Capítulo 6: Vassouras, Quadribol e dois balaços errantes


O restante das primeiras duas semanas de aulas foram razoavelmente tranqüilas para Mitch.

Hawking voltou da Irlanda acompanhada por Ceridwen, a coruja pessoal de seu avô, com uma caixa enorme de sapos de chocolate mandadas por seu avô, uma cópia da Nature (revista dos trouxas especializada em ciências) aonde falava um pouco mais sobre as expedições de seu pai e uma resposta de seu avô, dizendo para ele não deixar-se levar pela fúria irlandesa, que quase foi a ruína de sua família.

"Muito provavelmente vão querer saber até que ponto você pode chegar! Não deixe a fúria tomar-lhe e não aceite provocações! Foi assim que Você-sabe-quem quase exterminou nossa família!" - dizia a resposta que Mitch recebera, no momento em que teve que parar a leitura ao perceber que uma figura estranha havia tomado-lhe a revista que recebera.

- Percebi que você recebeu uma revista do mundo dos trouxas. - disse Snape, segurando a cópia de Nature, com um sorriso de maléfica satisfação no rosto - Vou ter que tirar pontos de Grifinória.

- Por que? - questionou tranqüilamente McGregor, levantando-se e olhando para Snape tranqüilamente, sem encará-lo, reação essa que estranhou a todos em Grifinória.

- Não se faça de idiota, McGregor! Esse tipo de leitura é imprópria para Hogwarts! Aqui você está estudando para ser um bruxo! E não um trouxa como os idiotas que escrevem essa revista. - disse ironicamente Snape, para risos de Sonserina e revolta de Grifinória. Mitch parecia não estar abalado, pois acabava de ver que a professora McGonagall vindo em direção dos dois.

- Professor Snape, acho que a mesa de Sonserina é ali ao lado. Vá preocupar-se com os alunos de sua casa. Os da minha cuido eu. - disse McGonagall, em um tom de serena severidade como se tratasse Snape como um aluno primeiro-anista.

- Seu aluno recebeu uma revista vinda do mundo dos trouxas. - disse Snape, como se comemorasse ter feito a professora McGonagall de tola, apontando a cópia de Nature como se fosse um brinde para ele.

- E...

- Ora, McGonagall, isso aqui é uma Escola de MAGIA! E não de ciência trouxa!

- Bem, eu não sei se o senhor se lembra, Professor Snape, mas temos em nossa grade curricular uma matéria chamada Estudo dos Trouxas. E acho que, além de McGregor, outros alunos seriam beneficiados com um pouco de pesquisa na fonte. Aliás, bruxos sensatos procuram aprender um pouco mais sobre o mundo dos trouxas. Afinal, os trouxas não são tão trouxas quanto imaginamos. - disse ironicamente McGonagall.

- Está certo, McGonagall. - disse Snape, arremessando a revista de volta para McGregor e afastando-se da mesa de Grifinória envergonhado e revoltado por não ter podido tirar pontos de Grifinória.

As demais aulas foram legais para McGregor. Defesa contra a Arte das Trevas era ensinada por um poderoso highlander (morador das montanhas da Escócia) chamado Arthur Donovan: ele ensinava na teoria e na prática como proteger-se das mais diversas criaturas do mal. Mitch gostava dessa matéria, o que, combinado com o que Olivaras disse e com a própria genealogia de Mitch mostravam o que ele iria ser no futuro: um Auror.

Duelo Mágico era ensinado por um tal de Jean-Baptiste Aramis, um francês meio esquisito: gostava de andar com botas e roupas a Luís XV, o que era espalhafatoso demais até mesmo para Hogwarts. Mas Mitch achava que as aulas valiam a pena. Disseram para ele que essas aulas foram implantadas devido a uma série de "incidentes exóticos" que aconteceram nos anos anteriores (algo dizia para McGregor que tinha algo a ver com o tal Potter).

Mas a mais esperada das primeiras aulas foi a de Vôo com Vassoura. Mas a animação se dissipou quando viram que teriam as aulas de Vôo junto com Sonserina.

- Que maravilha! - disse Carlos, com um sotaque agora um pouco mais leve - Com três casas em Hogwarts, tinha que ser logo com SONSERINA?

- Eu não gosto disso mais do que vocês, mas acho que devemos nos preocupar agora é conosco mesmo. Estamos ajudando muito Grifinória. - disse McGregor.

- É mesmo! - disse Helen - Grifinória está em primeiro lugar, mesmo com todos os pontos que o besta do Snape vêm tirando de nós.

E era verdade. Com a ajuda de todos os alunos de Grifinória, os primeiro-anistas sentiam-se mais confiantes. E com a ajuda ocasional dos primeiro-anistas, os demais alunos de Grifinória foram melhorando em notas. Percy Weasley, por exemplo, precisava fazer uma redação sobre as "inovações tecnológicas dos trouxas nos últimos anos", e a revista Nature que Mitch havia recebido ajudou Percy, que faturou 50 pontos do professor por ter "pesquisado diretamente na fonte", o que enfureceu ainda mais Snape, quando ele descobriu.

Isso animou a todos, que estavam agora mais integrados que nunca.

Carlos Amaral era brasileiro, mas sua mãe era inglesa e bruxa. Havia formado-se em Hogwarts e trabalhava, segundo o que Carlos sabia, como uma espécie de diplomata entre os Ministérios da Magia do Brasil e da Inglaterra. Ele era negro, usava cabelos rastafári e gostava de usar calças de algodão brancas com cordões amarrados na cintura nos horários de folga (atualmente usava cordões vermelhos e amarelos, as cores de Grifinória). Era um bom lutador de capoeira (arte marcial brasileira), gostava de jogar futebol trouxa (era torcedor do São Paulo Futebol Clube) e tocava percursão como ninguém. Tinha trazido do Brasil um berimbau (instrumento brasileiro de percursão) que adorava tocar, e que encantava até mesmo a professora McGonagall, que admirava a habilidade do rapaz como músico.

Cedric Gryffindor era mestiço: seu pai era descendente direto da família de Godric Gryffindor, fundador de Grifinória, mas largou tudo para viver com uma trouxa. Quando teve um filho bruxo, a família decidiu que ele valia tanto quanto qualquer outro neto e criou-o do mesmo jeito que aos demais. Apesar de mestiço, ele tinha mais contato com o mundo dos bruxos que qualquer um deles, exceto a sangue-puro Olívia Gibbs.

Olívia Gibbs nasceu em Stratford-upon-Avon ("a cidade do Bardo Trouxa", gostava de brincar, pois nascera na cidade de Shakespeare), de pais puro-sangue. Ela tinha um contato incrível com o mundo dos bruxos, mas não conhecia quase nada do mundo dos trouxas, exceto algumas músicas e como usar um CD-Player.

Helen Ebenhardt tinha uma paixão por Feitiços: AMAVA as aulas de Flitwick, que a considerava talvez a primeiro-anista que saia-se melhor nessa matéria, tendo potencial para superar Hermione Granger e até mesmo o lendário Gui Weasley. Ela era baixinha e sua varinha discreta parecia animar os adversários dela nos duelos mágicos de Aramis. Um grande erro: o Expelliarmus dela era tão poderoso quanto o de qualquer um, talvez até mais, e ela o executava com extrema elegância, perícia e sutileza.

Tim Robbins era muito interessando em Transformações: superada as primeiras noções, ele rapidamente conseguia superar seus companheiros de sala, sendo talvez o melhor de todos nessa matéria. Seu tamanho mirrado não fazia diferença quando ele fazia, durante os exercícios, fazer cabos de vassoura virarem adagas afiadas. Algo dizia para todos que ele trapaceava no Snap Explosivo e nos jogos de cartas que disputavam (desde o poker ensinado pelos gêmeos Weasley, até o eufórico, estranho e exótico truco, jogo brasileiro de baralho ensinado por Carlos) com o baralho que foi contrabandeado para dentro de Hogwarts por Carlos. Mas como não havia provas...

O gigante descendente dos Navajo Dennis Tomahawk sempre contava o que ouvia, pois era tradição do seu povo. Todos confiavam nele, apesar disso: ele jamais contaria a um inimigo o que ouviu, mesmo que isso levasse-o a morte. Um dos melhores em Defesa contra a Arte das Trevas, só não era superado por Mitch, que era melhor no combate contra criaturas das trevas.

As gêmeas escocesas Diana e Minerva Stargazer eram diferentes como água e óleo: Diana era expansiva e gostava de questionar ordens, mas respeitava a força, gostando demais da aula de Defesa contra a Arte das Trevas (alguns diziam que o Chapéu Seletor deveria ter mandado ela para Sonserina), enquanto a silenciosa Minerva era compenetrada e parecia ter uma preferência por Herbologia, mas no geral era a mais equilibrada em todas as matérias (mesmo Mitch não era tão equilibrado).

Já a estranha Wanda Willtaker era negra de Senegal e havia sido convidada para Hogwarts poucos dias antes do embarque para Hogwarts. Falava pouco,e menos ainda quando o assunto era ela própria, o que a tornava misteriosa, mas era unida com o resto dos primeiro-anistas e sua lealdade para Grifinória era inquestionável.

Tal integração tornava os primeiro-anistas de Grifinória mais fortes que os de outras casas. Mesmo os sonserinos, eternos rivais da casa do leão, pareciam sentir um certo respeito pelos grifinórios.

Mas esse tipo de respeito era o que os grifinórios não queriam.

Chegou o dia da aula de Vôo em Vassouras. Ao chegarem, os alunos de Grifinória encontraram os sonserinos já no local de aulas, assim como vinte vassouras perfiladas para serem usadas pelos primeiro-anistas:

- Vamos voar nessas Shooting Stars? - questionou Olívia.

- Por que, acha que é melhor que alguém aqui? - disse sarcasticamente Helena Adinson, uma garota morena e mais alta que Olívia, mas não mais alta que Mitch.

- É isso mesmo, garotinha! Você devia se preocupar em manter-se em pé em cima de sua vassoura, sua tola sangue... - disse o enorme e italiano Victor Fiorucci, sendo que ele foi cortado por Cedric Gryffindor.

- Termine o que você ia dizer e eu mando você de volta para sua casa em pedacinhos antes que você tenha chance de dizer "Quadribol"!

- Que moral que você tem, Gryffindor? Logo você, descendente de um dos Grandes Quatro, um mestiço e ainda envolvido com a esquisita da Ebenhardt e com o McGregor, descendente de um covarde sangue... - disse Derek McKinsey, um pequeno e mirrado irlandês.

- Ora, seu... - disse McGregor, quando percebeu uma movimentação. Lembrou-se do que a professora McGonagall lhe disse e resolveu voltar a seu estado habitualmente zen.

- Por que ele disse que seu avô é covarde, Mitch? - perguntou baixinho Cedric, interessado.

- Na torre eu conto a história toda com detalhes, Cedric! - disse Mitch quando percebeu a professora Hooch vindo.

A professora Hooch tinha cara de águia, o que pareceu apropriado para uma professora de Vôo com Vassoura. Ela chegou pedindo para os alunos perfilarem-se ao lado de suas vassouras. E eles fizeram: Sonserina e Grifinória ficaram frente à frente, como se estivessem prontos para brigar.

- Quando eu mandar, quero que digam: "De pé!" Entenderam? OK, um, dois, três... - disse a Madame Hooch.

- DE PÉ! - gritaram todos os alunos.

Aparentemente as vassouras sentiram a arrogância de Sonserina e a força de Grifinória, pois as dez vassouras grifinórias saltaram em uníssono para a mão de seus pilotos, enquanto as sonserinas pareciam não querer subirem para a mão dos mesmos.

Depois, a professora Hooch corrigiu, um a um, a postura de vôo. Ninguém escapou da revista minuciosa na posição de vôo, sendo que todos receberam críticas, sem distinção.

Foi durante o vôo que a professora Hooch teve que tomar muito cuidado: parecia que o único objetivo dos sonserinos era forçar a barra para criar confusão com Grifinória:

- Ei Mitch, seu covarde, quer tirar uma corrida? - disse Derek.

- Me deixa em paz, McKinsey. Eu tenho coisas mais importantes para fazer. - disse Mitch.

Foi quando Mitch sentiu duas protuberâncias pretas aproximando-se rapidamente. Ele teve que esquivar-se rapidamente para cima, mas parecia que as duas bolinhas pretas estavam o perseguindo:

- McGregor, o que o senhor está fazendo?

- Professora Hooch, tem algo errado com o Mitch! - disse Helen.

- É nada, professora! - disse Fiorucci - É o McGregor que quer se exibir!

- Professora! Alguém soltou dois balaços na direção de Mitch! - gritou Olívia, que reconheceu rapidamente as velozes e pesadas bolas pretas que eram usadas no quadribol para derrubarem os jogadores de suas vassouras.

- Como é? - disse uma surpresa Hooch - Mas as bolas estavam trancadas em minha sala!

- Alguém pode ter contrabandeado essas para Hogwarts! - disse Tim Robbins.

- Nada a ver! - disse Helena Adinson.

- Seja como for, - disse Cedric que, apesar de mestiço, entendia alguma coisa de Quadribol, e sabia o que estava acontecendo - o Mitch está encrencado!

- Sr. McGregor, desça daí agora! - gritou a Madame Hooch, preocupada com a situação.

- Estou tentando, mas essas bolas não deixam! Toda vez que eu tento descer, elas tentam me acertar! - gritou Mitch de uma altura de mais ou menos 10 metros.

- Professora, aqueles são BALAÇOS ERRANTES! - disse uma sonserina chamada Erika Stringshot, sangue-puro, que era brigona, arrogante mas respeitava a força de alunos de outras casas. Ela parecia estar preocupada.

- Como? Balaços errantes? Mas como eles vieram parar aqui em Hogwarts? - disse uma preocupada Madame Hooch.

- Professora, e a detenção para McGregor? - disse um supostamente desinteressado Starshooter.

- Sr. Starshooter, pelo seu comentário sem propósito são 5 pontos a menos para Sonserina, e dê-se por feliz por eu não dar uma detenção ao senhor!

- Mas professora...

- Nada de mas, senhor Starshooter. E são menos 5 pontos para Sonserina por questionar a decisão de um professor! E se eu ouvir mais uma vez a sua voz nesta aula, eu tirarei pontos de Sonserina SEM PIEDADE! - disse uma enfurecida Hooch.

- E quanto ao Mitch? Se ele continuar esquivando-se desse jeito, ele será inevitavelmente atingido pelos balaços! Uma Shooting Star não é concorrente para um balaço, quanto mais para dois, e ainda errantes! - disse uma desesperada Olívia.

- Parece que o sr. McGregor está se dando bem lá em cima! - disse uma eufórica Hooch.

Então todos olharam para o céu e viram algo surpreendente: McGregor, mesmo em uma vassoura extremamente lenta como uma Shooting Star, esquivava-se dos balaços errantes.

Todos se perguntavam como ele fazia aquilo, inclusive o próprio Mitch. Ele não sabia como estava fazendo aquilo! Nunca voara em uma vassoura antes! Ele estava apenas seguindo seus instintos, como quando lutava e defendia-se dos valentões protestantes nas ruas de Belfast.

Enquanto isso no chão, Dennis, que havia descido, aproximava-se da professora Hooch com uma caixa de madeira, aonde havia dois pares de correntes e espaço para duas bolas.

- Encontrei isso atrás daquela moita ali. Parecia que estava preparada para soltar os balaços contra Mitch. - apontando uma moita próxima de onde os alunos sonserinos haviam decolado. - Acho que isso deveria ser investigado. - quase subentendendo que isso era obra de Sonserina.

- Ora, acha que foi a gente, seu índio sangue-ruim? - gritou a todos os pulmões Victor Fiorucci, para revolta de Grifinória.

- Sr. Fiorucci! Pro chão! AGORA! - gritou uma erupta Hooch.

- Mas...

- Nada de mas! E se você não descer agora, vou mandar você de volta para casa com sua varinha partida antes mesmo que consiga dizer "quadribol"!

Fiorucci desceu. Tão logo desceu, teve a vassoura tomada:

- São 20 pontos a menos para Sonserina por ofensa gratuita a um aluno de Hogwarts! E o senhor me espere após a aula, pois decidiremos sobre uma detenção para o senhor!

- Ei! Eu ainda estou aqui! - disse McGregor entrando em desespero.

- Fiquem todos aqui! Desçam todos, exceto o Sr. McGregor! E se alguém tentar uma ínfima gracinha, vou fazer questão de que se arrependa amargamente. - disse Madame Hooch, enquanto ia buscar alguma coisa e levar embora a vassoura de Fiorucci.

O clima tenso que se sucedeu só não piorou porque Grifinória estava preocupada com McGregor e Sonserina com Fiorucci.

Mitch estava começando a se cansar, pois estava voando sem parar fugindo dos balaços, à toda a velocidade que a Shooting Star podia dar! Mas as manobras evasivas que tinha executado para fugir dos balaços começaram a exauri-lo e a deixá-lo tonto, cansado. Sua falta de costume em cima de uma vassoura também não ajudava. Mas ele continuava a lutar, pois sabia que, caso um balaço o acertasse, ele iria despencar de sua vassoura para uma queda de mais de 10 metros, o que possivelmente seria fatal!

- Mitch, agüenta firme! - disse Helen.

- Você tem alguma coisa com ele, Ebenhardt? - disse Starshooter, ainda irritado por ter perdido pontos para Sonserina, mas ironizando.

- Em Grifinória, nos preocupamos com os nossos! - disse Cedric, repetindo um dos bordões de Grifinória.

Madame Hooch chegou com um porrete pesado, que lembrava um taco de baseball.

- Sr. Robbins, quero que o senhor leve esse bastão para McGregor o mais rápido que puder e desça sem hesitar, entendido? Evite chegar perto dos balaços! Diga para McGregor utilizar esse bastão para mandar os balaços ao chão!

- Sim, professora Hooch! Deixe comigo! DE PÉ! - disse Tim Robbins, montando em sua vassoura.

- OK! Vá!

Tim subiu em sua vassoura e cobriu a toda velocidade o espaço entre ele e Mitch, que estava a uns 10 metros de altura, ainda esquivando-se dos balaços. O próprio Tim teve que se enfiar de forma temerária por entre os balaços, em uma seqüência de manobras que impressionou a professora Hooch, para conseguir chegar perto de Mitch. Quando conseguiu aproximar-se, viu um McGregor quase totalmente exaurido, praticamente como se estivesse esperando a hora em que seria atingido pelos balaços errantes!

- Mitch!

- Tim! - disse um surpreso e assustado McGregor - Você tá doido? Você tem que sair daqui!

- Eu vou já! Eu só vim entregar-lhe isso! - entregando o bastão a McGregor - Bata nos balaços com isso usando toda a sua força, mandando-os ao chão! Entendeu?

- OK!

Tim desceu, novamente esquivando-se de forma temerária os balaços, enquanto Mitch executava alguns loops e parafusos para fugir dos balaços errantes, esperando Tim afastar-se de forma que pudesse atirar o balaço de forma segura ao chão.

- Todos, afastem-se! - disse a professora Hooch.

McGregor estava pronto. Sua atitude em relação aos balaços mudou de fuga para perseguição, apenas esperando o melhor momento para enviar os balaços ao chão! Os alunos de Grifinória afastaram-se, enquanto os sonserinos riam, exceto Erika, que afastou-se:

- Que foi, estão esperando o corpo de McGregor cair do céu? - disse um irônico Starshooter.

Quando terminou de dizer isso, ele viu um vulto negro descendo do céu em uma velocidade impressionante, que acabou fincado no chão abaixo de seus pés, a apenas dois centímetros de o atingir. Era um dos balaços:

- McGregor, seu desgraçado! Queria me matar? - disse Starshooter.

- Sr. Starshooter, menos 50 pontos para Sonserina e detenção junto com o sr. Fiorucci por acusação ilegal, comentário sem propósito, ofensa gratuita a um aluno e por ignorar as orientações de um professor!

Quando terminou de dizer isso, a professora Hooch viu um vulto descer a alguns centímetros (uns 30) à sua frente e fincando-se no chão. Era o outro balaço errante! Poucos segundos depois, um exausto Mitch descia de sua vassoura, tão cansado que precisava de ajuda para permanecer em pé!

- Sr. Gryffindor, Sr. Tomahawk, Sr. Amaral e Srta. Gibbs, me façam um favor: recolham os balaços errantes e os coloquem na caixa. Levem-a ao zelador Filch e peça a ele que cuide deles até eu pedi-los! Sr. McGregor, Sr. Robbins, quero que me acompanhem!

- Mas professora...

- Sr, McGregor, por favor, faça o que eu mando! - disse em um tom um pouco mais ríspido a Madame Hooch. - E os demais, dispensados, exceto os Srs. Starshooter e Fiorucci, que quero que me aguardem aqui!

"Pronto, agora é que me ferrei de vez!", pensou Mitch, enquanto caminhava para dentro da escola. "Mas porque o Tim? Ele não fez nada, só foi me entregar o bastão, e sob ordens da professora!"

Eles começaram a caminhar. O "mapa mental" de Hogwarts que Mitch usava começava a deixá-lo nervoso: estavam indo em direção da sala de aula da professora McGonagall!

- Professora McGonagall. - disse Madame Hooch, ao abrir a porta da sala lotada de grifinórios do último ano - Por favor, gostaria de conversar com a senhora e com o sr. Wood em particular. Poderia me acompanhar até minha sala, por favor?

- Só um minuto! - disse a professora McGonagall que, ao ver Mitch, imaginou confusão - Sr. Wood, venha comigo! Os demais, continuem praticando! E se eu descobrir uma gracinha que seja quando eu voltar, vocês irão arrumar confusão!

Os cinco retomaram seu caminho por entre os corredores. O "mapa mental" de Mitch começou a receber atualização: eles começaram a passar por uma série de corredores por onde ele não havia passado antes. Foi quando chegaram a uma sala aonde estava escrito "Vôo com Vassouras - Professora Pamela Hooch". Ao entrarem, ele viu uma grande quantidade de vassouras, quase todas Shooting Stars, e uma ou outra vassoura mais antiga ou nova, e umas 5 ou 6 caixas de madeira em um canto. No outro, duas ou três bancadas com ferramentas estranhas e uma caixa aonde estava escrito "Conjunto para Manutenção de Vassouras". As paredes também eram decoradas com grandes pôsteres de times de quadribol, entre os quais ele reconheceu os Chudley Cannons, os Liverpool Eagles, os London Hawks, os Kenmare Kestrels e os Dublin Ravens, segundo o que ele leu em Quadribol através dos tempos, além de mapas táticos de quadribol. Nas paredes, estavam penduradas vassouras com plaquetas escritas coisas como "Shooting Star", "Avalon 3000" e "Asgard MXP". Havia uma mesa no centro da sala, aonde Hooch pediu para todos sentarem-se. Para azar de Mitch, a professora McGonagall sentou-se exatamente de frente para ele, o que deixava-a em posição para olhar ele nos olhos, com repreensão:

- Por favor, professora Hooch, me diga o que nosso querido McGregor aqui aprontou dessa vez e eu determinarei sua punição com a devida severidade. - disse uma McGonagall aparentemente zangada.

"Adeus Hogwarts! Foi bom enquanto durou!", pensou Mitch. A imagem de sua varinha partindo-se começou a vir à mente. Teria que retomar a vida junto aos trouxas. Decepcionaria seu avô e seu pai, sendo motivo de vergonha para todo o clã.

- Ora, sra. McGonagall, a senhora não precisa ficar nervosa com o sr. McGregor! Não sei quanto nas demais aulas, mas na minha o sr. McGregor tem apresentado um comportamento exemplar. - disse uma sorridente Hooch, para espanto geral.

"O que? Mas porque então me trouxeram até aqui?", pensou McGregor.

- Mas professora Hooch, se não é para repreender o sr. McGregor, porque me chamou? Além disso, se fosse uma repreensão não muito séria, porque da necessidade do Sr. Wood nos acompanhar? - perguntou a professora McGonagall.

- Isso mesmo! Até agora não entendi porque minha presença é necessária, embora não questione as ordens da professora Hooch! - disse Olívio Wood, que Mitch sabia ser o capitão do time principal de quadribol de Grifinória.

- É que não é uma punição, sra. McGonagall. Além disso, é sobre um assunto que muito interessa e no qual o Sr. Wood é profundo conhecedor, tanto quanto eu.

- Não entendo aonde a senhora pretende chegar! - disse Wood.

- Sr. Wood, quais são as chances de uma Shooting Star esquivar-se de um balaço? - questionou de forma aparentemente vaga Madame Hooch.

- Professora Hooch, a senhora sabe que respeito as decisões da escola, mas que eu fui e ainda sou terminantemente contra essa idéia de um torneio júnior de quadribol utilizando-se das vassouras da escola justamente por causa da segurança. - disse em tom leve Wood. Depois explodiu - Ora professora, com os novos balaços desenvolvidos após a Copa Mundial de Quadribol de 1986, uma Shooting Star tem chances microscópicas de esquivar-se de um balaço, exceto no caso do piloto ser muito bom! - disse Wood, com tom de autoridade no assunto.

- Bem, sr. Wood, e o que o senhor diria se eu lhe dissesse que acabei de ver o sr. McGregor aqui presente esquivando-se de DOIS balaços em uma Shooting Star. E digo mais, dois balaços ERRANTES!

- Como? Dois balaços? Errantes? Em uma Shooting Star? - questionou um surpreso e admirado Wood.

- Acho que o senhor entendeu a seriedade do que eu disse! - disse a professora Hooch.

- Mas espere um pouco? - disse uma surpresa professora McGonagall - Como é que dois balaços errantes vieram parar em Hogwarts se todo o nosso equipamento de quadribol está trancado? - disse a professora McGonagall, quando olhou para as caixas de equipamento de quadribol e viu que uma estava destrancada.

- Você não tentou aqueles testes malucos novamente, sra. Hooch? Ou tentou?

- Não, professora McGonagall. Eu não encanto mais balaços. Realmente a senhora estava certa ao dizer que era arriscado. A senhora pode verificar: os balaços ainda estão na caixa. É que para impedir que o sr. McGregor se ferisse, tive que retirar um dos bastões e entregar a ele, não é sr. McGregor?

- É sim, professora McGonagall. Aqui está!

A professora McGonagall pegou o bastão e checou a caixa aberta:

- Realmente, os balaços ainda estão aqui. Mas como...

- Como dois balaços errantes poderiam vir parar em Hogwarts? Esse equipamento é muito caro e é usado apenas por times profissionais e seleções de quadribol para treinamento de apanhadores e batedores, pois eles perseguem o alvo até serem rebatidos de forma a serem cravados no chão. E pouquíssimas pessoas teriam em Hogwarts condição de comprar um único balaço errante, quanto mais dois! - completou Wood.

- Isso ainda será investigado, sr. Wood, mas o que eu tenho a dizer é o seguinte: acho que Grifinória já tem um dos batedores e o apanhador para seu time júnior de quadribol!

- Está querendo dizer...

- Sim! O sr. McGregor bateu nos balaços com tal intensidade que ele foram cravados no chão em buracos de mais ou menos cinco centímetros de profundidade, de forma que não puderam sair! E tal batida foi dada a mais de dez metros de altura!

- A sr. Hooch vai me perdoar, mas a senhora está de brincadeira conosco! - disse Wood. - Dez metros? Numa Shooting Star? Dois balanços errantes? Ora, professora, nem mesmo os gêmeos Weasley conseguiriam tanto! E eles são os melhores batedores que Hogwarts já viu!

- Se o senhor quiser provas, olhe para baixo! - disse a professora Hooch.

Wood olhou e viu dois buracos. Com um binóculo, pode ver os dois balaços crivados no chão, ainda tentando sair e não conseguindo, enquanto eram retirados cautelosamente por quatro alunos grifinórios. Também viu dois alunos de Sonserina.

- Inacreditável! É realmente verdade! Que batida! Não tem jeito de colocar McGregor no time principal não?

- Não, sr. Wood! O campeonato júnior foi criado justamente para testarmos os novatos. Quem sabe no ano que vem?

- Puxa... Mas e os dois alunos de Sonserina que estão lá em baixo? E os alunos de Grifinória?

- Os sonserinos são Victor Fiorucci e Galahad Starshooter. Estão lá esperando eu voltar para impor-lhes uma detenção. Enquanto os grifinórios são os Srs Dennis Tomahawk, Carlos Amaral, Cedric Gryffindor e a Srta. Olívia Gibbs, a quem pedi que retirassem os balaços e os entregassem ao zelador Filch. Como Gibbs é sangue-puro, acho que ela poderá orientar os demais corretamente no processo. Mas isso não vem ao caso: quanto ao sr. Robbins, ele levou o bastão para mim até o sr. McGregor. Se eu tivesse subido, provalvemente EU teria sido atingida por um dos balaços. Mas o sr. Robbins esquivou-se de dois balaços simultaneamente, em esquivas realmente formidável, passando por entre os dois balaços. E duas vezes.

- Puxa, realmente impressionante! - disse a Professora McGonagall. - Bem, é isso que a senhora tinha para nos dizer?

- Sim.

- Então, acho que posso me retirar junto com o sr. Wood, certo? Com licença... - disse a professora McGonagall - Sr. McGregor, é como eu lhe disse: você tem potencial, é só não deixar-se levar pela raiva. - disse a professora McGonagall olhando para Mitch, agora com um leve mas significativo sorriso, o que deixou-o mais tranqüilo.

- Tudo bem!

A professora McGonagall e Olívio Wood sairam. A professora Hooch voltou-se então para Mitch:

- Sr. McGregor, reparei que o senhor está exausto daquele, digamos assim, "exercício"! Por favor, vá para sua sala comunal e descanse. Eu avisarei os demais professores que você está exausto e pedirei para os mesmo dispensarem-o de suas aulas. O sr. Robbins poderá ficar com o senhor. Tudo bem?

- Claro! - disse um ainda exausto McGregor.

Então os dois pegaram um papel de autorização da Madame Hooch e dirigiram-se para a torre de Grifinória, quando no caminho encontraram um gato estranho:

- Droga! É a Madame Nor-r-a! - disse Tim. - Temos que dar no pé antes que... droga...

Vinha vindo na direção de Tim e Mitch um senhor de idade já avançada, mas com cabelo negros comuns. Argo Filch, o detestado zelador de Hogwarts:

- Ora, ora... O que temos aqui? Dois matadores de aula! Mau, mau...

- Senhor Filch, temos uma autorização da Madame Hooch para retornarmos ao nosso salão comunal para descansar. Tivemos um exercício de vôo, digamos assim, incomum. Aqui está, pode verificar. - disse Mitch.

O fato de ter sido chamado de senhor pareceu convencer Filch a não dar-lhe uma detenção automática. Seu humor não melhorou muito, mas mesmo assim ele verificou o documento entregue por Mitch.

- É, realmente está OK! Tudo bem! Mas não fiquem zanzando para lá e para cá! - disse Filch, indo embora junto com a detestável Madame Nor-r-a.

- Cara, eu ainda vou mandar a Nor-r-a em uma das balizas do campo de quadribol com um chute. - disse Tim, tão logo Filch afastou-se o suficiente para que ele não os ouvisse.

- Bem, não vamos ficar aqui marcando touca! - disse o ainda exausto Mitch - Vamos embora!

Eles seguiram para a torre de Grifinória, o baixinho Tim carregando o alto Mitch. Quando chegaram, sentaram-se nas poltronas do salão comunal esgotados, mas sorridentes. Mitch pediu para que Tim buscasse o livro Quadribol através dos tempos em seu malão, e começou a ler. Alguns minutos depois...

- Ei, aonde vocês estavam? - disse uma voz familiar.

Eles viraram-se e viram Helen, cansada. Ela vinha com os demais alunos do primeiro ano. Eles sentaram-se nas poltronas enquanto Tim e Mitch contavam tudo que aconteceu na reunião na sala da Madame Hooch. Foi quando chegaram os gêmeos Weasley, fuzilando Mitch com perguntas:

- Ei, é sério o que Olívio contou? Dois balaços errantes? - disse com alegria e uma certa inveja Fred Weasley.

- Com uma Shooting Star? - disse Jorge, no mesmo tom que seu irmão.

- De dez metros?

- Cravando cinco centímetros?

- Ei, calma aí que eu sou um só! - disse Mitch, já habituado à velocidade com a qual os gêmeos fuzilavam os outros com afirmações e perguntas. - Eu vou contar o que se sucedeu!

E Mitch contou toda a história com calma para os presentes.

- Uau, cara! Em uma Shooting Star eu não faria isso! - disse Fred.

- Meu, você deve ser realmente bom! Já tinha voado antes? - disse Jorge.

- Claro que não! Vocês não entenderam? Eu estava voando por instinto! O meu único objetivo era não ter meu crânio rachado por duas bolas negras, pesadas, velozes e com instinto homicida!

- É bom então usar esse instinto em jogo. Os balaços não dão folga no jogo, e você vai precisar proteger a todos do seu time, junto com o segundo batedor... Aliás, quem vai ser o segundo batedor dos nossos juniores?

- Não sabemos. - disse Tim - Parece que os testes serão feitos para as demais posições.

- Ah! Bem, espero que a maluca da Hooch não aproveite a "idéia" que aconteceu hoje e resolva fazer o pessoal fugir dos balaços errantes. Eles nunca deveriam ser usados em outros lugares que não sejam... - ia dizendo Lino Jordan, que foi cortado por Mitch.

- ... times profissionais e seleções de quadribol para treinamento dos jogadores, principalmente apanhadores e batedores! Sei, li tudo isso no Quadribol através dos tempos!

- Você tem? - perguntou Carlos. - Fala sobre o Brasil?

- Sim, mas o Brasil em Quadribol equivale a uma Nigéria do Futebol, ou seja, um curinga.

- O que é futebol? - perguntou interessado Jorge.

- Você não ia gostar! Vinte e dois trouxas correndo atrás de uma bola só. E não tem pomo de ouro. E dar pancadas é falta! - disse Mitch, explicando rapidamente para os gêmeos Weasley o popular jogo dos trouxas.

- Nossa, que chato! - disse um decepcionado Fred.

- Bem, voltando ao assunto: eu li tudo sobre o balaço errante. Sei que ele foi criado por Darren McGuire, capitão da seleção irlandesa de quadribol de 1932 a 1947, para ser usado como treinamento em uma época aonde a Irlanda sofria uma grande crise no quadribol. Embora ninguém tenha morrido ainda com esse treco maluco, parece que um dos primeiros treinados nessa coisa acabou passando 2 semanas tomando Esquelecresce para regenerar a coluna totalmente detonada pelos balaços, entre outras coisinhas legais sobre ela. Li também que é possível tornar um balaço comum errante por alguns minutos com um feitiço razoavelmente simples, mas que apenas alguns poucos malucos conhecem, pois seu uso pode levar uma pessoa para Askaban dependendo do que acontecer.

- Nossa! - disseram todos

- Bem, acho que eu vou comer! - disse Mitch, percebendo que era hora da janta - E vocês, vêm?

- É claro! - disseram todos.