Capítulo 27 - Epílogo: Nova vida


Christine acordou na Ala Hospitalar de Hogwarts. Trazia faixas por todo o seu corpo. A dor da Maldição Imperdoável ainda existia em seu corpo, mas não mais em sua mente. Para Christine, importa apenas que Adonai Jire, o Senhor dos Exércitos estivesse ao seu lado.

- Até que enfim, Tanenbaum. - disse Draco, irônico. - Sabe quantos dias ficou desacordada? Sete.

- Yaveh! As provas de Hogwarts! Eu perdi? - disse Christine.

- Quem disse que teve provas? - disse Rony, que estava na cama ao lado - As provas foram canceladas.

- Hogwarts teve que receber um Feitiço Anti-Xereta especial do Flitwick para que as aves agoureiras do Profeta Diário não viessem perturbar nem você nem Harry! - disse Hermione.

- E agora? E cadê o Harry? - disse Christine.

- Estou aqui! - disse Harry.

Christine olhou para o lado e viu Harry na cama ao lado. Foi acenar para ele quando viu que, em sua mão direita, havia uma cicatriz na forma da Estrela de Davi:

- Essa cicatriz...

- Pensei que jamais acordaria, senhorita Tanenbaum. - disse uma voz velha e doce.

Christine foi se apoiando lentamente e erguendo o corpo. Foi quando viu Dumbledore junto com Neville.

- Professor, o que é isso ...

- Eu tenho uma teoria - disse Dumbledore - que, da mesma forma que a cicatriz de Harry surgiu por causa da Avada Kedavra que Voldemort disse quando tentou matá-lo, essa marca em sua mão surgiu quando você invocou a Luz Pura.

- Mas como poderia ter invocado a Luz Pura, quando sabidamente eu invoquei uma Maldição Imperdoável?

- Acho que você não entendeu totalmente o que Diggory lhe disse.

- Como sabe que Diggory apareceu na batalha?

- Agora Diggory é o Anjo Guardião de Hogwarts. E ele me contou tudo que aconteceu naquela batalha. Resistir a um Crucio já é uma tarefa incrível, mas é necessária uma força moral e mental inacreditável para lutar contra dois Crucio, um após o outro.

Christine corou. Foi quando Neville perguntou-se:

- O que não entendo é: porque a Avada Kedavra, se no Chave de Daniel dizia "Não deve-se derramar o seu sangue", "Não deve-se queimá-lo", "Ele não é oferta pura de suave odor a Yaveh".

- Vocês não compreenderam: Avada Kedavra vem de uma expressão em aramaico, abhadda kedhabra, que quer dizer "desapareça como essa palavra". Antigamente, Avada Kedavra era um feitiço poderosíssimo, que muitos bruxos utilizavam inclusive para a cura.

Os seis ficaram espantados:

- Sim, vocês devem ficar imaginando o quão ilógico é isso. Mas bastava o bruxo pensar no que desejava eliminar e dizer: Avada Kedavra, e aquilo desaparecia. Podia ser uma doença, uma peste, azar... Ou um inimigo, como os bruxos do mal começaram a utilizar.

- Diggory apenas veio relembrar para nós esse sentido antigo, que a muito esquecemos... Mas ao mesmo tempo, temos que impedir que isso seja usado de forma sem sentido.

- Agora entendo: Desejava fazer o mal sumir. E o fiz desaparecer como a palavra. Avada Kedavra! - disse Christine.

- Sim... Mas não é sempre que pode-se fazer isso. Mesmo nos tempos antigos, dominar verdadeiramente a Avada Kedavra era um exercício de Fé em Deus e de coragem abnegada. Você só o conseguiu por resistir bravamente a tudo que lhe aconteceu desde que chegou de Salem até Hogwarts. - disse Dumbledore.

- Entendi. Mas e agora, professor, Voldemort...

- Está morto, e sua essência foi destruída. Um Beijo de um dementador teria sido algo menos ruim do que o que lhe aconteceu.

Todos estavam ouvindo o barulho de comemoração. Era noite e chuvas de estrelas cadentes caíram dos céus...

- Dédalo Diggle realmente sabe como comemorar um grande feito. - disse Dumbledore, introspectivo.

- Professor - disse Harry, lembrando-se - eu vi uma chuva de pequenos pontos verdes, quando a Marca Negra se desfez nos céus.

- Aquelas marcas tocaram todos os Comensais, formando uma marca que nunca mais poderá ser ocultada neles. Antes, as Marcas Negras nos braços dos Comensais apenas apareciam realmente quando Voldemort os convocava para suas batalhas, aparecendo apenas levemente em outros momentos. Agora, elas ficarão para sempre marcados com a marca de Voldemort. Eles são mais proscritos que os proscritos, pois a Confederação Internacional dos Bruxos declarou eles persona non grata...

- Mas ninguém era declarado persona non grata desde Kolbur, o Insano, em 1256! - disse Hermione.

- O que é persona non grata? - perguntou Draco.

- Uma persona non grata, senhor Malfoy, é uma pessoa segundo a qual está um édito eterno de morte. Ao invés de mandarem Aurores caçarem os Comensais, eles perceberam que as marcas não podiam mais se apagar, e declararam todos os Comensais persona non grata. Qualquer um que ver a Marca Negra legítima, marcada em preto e vermelho, tem total direito de matar a pessoa, ou escravizá-la nos mesmos níveis de um elfo doméstico.

- Mas e Snape? - disse Draco. - Ele vai ser morto?

- Não, senhor Malfoy: por algum motivo, a Marca Negra simplesmente desapareceu do braço de Snape na hora em que Voldemort caiu. Acredito que tenha sido pelo fato dele ter se arriscado entre os Comensais como nosso espião duplo.

Dumbledore retirou um volume grosso, embrulhado ricamente em papéis verdes:

- Acho que isso pode lhe interessar, senhorita Tanenbaum.

Christine abriu-o e retirou de dentro um volume de capa aveludada vermelha. Quando abriu, estava escrito uma dedicatória:


"Para Christine bas Tanenbaum, heroína dos bruxos:

Pensou que não sabia sobre seu 'estado exótico'? Quando você foi a Hogwarts (o 'Colégio Interno'), questionei o Rabi de sua sinagoga em Salem, que me explicou todos os segredos sobre o mundo dos bruxos que você contou a ele. Não fique brava com ele, filha de Benjamin, pois ele fez o que achava ser certo.

Você sempre seguiu corretamente os Mandamentos de Adonai, e como lhe disse, isso me basta. Quero apenas que você lembre-se de nunca, jamais utilizar os poderes que você tem para o mal. Lembre-se que, como tudo que existe, a magia é Dom de Adonai para ser usado em Seu Serviço.

Fiquei sabendo do que fez com a Torah que lhe dei, e ficou triste de saber que ela foi destruída, mas ao mesmo tempo fico feliz de saber que cumpriu a profecia de Daniel: "Tu porém, Daniel, conserva secretas as palavras e lacra o livro até o tempo final! Muitos vaguearão perplexos para que cresça o saber." Você conseguiu abrir o Livro Secreto de Adonai. Merece parabéns.

Claro que não contarei nenhum de seus segredos, mas espero que lembre-se sempre de que seu poder não deverá ser usado para o mal. E espero que esse presente lhe ajude a cumprir sua missão, Christine.

Que Adonai ilumine seus passos.

E que possamos nos encontrar novamente, seja na terra, seja na Casa de Deus.

Rabi Robin Albrecht ben Goldstein ben Yussef ben Judah

Rabi da Sinagoga Central de Londres"


Ela olhou o volume: era uma Torahainda mais rica que a anterior, com todas as explicações que ela poderia desejar, e muitas que ela sequer pensava ser possível.

- É linda! - disse Christine.

- Bem, seja como for, espero que você a use sabiamente... - disse Dumbledore, dando-lhe uma pena de pomba.

Christine encantou os dois como na Chave de Daniel. Abriu o livro e escreveu:

- Voldemort!

E a resposta que deu-se foi surpreendente.

Aparecia "Voldemort", "o maligno", "perigo para bruxos e trouxas" e "assassino que assassinará", este último cruzado com "Harry Potter". Embaixo de tudo isso, apenas uma frase:

"Christine bas Tanenbaum... Você o mudará?", cruzada por dois nomes: "Hermione Granger" e "Ronald Weasley".

Mas o mais surpreendente era que, logo abaixo de "Christine bas Tanenbaum... Você o mudará?", estava escrito: "Você o mudou". E diante de "assassino que assassinará", estava escrito: "que será assassinado antes de assassinar."

E Christine viu que tinha mudado o destino não apenas de Harry, mas o de muitas pessoas, do mundo todo. E ela só encontrou uma forma de expressar sua alegria.

- O Senhor dá, o Senhor tira! Bendita seja a Sua Vontade! Ouve, ó Israel! O Senhor, seu Deus, o Senhor é o Único!

E assim, Christine acabou seu ano em Hogwarts...

Se continuou em Hogwarts ou se voltou para Salem...

Isso é uma outra história.

Fim