Capítulo 4: Aniversário
Mitch acordou na manhã seguinte pensando em convidar toda a galera para o seu aniversário, que seria em 27 de Agosto. Então, ele mandou a sua coruja Hawking entregar convites para todos.
No dia combinado, todos os seus amigos foram para a Florean Fortescue. Erika trouxe o pessoal do Orfanato, que fizeram desenhos e homenagearam Mitch. Anya e Angus vieram para abraçar Mitch. Ramon veio de Liverpool, aonde trabalhava agora para a mesma empresa de computadores para a qual trabalhava no ano anterior, acompanhado de sua namorada, que ele veio a descobrir depois ser, por coincidência (ou não), uma bruxa, Medea Adler. Todos traziam presentes. Todos estavam felizes e comiam aos montes bolos, sorvetes, bombas e outros doces que Florean mandava trazer, pois ele próprio aprendeu a gostar daquele garoto católico irlandês de Sligo. Foi muito engraçado para Mitch ver Angus assustando-se com o cartão de um sapinho de chocolate, para risos de carinhosa alegria de sua esposa Anya. Mas algo parecia errado.
Mitch olhou e percebeu que Rony, Harry e Mione conversavam a um canto e pareciam recusar solenemente todos os doces, pedaços de bolo e bolas gigantescas de sorvetes que lhes eram oferecidos (o que Mitch, conhecendo a fama de Rony de comilão, achou muito estranho). Mitch foi aproximando-se de onde eles estavam e então ouvir Harry contando alguma coisa para Mione e Rony:
- ... e aquele cachorro, na verdade, era meu padrinho, Sirius Black!
- Sirius Black? O que mandou uma rua de trouxas pelos ares? - disse Hermione, impressionada.
- Na verdade não foi ele, mas sim o Perebas! - disse Rony, remoendo-se de raiva - Aquele rato era um rato! Mas era um homem!
- Dá para traduzir isso? - disse Hermione, confusa.
- Eu também gostaria de saber. - disse Mitch, sentando-se, discreta e silenciosamente, como um ninja ou um fantasma.
- Você ouviu? Nós estávamos...
Não, vocês não estavam falando alto, mas é que eu pensei que vocês não estavam gostando da festa!
- Cara, tá demais, - disse Rony animado, mas depois falou baixinho para Mitch - é que precisávamos de um pouco de privacidade!
- Bem, se eu estou atrapalhando ... - disse Mitch, começando a se levantar.
- Não, claro que não! - disse Harry, com certa timidez e constrangimento - Mas você vai ter que JURAR segredo absoluto!
- OK!
Harry explicou então sobre como Sirius Black descobrira, através de uma foto do Profeta Diário com os Weasley, que o rato Perebas de Rony era um animago (bruxo que consegue transformar-se em animal) ilegal e Comensal da Morte chamado Pedro Petigrew, também conhecido como Rabicho. Também explicaram para Mitch muitos outros segredos sobre Hogwarts, inclusive sobre o Salgueiro Lutador e um amigo de Sirius Black e o do pai de Harry, Tiago.
- E foi isso. Na verdade, um dos professores cogitados para dar Defesa contra a Arte das Trevas ano passado, Remo Lupin, era amigo do meu pai, mas ele foi declinado por ser um lobisomem. - disse Harry.
- Cara, essa deve ter sido uma aventura de matar. - disse Mitch.
- Mas legal mesmo foi o presente que meu padrinho me deu: venham comigo! - disse Harry.
Mitch foi com eles, pedindo licença para os demais. Correram para o quarto de Harry, que pegou uma maravilhosa vassoura, escrita "Firebolt" no cabo!
- Harry, UMA FIREBOLT! - disse Rony.
- Sim! O Sirius me deu a Firebolt de presente de aniversário e Natal atrasado.
- Essa é A Vassoura! Você lembra da Copa do Mundo de Quadribol, Harry? Os dois times da final, a Bulgária e a Irlanda usavam a Firebolt! - disse Rony.
- Hã, Harry, posso contar um segredo para vocês? - disse Mitch
- O que?
- Meu avô foi um dos projetistas da Firebolt. - disse Mitch
- COMO? - gritaram os três.
- Eu não sabia disso até sair de Sligo, quando ele me deu uma dessas de presente.
- Cara, o neto de um dos projetistas da Firebolt! - disse Rony, extasiado.
- Ah, Rony, deixa de ser coió! - disse Mione, desdenhando alegremente de Rony.
- Deixa eu ver a Firebolt. - disse Harry.
Mitch pegou sua Firebolt, e para espanto de Rony, as duas eram quase idênticas, exceto por um único fato perceptível: a de Mitch era marcada "XXXXX" no número de série.
- O que quer dizer esses X's todos no número de série? - disse Rony.
- Não sei. - disse Mitch - Acho que foi uma forma de marcar algo especial, sei lá... Vou perguntar para o meu avô!
- Ah, Rony... - disse Harry.
- O que?
- Harry pegou sua Nimbus 2000 e entregou-a para Rony.
- Queria que você ficasse com a minha Nimbus 2000...
- Que? - disse Rony.
- É, Rony, você tem sido um bom amigo desde o primeiro ano, e gostaria que uma boa amiga ficasse com um bom amigo. - disse Harry.
- Mas...
- Bem, se você não quer...
- É lógico que eu quero! Agora que posso ter minha própria vassoura de corrida, é claro que vou querer levar essa gracinha para Hogwarts! - disse Rony.
- Bem, vamos voltar ao Aniversário. O pessoal deve estar preocupado.
Então eles voltaram. Enya estava encerrando um pequeno número musical, quando ela disse:
- Ah, o aniversariante sumido! - disse rindo, o que levou a todos explodirem em risadas - Tem algum pedido especial?
- Você sabe que música eu adoro, principalmente na sua voz! - disse Mitch.
Então Enya começou a tirar na harpa e a cantar a canção tradicional celta "Greensleeves", o que acabou levando a todos cantarem mais ou menos da mesma forma que cantavam o hino de Hogwarts: Mitch reconhecera os desafinados irmãos gêmeos de Rony, Fred e Jorge Weasley, cantando como barítonos de ópera, ele próprio cantando como se fosse um brado de guerra irlandês, Erika cantando como uma diva e percebeu que Mione deixava escorrer lágrimas lentas pelo seu rosto enquanto cantava: parecia que Mione era escocesa, e todos os escoceses se encantam ao ouvir "Greensleeves".
Todos aplaudiram Enya, que guardou sua harpa irlandesa na mochila. Mitch sentia-se feliz, mas parecia que era complicado fazer isso durar.
Entraram pela porta da Florean seis pessoas. Na verdade, entraram as seis pessoas que Mitch MENOS queria ver naquele momento: Draco Malfoy, com Vicente Crabbe e Gregório Goyle, seus "guarda-costas" (a palavra "leão-de-chácara" vinha à cabeça de Mitch, junto com outras que eram menos discretas e não podem ser mencionadas), e, também acompanhado por seus "gorilas particulares" Dennis Elminster e Nicolas Flanders, Galahad Starshooter.
- Mas o que é que esses panacas estão fazendo aqui? - disse baixinho Erika.
- Não sei. - disse Mitch - Mas uma coisa: se eles não tentarem confusão, não vamos briga.
- Ah, se não estamos vendo o herói de Hogwarts, McGregor! - disse Draco, com desdém.
- Você fala desse jeito é porque tá com uma grande inveja dele, Malfoy! - disse com seu sotaque carregado Carlos Amaral.
- O seguinte: o dia que você aprender a falar, menino da selva, você pode falar! - disse Malfoy desdenhando. Depois disse voltando-se para Florean Fortescue, dono da sorveteria - Seu atendimento está decaindo, Florean. Pensei que aqui só entrava gente decente...
- Bem, eu não sei se você sabe, Malfoy, mas meus Galeões valem tanto quanto os seus! - disse Mitch.
- McGregor, não se sinta chateado, mas não é todo mundo que pode ter um sangue tão puro quanto o Malfoy...
- Puro? Tendo sido sujo pelas Trevas? - disse Rony Weasley.
- Olha só McGregor, o tipo de gente com quem você está andando? Trouxas, - disse Draco referindo-se aos irmãos mais velhos de Mitch - esquisitos, - referência óbvia à Harry Potter - despejados, - tratando-se de Erika e de seus amigos do Orfanato - CDFs de sangue comum, - sobre Mione Granger - e pobretões amante dos trouxas. Ah, mas parece que pelo menos alguém para salvar, uma Kievchenko! Uma das herdeiras dos maiores protetorados de magia da Rússia! É pena que parece que ela decaiu um pouco, mas acho que podemos resolver isso logo...
- Garoto, acho que você tá pisando em calo alheio! Se você soubesse respeitar os outros, daria meia-volta e pararia de ser tão arrogante... - disse Anya tentando conciliar.
- E você, Kievchenko, andando com trouxas, pobretões e outros tipinhos de casas ruins! Logo você que formou-se em Durmstrang! Pensei que alguém com sangue puro como você ia se dar ao direito de escolher pessoas mais puras e mais dignas para conviver...
Mas Draco ficou calado ao ver a varinha de Anya: 45 cm, pinheiro, escamas de hipogrifo no cerne. Uma varinha de poder destrutivo inigualável, como cabia a uma ex-estudante de Durmstrang. Uma varinha amoral, com poder suficiente para ser usada para o bem ou para o mal, e para o fazer com incrível poder, conforme seu dono assim desejasse.
- Dobre a língua ao mencionar meu nome, seu grandessíssimo imbecil! Eu ando com as pessoas que quiser e você, seu grande babaca, não tem nada, NADA a ver com isso! Será que o meu recado está suficientemente claro ou vou ter que enfiá-lo dentro dessa sua cabeça oca à base da força, Malfoy? - disse Anya, olhos azuis com duas chamas, semelhantes à fúria irlandesa, mas tom de voz absolutamente tranqüila. A Fúria Russa, ou fúria fria! A Fúria que mesmo na revolta de seu usuário permitia que a pessoa raciocinasse.
- Ora, sua... sua... sangue-ruim nojenta! - gritou a plenos pulmões Draco Malfoy, para horror geral.
Quando Malfoy disse aquilo, várias varinhas foram sacadas ao mesmo tempo, inclusive a de Mitch. Angus colocou-se ao lado de sua esposa, posição de combate marcial de um lutador treinado em várias artes marciais, entre elas o Kung-Fu, o Tae-Kwon Do e o Karatê Goju-Ryu. Estava disposto a defender a honra de sua esposa, pois ele sabia o que era para um bruxo ser chamado de sangue-ruim. Então ele disse:
- Seu grande bastardo! Se continuar falando asneira, eu vou varrer o chão da Florean Fortescue com tua cara! Eu não tenho medo da sua magia, seu moleque abusado! Eu posso pegar você e arrebentar essa sua cabeça gorda e feia antes de você sequer pensar em usar magia contra mim! Se você é tão rico, pega seu dinheiro bruxo, converte em dinheiro trouxa e faz uma plástica nessa sua cara horrenda.
- A conversa não chegou na esquina, seu trouxa metido!
- Agora chega, moleque. Você me irritou pra valer. Você tá destratando meu marido, ofendendo meus amigos e questionando minha honra, e eu exijo satisfação por isso. Eu te desafio a um duelo de bruxos! Só com magias! - disse Anya, explodindo de raiva, sua pele branca mais vermelha que os cabelos de Mitch ou que as orelhas de Rony.
Draco não esperava, mas achou a idéia interessante:
- Aceito.
- Escolha seu padrinho! - gritou Anya.
- Galahad Starshooter. E o seu? - respondeu desdenhando Draco. E Galahad foi aproximando-se, rebolando de um jeito que Carlos imaginaria ser igual às dançarinas trouxas de Axé Music.
- Hum... - pensou Anya, analisando o comportamento dos seis. Malfoy e Starshooter carregavam risadinhas sarcásticas, como se quisessem ver até aonde ela era capaz de chegar. Os quatro "armários" que acompanhavam os dois pareciam não ter cérebro (o que Anya não considerava ser uma hipótese tão remota assim): tinham o mesmo comportamento de seus "donos".
- Acho que vai ser divertido... Mitch, tenha a honra. - disse Anya, sorrindo, como se previsse que Draco não é de nada. E Draco espantou-se ao ver que Anya estava levando o duelo a sério.
Mitch aproximou-se. Florean foi escolhido como árbitro. Os padrinhos abriram o Círculo, e Florean utilizou o Feitiço da Proteção em todo o local. Draco parecia começar a temer o que estava para acontecer e sentia que tinha passado do limite, mas também queria acabar com aquela mulherzinha amante de trouxas para provar a superioridade dos Malfoy. Já Anya, cuja família Kievchenko sempre escolhia os melhores parceiros disponíveis, aqueles que mais o agradassem, independente do sangue, queria lavar a honra da família com magia. E ela tinha como o fazer.
- Senhor, senhora, apresentem suas varinhas. - disse Florean, que foi escolhido como Juiz do duelo.
Draco empunhou sua varinha em posição de duelo. Embora Draco parece-se confiante, Anya já havia lutado tantos duelos que sabia que por dentro ele estava rezando para que algo acontecesse que o salvasse daquilo!
- Façam reverência a seu adversário.
Anya continuava com sua fúria fria. Ela olhava bem dentro dos olhos frios de Malfoy que, por mais que tentasse, não conseguia desfocar seu olhar do de Anya. Anya estava conseguindo o que queria: lera sobre o samurai trouxa Miamoto Musashi. Ele vencia seus inimigos com apenas um ou com pouquíssimos golpes de sua espada, muitas vezes vencendo-os apenas com o olhar. E era assim que venceria, e como estava vencendo, Draco.
Voltaram à posição de duelo. Malfoy parecia uma máscara de coragem, mas na verdade essa máscara ocultava alguém desesperado, preocupado com sua própria sobrevivência.
- No três, podem começar! Um...
Os olhos de Anya se acirraram, os de Draco abriram-se em desespero.
- ... dois ...
Anya tinha seus braços e pernas rígidos, parecendo cordas de um arco estirado pronto para atirar.
- TRÊS!
Antes que qualquer um dos presentes sequer piscasse, Anya invocou sua magia:
- Expelliarmus!
A varinha de Malfoy voou de sua mão antes mesmo que ele sequer pudesse pensar em reagir. Malfoy ficou assustadíssimo:
- Eu sempre soube que vocês Malfoy eram grandes partidários de Voldemort e eram grandes duelistas. Mas acho que você não consegue provar do que sua família é feita! Vamos ver como se saem com magia de verdade, moleque! Quietus! - disse Anya.
Antes que Draco pudesse reagir, um raio acertou sua garganta, aparentemente sem fazer efeito. Então ele correu, apanhou sua varinha e seus lábios mexeram para dizer "Impedimenta". Mas de seus lábios não saiam sons:
- E agora, para terminar esse duelo... Bobinn! - disse Anya.
Mitch não conhecia esse feitiço, mas logo entendeu que parecia uma versão do feitiço de proteção contra o bicho-papão, mas mais genérica, afetando qualquer criatura. Draco apareceu em uma grande roupa de palhaço, o que levou todos a explodirem em risada e deixou Draco furioso, fazendo-o correr de raiva e vergonha. Claro que ele estaria retornando alguns segundos depois com seu pai, Lúcio Malfoy:
- Então, vemos que nossa Embaixatriz do Ministério da Magia Russo anda aprontando das suas... Tsc... Tsc... Tsc... Acho que vou ser obrigado a...
Um: ele aceitou um duelo formal, conforme todos aqui podem provar, inclusive tendo o senhor Florean como juiz... - disse Anya, não escondendo os sentimentos de revolta, ódio, escárnio e prazer que sentia de estar falando com Lúcio Malfoy, um de seus piores inimigos no Ministério da Magia.
- E o duelo foi completamente normal... - ia completando Florean, quando Lúcio o cortou, falando rispidamente, como quando respondia a um elfo doméstico.
- Quando quiser sua opinião, eu digo.
- Segundo: acho que tenho... amigos... que vão achar muito interessante vir aqui no Ministério da Magia Inglês dizer algumas coisas sobre certas... aplicações... que o senhor Malfoy mantêm na Rússia...
Parecia que Lúcio Malfoy havia levado um soco na boca do estômago. Ele parecia estar horrorizado com o que Anya falara:
- Você... não... teria... coragem... - disse Lúcio, um misto de revolta, raiva e desespero em sua voz.
- Pague para ver, Lúcio Malfoy! - disse Anya, deixando claro que teria coragem.
Lúcio estava mais branco do que de costume. Sentia que Anya estava realmente disposta a abrir o bico. E esse era o tipo de pessoa que Lúcio detestava: pessoas com caráter e determinação.
- Garota, eu não gosto do seu tom! - disse Lúcio.
- Está disposta a cometer o mesmo erro do seu filho, Malfoy? Em Durmstrang me contaram sobre vocês. Vocês são o tipo de lixo que acaba com as coisas que muito lutam para conquistar.
- Modere-se, ou eu serei obrigado a...
Novamente Anya sacara sua varinha:
- Vem, Lúcio Malfoy! Me desafie! Me deixe feliz!
Lúcio estava fervendo de raiva, mas sabia do risco de desafiar uma duelista formada em Durmstrang, escola cujos alunos e bruxos formados por ela eram respeitados (e não poucas vezes temidos) por suas habilidades em magia quando envolvia o uso ou a Defesa contra as Artes das Trevas. O próprio Lúcio achou que seria uma irresponsabilidade dele permitir que seu filho fizesse aquilo. Não que ELE PRÓPRIO não o quisesse fazer, mas sim porque aquilo era uma irresponsabilidade. Ele então virou em seus calcanhares, rebocando consigo Draco, Galahad e seus armários. Poucos segundos depois, todos explodiram em gargalhadas.
- Obrigado pelo presente de aniversário, Anya! - disse Mitch
- Foi magnífico! - disse rindo de orelha a orelha Fred Weasley.
- Simplesmente fenomenal! - disse Jorge.
- Foi a melhor coisa que vi nos últimos tempos! - disse Rony.
- Não foi nada, mas agora acho que está na hora do aniversariante soprar as velinhas! - disse Anya.
E realmente, vinha chegando, por levitação, um grande bolo de sorvete feito por Florean. Ele chegou e desceu lentamente, com velas de bruxo acesas. Quando Mitch apagou as velas elas explodiram como mini-fogos de artifício. Depois todos comemoraram mais um pouco e voltaram para suas casas. Mitch, Cedric, Enya e Helen voltaram para o Caldeirão Furado.
