Capítulo 21: A nova aparição de Diggory


Christine estava caminhando por um cemitério muito escuro, tanto que ela não conseguia enxergar praticamente nada à sua frente. Para além de um grande teixo à direita Christine podia ver os contornos escuros de uma igrejinha. Um morro se erguia à esquerda. Muito mal, Christine conseguia discernir a silhueta escura de uma bela casa antiga na encosta do morro. Christine estava cega pela escuridão, mas com certeza sentia sua varinha em sua mão. Foi quando ela disse:

- Lumos!

Ela então viu então na lápide à sua frente o nome "Tom Riddle" escrito. Ela já tinha estado naquele lugar:

- Diggory! Você está aí? Precisa falar comigo?

O anjo-em-treinamento desceu. Dessa vez desceu utilizando as vestes amarelas de quadribol da Lufa-Lufa.

- Continua bonita, Christine Tanenbaum! - disse Diggory, com um sorriso doce.

Christine percebeu que Diggory tinha asas mais sólidas do que da primeira vez, quando elas não passavam de uma espécie de holograma. Sua auréola também parecia ter um azul mais intenso.

- Você está... diferente.

- Sei. Está falando das asas, não é? Digamos assim que é um prêmio...

- Prêmio?

- Quanto mais próximo estou de alcançar a conclusão da minha missão, mais perto de um anjo completo eu estarei.

- Diggory, qual é sua missão? E por que você tem que me ajudar?

- Vamos voar. Me sinto mais a vontade nos céus agora do que nunca. É lua crescente... Não deixe que a proximidade da Mansão dos Riddle lhe atrapalhe a visão e o julgamento: aonde os filhos de Yaveh estão, força nenhuma pode abalar. - dizendo de forma tranqüila, quase displicente, tudo aquilo.

- Você não tem medo de falar o Santo Nome? A Palavra Impronunciável? - disse Christine, espantada.

- Não. Acho que Ele não irá se aborrecer enquanto um Filho Dele não tomar Seu Santo Nome em vão.

- Bem, mas como poderei voar? Você é um anjo, mas eu ainda sou humana. E mesmo em sonho não posso voar, posso?

- Bem, se prefere assim... - disse Diggory - Atrás daquela moita tem uma vassoura. Monte nela.

Christine apanhou a vassoura: era uma Zaxxon R-Type 2000. Não era uma vassoura de corrida, Christine sabia muito bem: para falar a verdade, a Zaxxon R-Type era uma série de vassouras extremamente lentas, alcançando no máximo 80 Km/H em velocidade de cruzeiro e 120 Km/H em velocidade máxima, velocidades que uma Firebolt alcançava e ultrapassava brincando. Mas era uma vassoura de carga: enquanto uma Firebolt agüentava seu piloto e mais uma pessoa a muito custo sobre ela, a R-Type era capaz de carregar seis pessoas em seu cabo auto-dimensionável e mais de 15000 quilos e quase 12 metros cúbicos de carga numa boa, dentro de seu pequeno compartimento de carga (na verdade um bolsão dimensional, pelo qual o piloto pode entrar e sair, guardando a carga dentro dele). Era uma das vassouras de carga mais caras do mundo, principalmente pela sua resistência e manobrabilidade, e já há alguns anos desbancara as Aasgard Juggernaut X como vassoura de carga.

- Posso?

- Claro! Está aí para isso mesmo.

Christine montou na vassoura e sentiu a maravilhosa manobrabilidade da R-Type: ela guiava praticamente na velocidade do pensamento dela. Se queria parar, parava. Se queria descer, descia. Não era rápida, mas era gostosa de guiar.

Diggory ergueu vôo, usando-se de suas asas angelicais:

- Diggory, ainda não me respondeu. - disse Christine.

- Pode me chamar apenas de Cedric, Christine...

- Só se me chamar apenas de Chris. - disse Christine.

- Tudo bem, Chris.

- Não vai me responder, Cedric? Ou Adonai não lhe permite?

- Yaveh me permite isso, sim. Já ouviu falar em Anjos Guardiões?

- Já! São Anjos que protegem um local ou tipo de pessoa. E...

- Se eu lhe dissesse que Hogwarts nunca teve um, você acreditaria?

- Sério?

- Parece que Voldemort está cada vez mais ousado. Os ataques no dia do julgamento não será a última vez que lutou contra Voldemort, Christine.

- Como assim?

- Voldemort colocou espiões e aliados dentro de Hogwarts...

- Faço idéia: no primeiro ataque, os "comparsas" do Draco, Crabbe e Goyle, foram expulsos de Hogwarts por terem participado dos ataques.

- Bem, tenho mais uma rima para você:

"Nem todo leão é leal

Nem toda Cobra morde

Veneno frio é letal

A Faca na sombra se esconde"

- Foi você que me mandou o Malão de Contravolume novo?

- Não. Como poderia, se estou morto?

- Desculpe...

- Não tem do que se desculpar, Chris. Apenas tome muito cuidado. Sua vida agora está sendo visada e pode ser ceifada a qualquer momento. Voldemort já desconfia do seu segredo e já imagina que você é capaz de abrir a Chave de Daniel.

- Mas quem desejaria me ceifar? - perguntou Christine, referindo-se ao termo judaico que quer dizer "ser assassinado".

- Apenas lhe dou um aviso: o ódio é como o fel. Quanto mais velho, mais terrível é o seu gosto.

- E porque me ajuda?

- Se eu for capaz de lhe proteger, poderei ser o Anjo Guardião de Hogwarts...

- Porque não protege diretamente Harry?

- A força de Voldemort sobre Harry é grande demais. Lembre-se que ele divide certos dons com Voldemort, como a Ofidioglossia...

- Adonai! Harry... é... Ofidio... glota! Ele fala com seres impuros?

Christine odiava cobras, principalmente por serem seres considerados impuros pela Torah.

- Não julgue como impuro aquilo que vem das mãos de Yaveh! - disse Cedric, agora visivelmente irritado - Tem tão pouca fé assim, Christine bas Tanenbaum?

O susto e temor que surgiu em Christine naquele momento foi o suficiente para quase a derrubar da vassoura.

- Desculpe! Não me...

- Eu que tenho que lhe pedir desculpa, Chris. Me exaltei!

- Mas Harry é Ofidioglota mesmo?

- Sim. Eu não sabia disso, até que o vi falando com aquela cobra maldita do Voldemort, que queria me devorar!

- Bem, e é só isso?

Não. Mais uma rima para você:


"Três e três

Forma descoberta

O Sétimo é um item

Força eterna.

Dos três primeiros

O Vencedor empunha a varinha

Sua coragem patente

Não teme força daninha

A Amiga carrega

A Harpa doce

Roça com os dedos

A Cítara alegre

O Cavaleiro empunha

A Espada para defesa

Não haverá inimigo

Que quebre sua firmeza

Dos três últimos

A Defensora carrega o Sétimo

Luz Pura e Força Eterna

Que não aceita descrédito

O Desprezado carrega consigo

Fumaça dos Reis para garantir abrigo

E a erva queimada em aroma agradável a Yaveh

Será a certeza de futuro promissor e de fé.

O Traído

Se une ao Vencedor

Varinhas em punho

Coragem e vingor

Três e Três

Assim vencerão

Se da maldade

Não terem temeridão"


- Vá! - disse Cedric, após terminar a rima, como quem nota e teme alguma coisa.

- O que?

- VÁ! Não se preocupe comigo! Não pode matar-se o que está morto! - disse Cedric, na hora em que uma espécie de adaga cerimonial rasgou-o em dois. Christine pegou rapidamente a mão com a adaga com as suas duas mãos, e sentiu seu olho abrir...