Capítulo 20: Folhas e Chaves


A preparação para os N.O.M.s. estava começando a se intensificar de vez, principalmente agora que faltava apenas mais dois meses para a realização das provas. Christine sentia a dificuldade de acompanhar o ritmo dos demais grifinórios, principalmente em Poções e Herbologia. Mesmo com a ajuda (e intimidadora presença) de Hermione, estava complicado para Christine acompanhar a preparação para os N.O.M.s., exceto em Feitiços, aonde Christine era mais ela. Foi quando, em uma aula de herbologia com os alunos da Lufa-Lufa:

Bem, alunos, hoje teremos uma aula diferente, para prepará-los para os N.O.M.s... Vou dividi-los aos pares, e vocês deverão procurar algumas ervas para mim. Os pares serão: Granger e Finnigan, Weasley e Potter, Abbott e Flinch-Fletcher, Brown e Patil, Tanenbaum e Longbottom...

- Parece que estamos nessa juntos. - disse Neville.

- Você vai ter que me ajudar, Neville. Eu nunca fui muito boa em Herbologia...

- Sem problemas. Deixa que em Herbologia eu dou um jeito.

- Agora, cada uma das equipes venha até aqui e apanhe um envelope: poderão procurar as ervas mencionadas em qualquer lugar de Hogwarts, à exceção da Floresta Proibida. Poderão procurar na orla da Floresta, mas se forem vistos andando NA Floresta, estarão encrencados. Procurem nos gramados e jardins, debaixo das plantas e por aí afora. Vocês NÃO poderão utilizar-se de seus livros de herbologia. Portanto tomem muito cuidado. Terão a aula inteira para pesquisar. Cada item encontrado valerá um ponto para a sua casa, e a dupla que trouxer o maior número de ervas corretas primeiro receberá um presente, e mais 25 pontos para sua casa. Agora vão. - disse a professora Sprout.

Neville e Christine saíram e abriram seu envelope:

- Mandrágora, Acônito, Bubotúberas, Jasmim Solar, Samambaia-gilete... Vai ser moleza. - disse Neville, bastante confiante, ao analisar sua lista com 10 itens.

Christine percebeu que, desde o combate após o julgamento de Sirius Black (atualmente auxiliar do professor de DCAT Remo Lupin), Neville era outro cara. Parecia mais compenetrado e ativo. "O sapinho de chocolate saiu da caixinha", disse Christine.

E realmente foi fácil, até encontrar a samambaia-gilete:

- A samambaia-gilete cresce em locais aonde o clima seja mais tropical... O problema é que os únicos locais que eu conheço que tenha tal clima são as estufas e a parte oeste da orla da Floresta Proibida.

- Bem, então vamos até na parte oeste. Se não acharmos nada, paciência... - disse Christine.

Os dois dirigiram-se à orla da Floresta Proibida ao oeste. Procuraram no meio de todo o mato. Foi quando Christine pisou acidentalmente em uma planta, que liberou um cheiro adocicado e pungente:

- Que cheiro bom tem essa planta! - disse Christine.

- Que será? - disse Neville, pegando algumas folhas e as observando. Depois cheirou-a rapidamente e roçou os dedos sobre ela - Não conheço essa erva. E ela libera esse cheiro, mas de forma mais fraca, mesmo quando ela está inteira. Acho que vou levar um punhado, mesmo que seja só para ver. Algum livro de Herbologia deve ter algo sobre essa planta.

- Acho que também vou levar um pouco. Acho que pode ser útil. - disse Christine.

Os dois procuraram por mais alguns segundos, quando:

- Ali! - disse Christine, apontando uma moita próxima - Samambaia-gilete!

- Deixa comigo. - disse Neville, pegando uma pequena foice e cortando com ela a samambaia-gilete.

- Certinho. Parece que fechamos a lista.

- Bem, vamos ver se estamos corretos. - disse Neville para Christine.

Os dois retornaram até as estufas, aonde entregaram a lista e as ervas à professora; apenas Parvati Patil e Lilá Brown tinham chegado:

- Vamos ver o que o "atrapalhado" Longbottom aprontou dessa vez. - sussurrou de sua bancada Parvati. Christine quase não conseguiu se segurar.

- Muito bem, vocês dois. Vocês conseguiram acertar todas as ervas. São então 35 pontos para a Grifinória, e o presente de vocês está aqui.

Sprout entregou duas pequenas mochilas e as abriu em frente dos dois, com Lilá e Parvati vendo aquilo. Harry e Rony e Mione e Simas chegaram em seguida, a tempo de ver os dois receberem o presente:

- Adonai Jire! - disse Christine.

- Uau! - exclamou Neville.

Era um conjunto de ferramentas de jardinagem novíssimo em um estojo de madeira, uma pequena bolsa de ervas para atar-se ao cinto das vestes e dois livros: "Jardinagem mágica para o dia-a-dia" e "Ervas lendárias: mito ou realidade", que saíram de cada uma das mochilas, que eram grandes e pareciam de hippies trouxas, mas eram mágicas:

- Sempre que colocarem uma coisa aqui, pensem no que desejam retirar e sairá da bolsa nas suas mãos. Só que isso só vale para ferramentas de jardinagem, ervas, plantas e outras coisas do gênero. - disse Sprout - Gosto particularmente delas por serem ótimas para retirar-se ingredientes de poções que se necessita.

Neville parecia o "antigo Neville", encabulado, murmurando alguma coisa incompreensível, com as mãos para trás e os pés cruzados, corado de vergonha. Já Christine era só alegria:

- Obrigada, professora.

Os dois foram para seus lugares, recolhendo as ervas (que eram deles agora):

- Não acredito! - disse Lilá, mordendo os dentes.

- Como eles conseguiram? - disse Parvati, sem acreditar no que vira.

- Talvez isso - disse Christine - sirva para vocês aprenderem a nunca mais subestimarem ninguém, Filhas de Sodoma e Gomorra.

Claramente Lilá e Parvati odiaram o jeito que Christine as chamou, mas não fizeram nada. Depois das aulas daquele dia, Christine estava pesquisando o livro Teorias da Aritmancia, para ver se conseguia reencontrar a linha de raciocínio que Pirraça havia lhe cortado sobre a Chave de Daniel. Aproveitava, com isso, e estudava para os N.O.M.s:

- Alguma novidade? - perguntou Harry.

- Nada. - suspirou Christine - Mas estou quase lá. Falta só uma função chave! Se conseguir achar ou desenvolver uma similar, pronto. Mas tá complicado...

- Ei, Christine! - disse Neville - Você não vai acreditar! Lembra aquela erva que encontramos?

- Sim.

- Olha só! - disse Neville, apanhando sua cópia do livro Ervas lendárias: mito ou realidade, que ganhara da professora Sprout na aula de Herbologia.

- Andou lendo sobre ela nesse livro?

- Sim. - disse Neville, abrindo em uma página marcada. Hermione e Rony se aproximaram dos três.

- Aqui! - disse então Neville, encontrando uma página. Pegou sua bolsinha de ervas e retirou uma das folhas que encontrou - Athelas, ou Folha-do-Rei: uma erva lendária, nunca vista exceto em gravuras antiguíssimas guardadas pelo Ministério da Magia Inglês. Acredita-se que tinha o poder de curar e aliviar dores pelo cheiro doce e pungente que libera ao ser amassada. O mesmo cheiro podia auxiliar a limpar a mente para processos mentais que exijam reflexão. Também acredita-se que tenha sido usada no passado para curar Maldições de todos os tipos, ou ao menos amenizando seus efeitos. Podia também ser usada como cicatrizante e para limpar feridas locais, desde que aplicada amassada e molhada em água fervente sobre o ferimento. Todas as informações foram obtidas mediante a análise das gravuras supracitadas. Nenhum exemplar encontrado. Folhas aparentadas: Church Herb (erva da Igreja, anti-coagulante) e Folha de Vento (usada em poções de agilidade mental, também lendária).

- Será que essa erva... é Athelas? - perguntou Christine.

- Parece para mim Church Herb. E ela também libera uma fragrância doce e pungente quando apertada. - disse Hermione.

- Pode ser. Mas não se parece com nenhuma erva que eu já tenha visto antes...

Quando disse isso, Neville acidentalmente espremeu a folha:

- Ah não! - disse Neville.

- Você não tem mais delas? - disse Rony.

- Sim, mas pouco... E queria estudar elas. Vai saber se não podem realmente curar Maldições.

- Está pensando em curar seus pais com ela? - disse Harry.

- Sim.

Christine estava desligada desse assunto. Sua mente parecia mais leve e tranqüila depois de inalar o cheiro adocicado liberado pela folha esmagada. Foi quando...

- Yes! Fechei! - disse Christine.

- O que? - estranharam os quatro.

- Rápido, a pena!

Neville entregou a pena. Christine começou a rabiscar partes das equações aritmânticas e reescrever ou cancelar outras.

- Conseguiu? - disse Rony, ansioso.

- Silêncio! - disse Hermione - A Chris está terminando.

Christine terminou de escrever no pergaminho.

- Aqui! - disse Christine - Consegui terminar a Chave de Daniel.

- Como assim?

Christine correu até o seu quarto e pegou a Tanakh, uma pena de pomba e a cópia do artigo "Seqüências Alfabéticas Eqüidistantes no Livro do Gênesis". Voltou e disse:

- Agora vamos ver... - disse Christine se concentrando.

- Revele-se diante da serva de Adonai Jire o segredo guardado em Suas Palavras Sagradas. Em nome de Adonai Jire, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacob, o Deus de Judá e seus irmãos, o Deus de Benjamin, pai dessa serva de Yaveh, Aquele Que É, eu, Christine bas Tanenbaum ben Perez ordeno que se libertem as Palavras Secretas do Livro Selado por Daniel. Liberae Verba Dei! - disse Christine, apontando a varinha na direção do Tanakh.

Depois tomou de uma pena de pomba que não tinha usada anteriormente e disse:

- Que essa pena seja utilizada para revelar verdades importantes, para que o Mal desapareça e o Bem sempre vença. Verba Localitas! - disse Christine, apontando a varinha para a pena.

- O que você fez? - disse Rony.

- O meu erro foi pensar em algo como um livro mágico, no qual se escreveria e ele diria as coisas. Mas a Tanakh é complexa. Então, tive que dividir o encantamento em duas partes, ou melhor, o item em dois: o primeiro é a Tanakh, que está encantada para receber as procuras, enquanto que a segunda é a pena, que deve ser encantada para ser usada com a Tanakh. Ela deve ser nova, nunca tendo sido usada, e preferencialmente de pomba, embora de coruja possa servir. Mas vamos ver se funciona. - disse Christine, tocando com a pena e escrevendo o primeiro teste, que era o nome de um antigo Rabi de Israel.

O livro se reorganizou, mostrando trechos destacados em uma cor com o nome do Rabi. Em outras cores, cruzando o nome do Rabi, estavam o nome da cidade aonde ele nasceu e suas datas de nascimento e morte. Tudo batendo com a experiência de Rips:

- Deu certo! - disse Christine, emocionada - Ouve, ó Israel! Yaveh, seu Deus, Yaveh é o único!

- Conseguiu? - disse Harry.

- Sim! - disse Christine. - Funcionou como na experiência original. Bem, agora deixa eu fazer um teste envolvendo vocês.

Christine fez um gesto com a pena, como se tivesse rabiscando a Tanakh, que era a forma de indicar que ela ia fazer um novo teste.

- Harry Potter!

Harry então viu as previsões que motivaram Christine a ir para Hogwarts.

- Hermione Granger!

Apareceu: "A Filha dos comuns", "Muitos a humilharão", "Crescerá para a vitória".

- Ronald Weasley...

- Põe Rony.

- Não funciona! Tem que ser o nome completo.

Apareceu: "Filho do sangue puro", "Muitos serão seus irmãos", "Será diferente dos demais".

- Como eu serei diferente deles? - perguntou Rony

- Não sei... Mas vai ser! Agora, Neville Longbottom.

Falava as mesmas coisas que antes, mas acrescidas de: "Seu nome será famoso" e "Seus pais terá de volta":

- Oráculo de Adonai? - perguntou Neville.

- Oráculo de Adonai! - disse Christine.

- E você, Christine?

- Não me importo... Meu futuro a Adonai pertence.

- Escreve uma coisa aí, Chris. - disse Hermione.

- O que?

- Chave de Daniel!

- Por que?

- Não sei... Vê o que acontece!

- OK! - disse Christine, pegando a pena e escrevendo - Chave de Daniel!

O resultado foi surpreendente:

Estava escrito: "É o Código da Bíblia", "Selado por Deus", "Codificado pelo Computador", "Revelado pela Magia", "Christine bas Benjamin o revelou", "A Serva de Deus dotada do Dom Antigo".

- Sou eu! - disse Christine. - Meu nome está na Chave!

- Você não sabia? - perguntou Rony.

- Não... Nunca tentei por "Chave de Daniel" no Código.

- Bem, seja como for, foi um dia cansativo esse! - disse Neville.

- Neville, continue pesquisando se aquela erva é realmente Athelas. Se for, você poderá ter encontrado a sua resposta.

Obrigado, Christine.

Foi quando Christine subiu ao seu quarto e viu um Malão de Contravolume semelhante ao seu antigo, que estava destruído, mas maior, feito em madeira de lei, com dobradiças e detalhes em latão, e os mesmos sete cadeados também de latão reforçado magicamente. Sobre a tampa, um grande brasão de Hogwarts preso por rebites prateados. Duas maçanetas laterais permitiam a carga do malão.

- UAU! - disse Hermione. - Quem te deu isso?

- Não sei! Tem uma carta aqui em cima!

Christine pegou o bilhete sobre o Malão, que dizia:


"Christine bas Tanenbaum ben Perez ben Benjamin:

Creio que isso vai ser útil para você a partir de hoje. Suas pesquisas serão muito visadas por muitos.

Tome muito cuidado.

Lembre-se:

"Nem todo leão é leal / Nem toda Cobra morde / Veneno frio é letal / A Faca na sombra se esconde"

Um amigo

P.S.: Não se preocupe: o malão não está azarado."


- Que estranho... Quem será que me mandou?

- Deixe-me ver... - disse Hermione - Seja quem for, tem muito dinheiro e gosta de você!

- Bem, seja como for, acho que vou guardar as coisas no malão novo, antes de ir dormir. Hermione... Aproveita que as duas Jezebéis estão fora e tranque o quarto só um instante.

- Claro... Mas seja rápida! - disse Hermione, sabendo do que se tratava.

Christine transferiu todas as coisas para o seu novo Malão, começando pelos itens tecnomânticos até chegar nos seus livros de Salem.

Depois ela foi dormir... E novamente teve sonhos estranhos.