Capítulo 8: Irmão contra Irmão
Mas a verdade é que, com o passar dos dias, Cedric tornava-se cada vez mais mala. Se Mitch antes achava que Cedric apenas estava sendo mal orientado, agora ele percebia que Cedric era um pequeno puxa-saco maldito que gostava de pisar nos outros. Ainda mais quando os alunos do primeiro ano iam para as aulas de Snape, aonde gostava de judiar dos alunos de Grifinória e Lufa-Lufa, especialmente de Enya.
Enya estava mais triste que Mitch já tinha visto em toda a sua vida. E para tentar contornar a situação, enviou Hawking com uma carta para seu avô, pedindo conselhos. Claro que seu avô pediu para que deixasse Cedric à sós, mas Mitch não conseguia.
Para tentar animar Enya, conseguira que ela fosse fazer o teste para o time de Quadribol Júnior de Grifinória. Ela tinha conseguido a vaga de Apanhadora, que no ano anterior era de Tim Robbins. As outras vagas eram de: Boris Kievchenko no gol, com sua irmã Anastasia Kievchenko, Shania Byron e Kat Myers na artilharia e batedores Thomas Babbage e Yanni Schumman.
Já Mitch havia passado nos testes para a reserva do time principal, recebendo muita ajuda de sua nova vassoura Firebolt. Rony Weasley, com a antiga Nimbus 2000 de Harry havia conseguido a vaga titular de Goleiro, tendo como reserva Carlos Amaral, que conseguira para si também uma Nimbus 2000. Os demais reservas eram os mesmos do time júnior de Grifinória do ano anterior: Robbins, que tinha uma Nimbus 2001, como apanhador reserva de Potter, Cedric Gryffindor, dono de uma Cleansweep-7, Helen Ebenhardt, também dona de uma Cleansweep-7, e Olivia Gibbs, com sua Firebolt, como reservas das amigas Bell, Johnson e Spinnet e Dennis Tomahawk, com a sua vassoura Magic Eagle (um modelo americano, semelhante à Cleansweep-7, mas com velocidade de uma Nimbus 2000), completando a reserva dos gêmeos batedores Weasley com Mitch.
Os treinos estavam super-intensos. Spinnet não pegava leve e muitas vezes trocava os reservas e os titulares, além de fazer partidas de reservas contra titulares:
- Isso é para dar ritmo de jogo e formar sinergia no time! - dizia ela.
Claro que as disputas eram complicadas: mesmo com sua Firebolt, ele não era páreo para os Weasley, que eram muito bons como batedores, compensando as deficiências das vassouras. Além disso, o time principal estava funcionando como um reloginho, e mesmo Rony não abria a guarda para o time reserva.
Os treinos prosseguiam com intensidade. No último sábado de outubro, seria realizada a partida mais importante do quadribol de todo ano: Grifinória x Sonserina. Mitch puxava com os reservas e com os juniores, a quem Spinnet deu a Mitch a responsabilidade de treinar. Então, claro, queria saber quem seria o time de Sonserina Júnior. Enquanto os Grifinórios decidiam quem seria o capitão Júnior, Mitch foi conversar com a professora Hooch. Mas ela não estava em sua sala, quando Mitch entrou, porta parcialmente aberta.
A sala da professora Hooch era bem espaçosa, com muitas vassouras e equipamento de Quadribol. Quadros de táticas e fotos e pôsteres de times de quadribol de todo o mundo, como os Cruzadores de São Paulo, os Tokyo Dragons, os New York Eagles e os Chudley Cannons, cobriam as paredes. Em um canto, ele viu um pôster aonde ele estava: era a cópia da foto que tirara em posição de "time de futebol" a pedido de Carlos na final de Quadribol do ano anterior dos juniores. Embaixo estava escrito: "Grifinória, o 1º Campeão Júnior de Quadribol de Hogwarts".
- Espero que você se saia tão bem como técnico esse ano quanto como jogador no ano passado. - disse uma voz idosa e suave por trás de Mitch.
Ele viu a mulher com rosto de águia que era Pamela Hooch, a professora de Vôo com Vassoura e arbitra oficial de Quadribol de Hogwarts. Parecia tranqüila, enquanto trazia consigo uma série de vassouras Shooting Star que estava recolhendo das aulas daquele dia.
- Deseja...
- Professora, os técnicos dos outros times podem ter acesso à escalação de um time?
- Na verdade, não. Sinto muito, Mitch. Mas acho que você também não ia gostar...
Pensando no que acabara de ouvir, foi até à Torre de Grifinória. Como de costume, viu Cedric, aquele idiota, participando das "brincadeiras" de Sonserina. Depois, foi jantar com Enya, que contou que o grupo havia escolhido Boris como capitão. Depois de jantar, ia subindo para a biblioteca, quando Erika e Helen se aproximaram dele.
- Mitch, aonde você vai? - disse Erika.
- Biblioteca. Preciso terminar aquele trabalho sobre transformações de animais da professora McGonagall. - disse Mitch.
- Descobrimos uma coisa que vai te assustar. - disse Helen.
- O que?
- Na biblioteca contamos! - disse Erika.
Os três subiram para a biblioteca, quando encontraram Sally Wittlesbach de Lufa-Lufa.
- Oi, Mitch! - disse Sally.
- Oi!
- Preocupado com o jogo contra Sonserina? Vocês vão varrer aqueles idiotas do céu. Claro que vai ser Lufa-Lufa que vai faturar a Taça de Quadribol Júnior, afinal eu sou a técnica de Lufa-Lufa, mas Sonserina nem vai chegar perto disso.
- Certo! - disse Mitch, pegando um livro de Transformações e aproximando-se das duas garotas. Claro que aquilo ainda chamava muito a atenção: dois grifinórios, uma lufana e uma sonserina na mesma mesa de estudos era visão rara, ainda mais conversando de forma pacífica.
- O que foi, gente? - disse Mitch.
- Mitch, eu descobri a escalação de Sonserina Júnior para esse ano e o técnico. - disse Erika.
- E quem é o técnico?
- Galahad Starshooter! - disse Helen
- Bem, ele não é problema. E os jogadores?
- Bem, o gol vai ser de Emmanuel Beckerman. - disse Erika.
- Sei, um fortão. Mas parece que não é tão bom quanto o Boris: ele parece ser mais bruto, nem tanto hábil.
- Bem, que seja. Os artilheiros serão Elisa Dancey, Stephany Kogge e Solange Jyva.
- Elas parecem boas, mas não sei se vão escapar do Thomas e do Yanni.
- E os batedores serão Floyd McCobb e Louis Pascal.
- Parece que os dois são muito fraquinhos. Acho que não vai ser difícil.
As duas se entreolharam.
- Ei, tá faltando o apanhador! - disse Mitch.
- Era aí que queríamos chegar, Mitch! - disse Erika.
- O que houve?
- Sabe seu irmão, Mitch? - disse Helen.
- Não me digam que aquele...
- Ele descobriu que você havia convencido Enya para participar do time de Grifinória e ele resolveu participar do de Sonserina como apanhador! - disse Erika.
- Mas que grande...
- Calma, Mitch! Pense que ele é apenas um e que lá em cima, como você mesmo vive dizendo são sete. E que se esses sete não forem sincronizados, nada pode ser feito. - Helen comentou.
- Têm razão. Vou varrer aquele grandessíssimo panaca dos céus!
E os treinos se intensificaram, cada vez mais, até o dia da partida.
Enya sentiu o estômago revirar quando ela viu Cedric em roupas de quadribol. Mitch havia contado para Enya sobre Cedric. Ela estava muito nervosa com a idéia de jogar contra seu irmão, mas ele parecia não estar abalado.
Todos foram para o campo. Enya apanhou sua Shooting Star e colocou suas vestes de quadribol. Depois foi, junto com os outros 20 jogadores, para assistir a preleção de Alicia Spinnet.
- Gente, esse ano vamos arrebentar. O ano passado foi maravilhoso, mas esse ano vai ser ainda melhor, porque EU sou a capitã do time de Quadribol principal. Novatos, vamos varrer os sonserinos do céu e do campeonato de quadribol. E agora, Mitch, fique aí e oriente os novatos.
Spinnet saíra de lá, deixando Mitch sozinho com os juniores:
- Só quero que vocês façam o melhor! Se o fizerem, vamos detonar os sonserinos!
Então, ele puxou o grito de guerra:
- Um por todos ...
- ... e todos por um! - responderam os demais!
- Somos leões de Grifinória ...
- ... e ninguém pode nos abalar!
- Somos os reis das selvas ...
- ... e os Senhores da Magia! - gritaram, batendo palmas e saindo.
"E entra o novo time Júnior de quadribol de Grifinória. A escalação é: o capitão Boris Kievchenko no gol, Anastasia Kievchenko, Shania Byron e Kat Myers como artilheiras. Batedores: Thomas Babbage e Yanni Schumman. Apanhadora: Enya McGregor. Técnico: Mitch McGregor. O time Júnior de Grifinória parece vir compacto e forte, para manter a taça Júnior na Casa do Leão!"
- Jordan! Eu já cansei de pedir para você narrar IMPARCIALMENTE! - Mitch ouviu a professora McGonagall ralhando com Lino Jordan, amigo dos gêmeos Weasley e narrador dos jogos de Quadribol em Hogwarts.
"E agora entra o time de Sonserina. Escalação: no gol: Emmanuel Beckerman. Artilheiros: Elisa Dancey, Stephany Kogge e Solange Jyva. Batedores: Floyd McCobb e Louis Pascal. E apanhador, uma surpresa: o capitão Cedric McGregor. Tendo como técnico Galahad Starshooter, parece vir seguindo a tradição de times fortes e eficientes da casa da Serpente."
- Pronto para ser arrasado, McGregor? - disse Starshooter.
- O jogo nem começou! - disse Mitch.
- Mas não precisa começar para sabermos quem vai vencer! - disse Starshooter.
- Capitães, dêem as mãos! - Mitch ouviu a Madame Hooch falar. Boris olhou Cedric, que tinha um sorriso estilo Malfoy que não agradava a Mitch. Ele ficava imaginando aonde tinha errado, e apanhou o chaveiro do clã McGregor que seu avô havia lhe dado antes de sair de Sligo. Nem ouviu quando o apito silvou o início da partida. Só pensava se conseguiria dar conta de ser o responsável pelos dois McGregor mais novos.
"Vovô, será que você fez o certo em me deixar como responsável pelos dois? Será que eu posso fazer isso?", pensou Mitch. Normalmente Mitch não era o tipo de cara que tinha dúvidas, mas aquela situação toda estava deixando Mitch inseguro.
Foi quando ele ouviu a voz da Madame Hooch dizendo:
- FALTA! Tiro livre para Grifinória!
Boris havia sido atingido por um balaço quando a goles não estava na área dos gols, e isso era uma falta.
"Anastasia pega a bola, chuta, é GOL! GOL DE GRIFINÓRIA! 70 Grifinória, 20 Sonserina!"
Mitch passava a observar o grupo que estava acima dele. Viu Enya procurando o pomo. Cedric parecia interessado, mas a distância entre eles no céu e na vida parecia que tinha sido resultado de Enya falar besteiras para Cedric e vice-versa. Ele sentia-se culpado.
"E os dois apanhadores vêem o pomo! Os dois correm, enquanto Cedric faz sinais para seus batedores e artilheiros agirem. Eles correm e ... AI! Um balaço atinge Enya, que desequilibra-se e..."
Mitch nem se preocupou em ouvir o restante da narração de Jordan, pois viu o corpo inconsciente de Enya escorregar pela vassoura e começar a cair. A lembrança de sua própria queda no jogo dos juniores entre Grifinória e Lufa-Lufa no ano anterior começou a assustá-lo: se ele, que tinha um corpo razoavelmente resistente, tinha quebrado a coluna em vários pontos depois de uma queda como aquela, Enya iria morrer!
Sem pensar nem meia vez, Mitch sacou sua varinha, apontou para Enya e disse:
- Lentum Quedum!
Enya começou a descer suavemente. Mitch então usou mais dois feitiços:
- Conjurae Maca! Wingardium Leviosa!
Mitch trazia Enya para a maca. Sabia do resultado: Sonserina tinha acabado de ganhar com Cedric apanhando o pomo. Mitch pediu para o pessoal dos juniores irem para a arquibancada que ele ia levar Enya para a Ala Hospitalar. Foi quando Spinnet se aproximou:
- Mitch, mas e...
- Desculpe, Spinnet, mas minha irmã é mais importante que um jogo de quadribol!
Mitch corria com a maca conjurada. Enya estava desacordada: pelo jeito, tinha sofrido algum dano no peito depois que o balaço a atingiu. Ele não sabia a gravidade, portanto correu que nem um maluco até a Ala Hospitalar.
- Madame Pomfrey! Madame Pomfrey! - gritou Mitch, entrando na Ala Hospitalar.
- O que... Mas o que aconteceu com a garota? - disse a Madame Pomfrey!
- Balaço no jogo de quadribol. Quase que ela caiu que nem eu no ano passado!
- Tudo bem, garoto, agora é comigo! Pode aguardar que assim que ela estiver melhor eu deixo você conversar com ela!
Os minutos passaram lentamente. A única preocupação de Mitch era se Enya estava bem: pouco se lixava que tivesse perdido a partida de Quadribol. Foi quando chegaram os demais juniores de Grifinória:
- E a Enya? - perguntou Anastasia, na época já a melhor amiga de Enya.
- Não sei. A Madame Pomfrey está cuidando dela agora!
- Você não sabe da maior! - disse Boris - Aquele grande bastardo do Cedric estava comemorando a vitória de Sonserina sem se importar com a irmã!
- Ah, é? Deixa ele comigo! - disse Mitch, os olhos brilhando de fúria.
- Mitch, olha lá o que você...
Mitch nem pensou em nada. Apenas correu para o Salão Principal, aonde os juniores de Sonserina estavam comemorando a vitória deles. Quando Cedric o viu ia dizer:
- E aí, Mitch, o que achou do jeito que a Enya caiu da...
A resposta de Mitch veio na forma de um murro direto irlandês na cara de Cedric, que pela primeira vez não entendeu a reação do irmão.
- Isso é por Enya, seu bastardo!
- MCGREGOR! - Mitch ouviu uma voz gritando.
A professora McGonagall tinha visto aquilo e seu olhar era de repulsa e surpresa.
- Detenção, Sr. McGregor! E são menos 50 pontos para Grifinória! Me admira o senhor agredindo seu próprio irmão...
- Vai ver se eu estou na esquina, McGonagall! - rosnou Mitch, enquanto saia correndo do Salão Principal para a Torre de Grifinória, mal tendo tempo de ouvir a professora McGonagall gritando seu nome.
Mitch não se lembrava de nada, e quando deu-se conta estava chorando na sua cama na Torre de Grifinória. A revolta era enorme, mas a sensação de impotência e de incapacidade era ainda maior: seu avô havia o colocado como responsável pelos dois e ele não conseguia fazê-lo. Pior: sentia-se fraco e impotente, como se estivesse a ponto de ter um colapso nervoso... Colapso nervoso?
Foi quando ele viu uma forma translúcida e fantasmagórica, que lembrava um fantasma, mas com pedaços da carne ectoplasmática caindo, como se fosse um zumbi. Os cabelos desgrenhados, as orelhas pontudas e as órbitas de olhos vazados lhe trouxeram à realidade:
- Droga! Um Bean-Sidhe!
Mitch tentava sacar sua varinha, mas sentiu sua energia vital, pouco a pouco se esvaindo. Quando apanhou sua varinha, sua visão começou a embaçar. O seu corpo suava frio, suas pernas não respondiam, seu coração estava descompassando, seu cérebro dava a impressão de que ia parar de funcionar a qualquer momento. O desespero estava tomando conta de Mitch. Mitch ofegava: sentia que se continuasse assim, ele iria morrer! Foi quando ele viu uma pessoa numa penumbra gritando:
- Expecto Creativeus!
Uma criatura semi-translúcida saiu da varinha e atacou o Bean-Sidhe. Mas Mitch nem conseguiu sequer ver o que aconteceu depois, pois ele desacordou.
"Caramba, esses Bean-Sidhe não vão parar de atacar?"
"Parece que alguém disse a eles que aqui em Caer Masar tinha muita energia vital!"
"Andrew McNamara já está fraco! Outros já foram abatidos. Não vamos resistir muito mais"
"E a coisa vai piorar! Os Comensais vem vindo! - gritou uma voz."
"Deveríamos ter imaginado! - disse outra voz - Os McKinsey se infiltraram entre nós, dizendo-se arrependidos, mas eles queriam era nos trair para Vocês-Sabem-Quem!"
"Vamos! Eles estão chegando! - dizia a primeira voz, enquanto ouviam-se risadas monstruosas e explosões"
"Mas como vamos lutar contra eles? - questionava a outra voz, de um senhor - Eles são muitos!"
"Elric, temos que lutar! - disse a primeira voz - Somos Aurores, essa é a nossa função!"
"Lutar contra Voldemort é SUICÍDIO! Temos que recuar! Elaborar algum plano, pedir reforços! Não adianta lutar agora..."
"Nada feito, McGregor! Não vamos recuar!"
"EU VOU! NÃO ADIANTA CAIR NA ARMADILHA DA FÚRIA IRLANDESA! ELA PODE LEVAR VOCÊS À MORTE!"
"McGregor, volte aqui seu covarde! Isso não é hora para..."
Um lampejo de luz verde sucedeu-se a isso. Vários gritos ecoaram na mente de Mitch. Um grito em especial trouxe Mitch de volta a realidade. O dele próprio.
Ele acordou no meio da noite, o corpo empapado em suor. O pesadelo! O mesmo pesadelo que tinha todas às vezes em que algo lhe acontecia de errado, como quando, no ano anterior, fora vítima da Maldição Imperdoável Crutiatis.
Ele estava com o corpo enfaixado. Sentia sua respiração ainda falhar e sua visão ainda estava embotada. Ao mesmo tempo percebera que estava na cama ao lado da de Enya. Ela parecia melhor: algumas bandagens no peito e na cabeça, mas parecia melhor que Mitch. Claro que acordara Enya com o seu grito:
- Mitch, o que...
- Eu tive o mesmo sonho que contei para você, lembra? Aquele aonde mostra a queda de Caer Masar. - disse Mitch, fazendo referência ao antigo castelo guardado pelos McGregor, antes de Voldemort atacar. Atualmente, os McGregor tinham como "base" a fazenda de Caer Slaeun
- Mas...
- Acho que foi um Bean-Sidhe... Isso! Eu fui atacado por um Bean-Sidhe!
- Então o senhor está acordado? - disse uma voz no escuro.
As luzes se acenderam e ele viu que se tratava da Madame Pomfrey.
- A professora McGonagall me contou da reação que você teve com seu irmão. O murro que você deu nele foi bem forte, você poderia ter o cegado. A sua sorte foi que você não acertou pra valer!
- Você bateu no Cedric, Mitch? - disse Enya.
- Desculpe, Enya, me descontrolei! - disse Mitch.
- A Fúria, não é? - disse uma outra voz, que Mitch, para ainda maior vergonha, descobriu tratar-se da professora McGonagall.
- Desculpe, professora, por ter a ofendido, e eu vou cumprir minha detenção sem problemas... - disse Mitch, em uma voz tão baixa e arrastada de vergonha e timidez que lembrava Neville Longbottom.
- A srta. Enya me contou o que estava acontecendo, McGregor. Você não deveria sentir-se responsável pelas irresponsabilidades de seu irmão. Ele é quem faz bobeira e você é que se sente responsável por causa dele? Acalme-se, McGregor. A nossa sorte foi que o professor Lupin o encontrou antes de que o Bean-Sidhe tivesse feito maiores estragos em você. Quando você chegou aqui, seu quadro clínico teria deixado um médico trouxa maluco: arritmia, sudorese, insuficiência respiratória, hipooxigenação cerebral, enfim, quadro de morte mesmo. Mesmo Pomfrey teve dificuldades para impedir que você não tivesse seqüelas. A sorte de todos nós é que você é muito forte. Mas mesmo assim, você deverá descansar. Primeiro recupere-se, depois pensaremos em sua detenção. Você sabe que, mesmo com todas as razões do mundo, uma agressão contra um aluno é algo imperdoável.
- Tudo bem, professora. A Erika está aí? Queria conversar com ela!
- Já vou chamar a srta. Stringshot, McGregor! Só quero que descanse bastante, pois você está muito debilitado.
A professora McGonagall e a Madame Pomfrey sairam, e entrou Erika, visivelmente aborrecida com o comportamento de Mitch:
- Mitch, por que você... - ralhava Erika.
- Tá legal, Erika... Eu sei, pisei na bola... Eu estava era muito pê da vida com o Cedric e, como diria o Carlos, perdi a esportiva. Por isso, queria que você desse um jeito de controlar o Cedric pra mim, se você puder.
- Olha, Mitch, eu vou fazer o melhor que puder, mas do jeito que Cedric está revoltado, não posso prometer nada. Ele está muito triste com o que você fez, mas...
- E como aquele babaca completo acha que eu me sinto? Ele pensa que eu gosto de dar porrada em meus irmãos por diversão? Eu na verdade sou um fracasso completo! Não sei porque vovô me deu a responsabilidade de cuidar dos dois! - disse Mitch, pela primeira vez em sua vida chorando de tanta frustração consigo mesmo. A frustração de Mitch tinha alcançado patamares antes inimagináveis. Mitch desejou que o Bean-Sidhe tivesse levado toda a sua energia vital embora. Pela primeira vez, em toda a sua vida, ele desejava morrer.
- Mitch... - disse Erika, pensando no que dizer.
- Não tente amenizar, Erika! Por favor, não coloque panos quentes! Preciso sentir o que fiz, para poder consertar.
- Tudo bem, Mitch! Quanto ao seu irmão, vou tentar conversar e orientar ele, mas infelizmente não posso lhe prometer nada! - disse Erika antes de sair para que Mitch fosse dormir.
