Capítulo 10: A primeira detenção
Depois que o recesso de Natal e Ano-Novo passou, Mitch entendeu o que Dumbledore falara: a notícia de que Mitch havia permitido que Erika sentasse na mesa de Grifinória correu como fogo sobre palha seca. Não adiantou explicar para os demais Grifinórios que não estavam à mesa naquela noite: eles imaginavam Mitch como um traidor. Ainda mais com as palavras de Mione Granger:
- Nunca confiei nesse irlandês de um clã maldito. - disse Mione, mesmo sob protestos de Harry e Rony.
Os primeiro-anistas estavam chocados com o que aconteceu. Todos os que estavam fora passaram a boicotar Mitch, assim como Cedric. Dennis, Carlos e Helen eram os únicos que confiavam em Mitch. Além deles, um dos únicos que confiava em Mitch e que não estava naquela mesa era Percy Weasley.
Mas a coisa estava ruim para Erika também. Ele percebeu que os sonserinos também estavam boicotando Erika, e, surpreendentemente, Erika perdia pontos para Sonserina nas aulas de Snape, o que era uma medida do ódio que Sonserina estava alimentando por Erika. E Mitch só não perdeu pontos porque, tendo sido avisado por Dumbledore, fechara a guarda contra as investidas venenosas de Snape.
O pior foi o clima de união entre os primeiro-anistas que desapareceu: Mitch começou a pensar se ele realmente fez o que era certo naquela noite de Natal.
A dúvida desapareceu quando tiveram uma aula sobre os Aurores com o professor Binns em História da Magia:
- Alunos, os Aurores sempre foram, e são até hoje, a representação do que há de mais puro, nobre e justo no mundo da magia: eles são os representantes da justiça, podendo mandar pessoas preventivamente para Askaban e outras prisões e aplicar penas alternativas para casos de pequena gravidade, como roubos.
Isso trouxe a Mitch a lembrança do que Erika dissera no Natal.
- ... e muitos Aurores descendem de clãs muito famosos, como os McCormick e os Chillers da Inglaterra e os Wallace e os Neelson da Escócia!
- E os McGregor irlandeses, professor? - questionou Mitch, obviamente curioso sobre o que seu professor sabia sobre seu clã.
- Ah, claro, Sr. McGregor. Esqueci do clã do senhor. - disse com um desdém que estranhou Mitch - É um clã importante, ou pelo menos o foi... Mas depois que os partidários de Vocês-Sabem-Quem invadiu a Irlanda, muitos morreram, e o último remanescente, Elric, fugiu, renegando o juramento de proteger os bruxos do mal, o que levou o clã a ser considerado um clã de mentirosos, traidores e covardes!
O comentário do professor Binns caiu como uma rocha sobre a cabeça de Mitch:
- Professor, acho que o senhor está enganado...
- Como poderia, sr. McGregor, sendo que está tudo registrado em Anais da história dos Aurores da famosa historiadora Shelley Welch. E tem mais, acho que realmente estão certos sobre o clã do senhor. Se Elric realmente era tão valente, deveria ter lutado, e não fugido!
Os primeiro-anistas de Grifinória riram dele. Riram daquele que havia unido eles! Aquilo foi a gota-d'água! Mitch levantou-se e bateu com um estampido contra a mesa, falando com as palavras calcadas, o ódio e amargor explodindo em cada vaso sanguíneo que seu corpo tinha, os olhos em fúria olhando para mesa para não terem que olhar para um alvo qualquer, fosse Binns, Gryffindor ou qualquer outro:
- O senhor sabe quem é Elric McGregor, sr. Binns? Acredito que não, pois você parece não ter se dado ao trabalho de saber nada sobre seus alunos, com sua cabeça vazia como um balão! Ele É MEU AVÔ! E ELE FUGIU PENSANDO EM PROTEGER O CLÃ, E ESPERAR UMA NOVA GERAÇÃO DE BRUXOS SURGIR PARA QUE PUDESSEM DAR CONTINUIDADE À OBRA DO CLÃ COMO AURORES! O SENHOR NÃO SABE NADA SOBRE A IRLANDA NAQUELA ÉPOCA! FAMÍLIAS INTEIRAS DE BRUXOS ERAM DIZIMADAS PELOS COMENSAIS DA MORTE, SEM POUPAREM NEM OS TROUXAS E ABORTOS! ELES PROCURARAM TODOS OS CLÃS DE AURORES, E DIZIMARAM A QUASE TODOS! OS POUCOS QUE SOBREVIVERAM FORAM PORQUE SEUS BRUXOS FUGIRAM! LUTAR CONTRA VOLDEMORT NAQUELE MOMENTO NÃO ERA CORAGEM! ERA SUICÍDIO! RECUAR ERA UMA ESTRATÉGIA PARA GANHAR TEMPO, ANGARIAR PESSOAS,CONSEGUIR ARMAS E FEITIÇOS, ATÉ MESMO PLANEJAR UM CONTRA-ATAQUE! ATÉ MESMO BRUXOS PODEROSOS COMO TIAGO E LILIAN POTTER FORAM MORTOS POR VOLDEMORT! MEU AVÔ FUGIU, POIS SABIA QUE ABANDONAR A LUTA TAMBÉM É UM ATO DE CORAGEM! ALGUMAS VEZES A CORAGEM NÃO ESTÁ EM USAR UM PODER, E SIM EM NÃO USÁ-LO!
Mitch ofegava, lágrimas caindo de seu rosto, quando ele viu o professor Binns ficando vermelho de fúria.
- DETENÇÃO, SR. MCGREGOR! EU NÃO ESTOU NEM AÍ PARA AS OPINIÕES DO SENHOR, E SIM PARA OS FATOS! E OS FATOS PROVAM QUE SEU AVÔ FOI UM TRAIDOR COVARDE DA PIOR CATEGORIA! SE ELE FOSSE REALMENTE VALENTE, TERIA FICADO E MORRIDO COMO UM AUROR!
Binns respirou fundo (se é que um fantasma pode respirar) e disse, ainda enfurecido:
- Volte à torre de sua casa, Sr. McGregor! Eu mesmo pedirei à professora McGonagall vá comunicar ao senhor a sua detenção! - disse o professor.
- Para mim está ótimo. E uma coisa! - disse Mitch à porta, ainda com a raiva irlandesa, as sílabas calcadas, que todos sabiam que era sua marca registrada sobre quando ele estava nervoso - Você mataria até aos mortos de tédio com essa aula chinfrim que o senhor dá!
Quando deu-se conta, Mitch estava em sua cama, chorando desesperado de raiva, vergonha e tristeza! Não sabia como chegara à torre, como dera a senha para a Mulher Gorda, nem nada até aquele momento! Ele estava era chorando, revoltado com o que Binns disse, envergonhado com o que fizera e triste por ser vítima de uma injustiça! Não esperava que os McGregor fossem taxados como corajosos! Mitch mesmo achava que seu avô havia sido covarde! Mas daí para traidor?
- Você é bem seu avô mesmo, Mitch. Temperamental, mas corajoso e honesto. - disse uma voz familiar.
Ele virou-se e viu à porta a professora McGonagall! Mitch perdera completamente o referencial de tempo só tocando-se que passara mais de uma hora quando ela falou:
- Enxugue as lágrimas! Preciso conversar com o senhor! Estarei o esperando no salão comunal! - disse com uma certa candura a professora.
Ele lavou o rosto e refez o rabo-de-cavalo (seu cabelo crescera muito no período em que estava em Hogwarts). Depois desceu, com os olhos ainda vermelhos. A professora observava uma foto enquanto Mitch entrava no salão comunal:
- Mitch, você realmente lembra seu avô. Impetuoso, forte, corajoso, e com o coração no lugar.
Mitch sentou-se. A professora Minerva ainda mantinha um tom severo em sua voz, mas a candura na mesma lembrava a Mitch de uma frase de Che Guevara, um verdadeiro herói trouxa: "¡Hay que endurecer/ Pero sin perder la ternura jamais!"
- Essa foto aqui me traz boas recordações de seu avô. - disse a professora McGonagall.
A foto mexia-se com vários alunos de Grifinória sorrindo e acenando para a foto. Uma das meninas lembrava muito a professora McGonagall, embora definitivamente muitos anos mais jovem. Um jovem, com mais ou menos 25 anos, estava exatamente atrás da garota, com cabelos ruivos cor de rubi em corte feérico (semelhante ao corte militar, mas com os cabelos arrepiados para cima no meio da cabeça) e olhos verde-esmeralda. Usava uma túnica com o brasão de Hogwarts de um lado e do outro um brasão extremamente, mais exatamente, literalmente familiar para Mitch: um trevo de quatro folhas sobre um fundo amarelo-ouro, no qual cruzavam-se a cruz celta, a espada e a flecha.
- Professora, você tá querendo me dizer que...
- Sim, Mitch, esse jovem era o seu avô. E essa menina aqui, - disse, apontando para a menina estranha na qual Mitch reparara - essa sou eu, em meu terceiro ano em Hogwarts como estudante!
- Mas como...
- Na época, Hogwarts tinha outro diretor, o professor Dippet. Dumbledore era professor de Transformações, sim, cadeira que agora é minha, mas uma das matérias mais interessantes era Defesa contra as Artes das Trevas, que era dada por um jovem irlandês recém-formado em Hogwarts chamado Elric McGregor.
Mitch ficara assustado: seu avô, um professor? Mas ele lembrou-se que na carta de Natal ele deseja que o Natal em Hogwarts fosse "tão divertido quanto na época dele"!
- Seu avô era espetacular como professor, e também como diretor de Grifinória. Aprendi muito do que sou como professora e diretora com ele: dedicação, esforço em educar, disciplina, seriedade, explicações corretas e detalhadas. Ele era um bom professor, e era muito difícil irritá-lo pra valer. Mas ele era impiedoso quando ficava nervoso! Certa vez ele pediu para que um aluno corresse em uma hora do saguão principal até a torre de astronomia como detenção! Nossa, ele era realmente severo! - disse McGonagall, rindo.
Mitch estava estranhando o comportamento da professora McGonagall: ele não acreditava que ela tinha ido ali apenas para contar a ele sobre seu passado com seu avô.
- Quando Você-Sabe-Quem apareceu, e seus Comensais da Morte começaram a espalhar sua teia de destruição, medo e corrupção, seu avô abandonou Hogwarts. Na época, eu tinha já assumido a cadeira de Transformações, que Dumbledore desocupou para ser diretor. Ele pegou em armas, assim como muitos Aurores em toda a Grã-Bretanha e em todo o mundo. Eu mesma pensei em pegar em armas contra ele. Sim, Mitch, eu tenho treinamento como Auror, mas naquele momento, achei que fosse melhor esperar os rumos que os acontecimentos viriam tomar antes de decidir atacar Você-Sabe-Quem.
"Bem, certa vez, acho que uns dois ou três anos antes da queda de Você-Sabe-Quem, recebi uma coruja de seu avô. Ele já tivera seus filhos John, seu pai, Erick e Sean, antes mesmo de abandonar Hogwarts, e estava me dizendo que a situação era terrível na Irlanda: quase todos os clãs de Aurores haviam sido dizimados, restando apenas os McGregor entre os principais, mais uma meia dúzia de clãs mais fracos. E pelo que ele me contara, os partidários de Você-Sabe-Quem haviam dizimado até mesmo os parentes trouxas que encontravam!"
"Seu avô então me disse que tinha um plano maluco, mas que poderia funcionar: seu filho mais velho, o seu pai, Mitch, já tinha uma família estabelecida e emprego no mundo dos trouxas. Parecia que ele já tinha seus dois primeiros netos, acho que eram chamados Angus e Ramon. Bem, isso não vem ao caso. O plano de seu avô era tornar-se incomunicável no mundo dos bruxos até ter passado o perigo, enquanto pensava em um plano de ação e tentava organizar uma resistência com os resquícios dos Aurores irlandeses. Naquela carta ele me aconselhava a não pegar em armas, pois ele próprio quase fora morto na noite em que enviara aquela carta por partidários Daquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado."
A professora colocou o retrato na lareira, junto a fotos de muitos outros alunos famosos de Grifinória, depois voltou-se a sentar, em uma posição cômoda, como se ela estivesse apenas batendo um papo com Mitch:
O gesto de seu avô até hoje é visto como uma traição por muitos, mas o que ele fez foi o ato de maior bravura que vi alguém fazendo naquele período terrível: fugir de Você-Sabe-Quem era algo que era esperado de todos, menos dos Aurores. Todos esperavam que os Aurores se atirassem a uma luta suicida contra os Comensais da Morte, como aqueles soldados trouxas japoneses das 2ª Guerra Mundial dos trouxas, Kanziragis, Kunderanis...
Kamikazes, professora? - disse Mitch respeitosamente.
Isso mesmo, Kamikazes! Todos esperavam que os Aurores atacassem os Comensais da Morte como Kamikazes. Mas muitos, inclusive eu, pensávamos que, dessa forma, teríamos apenas um banho de sangue e a extinção completa da Ordem dos Aurores.
"Eu não fiquei sabendo de seu avô até o dia em que Harry Potter, sabe-se lá como, sobreviveu ao ataque de Você-Sabe-Quem e derrotou-o. Então, no mesmo dia, pouco depois de eu ter voltado da casa dos tios trouxas de Harry, para onde fui verificar se o local era seguro para deixarmos o então neném Harry Potter, recebi uma coruja de seu avô, dizendo que estava feliz e que agora sabia que todos entenderiam sua decisão como sensata. Acho que ele não sabe que até hoje ele é dado como traidor e covarde por muitos. Fiquei sabendo também que ele criava em segredo corujas para vender a bruxos em sua fazenda em Sligo, na Irlanda, e que seu pai, Mitch, morava na Irlanda e trabalhava como professor de Arqueologia, acho que é uma matéria, em uma universidade dos trouxas em Dublin."
"Três anos depois, recebo com surpresa uma carta de seu avô pedindo uma reserva de vaga para um McGregor. O nome dele era Mitch..."
Mitch corou, e a professora Minerva completou:
- Espero que esteja me entendendo, Mitch. Algumas vezes as pessoas falam coisas sem pensar, ou usando como base para seus argumentos o que elas têm a mão, mesmo que essas coisas sejam falsas ou incompletas. Todos suspeitam daquela garota Sonserina, a srta. Stringshot, por ela ser uma Sonserina. O professor Binns falou que seu avô era um covarde traidor porque os livros, sua única referência, dizem que ele é um covarde traidor. Sei, isso parece um erro terrível, mas acho que Dumbledore já deve ter falado com você e te orientado sobre isso. Se seu avô não tivesse tomado aquela decisão, provavelmente você não estaria aqui hoje.
Mitch lembrou, na mesma hora, do professor Dumbledore dizendo: "Muitos têm visão para a magia, mas são poucos que a possuem para seus semelhantes." E a vergonha tomou conta dele na mesma hora: ele havia sido avisado e não percebeu!
- Espero que tenha entendido aonde queria chegar, sr. McGregor! - disse a professora McGonagall, em um tom mais formal, colocando seu chapéu e indo para a passagem - Ah, sr. McGregor, devo lhe avisar que sua detenção irá acontecer nesse final de semana, sim, você não poderá ver os jogos entre Corvinal e Sonserina. Sua detenção será auxiliar a Madame Pince na biblioteca esse final de semana, catalogando novos livros, organizando prateleiras, enfim, auxiliando-a como ela necessitar, estamos entendidos?
- Sim, professora! - disse Mitch.
- O senhor ainda deu sorte, pois o professor Binns estava visivelmente irritado com você. Falava em tirar mais de 100 pontos de Grifinória apenas por isso. Mas conseguimos fazer o professor entender que você descontrolou-se, pois está em um momento difícil de sua vida. - disse ela. Ela então abriu a passagem e, antes de sair, disse - E lembre-se: Você tem potencial. Mas se o senhor continuar com um ímpeto agressivo como esse, você acabará comprando confusão além da conta. Aliás, aconselho ao senhor descer apenas para almoçar hoje. Algumas vezes, é mais prudente deixar de assistir aulas do que ir nervoso!
Mitch entendeu o recado: se tivesse mais alguém fazendo uruca contra ele naquele dia, provavelmente iria comprar uma encrenca tão grande que estaria embarcando naquela noite de volta para casa, com a varinha partida. Coisa que provavelmente iria acontecer na aula de Snape.
Mitch foi almoçar, quando os gêmeos Weasley, Rony e Gina aproximaram-se dele no almoço. Junto com eles vinham Harry Potter, Helen e Carlos:
- Ei, Mitch, ficamos sabendo do que você fez na aula de História da Magia! O que deu em você? - disse Rony preocupado.
- Ninguém, mas NINGUÉM MESMO, já tinha conseguido uma detenção na aula do Binns. - disse Fred, divertido.
- E olha que não cansamos de tentar! - disse Jorge, rindo.
- Isso é para vocês verem: isso é para quem pode, não para quem quer! - disse Mitch, nem um pouco contente com os comentários.
- Mitch, a gente achou que iam expulsar você de Hogwarts. - disse Helen, preocupada.
- É mesmo! Me lembro que, depois da aula, o Dennis quase amassou o Cedric como massa de pão, porque ele descobriu que Cedric havia comandado as risadas contra você e que ele tinha armado o boicote do resto de Grifinória contra você junto com Mione Granger. - completou o Carlos
- Então foi o Cedric, não é? - disse Mitch, levantando-se - Deixa ele.
- Espera, Mitch, o que você vai... - disse Helen
- Não se preocupa, que eu vou ter um papinho sério com ele. - disse Mitch, terminando de almoçar e estralando os dedos e foi na direção de Cedric. Mitch foi na direção de Cedric. Todos ficaram apreensivos: parecia que todos respeitavam Cedric por ser um "grifinório por excelência". Mais do que isso, por ele ser um descendente do próprio Leão de Hogwarts! Mitch aproximou-se de Cedric, e, sob olhares apreensivos de toda a Grifinória, cutucou-o e disse.
- Quero ter um papo com você, Gryffindor, lá no salão comunal. Não, eu não vou brigar com você. Aliás, como não vou em nenhuma das aulas hoje, eu vou esperar você chegar. E se estiver com medo e achando que eu quero brigar com você, você pode esperar toda a Grifinória entrar antes de você. Mas aconteça o que acontecer, eu quero falar com você HOJE! De hoje, essa conversa não pode passar! - disse Mitch, sem calcar as sílabas, mas deixando claro as palavras, em som suficientemente alto para que todos ouvissem, e foi para a torre de Grifinória.
Mitch passou o resto da tarde lendo os livros de xadrez que seu irmão Ramon lhe dera. Para praticar, aproveitou para estrear seu xadrez de bruxo e foi remodelando partidas famosas, com jogadores trouxas como Paul Murphy, Jose Raul Capablanca, John Evans e Alekhine. Claro que as peças não cansavam de dizer: "quem foi o babaca que fez essa jogada? Aonde o filhote de trasgo mongolóide estava com a cabeça?". Mas Mitch ignorou isso. Ele queria era ficar, acima de tudo, zen para falar algumas verdades na cara de Cedric Gryffindor.
No fim da tarde, Mitch guardou as coisas e sentou-se em uma poltrona no salão comunal, que ele posicionou para ficar bem de frente para a passagem secreta da Torre de Grifinória. Quando Cedric chegou, toda a Grifinória veio atrás, como uma guarda de segurança para o Herdeiro do Leão:
- O que você quer, McGregor? - perguntou de forma arrogante o descendente dos Gryffindor.
- Eu quero saber porque você me odeia. - disse Mitch em um tom demasiadamente, quase artificialmente, natural.
Aquilo chocou a todos! Todos imaginavam que Mitch não sabia que Cedric estava o boicotando:
- E isso vale para você também, Hermione Granger. - disse Mitch no mesmo tom.
Mione saiu envergonhada e surpresa por trás de todos, como se não imaginasse que seu plano fosse descoberto. A atmosfera ficou demasiadamente tensa até que Percy Weasley resolveu falar:
- McGregor, que cargas-d'água está...
- Eu já vou sair! Só estou esperando uma resposta dos dois, Weasley!
Isso chocou ainda mais a todos! Mitch chamando Percy pelo sobrenome! Todos viram que o semblante de Mitch estava muito triste, embora o mesmo não estivesse chorando ou dando qualquer sinal mais óbvio de tristeza:
- Então, Gryffindor, o leão engoliu sua língua? Agora você não quer revelar seu complô, não é? - disse Mitch - Sabia que isso me enoja? Se você me odeia, não precisa ficar fazendo onda. Fala logo de uma vez!
Ninguém quis falar. Mitch então disse:
- Ótimo! Já que é assim, eu vou dormir que eu ganho mais! Cansei de ser bonzinho!
Mitch então subiu até o seu quarto, recolhendo suas coisas. Pouco depois de chegar e atirar-se sobre sua cama, uma pessoa apareceu na porta:
- Podemos conversar, Mitch? - disse Harry Potter.
- Harry, o problema não é com você. Se a sua amiga Granger mandou você vir aqui por panos quentes na história, ela que venha aqui e fale. - disse Mitch, de forma muito grossa, que Harry conseguiu entender como um sinal de depressão por parte de Mitch.
- Não vim falar por ela, e sim por mim.
- Ah, bom! Desculpe! Sente-se! Por favor, feche a porta ao entrar!
Harry sentou-se na cama à frente de Mitch, que era de Carlos e disse:
- Mitch, acho que tenho uma boa idéia de porque você está sofrendo esse boicote.
- Diga! - disse Mitch, tentando parecer natural, mas com uma certa angústia na voz.
Harry contou sobre a história de como quase jogara a taça das casas à três anos atrás pelo ralo com uma bobeira relativa a um dragão, capas de invisibilidade e Draco Malfoy.
- Naquela época, todos me olhavam feio, a mim e à Mione. Isso porque fizemos uma coisa que ninguém esperava!
- E o que isso tem a ver comigo, Harry?
- Bem, eu andei fazendo uma, digamos assim, "enquete" com todos em Grifinória, e todos acham que você pisou na bola quando fez Erika Stringshot sentar na nossa mesa no Natal.
- Então é isso! - disse Mitch - Olha, Harry...
- Mitch, Sonserina é rival de Grifinória desde que o mundo é mundo. E não vai ser da noite para o dia que vamos ver Sonserina e Grifinória lado a lado. Esse gesto foi nobre de sua parte, eu sei disso, todos nós que estávamos no Natal sabemos disso, mas muitos acham que foi uma traição contra Grifinória, ainda mais quando Mione contou que você quase passou o Natal almoçando na mesa de Sonserina!
Mitch estava começando a encaixar as coisas: era o mesmo tipo de raciocínio que a professora McGonagall havia lhe mostrado.
- Quer dizer que...
- ... tirando a Mione, que tá pisando e feio na bola com você, os demais não viram o que se sucedeu. Não viram que você ficou discutindo com o professor Snape, e que o diretor Dumbledore e a professora Minerva foram falar com o Snape para deixar você levar ela para nossa mesa. Eles também não ouviram Erika dizendo que era uma despejada, nem nada sobre a história do roubo de Olivaras...
- Só um minuto! - disse Mitch, interrompendo a conversa, como se tivesse ouvido ou percebido algo, depois disse mais alto em direção da porta fechada - Granger, Gryffindor, porque vocês dois tem que escutar atrás da porta? Isso vale para vocês todos que estão atrás da porta!
- Como você... - disse Mione entrando no quarto.
- Escutei que você tinha se aproximado pouco depois de Harry. Justamente por isso que deixei a porta fechada. Mas sabia que você iria querer escutar atrás da porta. Você é tão discreta quanto um trasgo em uma loja de cristais! - disse Mitch para Mione.
- Como você se atreve... - disse Mione, avançando em direção dele, quando Mitch apanhou sua varinha e disse, o brilho de sua fúria nos olhos!
- Só me dá um motivo, Granger!
- Não precisa apelar, McGregor! - disse Percy Weasley, tentando controlar os ânimos.
- OK! Você tem razão mesmo, Percy! Ela não vale a pena! Ela sabe muito sobre livros e pouco sobre gente! Nunca vai conseguir trabalhar direito, a não ser que torne-se pesquisadora! - disse Mitch, colocando sua varinha em cima da mesinha ao lado de sua cama - Pode continuar, Harry! Só queria que todos ouvissem!
- Então, Mitch! Como eles também não ouviram Erika dizendo que era uma despejada, nem nada sobre a história do roubo de Olivaras e tudo o mais, eles acham que ela pode estar mentindo e te enganando. Além disso, uma Sonserina...
- Uma maldita Sonserina! - disse Cedric Gryffindor.
- ... ainda é uma Sonserina, querendo ou não! - disse Harry.
- Talvez seja difícil para vocês entenderem o que eu entendo sobre as pessoas. Afinal de contas, não eram vocês que tinham que ir para a escola dos trouxas ou passear com o risco de ataques terroristas e de serem apanhados em rajadas de balas perdidas...
- Isso não é desculpa para trazer uma ... - disse Granger, quando Mitch pegou rapidamente sua varinha e antes que alguém pudesse ter uma única reação, apontou-a para Hermione e disse:
- PETRIFICUS TOTALUS!
Mione caiu no chão, dura como pedra, os olhos arregalados de espanto, olhar que parecia replicar-se nos rostos de cada um em Grifinória naquele momento:
- Droga! Mione, como você consegue ser tão cabeça-dura assim e ainda durou três anos em Hogwarts? - disse Mitch, demonstrando arrependimento por ter transformado-a em pedra. - Talvez agora você possa ouvir o que eu imagino sem me encher o saco, tá bem?
"Bem, talvez até por ser uma pessoa que viveu a vida inteira como paria social, um Católico Celta nas ruas de Belfast, eu tenha aprendido a apreciar os valores positivos de todas as pessoas que estão ao meu redor. Trouxe isso das ruas de Belfast comigo, junto com outras habilidades, como o 'Mapa Mental' que consegui formar de partes de Hogwarts e a capacidade de perceber arredores. Quando entrei em Hogwarts, procurei conhecer todas as pessoas ao meu redor. Por exemplo: Neville Longbottom! Todos em Hogwarts o consideram o pior exemplo de bruxo daqui. Ele é desmemoriado e propenso a desastres, Hogwarts inteira sabe disso, mas ele tem um senso de honra e coragem que poucos sabem apreciar! Fred e Jorge Weasley são outro exemplo: apesar de serem baderneiros e arruaceiros de marca maior, quando precisa-se de um ombro amigo pode contar-se com eles! Até você, Mione, apesar de durona e chata, você é uma pessoa muito positiva e de bom coração, e sei que se preocupa com o fato de eu poder estar sendo iludido por Erika!"
Todos assustaram-se, como se tivessem percebido que Mitch matara a charada, o que colocou um sorriso no rosto de Mitch:
- Então era isso, não é? Bem, admiro o esforço de todos e isso prova apenas que Grifinória é uma família, mas tenho apenas três coisas a comentar sobre isso! A primeira: eu sei do risco que estou correndo de errar. Não pensem que eu não avaliei o risco quando fiz aquilo. Já tive desilusões na confiança com as pessoas. A segunda: eu não costumo falhar com freqüência! Já disse que cresci como paria social e que isso me deu uma visão na qual eu não costumo errar em relação às pessoas! Claro que posso errar, mas não costumo errar! E a terceira: se eu errar, sei das conseqüências.
Todos ficaram impressionados com a atitude de Mitch e foram jantar. Mitch, ao terminar e deitar-se para dormir, sentia-se mais aliviado, até, por assim dizer, "de alma lavada", por ter deixado bem claro a todos sua posição. Pouco se lixava se iam gostar dele ou não a partir daquele momento, mas ele estava aliviado porque deixou bem claro como ele pensa.
