Capítulo 1: Os irmãos de sangue


- Então foi isso que aconteceu, Mitch? Derek era um Comensal? - perguntou a jovem menina ruiva assustada ao também ruivo irmão.

- Sim, Enya! Foi assim mesmo que aconteceu! - disse Mitch, o jovem ruivo.

- Nossa, Mitch, espero que Hogwarts seja sempre assim tão emocionante! - vibrou o alto menino ruivo, da mesma idade de Enya.

- Na verdade, não é assim não, Cedric! Só quando algumas pessoas resolvem meter-se em confusão! - disse o velho avô de Cedric, Elric, ralhando levemente com o neto Mitch.

Mitch McGregor estava terminando suas férias de verão na fazenda de seu avô em Sligo, na Irlanda. Mas essa casa era estranha quando vista por dentro: quase do tamanho de um pequeno castelo por dentro, quando por fora parecia ser apenas uma casa-grande de fazenda. Era como se por mágica aumentasse em tamanho. Mas mágica era uma coisa natural na vida de Mitch agora, já que ele era um bruxo.

Mitch McGregor nasceu de pais aparentemente "trouxas", ou seja, sem poderes mágicos, mas sabia que, na verdade, a família de seu pai fora amaldiçoada por um antigo dragão poderoso e maligno porque seus antepassados haviam o matado. Desde então, o nascimento de bruxos em sua família era irregular. No caso, apenas ele e os dois mais jovens, Enya e Cedric, tinham poderes mágicos reais. Os demais apenas conseguiam ver e ouvir coisas que legítimos "trouxas" não conseguem.

Mitch estudava na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, uma conceituadíssima escola de bruxaria, talvez a mais conceituada do mundo. Ele era integrante da Casa de Grifinória e estaria no segundo ano, junto com seus amigos, no dia 1º de Setembro. Mas a surpresa maior (ou não) foi o fato que seus irmãos iriam também para Hogwarts. Mitch torcia para que ambos ficassem na mesma casa que ele, mas ele sabia que isso seria decidido pelo Chapéu Seletor, um chapéu velho mas sábio que sabia aonde cada aluno de Hogwarts deveria ficar.

Mitch tinha como pais os arqueólogos John McGregor e Andrea Andaluzia McGregor, ambos professores de arqueologia e pesquisadores da Universidade de Belfast, aonde até os 11 anos de idade morava e aonde arrumou muita encrenca e teve que aprender a ser durão para sobreviver. Mas essa fase também o ensinou como confiar nas pessoas certas e isso o ajudou a pegar um pequeno Comensal da Morte (nome usado para chamar os bruxos das trevas) e entregá-lo às autoridades bruxas, após ele contaminar Hogwarts com uma poderosa doença mágica chamada A Febre de McKinsey. Foi uma equipe que o ajudou. Ele lembrava-se de cada um: o brasileiro Carlos Amaral, a baixinha (comparado a ele) Helen Ebenhardt, o descendente do fundador de Grifinória Cedric Gryffindor, o "garoto que sobreviveu" Harry Potter, a CDF de plantão de Grifinória Mione Granger, o jovem ruivo como ele Rony Weasley e a aluna da Casa Rival Sonserina Erika Stringshot.

E foi ela mesma que lhe enviava uma coruja que acabava de chegar. Uma grande coruja nórdica:

- Que coruja é essa, Mitch? - perguntou Elric, seu avô, estranhando que a coruja nórdica quisesse entregar algo a Mitch.

- Não esquenta, vovô. É o Odin, da Erika. - disse Mitch empolgado.

- A garota de Sonserina? - disse Cedric, com certo desgosto. Ele sempre tinha ouvido que Sonserina era uma casa das trevas e não entendia como seu irmão tinha uma amiga em Sonserina.

- Nunca deixe-se enganar pelas aparências, Cedric. - disse Elric, com uma voz imponente, como cabia a um ex-Auror. - Seu irmão não deixou que isso acontecesse e voltou coberto de glória e honra para nosso clã. O que ela quer? - disse Elric, com doçura em seus lábios.

- Já vamos saber. - disse Mitch, rasgando o envelope, enquanto Enya cuidava da coruja.

Enyamarana McGregor era mais baixa que Mitch, mas era um ano mais nova. Cabelos ruivos crespos e longos, ela tinha belíssimos olhos azul-celeste, diferente dos olhos verde-esmeralda de Mitch. Ela tinha uma voz angelical e sabia lidar muito bem com criaturas mágicas: certa vez, nas ruas de Belfast mesmo, conseguira enxergar e trazer para casa um unicórnio, que seu pai conseguiu levar para a fazenda de Sligo. Orion era mais ou menos domesticado: embora viesse sempre que Enyamarana, ou Enya, como gostava de ser chamada, o chamasse, ele nunca respondia a mais ninguém.

Já seu irmão gêmeo, Cedric, era diferente de Enya, sua irmã mais velha (por apenas 10 minutos) como água e óleo: corpulento, alto (quase da mesma altura de Mitch), cabelos lisos sempre cortados em corte feérico, o corte tradicional dos guerreiros irlandeses, tinha olhos verde-musgo, mais escuros que os de Mitch. Era considerado briguento e arruaceiro, e quando seus poderes despertaram teve que ser mandado para Sligo por algum tempo: John tinha medo que Cedric acabasse utilizando-os para o mal. O jovem era ainda muito cabeça dura, mas Mitch pensava que talvez fosse interessante ele ir para Hogwarts: aprenderia que pancadaria nunca resolve nada.

Mitch então abriu o envelope de Odin:


"Mitch:

Você tá legal, cara? Já recebeu a carta de Hogwarts? Eu já!

Bem, acredito que você venha aqui passar alguns dias antes de tomar o Expresso de Hogwarts, não? Queria que você viesse me visitar aqui no Orfanato de Bruxos de Madame Kinnigan. Fica perto da Olivaras. Se você quiser, combina um dia e a gente se encontra na Florean e eu te levo lá!

Espero você aqui!

Erika Stringshot"


- Ela está nos convidando para fazer uma visita a ela! - disse Mitch

- Você não vai, não é Mitch? Você não vai confabular com os malditos seguidores de Você-Sabe-Quem! - disse Cedric, seus olhos verde-musgo brilhando em fúria. Mitch mesmo sentira essa fúria muitas vezes no ano anterior, mas em nenhuma das vezes foi feliz. Então aprendera a se controlar, tomando para isso aula de técnicas que os trouxas usavam para acalmar-se durante as férias: circo (acabara-se tornando-se um ótimo clown e malabarista), meditação, relaxamento, tai-chi-chuan, entre outras coisas.

- Algumas coisas, Cedric. Um: nunca mais chame Voldemort de Você-Sabe-Quem, a não ser na frente de outros bruxos. Se ele acha que eu tenho medo, que venha! Ele tá menos que morto, e se ele voltar, bem, vou lutar contra ele com o que estiver a meu alcance! Dois: nunca prejulgue alguém. Às vezes, o aparente inimigo é o aliado e o aparente aliado é o inimigo! E três: se fizer qualquer comentário imbecil sobre a Erika de novo, eu vou fazer você se arrepender!

- Ai, tá namorando ela? - disse Cedric, provocante.

- Já chega! - disse Elric, novamente usando a voz imponente de ex-Auror e ex-professor de Defesa contra as Artes das Trevas de Hogwarts - Cedric, você vai arrumar muita encrenca se continuar assim. Você tem que aprender a se controlar, como Mitch aprendeu e continua aprendendo.

Cedric baixou a cabeça magoado. Já Enya aproximava-se de Mitch:

- Não liga pra esse boboca, Mitch! Eu confio em você! - disse Enya.

- Tudo bem! Obrigado, Enya.

Elric estava no seu escritório, junto com os três jovens. Elric puxou sua varinha e pediu para que Mitch, Enya e Cedric os acompanhasse até a biblioteca. Lá chegando, Elric tocou três blocos da parede com a varinha, formando um triângulo. Esse triângulo rodou, até formar um buraco. Elric então retirou um chaveiro com duas chaves douradas. Retirou-as do chaveiro e deu cada uma das chaves para um dos gêmeos:

- Enyamarana, Cedric, estas chaves são do seus cofres em Gringotes, o banco dos bruxos. Nele está guardado algum dinheiro para vocês poderem estudar em Hogwarts durante os próximos anos. Mitch irá os acompanhar durante a viagem a Londres e de lá para Hogwarts. Vocês estarão sob cuidados e deverão obedecer a Mitch como obedeceriam a mim ou a seu pai, entenderam?

- Sim! - disse Enya, empolgada.

Cedric apenas suspirava, amuado. Detestava que Mitch ficasse de olho nele, aliás como detestava que qualquer pessoa ficasse de olho nele.

Elric então entregou o chaveiro com o brasão McGregor (um trevo de quatro folhas sobre um fundo amarelo-ouro, no qual cruzavam-se a cruz celta, a espada e a flecha) para Mitch.

- A partir de agora, Mitch, eles estão sob os seus cuidados! - disse Elric - Sei que você fará o que é certo!

Mitch sorriu, e pegou duas chaves de seu bolso: uma era a do Gringotes e a outra de seu malão de Hogwarts.

Elric entregou um envelope a Mitch:

- Aqui estão os documentos que os trouxas vão exigir de você para levar seus irmãos consigo. Tá tudo certinho: Ramon e Angus me ajudaram com isso. Os passaportes, autorizações e passagens estão todos aí. Amanhã cedo vocês irão para Londres. - disse Elric para os três.

Vovô, nós vamos ter que nos separar? - disse Enya.

- É isso mesmo, vovô? Porque você não vem conosco? - disse Cedric, demonstrando o mesmo receio de Mitch no ano anterior.

- Talvez seja mais fácil assim: Hogwarts é um internato. Vocês irão viver lá enquanto estudarem. Mas vocês não estarão sozinhos: eu vou pedir para o Sean levar vocês ao corujal para escolherem duas corujas para vocês me mandarem cartas quando quiserem matar as saudades. Sean! - gritou Elric pela janela.

- Senhor! - disse Sean, aparecendo de uma hora para outra perto dos três.

- O que foi isso? - disse Enya, assustada, escondida atrás de Mitch.

- Aparatação: o ato de desaparecer de um lugar e aparecer em outro. Mas vocês ainda não o podem fazer, pois são muito jovens! - disse Sean, com um sorriso farto.

- Sean, leve os dois até o corujal. Eles escolherão duas corujas para levarem para Hogwarts. O senhor leve-os e espere-os escolherem. Depois traga-os até esta sala. Nós estaremos os esperando.

Sean afastou-se com os dois jovens. Mitch e Elric esperaram os três afastarem-se. Elric então falou:

- Acho que você vai poder jogar no time oficial desse ano, não é Mitch?

- Sim! - disse Mitch, lembrando-se que nesse ano poderia jogar no time principal de Grifinória. No ano anterior, ele havia sido campeão de juniores de quadribol, o esporte dos bruxos, como capitão e batedor. Sua função era bater em duas bolas negras e velozes, chamadas balaços, protegendo seu time delas e mandando-as contra os jogadores adversários.

- Acho então que posso lhe dar um presente de boa sorte para seu segundo ano em Hogwarts! - disse Elric, sorrindo, e tocando três vezes no tampo da mesa. Da mesa ergueu-se um embrulho grande.

- O que é isso?

- Abra! - disse Elric

E Mitch abriu, vendo a vassoura mais fantástica de sua vida!

Ela era reluzente, com cerdas alinhadas, aparentemente feitas sobre medida para aquela vassoura. O cabo reluzia a palavra "FIREBOLT":

- Uau! Vovô, como você conseguiu isso! Deve ter custado uma fortuna! Harry e eu ouvimos falar nessa belezinha!

- Foi até fácil, quando se é um dos projetistas! - disse Elric.

- Vovô...

- Versatilidade! Essa é uma das coisas que os trouxas nos ensinam: sempre há mais de uma forma de se resolver qualquer problema! Eu estava necessitando de dinheiro e comecei a trabalhar com vassouras! Depois, passei a projetar vassouras, e fui um dos projetistas da Firebolt! - disse Elric, conclusivo.

Mitch vira então que embaixo da vassoura havia um estojo de manutenção para vassoura. Mitch resolveu levar isso para seu malão antes que seus irmãos vissem aquilo, pois imaginava que eles iriam invejar, como ele próprio invejara os veteranos no ano anterior, vendo as maravilhosas vassouras dos outros alunos.

Mas era tarde demais:

- Mitch, que vassoura é essa? - disse Cedric, que desde que vira as fotos do quadribol, adorava pensar em voar e participar de partidas de quadribol, pois gostava de esportes.

- Uma Firebolt, Cedric! - disse envergonhado Mitch - Mas nem pense em comprar uma para você, pois alunos do primeiro ano não podem ter vassouras próprias! Durante o campeonato júnior, eu usei as Shooting Stars da escola! São lentas, mas se você for bom vai descobrir que vassouras rápidas não ganham campeonatos!

- Bem, acho que todos devem dormir agora! - disse Elric, vendo o sol se por - Amanhã, vocês irão viajar para Londres.