Ps. Básico:
- Anbaransu Na Kiss o Shite é a terceira música de encerramente de Yu Yu Hakusho (recomendadíssima!)
- Desculpem a demora! Eu já tinha dado essa fic como morta quando de repente... sei l�, eu resolvi terminar.

A todos que comentam ou leêm minhas fics, Domo Arigatou!

É por causa de seus comentários que me deram ânimo de terminar essa fic!

Enjoy minna!

Tsuki Koorime


5. O tempo parou na madrugada

Anbaransu na Kiss O Shite

(Dando um beijo desequilibrado)

Branca.

Shizuru ainda olha para aquela rosa branca deixada em baixo de travesseiro, sem aviso ou explicação. Sem a menor mácula.

Suspira, olhando para a janela.

Estava difícil trabalhar. E apesar de nunca conseguir dormir, aquela era a melhor hora de seu dia.

Tinha uma lua no céu, um cheiro impregnado em seu travesseiro e aquela rosa... ah, aquela rosa...

Kurama caminha entre as ruas desertas àquela hora, mais uma vez. O sono não era muito amigo nas últimas noites. Afinal, o conselho de Hiei parecia bom. Sair. Claro que a intenção do koorime sempre era sair por aí e fugir dos problemas na primeira briga que pudesse encontrar.

Mas ele não queria fugir. Queria chegar l�, com pressa, com aflição...

Olha para a lua alta no céu. Os olhos se abaixam, se fechando.

Ele olha para rua, dando meia-volta.

Wareta kagami no kama Utsuro kimi no sugata

Naite iru Naite iru

Hosoi tsuki nazoru yubi

O espelho quebrado, seu rosto refletido

está chorando, chorando.

O dedo aponta a lua crescente.

A boca se entreabre, soltando uma leve fumaça escura. De repente, seus olhos parados sobre a rua num estalo se entreabrem, como se pudessem encontrar um quê a mais nas sombras, perdido nas ruas...

Ela fica ali, alguns instantes, até que o corpo cede, os ombros caindo suavemente, as pernas se entreabrindo para sua queda sobre o colchão amarrotado.

As mãos tremem, deixando um punhado de cinzas cair sobre as pernas descobertas.

Ela olha, o sorriso triste passando pela janela.

'Eu devia mesmo parar de fumar... mas não consigo... nunca.'

Dare o yonde iru Kieta Koi no senaka

Nando de mo Nando de mo

Kimi no mado o tataku kara

A quem estou chamando?

Insistindo em bater na janela

Se o amor não existir mais?

Kurama pára seu caminhar, os dedos doídos de tanto se fechar contra os punhos. A cabeça baixa, trêmula, derrotada. O grande Youko. O covarde Youko. A esperta e feroz raposa sequer tinha coragem de olhar pra trás.

Tantas vezes e nunca passou daquela esquina. Uma semana.

Era inteligente o bastante para saber que era um estúpido em não fazer nada. Mas nunca havia se deparado com aquele detalhe. Medo.

O que faria? Bateria em sua porta? Beijaria seus lábios de novo, pedindo paixão, amor?

Não houve amor.

Era só um domingo vazio que precisava matar o tempo.

E o matava, pouco a pouco, em pedaços de horas perdidas entre os dias e aquelas madrugadas.

You no kasokudo ni Senaka osarete

Ito ga Kireru you ni

Tada, kimi o kimi o tsuyoku Daiteta

Sendo empurrado pela noite efêmera

apenas te abracei forte

para que o elo não se partisse

"Ficar parado nessa esquina também não vai..."

De repente ele levanta os olhos para a janela com a luz acesa. Olhos castanhos e espantados o fitam por trás do vidro, num instante que dura minutos, horas... a noite podia parar agora, porque ele não pediria mais que simplesmente poder continuar para sempre ali.

Ela move os lábios, devagar. Ele se sente perder no tempo.

E num segundo, ela não está mais lá.

Kurama fecha e abre os olhos com força, balançando a cabeça. Que fizera! Era um idiota! Ele dá um passo para trás, se virando. Põe-se a andar para longe, em passos largos e decididos. Idiota. Uma raposa burra e idiota, era isso que ele realmente era.

Sente pisar em alguma coisa. Abaixa os olhos, mirando o olhar sob seus pés. Uma rosa branca, suja e despedaçada sobre seu sapato.

E uma voz arfante atrás de si, rompendo o silêncio da noite:

"Espera, Kurama."

Ele se vira, vendo a mulher se recompondo, respirando forte. Ela ajeita os cabelos atrás da orelha, e suspira, olhando fixamente para seus olhos vermelhos.

"Eu quero resolver isso, Kurama."

"Eu também, Shi."

E quando deram por si, já estavam de bocas fechadas, uma na outra.

Anbaransu na Kiss o Kawashite

Ai ni chikazuke yo ni

Kimi no namida mo kanashii uso mo

Boku no kokoro ni Nemure.

Trocando esses beijos desequilibrados

Aproxime-se do amor

Deixe que suas lágrimas e mentiras tristes

durmam dentro do meu coração

"Kurama... eu..."

A mulher de longos cabelos castanhos tenta se afastar, os dedos macios sobre o rosto do youko. Ele morde sua mão, sorrindo.

"Não me interrompa, mulher."

Ela fita o rosto delicado de Kurama, ainda mantendo alguma distância. Definitivamente, ele não sabia como fingir ser um cara mal. Ele pousa o polegar em seu queixo, chegando-lhe perto do ouvido, as bochechas em chamas tocando o rosto dela.

"Eu estou tentando me declarar pra você."

Kimoo e no Merry-go-round Kimi o hakionde yuku

Tometakute Tometakute

Boku ga kagi o sagashiteru

Vou te levando por um passeio até o passado

Querendo parar, querendo parar

Estou procurando a chave

Kurama a abraça mais forte, sentindo os braços dela se apertarem contra seu peito.

As palavras pareciam cortadas pela metade dentro de sua mente, nada era bom o bastante, e ele já não sabe o que falar. Como é que se diz eu te amo quando o que se sente é muito mais?

"Era mesmo lilás?"

Shizuru soltou uma leve risada, apoiando a cabeça no peito do youko. Ele ouve um leve soluço e sente algo molhar sua camisa, enquanto ela sussurra.

"Algumas coisas não mudam, raposa..."

Ele levanta o rosto dela, de encontro ao dele. Algumas coisas não deviam mudar. E ele vê, pela primeira vez, porque era tão idiota.

Demorou tanto tempo pra ele notar...

Kuzureochiosou na Soba o sasaete

Hitori tachisukusu

Tada, kimi no kimi no soba in Itai yo

Segurando os céus que parecem se desmoronar

eu levanto sozinho

Eu apenas quero estar a seu lado

Ela sorri, enxugando os olhos com a palma das mãos.

"Eu me sinto uma boba..."

"Deve ser um efeito colateral por gostar de raposas."

Ele pega sua mão, se deliciando com o som de sua risada. Como se fosse a única coisa que ele conseguisse ouvir em milhas e milhas de distância. Sem carros, sem lojas, sem passantes na noite deserta onde ele a puxava adentro, presa em sua mão, caminhando ao seu lado, rindo, linda como uma mulher amada deve ser, rindo daquele jeito que só quem pudesse amá-la saberia ouvir.

"Vou estragar tudo se perguntar pra onde, raposa?"

"Vai."

Ele se limita a responder, a voz rouca e serena.

Não demorou e logo Shizuru sente Kurama a pegando pelo colo, firme e veloz, e saltando janela adentro. Não demora até que ela reconhecesse o aposento, embora seja a primeira vez que ela pousa os pés nele.

"Você me pediu que não te deixasse dormir."

Ela olhou pra ele, com um sorriso desconfiado e maroto no rosto. Ele retribui com um singelo beijo nos lábios, e dizendo:

"E eu fiquei aqui, sonhando com você todas as noites mas sem conseguir dormir."

"Isso é uma coisa que eu talvez precise consertar, não acha?"

ela se aproximou ainda mais dele, colando seu corpo ao dele, as mãos por debaixo de sua camisa, a boca mordiscando de leve os lábios vermelhos, balançando de leve os cabelos junto ao vento que invadia pela janela, espalhando seu cheiro, preenchendo o quarto, tomando de vez a razão do youko...

"Shizuru... espera... eu..."

"Eu sei quem você é, Kurama Youko."

Ela abre os olhos sérios e silenciosos para o ruivo. ele entreabre a boca, mas ela o corta, pousando os dedos sobre sua boca.

"E eu sei que não posso mudar isso. Eu não posso, você não pode. Ninguém pode. Assim como nenhum de nós vai poder mudar o que o outro sente. E se eu não conseguir fazer você dormir essa noite, youko, pode ter certeza que eu vou ficar acordada também."

Anbaransu na Kiss de kakareta

Futari no shinario

Ai to yobu hodo tsuyokumakute mo

Kimi no subete ga Itai

Foi com um beijo desequilibrado que se escreveu

o nosso cenário a dois

Mesmo que eu não seja tão forte

O que eu chamo de amor

Tudo que vem de você dói.

Ele ri, tentando em vão esconder o espanto que as palavras sérias e decididas dela lhe trazem. Mas, bem, era Shizuru. Ele podia ser Kurama Youko, a raposa lendária, o ladrão mais famoso dos 4 mundos.

Mas ela era a mulher que ele amava.

"Agora, pela última vez... Kurama Youko..."

Ela era a mulher que o conduzia para dentro dos seus próprios sonhos.

Tada, kimi no kimi no soba ni Itai yo

Apenas quero estar a seu lado!

Kurama abre os olhos, sentindo um fio de luz invadir seu rosto.

"Já é manhã?" - ele ouve a voz chorosa e rouca da mulher em seus braços, se espreguiçando.

"Não."

Ela solta uma risada, se sentando na cama.

"Você mente muito mal de manhã, Kurama. Vamos, você tem um teste no laboratório e eu um julgamento em duas horas."

Ele a segura pelos braços, a jogando de volta pra cama, por baixo dele.

"Eu não vou deixar você ir."

Ela sorri para ele, com os olhos castanhos e serenos, e delicadamente se desvencilha de suas mãos, levanta os dedos até seu rosto.

"Você vai sim, e sabe por quê? Porque senão à noite não tem jantar."

O ruivo a solta, observando Shizuru caminhando nua até o banheiro. Continua linda.

"Vou acordar as..."

Mas o barulho da porta não o deixou terminar.

Toda segunda-feira é sempre a mesma coisa. Ele ainda se lembra daquele domingo morto em que tudo começara. Ele ri, segurando os dois filhotes que pulavam em sua cama entre os braços.

Definitivamente, segundas eram dias ainda melhores.

Kimi ni kokoro ga boku o yobu made

Dakishimeaeru hi made

Até o seu coração me chamar

Até o dia em que nos abraçarmos