Capítulo 11: Revelações
A viagem para Sligo foi tranqüila. Ramon os acompanhou, junto com sua nova noiva, a Bruxa Medea Adler, quando passaram por Liverpool, aonde eles iriam tomar uma balsa naval até a Irlanda do Norte. Depois, o resto da viagem foi tranqüila. Ao se aproximarem de Caer Slaeun, Mitch foi ficando cabisbaixo. Todos pareciam ter se calado de uma hora para outra. A casa parecia estar pouco movimentada, apenas um carro estava lá:
- Mitch, aquele carro é do Ministério da Magia da Inglaterra! - disse Rony.
- Como?
- É do Ministério da Magia! O que eles estão fazendo na Irlanda? Quem teria vindo aqui?
- Não sei. Mas gostaria de saber... - disse Mitch.
Ao chegarem, todos desceram, pegaram suas mochilas e foram para dentro de Caer Slaeun. A surpresa maior quando viram quem o Ministério da Magia tinha mandado para o funeral de John e Andrea McGregor foi de Rony:
- PAI? PERCY?
- Rony, o que você... - disse Percy Weasley, enquanto tomava um chá com Elric McGregor e com um senhor de cabelos ruivos e parcialmente careca, ao qual Mitch reconheceu automaticamente como Arthur Weasley.
- Dumbledore pediu para que nós cuidarmos dos McGregor, Percy. - disse Mione.
- Ah, sim. Devo agradecer então a ele por mandarem uma garota tão simpática acompanhar meus jovens netos! - disse Elric, sorrindo para Mione, que respondeu com um sorriso misto de alegra, orgulho e vergonha, corando o seu rosto.
- Vovô, esses são Rony Weasley, filho de Arthur Weasley; Hermione Granger e...
- Sei, Harry Potter. - disse Elric, com uma naturalidade tranqüila - O famoso Garoto que Sobreviveu! Não se preocupe, Harry. Eu acho você uma pessoa muito boa, ainda mais pela força que deu e está dando a meu neto Mitch nesse momento de dificuldade. Fique à vontade.
- Obrigado! - disse Harry, pela primeira vez sendo reconhecido pelas suas próprias habilidades e qualidades, e não pela bendita marca de raio que trazia na testa.
- Vovô, eu queria saber se podíamos caminhar um pouco por aí! - disse Enya.
- Claro, Enya. Mostre a propriedade aos outros. Vá divertir-se com Orion. Mostre o corujal para Rony saber de onde saiu Agrippa. Acho que depois vocês poderão até mesmo jogar um pouco de quadribol, mas depois.
Quando todos iam saindo, Elric disse:
- Mitch, você fica! Por favor! O senhor Weasley precisa conversar com você.
- Mas, vovô...
- Os funerais se darão por 3 dias e vocês ficarão mais dois dias aqui para que algumas papeladas legais dos trouxas e nossas possam ser acertadas, para que eu seja o tutor legal de vocês três e que a herança de seu pais seja corretamente dividida entre vocês cinco. Haverá tempo para um pouco de quadribol depois. Mas primeiro, acho que o senhor Weasley precisa contar algumas coisas sobre o que aconteceu a seu pai para você.
- Tudo bem, vovô!
Os três esperaram os demais saírem e se afastarem e foram para o escritório de Elric, aonde se trancaram. Elric conjurou uma travessa de chá, salsichas, batatas e pão de centeio:
- Mitch, ouça o que o senhor Weasley tem a lhe dizer. Pense da seguinte forma: legalmente eu sou o responsável por vocês, mas apenas legalmente. Você deverá ser o responsável por manter seus irmãos tranqüilos. Portanto, você saber a verdade vai ser muito importante para permitir que vocês fiquem tranqüilos.
- Tudo bem, vovô. - disse Mitch, enquanto apanhava uma batata cozida com as mãos - Pode dizer, senhor Weasley: por que o senhor se deu ao trabalho de sair da Inglaterra para vir à Irlanda? O que há de tão importante sobre a tal da Torre de Ma'at que custou a vida de meus pais?
- Bem, vejo que está bem informado sobre os eventos que culminaram com a morte de seus pais. Acredito que Dumbledore tenha lhe contado, mesmo sob proibição expressa do Ministério. Um homem sensato, Dumbledore. E um dos poucos que não temem dizer o nome de Você-Sabe-Quem, o que mostra sua sensatez. Bem, vamos ao que interessa.
"A alguns anos, o Ministério descobriu a existência da Torre de Ma'at, cuja existência era dada a lendas. O grande problema era: como investigar os mistérios da Torre e confirmar as lendas sobre a Torre? Foi quando pensamos em mandar alguém que não chamasse a atenção dos antigos serviçais de Você-Sabe-Quem. E pensamos em mandar um trouxa. Mas qual trouxa? Então veio à cabeça de chamarmos John McGregor."
"A idéia era boa: um trouxa arqueólogo. O tipo de pessoa que normalmente se enfia nesse tipo de investigação, mas que não consegue nada. O álibi perfeito para uma investigação. E John tinha parentes bruxos, conforme todos sabiam por causa da Maldição dos McGregor, e já tinha feito esse tipo de serviço anteriormente para o Ministério da Magia. Então..."
"- Vamos entender se você recusar a proposta, McGregor! - disse Weasley, enquanto tomava um pouco do chá que Tom havia servido.
O jovem loiro de olhos verdes observou o lugar, enquanto terminava de beber uma garrafa de Guinness. O bartender então providenciou outra garrafa, que ele foi saboreando lenta e folgadamente, tentando não pensar em como ele se sentia deslocado naquele pub. Era um pub chamado "O Caldeirão Furado". Um pub incomum, freqüentado por pessoas incomuns. Bruxos. E, embora ele próprio não fosse um, ele era filho de e trabalha ocasionalmente para os bruxos. No caso, para o Ministério da Magia, o governo dos bruxos.
- Senhor Weasley, meu filho vai precisar de dinheiro bruxo para os estudos em Hogwarts, mesmo papai achando que o dinheiro dele é o suficiente. Além disso, uma investigação para verificar a autenticidade da lenda e para localizar a Torre de Ma'at teria reflexos no que os trouxas e bruxos entendem sobre a antiga civilização egípcia, pois, se as lendas forem verdade, o papel da Torre no entendimento de como a religião e cultura egípcia funcionavam vai ser muito grande, o que abre um grande leque de possibilidades sobre como as civilizações evoluíram e do papel de suas religiões na evolução natural do ser humano. Eu iria mesmo assim, se tivesse encontrado as pistas antes. Só peço que...
- Se você está preocupado com a possibilidade de ataques, não se preocupe: vamos mandar gente do Ministério com você, inclusive alguns Aurores. Acho que isso deverá bastar...
- Aceito, então! Só peço que me dê algum tempo, pois vou precisar explicar uma série de coisas para a Universidade antes de começar a preparar tudo."
- Bem, nós não imaginávamos que, entre os nosso, havia um traidor, mesmo todos os nossos homens tido recebido o Feitiço da Fidelidade, ou Fidelius. Tão logo os seus pais conseguiram desvendar o mapa e chegar até o local da Torre, os Comensais já esperavam eles. Acompanhados de muitos ghûls, monstros mitológicos mortos-vivos do deserto com um desejo insano por carne humana, eles atacaram a expedição. Apenas um Auror Egípcio sobreviveu, carregando os corpos de seus pais, alguns equipamentos trouxas e um diário de viagem, aonde seu pai guardava suas anotações sobre a expedição. Quando chegaram a um lugar habitado, ele fingiu ser um caravaneiro e conseguiu contar uma história para despistar os trouxas. Os corpos de seus pais chegarão em três dias.
- Bem, uma pergunta você me respondeu. Agora a outra: o que aquela maldita torre tinha de tão importante para que meus pais pagassem com a vida! - disse Mitch, tentando manter a frieza, mas com um desejo quase incontrolável de voar na garganta de alguém e dar porrada até matar, e depois continuar matando até esse alguém gritar.
- Bom, Mitch, não tenho nenhuma prova real, mas vou lhe dizer o que conseguimos descobrir. Aliás, isso é extremamente confidencial: provavelmente, além do Ministério, apenas Dumbledore e seu avô sabem dessa informação.
"Existe uma lenda entre os bruxos sobre um cristal de poder chamado Cristal Negro de Ma'at. Bem, Ma'at é a deusa egípcia dos mortos. Ela cuida da barreira entre o reino de Anúbis, deus da morte, e do reino de Osíris, deus da ressurreição. Dizem que Ma'at guarda o Salão do Julgamento, o lugar para onde os mortos vão serem julgados por seus atos pela deusa Bastet, em um cristal. Esse cristal seria o Cristal Negro de Ma'at. Alguns dizem que uma alma que desejasse voltar à vida precisaria de sacrifícios de sangue e de energia vital para iludir Bastet e para subornar Ma'at. Se isso for verdade, levando-se em consideração que Você-Sabe-Quem aparentemente está em uma espécie de não-vida, ele teria grande interesse em recuperar esse cristal."
- Bem, isso explica tudo. Mas o que...
- Mitch, seu pai foi um herói. Alguns trouxas fugiriam enlouquecidos pela visão de bruxos como os Comensais e dos ghûls. Mas seu pai lutou, tentando fugir vivo, voltar para você. Mas quando se é trouxa, existem chances mínimas de se vencer uma luta contra um bruxo, principalmente contra um Comensal. Ele tentou até mesmo pegar uma varinha e fazer alguns gestos, mas ele não conseguiu escapar do Avada Kedavra. Não, ele não teve a mesma sorte, ou habilidade, ou seja lá o que for, que você. Ele, assim como sua mãe, foram mortos. A sorte é que o Auror que salvou seus pais conseguiu fazer os Comensais e ghûls fugirem. E recuperou todas as posses de seus pais...
- Preferia que eles estivessem vivos.
- Mitch, acho que você ainda não entendeu a gravidade da coisa toda: se Você-Sabe-Quem descobrir a verdade sobre o Cristal Negro, principalmente se o mesmo realmente existir, ele com certeza irá voltar à vida, talvez até mais poderoso do que antes. É isso que precisamos impedir: que ele volte. Seu pai lutou por causa disso: ele VIVEU a época negra. Mesmo sendo trouxa, sentiu os reflexos da época em que Você-Sabe-Quem lutava e na qual seus Comensais tinham poder. Por causa de Você-Sabe-Quem seu avô teve que fugir de Caer Masar e ser taxado de traidor. Por causa de Você-Sabe-Quem, Harry perdeu os pais. Os pais de Neville Longbottom estão loucos no Hospital St. Mungus para Doenças Mágicas por causa desse bruxo maldito. Muitos bruxos, bruxas, trouxas e criaturas mágicas foram mortos pelas ambições de Você-Sabe-Quem. E se não quisermos que o sacrifício de seu pai seja em vão, não podemos deixar Você-Sabe-Quem por a mão no Cristal de Ma'at. Isso é, se ele existir.
- Tudo bem. Desculpe, senhor Weasley.
- Eu é que peço desculpas. Você está num momento ruim, eu sei disso. Dumbledore me contou. Além disso, tenho que ser grato por ter dado a meu filho Rony a Agrippa.
- Aquilo foi um agradecimento pela suéter que sua esposa me enviou. Achei ela demais.
- Bem, é uma pena não poder ficar para o funeral, pois tenho muitas coisas para resolver no Ministério. Aquele tolo do Fudge acha que ocultar a informação da população é o melhor. Isso é ridículo: se a coisa cair na boca de bruxos repórteres como Rita Skeeter, aí sim é que estaremos ferrados. Veja só o que ela escreveu no Profeta Diário de hoje.
Mitch pegou o jornal e começou a ler:
Trouxas usados em investigação secreta do Ministério são encontrados mortos no Egito.
Por Rita Skeeter
O Ministério da Magia nega, mas fontes confiáveis confirmam que as mortes dos arqueólogos (estudiosos de civilizações) trouxas John e Andrea McGregor, respectivamente filho e nora do ex-Auror Elric McGregor, conhecido como "o Traidor de Caer Masar" e como velho lunático que apóia trouxas, foi resultado de uma série de imprudentes manobras e desastradas organizações do Ministério da Magia em uma pesquisa secreta, organizada em sigilo. Alguns dizem que têm a ver com poderosos itens que se encontram no Vale dos Reis, aonde os corpos dos dois arqueólogos e de mais de 40 pessoas, entre bruxos disfarçados dos Ministérios da Magia Inglês e Egípcio e trouxas, foram encontrados.
Fontes afirmam que os ataques foram provocados por facções dissidentes dos Comensais da Morte, antigos seguidores Daquele-que-não-deve-ser-nomeado. Isso bate com uma série de..."
- Piranha! - disse Mitch, arremessando o jornal longe. - O que uma bela vaca como essa pistoleira pensa da vida?
- Entendeu agora a seriedade do que está acontecendo, Mitch?
- Sim, senhor Weasley. Vou guardar segredo.
- Ótimo. Bem, acho que era só isso que tinha para lhe dizer. Ah, Mitch...
- O que é?
- Você é bem seu pai e seu avô: mesmo que isso coloque sua vida em risco, você faz aquilo que é certo. Você ainda vai ser um grande Auror. Eu retornarei para o final dos ritos funerais e para o wake. - disse Arthur Weasley, conduzindo seu filho Percy, enquanto jogava no fogo um pó e dizia "A Toca!", desaparecendo diante dos olhos de Mitch.
- O que...
- Pó de Flu. Eles vão chegar na casa deles através da lareira deles. A minha é ligada à rede do flu. Acho que o carro do Ministério da Magia Inglês também deve ter ido embora, ao perceber que não seria mais necessário. Mitch, você trouxe aquela Firebolt que eu te dei?
- Não! Ficou em Hogwarts.
- Bem, acho que vou fazer mais uma revelação para você, mas antes queria que você pegasse aquela vassoura ali. - Elric disse, apontando para um canto
Mitch viu uma vassoura que lembrava muito a sua Firebolt. Foi lá e a apanhou.
- Mitch, essa vassoura, assim como a sua, não é uma Firebolt! - disse Elric.
- COMO!
- Simples! - disse Elric, puxando sua varinha e apontando para a inscrição com o nome da vassoura. - Revelae!
O Feitiço de Revelação fez o nome da vassoura mudar de "Firebolt" para "Stardrive".
- O que está...
- Mitch, a "Stardrive" é uma nova série de vassouras de corrida que a Liga de Quadribol da Irlanda pediu para que eu desenvolvesse para eles. Como elas são baseados na série "Firebolt", então resolvi ocultá-las sob o nome de "Firebolt" para que você as pudesse usar na escola. Mas como elas foram lançadas a alguns dias, acho que não há problema nenhum em revelar para você sobre a "Stardrive". Só quero que não esnobe seus amigos por causa de ter uma "Stardrive".
- Certo, vovô. Pode deixar. Agora, será que podemos...
- Claro! Vá jogar um pouco, voar um pouco! Faz bem arejar a mente com o ar rápido de uma vassoura de corrida. - disse Elric, entregando-lhe a vassoura e liberando Mitch para aliviar as tensões e se divertir mandando alguns balaços longe.
