! - disse Tiago.
- Agora, como estamos falando?
- Na verdade, isso é uma espécie de "elo telepático" que um animago forma com outros animais e pessoas em situação de animal: pessoas transfiguradas, animagos, lobisomens e etc...
- Agora vamos poder falar com o Aluado? - disse Sirius.
- Isso mesmo! Não vamos mais deixar o Aluado sozinho!"
- E foi assim que nos tornamos animagos. Como Rabicho era pequenino, ele passava pelos galhos do Salgueiro Lutador e apertava o nó que o parava, junto com a abertura da passagem secreta. Depois nós três descíamos pela passagem para encontrar Lupin, normalmente já na forma de lobo. Dessa forma, nós conseguíamos manter as lições do Lupin ainda mais em dia e podíamos conversar numa boa com ele, reduzindo a tristeza que o mesmo sentia: ele não era todo lobo e isso mantinha-lhe a consciência de quem éramos, mesmo na forma animal. Há uma parcela muito significativa do Remo Lupin naquele lobisomem.
- Sei que parece loucura, mas foi esse nosso motivo para virarmos animagos: auxiliar um amigo.
- Bem, e quanto a Dumbledore? - perguntou o Promotor.
- Dumbledore não sabia de nossas escapulidas: para falar a verdade, os segredos mais bem guardados dos Marotos eram quatro: a Capa de Invisibilidade de Tiago, o Mapa que desenhamos e encantamos de Hogwarts, o fato de Lupin ser um lobisomem e o fato de sermos animagos. Isso na seqüência de importância: o Mapa do Maroto e a Capa nunca foram ilegais; talvez exóticos, mas não ilegais. Filch sabia da existência deles, assim como Dumbledore e alguns outros professores. O fato de Lupin ser um lobisomem era um segredo que apenas nós e Dumbledore sabíamos. Quando Dumbledore descobriu que nós sabíamos do segredo de Lupin, nos colocou sobre juramento de não revelarmos isso. Já quanto ao fato de sermos animagos ilegais, ninguém sabia, só os quatro Marotos. Nem mesmo nossas famílias sabiam disso.
- Foi quando, no quinto ano...
"- Eu não acredito que você fez isso, Almofadinhas! Cara, que burrice animal! - disse Tiago, certo dia, visivelmente irritado.
- Ah, Pontas! Vai enganar que você não queria ferrar algum daqueles nojentos sonserinos? - disse Sirius.
- Tentar ferrar é uma coisa! Agora, você tem ao menos a mínima noção do que você está fazendo, ou andou tomando Poção de Tira-Manchas? Ou da última vez que fomos com o Lupin para a Casa dos Gritos, você bebeu água da privada? - disse Tiago.
Pedro estava assustado. Sirius e Tiago já tinham batido boca muitas vezes desde que os quatro entraram em Hogwarts, mas agora a coisa parecia REALMENTE séria: nunca Pedro tinha visto Tiago tão assustado e irritado. E aquilo era realmente algo terrível, ainda mais considerando-se que ao menos um Potter por geração tornava-se Auror. E sendo Tiago o ÚNICO Potter de sua geração até agora, era meio óbvia a carreira que ele iria seguir:
- Foi só uma brincadeira, Tiago, é sério...
- Cara, será que você não sabe o suficiente de DCAT para saber que lobisomens atacam humanos à mera percepção deles? E que eles matam no primeiro golpe um bruxo adulto SE ELE TIVER SORTE? E que o ataque dele passa licantropia, ou seja, torna quem é atacado um lobisomem? E o que você acha que vai acontecer com o Lupin se por um acaso ele atacar o Snape e o matar, ou pior, o contaminar com a licantropia? Expulsarem ele vai ser o menor dos problemas dele! E se descobrirem sobre nós?
- Nós nunca tivemos problemas com o Lupin, Tiago!
- Claro que não! - disse Pedro - Foi para isso que nos tornamos animagos: para que ele não nos atacasse à mera visão! Mas lembre-se que para todos os efeitos técnicos, em forma animal, nós somos ANIMAIS! Não somos humanos: mesmo manter a lógica é difícil e extenuante na forma animal. Agora, se o Snape entrar lá, é capaz de ele ficar que nem sushi de hipogrifo!
- OK, OK! - disse Sirius
- OK o caramba, Almofadinhas! Agora vamos ter que armar um plano para salvar o imbecil do Snape. - disse Tiago. Em seguida ele, que sempre foi o mais inteligente e "rápido na varinha", como dizem os bruxos, entre os "Marotos", disse - Vou precisar de você, Rabicho! Você vai abrir a passagem, e eu vou em forma humana até a Casa e vou estuporar Snape e Lupin, e torcer para que o pior não tenha acontecido! E se acontecer de a gente ser expulso por tua causa, Sirius, você vai ter que se esconder em um canil trouxa, porque se eu te achar, eu te mato e continuo te matando até você gritar, seu xarope! - disse Tiago, pegando sua Capa de Invisibilidade - Pedro, vamos nessa! Se estou certo, Lupin já está na Casa dos Gritos e aquele babaca do Snape já deve estar a caminho. Quanto à você, Sirius, faz alguma coisa de útil e conta para o Dumbledore a burrice que você fez! E faça isso por vontade própria, não me obrigando a usar a Maldição Imperio!
Os dois deixaram para trás um Sirius preocupadíssimo com a situação que provocou de forma tão inconseqüente."
- Claro que a coisa foi muito menos séria do que Tiago pensou: Snape mal tinha chegado na Casa quando ele chegou, e foi fácil estuporar Lupin, mesmo em forma de lobo. Mas isso nos custou esse segredo e quase nos custou Hogwarts: Snape estava disposto a contar tudo a Lucio Malfoy e pedir para que o pai dele acabasse conosco e denunciar a todos em Hogwarts a circunstância especial de Lupin, mas Dumbledore o impediu. Quanto a nós, recebemos uma detenção e perdemos mais de 40 pontos cada um para Grifinória. Sorte nossa que tínhamos tido um ano bom no Quadribol e ganhamos a Taça das Casa, mas isso não importa.
- O importante é que foi assim que Dumbledore descobriu nosso maior segredo.
- Dumbledore foi conivente com vocês? - disse o defensor de Pedro (nos processos bruxos, tanto o advogado de Defesa quanto o de Acusação podem fazer perguntas ao mesmo tempo, desde que uma esperasse a resposta completa da outra)
- Sim... e não! Antes que me entenda mal, espero que entenda que Dumbledore foi a única pessoa que se preocupava com Lupin em Hogwarts, e quando digo preocupar-se, digo PREOCUPAR-SE mesmo. Ele se preocupava, e ainda se preocupa, com os destinos de cada um dos milhares de alunos que se formaram em Hogwarts, desde que ele assumiu como professor na cadeira de Transformação a muito tempo atrás. Basta ver os exemplos de Lupin, Snape e Hagrid: os três seriam pessoas que ninguém no mundo em sã consciência contrataria para qualquer coisa, até mesmo para Vigilância Avançada dos Trouxas. Mas Dumbledore os contratou... contra as expectativas de muitos, inclusive de alguns aqui presentes. E eles provaram que Dumbledore sabe em quem confiar.
- Bem, ele nos observava de perto, e disse que, caso nos usássemos da animagia para qualquer coisa que não fosse ficar próximo a Lupin, poderíamos ter certeza de que iríamos ganhar uma viagem sem escalas e só de ida para Askaban, se é que o senhor nos entende...
- Sim, continue. - disse o juiz.
- Então ficou decidido que nós nos usaríamos da animagia apenas para isso, juramento que cumprimos à risca enquanto estudantes de Hogwarts.
- E foi mais ou menos nessa época que Pettigrew entrou em contato com os Comensais, através do falecido Lucio Malfoy e de Severo Snape, não? - perguntou o juiz.
- Sim, foi mais ou menos nessa época. Eu sentia que os Marotos estavam se desintegrando, com a chegada da formatura. Tiago já tinha se apaixonado por Lílian, contra todas as expectativas da comunidade bruxa. Deu até reportagem no Semanário das Bruxas, vejam só... Desculpe, meritíssimo, mas se você tivesse visto isso, acho que entenderia.
- Mantenha-se nos fatos, por favor, senhor Black. - disse o juiz, mantendo sua paciência de Jó.
- Desculpe, meritíssimo. Voltando ao assunto: eu estava estudando para assumir um cargo no Ministério da Magia, que depois abandonei para participar da luta contra Voldemort, Tiago preparava-se para o exame de seleção para a Academia de Aurores e namorava Lílian, e Lupin pesquisava alguma forma de amenizar seu sofrimento e o de muitos outros como ele em todo o mundo. E, claro, tínhamos que pensar nos N.I.E.M.s. Bem, ninguém reparou que, naquela época, principalmente por causa de Lílian, a quem Pedro no fundo amava de uma forma doentia, começou a surgir um sentimento em Pedro de ódio pelos trouxas. Deve ter isso nessa época que Voldemort resolveu se aproximar de Pettigrew. Isso tudo aconteceu, obviamente, sem eu ou os outros dois Marotos sabermos. Mais ou menos nessa época, Pedro começou a tornar-se um grude com relação a tudo que era relacionado a Tiago e Lílian Potter. Imagino que nessa época é que ele começou a agir junto com os Comensais.
- O primeiro alvo foi Frank Longbottom. Rabicho entregou-o aos Comensais, "queimando-o". Ele tinha tomado uma Polissuco para fingir ser um antigo Comensal e acabou quase morto em sua primeira missão.
- Papai... - disse Neville. Christine percebeu que uma lágrima correu pelo rosto do jovem grifinório.
- Ele era forte, Neville! E você ainda vai conseguir curá-lo! Oráculo de Adonai! - disse Christine.
Draco apenas observava Neville com a cabeça encostada no ombro de Christine. Respeitava a dor de Neville: agora ele entendia o que Harry e Neville sentiam. Agora que ele não tinha um pai.
Os três voltaram-se novamente a Sirius Black, que passou a contar o que estava acontecendo naquela noite fatídica, aonde os Potter foram atacados e mortos:
- Bem, eu estava com a minha moto na casa de Lupin, em Stratford-upon-Avon. Tinha ido mais cedo naquele dia... Queria matar as saudades e discutir a guerra contra Voldemort: eu estava tentando angariar forças secretamente para Dumbledore, enquanto Lupin fazia a investigação pós-ataques, procurando angariar o máximo de informações que nos auxiliassem a ter uma idéia do poderio dele. Tudo em segredo, claro. Eu estava na casa de Lupin, quando...
"- Sirius, ainda não sei se foi uma boa idéia você fazer aquela troca... Algo me diz que não foi bom! - disse Lupin, usando as mesmas velhas e rasgadas vestes (que ele próprio consertava e tornava fashion).
- O que, por exemplo? - disse Sirius, vestido como um punk trouxa: jaqueta de couro escrito "Hellfire UK", camisa branca estampada com um crânio usando um chapéu, bandana com a bandeira da Inglaterra na cabeça e botas de couro nos pés. Munhequeiras pretas completavam o "uniforme" de Sirius, junto com um porta varinha absolutamente discreto, embutido em um colete de couro.
Os dois conversavam dentro da casa de Lupin, Rome's Outpost. Lupin sempre sério, varinha sempre próxima, como quem espera um ataque a qualquer momento. Já Sirius sempre descontraído, um garotão, pernas cruzadas atiradas sobre a mesinha de centro aonde um Profeta Diário estava aberto, noticiando alguma das atrocidades de guerra de Voldemort. No mesmo Profeta Diário, noticiava-se também a primeira vitória dos Chudley Cannons em mais de 50 anos de má fase do time de quadribol, e também o batizado do filho de Tiago e Lílian, amigos de Remo e Sirius.
- Não sei... Alguma coisa lupina, eu diria para você!
- Você precisa relaxar mais, Aluado! Vai acabar que nem o 'Olho-Tonto'! - disse Sirius, enquanto abria a cerveja amanteigada e saboreava-a calmamente - Se tem uma coisa que não se pode negar, Remo, é que você tem bom gosto para a cerveja amanteigada! Tá no ponto...
- Você precisa colocar na cabeça uma coisa, Sirius: não somos mais estudantes! - disse Lupin - Já tá na hora de crescer. Ou quer ficar que nem um Peter Pan? - disse Lupin, usando a gíria bruxa para "bruxo irresponsável".
- Até que a idéia não é ruim... Nunca crescer e sempre ser livre! 'Born to be wild!' - disse Sirius, relembrando o refrão da música da banda Steppenwolf, um verdadeiro hino da tribo trouxa que adotara, os Hell's Angels. Um bom disfarce, quando tinha que se correr a Inglaterra sem ser identificado pelos bruxos de Voldemort: eles procurariam um bruxo em meio a um grupo de trouxas maltrapilhos e "primitivos"?
- Cai na real, Sirius! Tenho suspeitas que o Pettigrew está envolvido com os Comensais! - disse Lupin
- O Rabicho! Não! Aquele cara não teria peito para isso... Pelo menos se ele sabe o que é bom para ele!
- Olha, eu tenho informações de que ele foi visto na Mansão Malfoy recentemente...
- O que aquele rato foi cheirar lá? - disse Sirius.
- Não sei. Quem me passou isso foi o próprio Dumbledore. E você sabe que ele tem seus contatos do lado de lá...
- Bem, agora que você falou... Eu ouvi ele comentar alguma coisa sobre trabalhar para o pai do Lucio...
- O Andraas?
- Isso!
- Isso é MUITO mal! Sabe da última? Dizem que a queda do último bastião bruxo que estava do nosso lado na Irlanda, Caer Masar, foi arquitetada pelo Andraas Malfoy e pelos McKinsey, do Kyle McKinsey, lembra-se dele?
- Aquele que andava direto com o Snape, o Malfoy e o Pulskas?
- Sim, ele mesmo.
- Relaxa... O Rabicho sabe o que é bom para ele. Sabe que se trair o Fidelius que fizemos nele, eu vou pessoalmente fazer um sushi dele em tirinhas BEM finas!
Uma cabeça apareceu na lareira: Sirius e Remo sabiam que era comunicação via flu. E isso normalmente não era nada bom. Uma cabeça redonda e com cabelos marrons e olhos verdes apareceu. Estava bem assustada e cansada.
- Remo, Sirius, que bom que os encontrei! Venham para Godric's Hollow! Rápido! Toda a turma tá sendo chamada, inclusive Arabella, Mundugo e os outros!
- Droga! Que aconteceu, Frank? - disse Remo.
- Os Potter... Foram atacados! - disse Frank.
O barulho de duas garrafas de cerveja amanteigada estilhaçando-se refletiu o barulho feito por dois corações traídos pela amizade."
- Minha indignação foi tremenda: como pude ser tão tolo ao ponto de confiar o Fidelius que deveria ser meu para um rato fraco e traiçoeiro como Pedro? Lupin e eu subimos na minha moto e voamos o mais rápido que pudemos até Godric's Hollow. No caminho encontramos muita festa, por algum motivo que eu desconhecia. Mal sabia eu que estava indo descobrir o que aconteceu...
"- Ali! A Marca Negra! - disse Remo.
- Droga! Voldemort esteve aqui! - disse Sirius.
- Vamos descer, rápido!
A Harley-Davidson voadora desceu e cantou pneus nas ruas de terra de Godric's Hollow, em frente aos destroços de algo que algum dia foi chamado de lar. Na frente dos destroços, um homem de aspecto selvagem e tamanho e porte físico equivalente a PELO MENOS dois atletas de levantamento de pesos segurava um pequeno bebê em seu colo. Ao lado dele, um homem vestia uma espécie de armadura, com uma capa vermelha e dourada, com aramelas douradas prendendo a capa a dragonas prateadas, com o símbolo do Ministério da Magia e da Ordem dos Aurores, o mesmo que aparecera na casa de Lupin pelo Flu, segurava uma espada comum. Ao lado do mesmo, uma mulher já bem madura, beirando seus 35 anos, senão mais. Ao lado da mesma, um senhor, já com seus 38 anos, empunhava sua varinha com força constante, como se esperasse um ataque a qualquer momento. Todos pareciam estar de certa forma satisfeitos, embora não estivessem felizes, exceto pela mulher, que parecia estar abalada e comia compulsivamente algum doce da Dedosdemel, provavelmente um sapinho de chocolate, e segurava outras embalagens de doces, como as Varinhas Mil-Folhas de damasco e creme, as Bombas de bruxo e uma pequena barra de Chocolate Meio-Inteiramente Amargo. Sirius abriu o "baú" em formato de caixão da moto e retirou de dentro dele um par de soco-ingleses e sua varinha.
- Oi, Frank! - disse Sirius, sem emoção.
- Parado aí! - disse o homem da varinha.
- Calma, Mundugo. - disse Lupin - Somos nós.
- Quem garante?
- Você tem como descobrir! - disse Sirius, em tom de desafio.
- Certo! Verita Imago! - disse Mundugo, apontando para Sirius.
Um raio de luz amarelada acertou Sirius: ele sabia que aquele era o Feitiço da Imagem Verdadeira, que revelaria se um dos dois fosse um Comensal disfarçado. Desenvolvido pelo próprio Mundugo, o Verita Imago era tão potente que desfazia qualquer tipo de mudança de forma: animagia, Poções Polissuco, metamorfose dos doppelgäenger, nada podia vencer esse Feitiço.
Lupin também recebeu sua dose de paranóia Fletcher do dia, antes de se aproximarem das ruínas. A Marca Negra ainda era visível:
- Essa marca maldita me dá calafrios! - disse Hagrid.
- Eu também me sinto mal perto dela! - disse a mulher madura.
- E então... Os dois... Tiago e Lílian... - disse Sirius, como se já soubesse a resposta.
- Mortos. - disse Mundugo, com uma sutileza de um trasgo em uma loja de louças.
Sirius começou a chorar.
- E o bebê dos dois? Harry, acho que é o nome dele? - disse Lupin, frio como era seu hábito, sem transparecer raiva, ódio, tristeza ou pavor.
- Está aqui! - disse Hagrid, desembrulhando a pequena criança que estava sobre seu colo. A visão do garoto pareceu confortar Sirius de alguma forma - Até agora não acredito que conseguiram retirá-lo inteiro dos escombros.
- Essa marca... - disse Sirius, apontando para a cabeça de Harry, enquanto se recompunha, apontando para a estranha marca em forma de raio que o garoto trazia na testa.
- Não sabe-se como surgiu. - disse Frank - Acreditamos que tenha surgido no momento em que tudo aconteceu.
- E os tomos de magia que os dois guardavam? - disse Lupin.
- Destruídos, todos! - disse Mundugo - Checamos tudo. E devo dizer felizmente, imaginando o tipo de poder que Você-Sabe-Quem, ou melhor, seus seguidores teria ganho com isso.
- Não diga mais esse nome, Mundugo! - disse Hagrid, apavorado.
Sirius começou a caminhar pelos destroços da antiga casa dos Potter, em Godric's Hollow.
- Dumbledore sabe do ocorrido, Frank? - disse Lupin, enquanto observava o local, como que procurando alguma prova.
- Sim! Ele já sabe de tudo, até os pingos nos is. - disse Frank - Sabe que você daria um ótimo Auror, Lupin? Frio como hidrogênio sólido até mesmo quando dois de seus melhores amigos estão mortos!
- Bem, chorar agora não vai mudar nada.
- E Voldemort? - disse Sirius, com um princípio de fúria batendo em seu coração, uma fúria fria, pronta para explodir como uma explosão solar.
- Aí está o curioso de toda a história. - disse Mundugo - Encontramos sua capa esfumando. Encontramos um Comensal aqui que resgatou a varinha de Você-Sabe-Quem e levou-a consigo, aparatando daqui. Porém não encontramos nenhum corpo.
- Como! - disse Sirius.
- Parece que ele sofreu uma reversão da Avada Kedavra! - disse Arabella.
- Espera um pouco, Arabella! Isso é teórico, mas uma reversão da Avada Kedavra seria quase uma desintegração! - disse Lupin.
- E foi o que aconteceu.
- Você... viu! - disse Sirius.
- Psicometria, Sirius! - disse Lupin - Se tivesse lido corretamente os dossiês do resto do grupo, como eu te aconselhei, saberia que Arabella possui poderosos Dons psicométricos.
- E o que você viu?
- Foram imagens esparsas. Você-Sabe-Quem entrou, dirigindo-se ao berço de Harry. Tiago barrou-lhe o caminho, e Você-Sabe-Quem duelou contra ele, matando-o. Lílian fugiu com Harry, Você-Sabe-Quem tentou-a tirar do caminho, ela colocou-se no caminho, e ele a matou. Quando ele foi fazer o mesmo a Harry, porém, uma espécie de escudo de proteção se ergueu e rebateu o Avada Kedavra contra o próprio Você-Sabe-Quem...
- O efeito Materna Protegis! - disse Lupin conclusivo.
- A proteção da mãe? - disse Frank - Isso é mito!
- Se tiver alguma explicação melhor, aceito.
Frank sabia que brigar contra Lupin nesse quesito, o de investigar efeitos mágicos estranhos, era como tentar enfrentar o professor Flitwick em um Duelo de Bruxos: suicídio moral certo!
- Bem, seja como for, a verdade é que acabou! - disse de certa forma aliviado Mundugo.
- Hagrid, e o garoto? - disse Lupin, curioso.
- Dumbledore disse que tem planos para ele.
- E que planos são esses? - preocupou-se Sirius.
- Não sei! Mas se Dumbledore tem planos para ele, tenho certeza que é coisa boa! - disse Hagrid. Lupin sentia que a admiração de Hagrid por Dumbledore beirava o fanatismo.
- E é só impressão minha ou todo o mundo mágico já sabe do ocorrido? - disse Sirius.
- Sim! - disse Hagrid - Tão logo o Frank aqui soube do ataque, ele correu para tentar ajudar.
- Quando cheguei, porém, encontrei apenas os escombros e a Marca Negra no céu. Peguei algumas corujas rápidas e mandei-as para Mundugo e Dumbledore. Depois procurei encontrar algum sobrevivente no meio dos escombros. Em vão, eu imaginava. Na verdade, achar os corpos deles era o que eu imaginava ser mais provável. Devo admitir que foi uma surpresa para mim achar o bebê Harry vivo, principalmente estando ele ao lado da capa esfumada de Você-Sabe-Quem. Tinha medo que os fumos negros liberados pela capa o contaminasse com alguma maldade antiga libertada pelo Senhor dos Comensais.
- Quando chegamos, eu e Dumbledore, - disse Hagrid - Frank estava com o garoto no colo. Foi quando aquelas aves de rapina do Profeta Diário aparataram para cá. Parece que a notícia da queda de Você-Sabe-Quem tinha vazado para eles. Inclusive tinha aquela chata daquela novata, Rita Skeeter, acho que é o nome dela. Aquela garota tem uma língua terrível!
- Não olhem para mim! - disse Mundugo - Recebi a coruja no meu escritório na Central do Ministério. Bem, acho que alguém viu a Emergencial que eu estava lendo, e um comentou com o outro, e o outro comentou com o um, e no final das contas caiu na boca do Profeta.
- Bem, em resumo foi necessário que Dumbledore afastasse as aves de rapina daqui. Isolou magicamente a região com um Feitiço Anti-Aparatação especial: é possível aparatar de dentro para fora, mas não de fora para dentro e impediu a entrada de pessoas que não fossem do nosso grupo ou do Ministério por meio de uma Magia de Selo.
- Depois, eu e Frank - disse Mundugo - fizemos uma investigação rápida sobre o ocorrido. Como não achamos nada que esclarece-se o que ocorreu, decidimos conversar com o Dumbledore. Ele pediu para que chamássemos vocês e analisássemos o ocorrido.
- Bem, seja como for, - disse Frank - a verdade é que ainda não acabou. Ainda. Porque os homens de Você-Sabe-Quem ainda estão espalhados por aí.
- Então, ainda temos que acabar com o restante dos Comensais! - disse Sirius - Ótimo! Quero arrancar algumas cabeças, rachar algumas cabeças, esfolar algumas cabeças, fatiar algumas cabeças, explodir algumas cabeças, desintegrar algumas cabeças, afundar algumas cabeças no tórax...
- Relaxa, Sirius! - disse Lupin. Parecia naquele momento que Sirius era o lobisomem.
- Agora, como é que Você-Sabe-Quem encontrou a casa dos Potter? - disse Mundugo, quase dando a entender que Sirius entregou os Potter.
- Não olhe para mim, Fletcher! - disse Sirius - Vocês sabem muito bem que eu morreria, mas não entregaria os Potter nem por todo o ouro e poder do mundo.
- Sei... - disse Mundugo, com um tom de "vamos ter uma conversa muito séria, garoto!"
- Gente, não é hora de brigarmos entre nós! - disse Lupin - Temos algo a fazer! Lembre-se de que temos uma missão a cumprir! Vamos aproveitar o desaparecimento de Você-Sabe-Quem e desmantelar os Comensais, antes que eles consigam se reorganizar!
- Lupin está certo! - disse Frank Longbottom - Temos que aproveitar o momento, antes que eles elejam o novo Você-Sabe-Quem entre eles.
- OK, OK! - disse Mundugo, com uma cara de voto perdido. - Vamos então pelo menos fazer com que os Potter sejam os últimos mártires dessa luta. Agora, se me dão licença...
Mundugo aparatou de lá.
- Bem, acho que eu e Arabella já vamos indo! - disse Frank - Vou deixá-la em Hogsmeade e vou voltar ao Ministério. Agora que todos sabem que Você-Sabe-Quem foi destruído, é o momento de destruirmos sua organização! Com licença.
Iam desaparatar, quando Lupin interveio:
- Deixa que eu levo Arabella, Frank. Você tem coisas mais importantes para resolver no Ministério, e precisa comunicar Alastor do ocorrido.
- Tudo bem, Remo!
Os três desaparataram, sobrando apenas Sirius e Hagrid.
- Sei que deve estar triste com a morte de Tiago e Lílian, Sirius, mas não é hora de fazer loucuras. Lembre-se: você tem um afilhado para cuidar. E o garoto vai ser famoso como o próprio Merlin! E filho de quem é, vai ser um bruxo e dos bons!- disse Hagrid, de certa forma sentindo orgulho e inveja do bebê que segurava ao colo.
- Sei... Liga não, mas precisava extravasar.
- Bem, tenho que ir... Puxa, se ainda Dumbledore me tivesse dado autorização para ir de vassoura...
- Que vassoura que ia te agüentar, Hagrid... Sem ofensas, claro! - disse Sirius.
- Não me ofendeu. - disse Hagrid, rindo - Você não é o primeiro que me diz isso, e com certeza não vai ser o último. Tenho uma Aasgard Juggernaut X que é boa para caramba. Não é o mesmo que uma Comet 360, mas resolve o problema básico, que é ir de um lugar para outro sem cair no meio do caminho. - comentou Hagrid.
- Sei... Faz o seguinte: leva ele na minha moto! - disse Sirius.
- Mas...
- Nada de mas, Hagrid! - disse Sirius - Você disse que eu tenho que pensar no meu afilhado. Bem, estou começando agora. Seja o que for que Dumbledore queira com Harry, deve ser importante! E algo me diz que vou dar um tempo... Não preciso dela agora. Qualquer coisa, eu a pego com você!
O garoto abriu o berreiro.
- Ah meu Deus! Como vou cuidar dele...
- Você já deu de mamar até para filhotes de quimera que eu sei! Um bebê comum não deve ser algo tão difícil.
- Tudo bem! - disse Hagrid.
- Vá nessa! Ah... - disse Sirius, arremessando um capacete para Hagrid. - Tá certo que você tem cabeça dura, Hagrid, mas nunca se sabe quando vai se cair da moto. Apenas cuide para que Harry não caia. Ah! E não beba e depois dirija!
- Pode deixar! - disse Hagrid, rindo, enquanto montava na moto e dava a partida. A moto então partiu.
Sirius olhou a moto desaparecer ao brilho da lua minguante, então disse para si mesmo:
- Se cuida, Harry! Quanto a mim... Tá certo que não sou um animago gato, mas tá na hora de caçar um rato!
E desaparatou, deixando para trás ruínas, tanto da casa dos Potter quanto do seu coração."
- E depois... - disse o juiz, obviamente interessado.
- Bem, eu procurei Pettigrew o dia inteiro: devo admitir que esse rato sabe se esconder muito bem, mais até que qualquer outro rato que eu tenha conhecido. Mas acabei o encontrando, então nos enfrentamos em batalha. Consegui o encurralar, ele explodiu a rua de trouxas, fui preso e o resto é história, com perdão do termo.
- A Promotoria não tem mais perguntas.
- A Defesa também não.
- Pode voltar ao seu lugar, senhor Black.
Sirius retornou ao seu lugar em um dos bancos dos réus (no outro, estava Pedro Pettigrew). Foi a vez de Pedro Pettigrew ser julgado. Como seu crime era em teoria mais grave que o de Black (apenas julgado por Uso Ilegal de Animagia), foi-lhe administrado Veritaserum. Ele confessou todos os seus crimes, inclusive a traição do Fidelius, o que acabou horrorizando a todos ao redor. Foi quando o juiz decidiu promulgar suas sentenças, quando o júri decidiu que ambos eram culpados:
- Eu, Raymond Filmore, Ordem de Merlin da Terceira Classe, juiz dos casos O Povo contra Sirius Black e O Povo contra Pedro Pettigrew, declaro ambas as ações procedentes.
- Declaro o réu Sirius Black culpado pelo crime de Uso Ilegal da Animagia, mas o inocento do crime de Assassinato e Uso Ilegal de Magia Destrutiva. Sua pena seria de 4 anos em Askaban mais o pagamento de multa equivalente a 1000 Galeões por ano de uso ilegal de Animagia, totalizando 20000 galeões, mas como o réu pagou injustamente por um crime que não cometeu durante 14 anos, reduzo a pena a 1 ano de serviços comunitários na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, a serem cumpridos da forma e segundo os termos que o Diretor da mesma, o professor Alvo Dumbledore, Ordem de Merlin da Primeira Classe, achar mais conveniente.
- E declaro o réu Pedro Pettigrew, também conhecido como Rabicho, réu confesso, culpado por Assassinato, Uso Ilegal de Magia Destrutiva, Falsa Comunicação de Óbito e Associação ao Crime. Sentencio-o ao banimento da sociedade bruxa e à prisão perpétua na Ala de Segurança Máxima do presídio de Askaban.
- Lavre-se, registre-se e cumpre-se imediatamente as sentenças. Caso encerrado!
De certa forma, a sentença foi um alívio para Harry, Christine imaginou, enquanto ela, Neville e Draco se aproximavam de Sirius, Harry, Rony e Hermione, indo para fora do Salão Principal:
- Parabéns, Harry! Você conseguiu o que queria, que era ver seu padrinho livre!
- Obrigado, Christine! Ele não tá totalmente livre, mas tá ao menos solto, e livre daquele pesadelo chamado Askaban!
- Parabéns, Potter! - disse Draco, mas sem nenhum tipo de arrogância, o que obviamente impressionou a todos. - Parece que livrou a cara do seu padrinho e mandou aquele maldito cara-de-rato para Askaban.
- Obrigado, Malfoy! - disse Sirius, agradecendo. - Agora, fez-se justiça.
- Engraçado, Malfoy! Pensei que me odiasse! - disse Harry.
- Não se preocupe, Potter, que nossas contas nós acertamos depois, de homem pra homem: agora o que eu quero é acabar com Voldemort.
- Bem, então está certo. - disse Harry, sem emoção.
- Se me dão licença... - disse Draco, voltando para as Masmorras da Sonserina.
- Christine, Neville, o que vocês dois pensam que estão fazendo? - disse Rony.
- O que alguém deveria ter feito: tentando aproximar o Malfoy! - disse Christine.
- Você é louca, garota. Agora entende-se porque os americanos são considerados malucos... - ia dizendo Rony.
- Ela está certa! - disse Sirius - Algumas vezes não sabemos de onde virá o aliado, como algumas vezes também não sabemos de onde virá o inimigo. Veja o caso de Rabicho: eu não imaginei que esse maldito rato iria me trair, e a todos nós, mas ele nos traiu, e ele era da mesma casa que nós. Acho que o Malfoy não irá nos trair.
- Instinto? - perguntou Harry.
- Sim... Senti algo estranho nesse garoto, desde que o pai dele morreu nas mãos de Voldemort. Acho que ele está mudado.
- Sim... Ele está! - disse Christine com uma convicção absurda.
E Christine sabia que realmente Draco estava mudado. Mas haviam outros que ainda precisariam mudar...
