Capítulo 7: Irmãos Separados
No dia seguinte, Mitch acordou cedo e pegou Enya para irem tomar café e poderem conversar um pouco mais a sós. Mitch precisava aconselhar Enya sobre como proceder com Cedric, mas queria falar isso em particular com ela. O problema é que apareceram duas pessoas antes que pudessem conversar melhor: os irmãos Boris e Anastasia.
- Caramba, vocês chegaram rápido! - disse Mitch, que sabia que quase sempre os primeiro-anistas chegavam atrasados no primeiro dia de aula no refeitório.
- Nós seguimos vocês. - disse Boris.
- Por que vieram tomar café tão cedo? - disse Anastasia.
- Queria conversar com a Enya sobre um assunto desagradável...
- Seu irmão... - disse Boris.
- Isso mesmo! Eu queria que a Enya procurasse ficar tranqüila e ficar em contato com o Cedric tanto quanto possível. O fato dele ter sido colocado na casa de Sonserina pode ter o perturbado...
- Certo então. Acho que é melhor vocês ficarem à sós mesmo. - disse Boris.
Mitch e Enya passaram a conversar por algum tempo, até que começaram a chegar alunos de todas as casas.
- Preocupado, Mitch? - disse Harry.
- Com o Cedric? Claro! - disse Mitch.
- Eu é que não queria ter um irmão em Sonserina... - disse Mione.
- Será que não basta o que passamos no ano passado para você ter percebido que nem todos em Sonserina são ruins? - disse Mitch.
- Desculpa, Mitch... - disse Mione.
- Eu só quero que ele não se torne uma besta arrogante, como o Draco Malfoy e o Galahad Starshooter...
- O seu irmão é mais cabeça que isso. - disse Angelina Johnson, enquanto entregava os horários de aula.
- O que saiu para você, Enya? - disse Mitch.
- Herbologia e Poções pela manhã e Defesa contra as Artes das Trevas e Duelo Mágico à tarde. - respondeu Enya
- Pelo menos o Cedric não vai ter do que reclamar. Mas você é quem vai ter que se cuidar, Enya.
- Por que?
- Garota, o professor de Poções é o diretor da Sonserina. Ele odeia os alunos da Grifinória mais do que qualquer coisa na vida. - disse Alicia Spinnet.
- Spinnet, ficamos sabendo que você vai ser a capitã do Quadribol esse ano. - disse Harry.
- Sim, vou ser! E espero arranjar logo um goleiro.
- Acho que vou tentar! - disse Rony
- Isso maninho! Vamos seguir a tradição dos Weasley! - disse Fred. Mitch sabia que, à exceção de Percy, todos os Weasley já haviam jogado anteriormente no time de Quadribol da Grifinória.
- Será que haverá espaço para mim? - disse Mitch.
- Só o dia que eu e Fred não dermos conta dos balaços. - disse Jorge, rindo.
- O que provavelmente vai acontecer quando o Inferno congelar. - complementou Fred, também rindo.
- Na verdade, Mitch, esse ano será autorizada a criação de um time reserva para cada casa. E eu acho que vai ser legal vocês, que foram campeões juniores ano passado serem o time reserva de Grifinória desse ano. A não ser que o Carlos queira tentar a vaga principal para goleiro. - disse Alicia
- Não, acho que o Rony pode se dar bem. - disse Carlos.
Todos então terminaram de tomar café e foram ter suas aulas.
Mitch foi junto com todos os segundo anistas. E logo sofreu chacotas de um velho "amigo":
- Quem diria que seu irmão iria para Sonserina, hein, McGregor? - falou Galahad Starshooter.
- Vai passear, Starshooter! Se ele foi, é porque o Chapéu disse que era para ele ir. Não fui eu quem quis assim, tá bom? - disse Mitch.
- Dizem que o Chapéu Seletor nunca erra, mas acho que ele errou em mandar para Sonserina alguém de um clã de traidores covardes como os...
Mitch sacou a varinha rapidamente, seus olhos brilhando em fúria:
- Termina o que você ia dizer e eu te vaporizo, seu imbecil! - disse Mitch.
- Calma, Mitch! Ele não vale a pena! - disse Erika.
- McGregor, acho que você devia ter agradecido o Chapéu: um idiota como seu irmão só poderia ter sido mandado para Lufa-Lufa!
- Starshooter, você disse que o Chapéu errou em mandar o irmão do Mitch para Sonserina. - disse Sally Wittlesbach, da Lufa-Lufa - Bem, se for verdade, esse não foi primeiro erro do Chapéu. O primeiro foi ter colocado um aborto como você em Sonserina!
- Ora sua... - disse Galahad, sacando sua varinha. Para azar dele, o professor Remo Lupin se aproximava.
- Sr. Starshooter, eu não sabia que você tinha mania de sacar varinhas aleatoriamente. - disse Lupin, com seu tom calmo e centrado, mas deixando bem claro que não gostava da atitude de Galahad.
- E quem é você, seu lixo, para falar de mim? Viu como suas vestes estão rasgadas? - disse Galahad. Nessa hora Mitch viu os olhos de Lupin brilharem em um amarelo bestial, que o assustou demais. E poucas coisas podiam assustar Mitch McGregor, que já tinha sobrevivido a seis anos das ruas de Belfast.
- Diga mais alguma coisa sobre mim, senhor Starshooter, e o que vai ser rasgado é sua varinha, seu moleque abusado! - disse, ou melhor, praticamente rosnou Lupin.
- Professor, ele... - ia dizer Helena Adison, uma amiga de Starshooter da Sonserina, quando o professor olhou para ela, já novamente nos eixos.
- São 20 pontos para Sonserina a menos por cada um de vocês dois, - referindo-se a Galahad e a Helena - e detenção para o senhor Starshooter por agressão verbal a um professor. Agora, por favor, vamos entrar.
A sala do professor Lupin parecia ser uma espécie de museu de monstros bizarros: carcaças e mais carcaças de monstros das trevas, todos conservados em câmaras semelhantes às câmaras criogênicas de filmes de ficção científica:
- OK, normalmente estudaríamos monstros como os papões, grindylows, hinkypunks, e outros, mas vi que vocês estão bem adiantados nessa matéria, segundo o que o professor Donovan me disse. Portanto, esse ano vamos ver alguma coisa sobre os monstros mitológicos, que é uma das mais amplas e intrigantes matérias da Defesa Contra as Artes das Trevas. Muitos dizem que é talvez a área mais ampla, por isso, trabalharemos em cima de conceitos básicos, de forma que, quando vierem a se formar, possam andar por seus próprios pés durante a vida. OK, quem pode me dizer o que é um monstro mitológico?
Olívia Gibbs, a única dos segundo-anistas de Grifinória de sangue puro, levantou a mão:
- São monstros cuja a existência está ligada a mitologia de um povo dos trouxas.
- Bela resposta, senhorita Gibbs. São 10 pontos para a Grifinória. Agora, alguém poderia dar exemplos de monstros mitológicos e sua origem. - Carlos levantou a mão - Sr. Amaral?
- O Saci e a Cuca! - disse Carlos.
- Desconta ponto dele, professor! - disse Victor Fiorucci, rindo.
- Por que, se ele respondeu certo? O Saci e a Cuca são dois monstros da mitologia brasileira, e é interessante ter tocado nesse assunto, pois eu queria saber do senhor, senhor Fiorucci, porque devemos estudar os monstros de diversas mitologias do mundo inteiro?
Victor Fiorucci ficou vermelho, rosado, roxo...
- Não sabe, senhor Fiorucci? Senhor McGregor?
- Embora os monstros mitológicos sejam ligados à mitologia de um povo trouxa, isso não quer dizer que eles não possam alcançar outros lugares do mundo. Na verdade, só são considerados mitológicos porque, diferentemente, por exemplo, dos papões e dementadores, não são encontrados em grandes quantidades fora de suas, digamos assim, "terras natais".
- Muito bem, senhor McGregor. Agora queria que o senhor falasse para nós dois monstros mitológicos de sua terra natal, valendo 10 pontos para a Grifinória.
- Essa é fácil, professor. O Bean-Sidhe e o Leanan-Sidhe! - disse Mitch.
- Muito bem! Dez pontos para a Grifinória e agora já sei que monstros podemos começar a estudar: os Bean-Sidhe e os Leanan-Sidhe. Alguém sabe alguma coisa sobre os Bean-Sidhe e os Leanan-Sidhe?
- Professor, - disse Erika Stringshot - ambos são agrupados como sugadores, assim como vampiros e dementadores, por exemplo: são monstros predadores que precisam sugar alguma coisa de suas vítimas para sobreviverem.
- E o que seria isso, alguém aqui sabe? McGregor?
- Os Bean-Sidhe roubam a energia vital de pessoas infelizes e os Leanan-Sidhe sugam a criatividade, drenando também poderes mágicos! - disse Mitch.
- Os dois estão certos! Dez pontos para a Grifinória e para a Sonserina. Agora, queria saber qual a diferença básica entre um Vampiro e um Bean-Sidhe, sendo que ambos sugam a energia vital. - disse Lupin.
- Se a gente soubesse, não precisaríamos ter aula com alguém tão tapado! - disse Galahad baixinho, mas não baixo o suficiente para impedir o professor Lupin de escutar.
- Sr. Starshooter, creio que o senhor está querendo ver se eu sou capaz de te dar uma detenção, não é? Bem, o senhor ficará a próxima semana, durante todo o seu tempo livre, ajudando o senhor Filch na manutenção de Hogwarts, e sem usar magia! Além disso, são menos 10 pontos para Sonserina! - disse Lupin, sem sair do sério.
- Professor, eu sei responder essa! - disse Tim Robbins.
- Pois não?
- Um Vampiro é um monstro corpóreo, ou seja, possui um corpo físico. Ele precisa atacar ou, no mínimo, manter contato direto com alguém para roubar sua energia vital. Já um Bean-Sidhe, sendo incorpóreo, ou seja, não possuindo corpo físico, não precisa tocar alguém diretamente. Basta, digamos assim, encontrar alguém com as características adequadas e o ataque poderá ser formado.
- Muito bem, senhor Robbins! A grande questão sobre monstros mitológicos é: normalmente bruxos de fora dos países ficam com problemas para lidar com eles. Por isso mesmo trouxe vários monstros mitológicos para analisarmos esse ano. Eles estão presos nessas Câmaras de Contenção Mágica.
"Bem, queria que vocês entendessem o valor de entenderem os monstros mitológicos. Todo monstro mitológico representa risco. Alguns, como o Saci brasileiro, apenas fazem objetos desaparecerem e coisas saírem de seus lugares, o que os torna tão perigosos quanto Pirraça. Mas alguns, como o russo Leshye ou os já citados Bean-Sidhe e Leanan-Sidhe irlandeses podem causar sérios danos àquele que apareçam em seu caminho."
O sinal tocou após isso, quanto todos os alunos guardaram suas coisas na mochila.
- Bem, senhores, para a próxima aula quero uma redação de 1 metro sobre um monstro mitológico qualquer. Inclusive a Madame Pince está com novos livros sobre o assunto, que aconselho a vocês a pesquisarem.
Todos sairam da sala, quando Mitch resolveu ir acompanhando Erika. Helen e Carlos, assim como Tim, Olívia e Dennis se aproximaram:
- Cara, isso sim é que é aula! - disse Tim.
- Ele sabe aproveitar o que os alunos sabem para dar explicações. - disse Erika.
- Ei, Erika, como é que será que será essa tal aula de combate mágico? - perguntou Annete, que se aproximou do grupo.
- Só tem um jeito de descobrir. - disse Mitch
Então todos os segundo-anistas foram para a sala de aula do professor Yanaga.
Aquela sala de aula não lembrava nada que Mitch tivesse visto antes. Na verdade, lembrava mais um dojo de artes marciais que uma sala de aula em uma escola de bruxaria: um grande tablado quadrado que Mitch reconhecera como um Tatame, uma série de armas de artes marciais penduradas ao redor e um grande brasão de Hogwarts exatamente de frente para a entrada. E, sobre o tatame, o professor Yanaga esperava os segundo-anistas em postura típica de um mestre das Artes Marciais: a perna sentada sobre si mesma, a coluna ereta, o corpo aparentemente sem nenhuma tensão muscular.
- Ah, então chegaram! Sejam bem-vindos, jovens! Vocês já devem saber que sou o professor Toshiro Yanaga, e vim da Academia Imperial de Artes Arcanas do Japão para lhes ensinar as bases do Combate Mágico. Agora, vamos falar um pouco sobre magia e defesa.
"Uma das coisas mais interessantes que se aprende quando se estuda os trouxas, principalmente para aqueles entre vocês de famílias bruxas é o seguinte: eles sempre conseguem, ou tentam dar um jeito de conseguir, resolver seus problemas. Com máquinas, técnicas, enfim, com o que tiverem à mão."
- Que besteira! - disse Galahad.
- Sr. Starshooter, devo dizer que não aceito indisciplina em minha aula. E se o senhor imagina que eu vou valorizar o senhor mais por ser de Sonserina do que os demais alunos dessa escola, como certos professores fazem, o senhor está muito enganado. Para o tatame, agora!
- Mas...
- O senhor quer me deixar furioso?
Mesmo Galahad sendo arrogante, ele sabia que era MUITA idiotice tentar atacar ou irritar um professor. Então ele, a contragosto, subiu no tatame.
- Agora vejamos... Liftus bolas!
Uma grande quantidade de bolas de tênis trouxa começaram a erguer-se e flutuar na altura do peito de Galahad.
- O desafio que proponho ao senhor é bem simples: eu vou marcar três minutos. Tudo que o senhor terá de fazer é não ser atingido pelas bolas.
- Isso é fácil! - disse Galahad, sacando a varinha.
- Não tão fácil assim: aqui vou ensinar a vocês como se defenderem de todas as maneiras possíveis de ataques. Expelliarmus!
A varinha de Galahad voou. E antes que ele tivesse tempo de recuperá-la, o professor disse:
- Accio varinha!
A varinha de Galahad foi para nas mãos do professor:
- Como o senhor pretende que eu me defenda?
- Da mesma forma que os trouxas: se virando!
- EU NÃO SOU TROUXA! - gritou Galahad.
- Tem razão: um trouxa não seria trouxa de ficar desesperado numa situação dessa! Ele procuraria pensar em algo! Cronometra! - disse Yanaga, apontando sua própria varinha, feita de cerejeira e raspas de unha de kappa, para o alto, aonde apareceu um relógio semelhante aos relógios digitais dos trouxas.
Galahad estava desesperado: sendo sangue puro, nunca fora educado para se virar sem a magia. Na verdade, muitos bruxos de sangue puro achavam perda de tempo aprender qualquer coisa que os trouxas fizessem para utilizarem em situações aonde a magia ficasse indisponível ou viesse a ser inconveniente. Mas Mitch, assim como Erika, os Weasley e alguns outros bruxos, sabiam que aquilo não era verdade. "Provavelmente esse cara usa magia até para se vestir de manhã cedo!", pensou Mitch.
- OK! Quando eu disser já! Preactiva Waddiwasi! - disse Yanaga, apontando a varinha para as bolas, que começaram a subir e descer levemente, como se estivessem tentando escapar de elos invisíveis.
- Initiatis Protegis! - disse Yanaga, saindo do tatame e apontando para ele.
- OK! Galahad, você terá três minutos para receber o menor número possível de ataques dessas bolas. Já!
Então as bolas começaram a voar por dentro de uma região definida pelo Feitiço de Proteção. Tirando o Feitiço de Erguimento e o Feitiço de Cronometragem, os demais eram todos feitiços conhecidos de Mitch. Mas ele viu que Galahad estava apanhando feio das bolas de tênis, que voavam na velocidade de balaços. Cada vez que Galahad era atingido, Mitch via um contador ao lado do relógio somar um. Aquilo deveria ser o tanto de vezes que Galahad era atingido.
Terminado o tempo, como que por encanto, o relógio se desfez no ar, as bolas desceram ao chão, para os espaços que estavam abertos no tatame e o Feitiço de Proteção se desfez. Galahad saiu, reclamando de dores por todo o corpo. O contador marcava 130.
- Viu, senhor Starshooter? Se soubesse como usar melhor seu corpo, conseguiria esquivar facilmente daquelas bolas.
- Ah, vai enganar que alguém consegue esquivar-se daquelas coisas.
- Eu consigo! - disse Amaral, humildemente.
- Um voluntário! Você é...
- Mestiço, professor!
- Nascido aonde?
- Brasil! Salvador! - disse Amaral.
- Qual seu nome?
- Carlos Amaral, professor Yanaga.
- Bem, se quer tentar...
- Eu gostaria, professor!
Então Amaral subiu sozinho no tatame, e esperou as bolas erguerem. Foi quando Carlos começou a dançar:
- Sr. Amaral, o que...
- Estou tranqüilo, professor, pode mandar ver.
- O menino da selva acha que vai conseguir! - disse baixinho e ironicamente Galahad.
- Ele não vai apanhar como você, Galahad! Disso você pode ter certeza! - disse Erika.
- OK! Sr. Amaral...
- Estou pronto! - disse Carlos, ainda meio que dançando.
- JÁ!
As bolas novamente começaram a voar enlouquecidas pelo tatame. E Mitch percebeu porque Carlos estava dançando: aquilo não era dança, e sim ginga, a defesa acrobática da Capoeira, a Arte Marcial brasileira.
Carlos rodava, virava cambalhotas e fazia acrobacias incríveis, esquivando-se das bolas de forma excepcionalmente boa, rodando e saltando por elas. Claro que isso foi um verdadeiro espetáculo. Depois de três minutos, o contador de vezes que Carlos fora atingido estava em 3.
- É! Salve! - disse Carlos, em português, terminado o tempo.
- Admirável, simplesmente admirável! Senhor Amaral, o senhor foi muitíssimo bem! São 10 pontos para Grifinória pela alta performance do senhor!
Carlos então desceu do tatame sob aplauso de todos os alunos, exceto pelos sonserinos, dos quais apenas Erika e Annete aplaudiam:
- Carlos! Como você...
- Sou mestre de Capoeira.
- Como você nunca nos contou isso antes?
- Você perguntou? - disse sorrindo Carlos
- Mais algum voluntário? Não? Pois bem, espero que essa primeira aula tenha sido bem proveitosa para vocês entenderem aonde quero chegar. A partir da próxima aula, vocês irão apresentar-se nas vestes de combates, que acredito vocês devem ter providenciado. Para a próxima aula, quero um resumo dos capítulos 1 e 2 do livro Corpo e Chi: Como usar magia e as Artes Marciais para enfrentar o mal, do Sensei Tora Takezumi, de no mínimo dois metros. Dispensados!
Todos voltaram às suas torres. Foi quando Mitch encontrou Enya chorando desesperada:
- Mi... mi... mitch! O... o... - disse Enya.
- O que foi, Enya?
- O Cedric, Mitch! Ele me... me...
- Calma, Enya! - disse Helen.
- O Cedric me humilhou na aula de Poções! Ele disse que eu era uma imbecil! - disse Enya.
- Deixa eu ver se eu adivinho! O Snape te sabatinou, não foi Enya? - disse Mitch, de forma muito tranqüila.
- Sim! Ele fez umas perguntas e eu errei! O Cedric então ficou falando asneiras para mim! E eu... eu... - disse Enya - Eu não quero nunca mais ver esse babaca na minha frente!
- Bem, Enya, acho melhor você lavar o rosto para irmos almoçar. - disse Mitch.
Claro que isso animou um pouco mais Enya, mas a preocupação de Mitch estava mais que visível nos demais. Antes de descer, Mitch resolveu mandar o Hawking para Erika:
"Erika:
Preciso falar com você na biblioteca, após o almoço! É algo urgente!
Mitch"
E desceram para almoçar, quando encontraram Cedric conversando com alguns primeiro-anistas de Sonserina:
- E aí, Enyamarana? - disse Kevin Astaire, que tinha a mesma musculatura e aparência de um trasgo. - Como tá a cabeça?
- Vai pastar, Astaire! - disse Enya, chorando.
- Ei, Enya, o que achou do Snape? - disse Cedric - Aquilo sim é professor!
- Você diz isso, Cedric, porque o Snape PROTEGE Sonserina! - disse Enya.
- Não tenho culpa de o Chapéu Seletor ter me colocado na casa certa! - disse Cedric
- Cedric, o que está dando em você? O que a Enya fez para você... - disse Mitch
- E você, Mitch? O que você vai fazer? Apoiar a Enya?
- CALA A BOCA, CEDRIC! - gritou Enya - EU NÃO QUERO MAIS VER VOCÊ NA MINHA FRENTE!
Enya correu para fora do Salão Principal.
- Cedric Andaluzia McGregor, depois vamos ter uma séria conversa! - disse Mitch.
- Mitch correu atrás de Enya. Foi quando...
- Ora, ora, dois alunos perdidos pelos corredores! - disse a voz arrastada de Argo Filch.
- Droga! - rosnou baixinho Mitch.
- Bem, agora vejamos, o que devo fazer com vocês...
Quando Filch pensou que maldades faria com Enya e Mitch, uma bomba de água explodiu na cabeça de Filch.
- Ha, ha! - riu uma vozinha aguda.
- Maldito Pirraça! - disse Filch, ao olhar para cima e reconhecer o poltergeist que tornava a vida de todos em Hogwarts, sem exceção (talvez com a possível exceção do Barão Sangrento, o fantasma da casa de Sonserina) um verdadeiro inferno.
- Ei, olha quem vemos aqui! - disse Pirraça, fazendo dois balões cheios de água aparecerem - O Mitch bengalinha! Pensou que eu tinha me esquecido do que você me fez ano passado?
- Pensei que se lembrasse de não se meter comigo, Pirraça!
- Ora, acha que eu estou com medo de você? - disse Pirraça.
- Enya, para trás de mim! - disse baixinho Mitch.
- Pensei que já tinha te dado uma lição, seu poltergeist mala-sem-alça. Agora você vai se arrepender de ter me provocado. Quer jogar esses balões de água em mim? Manda ver!
Pirraça jogou, então Mitch sacou sua varinha e disse:
- Impedimenta!
As bombas pararam no ar:
- Tem gente que não aprende mesmo!
- Isso mesmo, moleque! Acaba com esse poltergeist! - disse Filch, que detestava Pirraça mais que qualquer coisa na vida.
- Waddiwasi! - disse Mitch, devolvendo as bombas de água para Pirraça.
- Seu desgraçado! - disse Pirraça, ao ser atingido pelas bombas, voando longe.
- Obrigado, garoto! - disse Filch, demonstrando um pouco de gratidão.
- Tudo bem, senhor Filch! Estamos indo embora!
- Vão então!
Mitch e Enya voltaram ao Salão Principal, praticamente deserto. Apenas Harry, Rony e Mione, que haviam acabado de chegar da Torre Norte, aonde os garotos estudavam Adivinhação e a garota, Aritmancia, estavam almoçando. Mitch e Enya sentaram-se, quando viram uma garota de cabelos loiro-água se aproximar.
- O que você queria falar comigo, Mitch? - disse Erika.
- Já almoçou? - disse Mitch.
- Não.
- Senta aí, então, Erika! Almoça com a gente! - disse Harry.
- Acho que a professora McGonagall não... - ia dizer Mione.
- Mione, acho que a professora McGonagall não vai esquentar se a Erika almoçar com a gente! Senta aí, Erika! - disse Mitch.
E, de fato, conforme almoçavam, a professora McGonagall passou por perto de Erika e Mitch e os viram almoçar calmamente. Ela não interferiu. Muito pelo contrário: apesar de ser de Sonserina, Erika tinha ganhado muita simpatia da professora Minerva, principalmente por ser uma boa aluna e dedicada. Além disso, a diretora de Grifinória lembrava-se de como aquela menina havia provado lealdade a Hogwarts no ano anterior.
- O que foi, Mitch? - perguntou Erika.
- A Enya e o Cedric já tiveram atrito. Cedric falou umas bobagens para a Enya depois da aula com o Snape. - disse Mitch.
- Já imaginava! - disse Erika.
- Por que?
- Muitos dos novatos não entenderam ainda a verdadeira razão pela qual Sonserina existe: eles se imaginam acima dos outros, acima do bem e do mal. E o Cedric entre eles.
- Mas e você?
- Eu estou tentando fazer a minha parte, Mitch, mas não está nada fácil. Gente como Draco Malfoy e Galahad Starshooter estão bloqueando tudo o que eu posso fazer. E nós, como eu, Annete e Blás, somos minoria e você sabe disso.
- Desculpe, Erika! Acho que eu...
- Não se sinta culpado. Você apenas está tentando impedir que Enya e Cedric se matem! E você está certo nisso. Ambos são irmãos e não deveriam brigar.
- Sim! E por isso quero te implorar, mais do que nunca, que o orientasse corretamente. Por favor! Eu é quem deveria fazer isso, mas sendo da Grifinória, estou com as mãos atadas!
- Tudo bem! Deixa comigo!
Enya e Mitch sorriram e passaram a conversar amenidades até acabarem de almoçar, quando foram ter as aulas da tarde.
