Capítulo 15: Natal em Família
Depois que se recuperaram, Mitch e Nathan foram buscar os materiais do mesmo no "porta-aviões" do Instituto de Bruxaria de Salém. Parece que ninguém no Instituto se importava com o destino do jovem Higgenbotham. Nathan lembrava a Mitch Erika e seu irmão em Sonserina.
Os dias foram passando rápidos. Até que...
- Feliz Natal! - disse Carlos, ao acordar os demais garotos da Grifinória.
Estavam lá apenas quatro garotos: Mitch, Carlos, Dennis e Nathan. Todos levantaram-se e vestiram seus roupões, enquanto viam os presentes que haviam chegado.
Mitch ganhara de seu avô uma espécie de cristal mágico, que descobrira ser um tocador, ou seja, um cristal que reproduzia qualquer coisa que fosse gravada com ele. De Enya recebera uma bandana celta verde esmeralda com desenhos tribais celtas bordados em encarnado. Cedric lhe dera um livro com a história de José Raul Capablanca, um dos maiores enxadristas trouxas de todos os tempos. Outros presentes chegaram de seus amigos e familiares, como Angus, Ramon, Anya, Boris e Anastasia Kievchenko, e outros. De Rony acabara ganhando um livro "Voando com os Cannons", sobre os Chudley Cannons. De Carlos ganhara uma camisa do São Paulo Futebol Clube e um livro "Cruzando os céus do Quadribol", sobre os Cruzadores de São Paulo, atuais campeões mundiais de Quadribol Interclubes (arrasaram os Wimbourne Wasps na final por mais de 400 pontos). E assim foi ganhando mais presentes. Até que chegou a um pacote estranho, e quando ele ia abrir ele escutou um grito:
- NÃO!
Mitch virou-se para a porta e viu Rony Weasley, com as orelhas pegando fogo:
- NÃO... ABRA... ISSO!
- Ah, Rony! Por que não?
Mitch rasgou o pacote e viu uma suéter feita à mão, nas cores laranja e verde-esmeralda, com uma grande varinha e uma grande espada sobre o brasão dos McGregor:
- Eu avisei! - disse Rony - Mamãe mandou mais uma suéter Weasley para você.
- E acho que não foi só para mim... - disse Mitch.
Carlos abrira um pacote semelhante, do qual saiu uma suéter verde e amarela. Já Nathan abriu e viu uma suéter de cor azul e vermelha, com treze estrelas em um círculo sobre o peito.
- Caramba! Desse jeito, as suéteres Weasley vão passar a ser parte do uniforme oficial de Hogwarts! - disse Rony amuado.
- Pense da forma positiva: se isso acontecer, você não vai ter problemas com uniforme! - disse Mitch.
Claro que a piada não melhorava em nada o ânimo de Rony.
- Ei, cara! Não esquenta! - disse Carlos - Sua mãe é muito legal.
- Mas é que... todo mundo ganha isso! E é praticamente igual todo ano. A minha é cor de tijolo, a do Mitch verde e laranja, agora a do Carlos é verde e amarela, a do Harry verde esmeralda...
- Já disse, cara, não esquenta.
Rony parecia não se conformar com o fato de praticamente toda a Hogwarts receber as suéteres Weasley.
- Ah, Rony! Você é um cabeça-dura mesmo, que nem seus irmãos. Sua mãe só tenta ser legal conosco. - disse Carlos.
- O problema é que depois vem o Malfoy e diz que...
- Manda esse Malfoy ir para... - disse Nathan Higgenbotham, completando com algo que obrigou todos a dizer "Nathan!".
- Apesar da grosseria, Rony, o Nathan tem razão! O Malfoy deve ser um frustrado: muita grana e poucos amigos. - disse Mitch - Os trouxas tem um ditado que cai como uma luva nessa situação: "Existem coisa que o dinheiro não compra."
- É, você tem razão! - disse Rony.
Todos desceram para tomar café. Como poucos alunos estavam na escola, resolveram apenas manter uma grande mesa, aonde todos estavam tomando seu café, sem se importarem com a casa. Claro que para alguns menos acostumados com isso, como Teo Fiorucci (seu irmão sonserino, Victor, foi para casa, dizendo que "não iria ficar no meio de tanta gente esquisita e sangue-ruim" - Mitch sabia que os Fiorucci eram italianos de sangue puro), era difícil entender uma mesa multi-casa.
Mesmo assim, o café foi fantástico, animando a todos com o que viria a acontecer no almoço de Natal.
Mitch então resolveu passar a manhã treinando xadrez de bruxo com Rony. Estranhamente, Nathan parecia não entender e estar fascinado com aquele estranho e maravilhoso jogo, aonde as peças se mexiam e donzelas lindas, todas vestidas em trajes brancos ou pretos, gritavam coisas como "Ei, seu paspalho, olha a Torre deles dando sopa! Me deixa eu ir lá e arrasar ela!":
- O que é isso?
- Espera aí, Nathan? - disse Rony - Você estuda magia e nunca viu ninguém jogar xadrez de bruxo?
- Não. Lá em Catskill não tinha esse jogo. Já tinha ouvido falar que o pessoal da Galleus e da Sigma jogavam ele, mas eu mesmo nunca vi. - disse Nathan, enquanto pegava de seu malão um pequeno computador portátil.
- Nem adianta tentar ligar isso aqui. - disse Mione, que observava todos no Salão Comunal, enquanto lia um livro sobre magia médica (mais exatamente, o mesmo que Erika lera anteriormente) - O computador simplesmente não vai funcionar por causa dos feitiços antitrouxa que cercam Hogwarts...
- Tem certeza disso? - disse Nathan, apontando o computador portátil ativado, na tela de um jogo de xadrez.
- Como? - disse Mione - Mas... como esse computador está...
- Na verdade, isso é por causa da matéria que temos no Instituto de Bruxaria de Salém: tecnomancia! - disse Nathan.
- Como é? - disse Rony.
- Tecnomancia, ou seja, a habilidade de compatibilizar objetos dos trouxas com as energias mágicas. Por exemplo, - disse Nathan, pegando o computador portátil, ainda ativo - Esse palmtop, ou computador portátil, recebeu alguns encantamentos que o permitem funcionar alimentado pela energia mágica de Hogwarts.
- Mas isso não pode ser feito! - disse Mione - Eu já pesquisei coisas que anulam feitiços antitrouxas e...
- Mas ele não anula os feitiços antitrouxa. O que ele faz é que ele utiliza energia mágica, que é convertida por um feitiço em energia elétrica. Além disso, como esse computador é enfeitiçado, ele não conta mais como objeto dos trouxas.
- Espera aí! - disse Rony - Agora que você falou, lá em casa houve um problema entre papai e Percy por causa disso.
- Como assim? - perguntou Mitch.
- Papai estava conversando sobre um projeto no qual Percy estava trabalhando com o sr. Crouch, da Cooperação Internacional da Magia...
"- Você sabe que isso tem que ser feito, pai! - disse o jovem ruivo para o senhor careca à sua frente.
- Percy, ainda acho que é exagerada essa atitude! Obrigar a proibição das artes da Tecnomancia é exagero! Um retrocesso para as épocas medievais! Você sabe que não é necessário tal atitude. Claro que obrigar o registro de tecnomantes, como fazemos com os animagos, pode ser uma solução adequada...
- Pai, você não está entendendo: e se um bruxo for vender um objeto tecnomântico, como um computador trouxa com encantamentos para funcionar em áreas cobertas por feitiços antitrouxa, ou até mesmo um rádio relógio que funcione como um de nossos relógios? Já pensou na confusão? Ora bolas! Você é do setor de Mau Uso dos Artefatos dos Trouxas, por Deus! Você deveria saber dos riscos ...
- E eu sei, Percival Weasley! - disse Arthur, já muito bravo - Ora, esses argumentos são argumentos de bruxos antiquados, que acham que podem simplesmente viver à parte da sociedade dos trouxas! E nós sabemos que isso não é verdade! Na época das trevas, quando Você-Sabe-Quem governava, muitos dos nossos, como Elric McGregor, Jean-Antoine Frejah e Greta Guttenmeyer só sobreviveram porque conseguiram se adaptar à vida com os trouxas! E esses argumentos de "purificação" foram os mesmos impostos pelos Comensais, que imaginavam que os bruxos eram uma espécie de "raça superiora". Ora, Percy, se você quiser continuar com essa bobagem, vá em frente, mas eu ainda acho uma disparidade! Temos coisas mais urgentes com as quais nos preocupar! E você já sabe qual será meu parecer sobre esse impropério e, você goste disso ou não, nesses assuntos minha palavra vale mais que a do Crouch!"
- E foi assim!
- Eu concordo com o Percy. - disse Mione - Acho que os bruxos têm formas mais interessantes de se virarem...
- Eu não acho. - disse Mitch.
- Como assim? - disse Mione.
- Os bruxos que têm essa idéia antiquada são que nem os trouxas que destroem aquilo que temem! Isso é errado! Claro, existem coisas que realmente não deveriam existir, mas Einstein não descobriu a Teoria da Relatividade para que criassem a bomba atômica. Muitos grandes cientistas tiveram seus trabalhos desvirtuados para o mal, como os trabalhos dos Curie, que descobriram a radioatividade. Poxa vida! Li uma vez um ditado que dizia "Não olhe para os monstros, temendo ser um deles! Quando olhar para o Abismo, o Abismo irá olhar para você"
- O que isso quer dizer? - disse Harry.
- Quer dizer que toda vez que formos ver alguém, não devemos ter medo de ver na pessoa nossos pontos negativos. Pombas, todos nós aqui olhávamos Sonserina como um bando de micro-Vocês-Sabem-Quem e a Erika e meu irmão estudam lá! Tá, eu sei que existe muita gente chata na Sonserina: Malfoy é o maior exemplo disso! Mas nunca podemos nos enganar. E se formos partir por essa tese, deveríamos dizimar a casa de Sonserina!
Aquela palavras de Mitch caíram como uma bomba em todos. Pela primeira vez todos pensaram nas conseqüências daquela atitude:
- Você tem razão, Mitch! - disse Rony - Se fosse assim, era mais fácil o Ministério da Magia exterminar os moradores da Travessa do Tranco.
- Ou então, todos os descendentes dos Malfoy! - disse Harry.
- E todos nós sabemos que isso é loucura! Pura e simples! - completou Mione.
- Entenderam? Essa é a verdade! Eu tinha uma visão desse tipo até entrar em Hogwarts. Eu queria ser bruxo para detonar todos os protestantes de Belfast. Mas com o passar do tempo, fui vendo que esse tipo de radicalismo só tende a degenerar para um conflito de escala, proporção e motivação absurda.
- Mas e como você controlaria os objetos tecnomânticos, Mitch? - desafiou Mione.
- Acho que o sr. Weasley já deu a idéia básica: como no caso dos animagos, seria a exigência de um registro de todos os objetos e dos próprios tecnomantes. Claro que isso não seria simples, mas é mais sensato que a proibição pura e simples. Aliás, o sr. Weasley é um cara muito sensato...
- Sei, o mesmo que mandou seus pais para a morte. - disse Mione.
- Mione! - disse Rony, bravo - Papai não sabia o que ia acontecer, tá legal?
- O Rony tem razão, Mione. - disse Mitch. - Não culpo o pai dele pelo que aconteceu. Ninguém sabia que iria acontecer o que aconteceu. Acho que culpar Rony ou o pai dele pelo que aconteceu é tolice!
Depois daquilo, Rony e Mitch voltaram a jogar xadrez, enquanto Mione tentava puxar assunto com Nathan para saber mais sobre a tecnomancia: gostava ela ou não da idéia, tinha encontrado alguém melhor que ela em alguma coisa. Coisa que simplesmente a deixava mordida.
Alguns minutos depois chegou a tão esperada hora do almoço de Natal. Naquele ano, como tinha menos gente em todas as casas, foram usadas mesas menores, que davam para seis ou oito pessoas sentarem-se juntas. Além disso, apenas alguns alunos de outras escolas, como Nakuru Hiiragisawa e Gustavo Freire, aceitaram o convite para ir almoçar em Hogwarts: os demais, por um motivo ou por outro, preferiam almoçar em seus próprios acampamentos.
Mitch reservou uma mesinha para ele, Enya, Cedric, Helen, Carlos e Erika. Foi quando Nathan se aproximou:
- Posso sentar? Parece que todas as outras mesas estão ocupadas! - disse Nathan.
- Tudo OK! Senta aí! - disse Enya.
Ainda havia uma cadeira vaga. Rony, Mione e Harry pareciam conversar animadamente com Doris Struve e Alanis Ahern de Lufa-Lufa e com Nakuru Hiiragisawa. Foi quando Gustavo se aproximou e pediu para sentar junto com os setes, completando oito.
- Mas diz uma coisa, Nathan? Tecnomancia é opcional... - ia dizendo Helen, que viu todo o rolo do computador, quando foi cortada por alguém.
- Então, temos um tecnomante em Grifinória... - disse uma voz arrastada por trás de Mitch.
Mitch virou-se e observou o professor Snape, com um olhar que não o agradava. Próximo à ele, vinha chegando o professor Dumbledore.
- Ora, ora, sr. Higgenbotham, porque não nos explicou que tinha objetos tecnomantes? - disse Snape, com um sorriso de satisfação que tinha só um significado para Mitch: problema.
- Mas professor, eu imaginei que...
- Sr. Higgenbotham, Hogwarts preza-se por ensinar o que há de melhor nas artes mágicas, mas vejo que o senhor despreza esse conhecimento, preferindo as artes baixas dos americanos de Salém...
- Ora, professor Snape, acho que não é motivo para tanto... - Dumbledore cortou Snape.
- Professor Dumbledore, o senhor sabe dos riscos da tecnomancia se voltar contra nós, principalmente se trouxas utilizarem câmeras e outros artefatos encantados para mostrar o que normalmente apenas bruxos poderiam enxergar...
- Professor Snape, devo dizer que o senhor está ficando paranóico... A tecnomancia não é maligna. Experimental, talvez. Arriscada, quem sabe. Temerária, podemos até dizer. Mas não maligna. As artes da tecnomancia ainda são pouco desenvolvidas aqui na Inglaterra por uma série de restrições, mas acho que é exagerado o que fazem. Bem, acho que o senhor não tem mais o que dizer aqui aos senhores, então vamos deixá-los continuar seu almoço, que imagino deve estar ótimo.
Snape afastou-se da mesa, com chamas nos olhos que diziam para Mitch que ele não iria sossegar enquanto não conseguisse ferrar Higgenbotham. Mas algo chamou a atenção de Mitch: parecia que Nathan era mais maduro que eles, maduro demais para um aluno normal do segundo ano como eles. Nathan parecia até mais maduro que ele próprio, que era mais maduro que a maioria, por ser uma espécie de "líder" dos alunos de segundo ano. Mitch já tinha percebido isso antes, mas não resolvera abrir o jogo, mas naquele momento ele decidiu que a hora de por os pingos nos is tinha chegado:
- Confessa a verdade, Jonathan Higgenbotham! - disse Mitch - Você não estava no segundo ano no Instituto de Bruxaria de Salém!
A sinceridade de Mitch impressionou Nathan, mas o sorriso em sua face denunciara que Mitch matara a charada:
- Tudo bem! Acho que vou abrir o jogo, apesar de ter sido orientado para não fazer isso. Eu realmente era do quarto ano do Instituto, apesar de ter 12 anos como vocês. - disse Nathan.
- Mas como isso? - disse Erika.
- Eu já imaginava. - respondeu Helen.
- O que? - perguntou Cedric.
- Algumas escolas têm grades curriculares diferentes e idades de entrada diferenciadas. Por exemplo, o Insitituto de Bruxaria de Salém. Se eu estou certa, sei até porque você foi "recuado" dois anos: Transformações e Poções.
- Está certa! - disse Nathan.
- Mas, apesar disso, você aprendeu Feitiços no nível de um aluno de quinto ano, estou certa?
- Sim.
- E, para confirmar minha suspeita, Tecnomancia não é uma matéria opcional escolhida após o 2º ano.
- Isso mesmo: Tecnomancia é obrigatória para todos os alunos do Instituto de Bruxaria.
- Mas como você sabe tudo isso, Helen? - disse Mitch.
- Simples: li no livro Escolas de Magia de Todo o Mundo e seus Preceitos Educacionais, de Aileen Pops. Lá mencionava várias escolas de magia de todo o mundo e como suas grades curriculares mudavam em relação à grade de Hogwarts, considerada padrão. Por exemplo, - disse Helen, virando-se para Gustavo - você tá tendo dificuldade em Feitiços e História da Magia porque a grade do Liceu é atrasada em relação a de Hogwarts. E também por causa disso é que você vem se saindo tão bem em Herbologia e Defesa contra a Arte das Trevas: sua grade era avançada nessas matérias.
- S-s-sim! - disse Gustavo - Mas como...
- O livro dava a grade das várias escolas, inclusive sei que no Liceu Trato de Criaturas Mágicas não é opcional, e que vocês tem uma matéria opcional chamada Magia Cultual, que lida com as emissões mágicas que são resultado de cultos religiosos. E na Academia Arcana, Combate Mágico e Defesa contra as Artes das Trevas são matérias avançadas, em detrimento de Herbologia e Poções. Por isso a Nakuru está tendo tanto problema na aula do Snape. Mas em compensação, eles tem uma matéria chamada "Amuletos", que permite a eles criarem pequenos amuletos que atuam como "magias de um tiro só".
- Puxa! Esse livro deve ser bom mesmo, Helen. - disse Enya, que queria ser professora de magia - Aonde encontro ele?
- Na biblioteca tem. - disse Mitch, lembrando-se das várias detenções que cumprira na biblioteca.
- Depois eu vou buscar. - disse Enya.
- Essa menina vai acabar saindo-se outra Mione! - disse Erika, rindo.
- Não joga azaração nela, Erika! - brincou Cedric.
- Não vejo nada de errado em ela pegar os pontos bons da Mione! - disse Carlos.
Todos riram e continuaram conversando e comendo os maravilhosos doces que eram tradição natalina em Hogwarts. Isso até que Nathan pegou uma bomba de bruxo e não conseguia fazê-la abrir:
- Mas... que... droga! - disse Nathan.
- Deixa que eu ajudo. - disse Mitch.
Mesmo os dois juntos, não deram conta:
- O... que... esse... treco... tem? - disse Mitch.
Então foi a vez de Erika ir ajudar. Depois Carlos. Helen seguiu-se. Enya e Cedric foram então ajudar, junto com Gustavo.
Eles puxaram o cordão juntos (Mitch tinha usado o Feitiço do Ingurgitamento para fazer o cordão crescer), até que o cordão cedeu, com um estrondo com o barulho de mil berradores que explodiu na cara deles, fazendo todos caírem de costas no chão:
- Mas o que?... - disse Mitch, enquanto sobre sua cabeça caia um capacete de uma armadura medieval japonesa. A armadura que a completara caíra ao seu lado.
- Caramba! Tá chovendo presentes! - disse Erika, erguendo o chapéu viking que caíra à sua cabeça.
Caixas e caixas de pedras de xadrez de bruxo e de baralhos de Snap explosivo, kits para plantar ervas e montar vassouras miniatura caíram no chão, junto com quebra-cabeças bruxos (igual aos trouxas, mas as imagens mexiam-se e as peças mudavam de forma após cada montagem), mostradores (semelhantes às TVs dos trouxas, mas só sintonizavam canais bruxos) e outros brinquedos e objetos que caiam sem parar. Parecia que tinha caído brindes para a Hogwarts inteira!
Dumbledore explodiu às gargalhadas, junto com Flitwick e Hagrid. Snape e Filch não pareciam muito contentes. Os demais até queriam rir, mas professoras como McGonagall e Hooch tentavam se conter, embora nem mesmo elas conseguissem conter mesmo que um leve sorriso.
- Até que enfim alguém achou a bomba-surpresa desse ano! - disse Dumbledore, rindo, enquanto a chuva de brindes, como fantasias de todos os tipos de monstros, bibilhoscópios de bolsos e livros de todos os tipos continuavam a chover sobre as cabeças dos alunos ali presentes. - Alunos, podem vir pegar o que quiserem.
Foi uma verdadeira festa para todos os alunos presentes na sala. Mesmo alunos veteranos como Harry, Mione e Rony entraram na farra. Cada um encheu os bolsos com tudo em que podiam por as mãos. As gargalhadas e risos tomavam conta de toda a Hogwarts, ao ponto de mesmo professores mais sérios, como McGonagall e Hooch não conseguirem ignorar as risadas vivas e calorosa daqueles jovens, por mais que tentassem parecer sérios e responsáveis.
No meio daquilo tudo, Mitch bateu o olho em três livros. Um era verde-esmeralda, com capa de veludo, chamado Tecnomancia: Combinando o melhor dos Dois Mundos, por Ritsuko Ayanami, uma japonesa mestra na Tecnomancia.
O outro era Bardos Verdadeiros da Antiga Irlanda, de Loreena Dan Dammantraí. Parecia ser algo bem interessante, em seu volume pesado com capa de couro duro e denso, enfeitado por desenhos tribais celtas.
O último, emoldurado em uma capa pesada de algum tipo de papel laminado, com hieróglifos e desenhos do Antigo Egito, chamava-se Estudos e Análises sobre a Antiga Bruxaria do Egito do Tempo dos Faraós. Foi escrito por um tal Ibsen Al-Ahman Abd-Allah. Esse chamou a atenção de Mitch por causa de ser algo do Antigo Egito e poderia esclarecer o que Mitch queria saber desde a morte de seus pais. Claro que ele pegou esse livro.
Mitch também pegou muitas outras coisas. A armadura medieval era pesada, mas usando o Feitiço de Levitação, ele poderia a levar com facilidade. Todos estavam se divertindo, pegando os quilos de brindes espalhados por todo o chão de Hogwarts. Claro que houve brincadeiras. Os gêmeos Weasley começaram a explodir todos os Fogos Filibusteiros que pegavam e faziam a maior algazarra.
Aquela festa toda chamou a atenção dos alunos das outras escolas, que acabaram aceitando o convite para uma festa geral por parte dos alunos de Hogwarts. Mitch conhecera alguns dos ex-amigos da Catskill de Nathan. Além disso, conheceu amigos do Clã do Leão de Nakuru Hiiragisawa (a Academia Imperial era dividida em sete Clãs: Garça, Leão, Caranguejo, Dragão, Escorpião, Águia e Panda) e da República dos Sete Ventos do Liceu, aonde Gustavo estudava (na verdade, o Liceu era dividido em Repúblicas apenas de forma não-oficial. Elas eram: Sete Ventos, Três Marias, Cruzeiro do Sul, Cruz de Malta, Farroupilha, Anaconda e Vera Cruz). As escolas reuniram-se e divertiram-se, com algumas exceções, como os alunos da Irmandade de Gilgul que ficavam quietos em seu canto, apenas servindo-se de cerveja amanteigada. Claro que isso intimidou a todos. Mitch foi quem se aproximou:
- Ei, vêm, a festa está ótima! - disse Mitch.
- Não nos misturamos com tipos esquisitos como vocês! - disse Allen Schezar, um bruxo de sangue-puro, do sétimo ano do Instituto, em tom de provocação.
- Bem, acho que você quer decidir isso de uma forma diferente, não é? - disse Mitch, sacando qual era a dele.
- Está me desafiando, fedelho? - disse o jovem de 15 anos.
- Se a carapuça serviu... Não sei se te avisaram, mas não se desafia um irlandês. - disse Mitch que, apesar de mais novo, não era muito mais baixo que o loiro Allen Schezar.
- E o que vai estar valendo, fedelho? - disse Allen, provocante.
- Basicamente tudo, tirando as Maldições Imperdoáveis.
- OK, mas você vai se arrepender amargamente disso.
Claro que toda a Hogwarts parou, quando Mitch esclareceu:
- Duelo por Honra. Allen Schezar desafiou a Honra minha e de todos os alunos de Hogwarts! Eu peço Satisfação por isso! O duelo será aqui e agora, tendo como armas todos os recursos que os contendores possuírem, exceto as Maldições Imperdoáveis, até a derrota de um dos contendores!
Allen então disse:
- Chamo o diretor Willows como padrinho!
O diretor Willows aproximou-se, ar arrogante nos olhos.
- Eu chamo como padrinho Alvo Dumbledore! - disse Mitch.
Dumbledore aproximou-se, e chamou rapidamente de lado Mitch:
- Sr. McGregor, o que você...
- Eles são de Gilgul, a Irmandade do Lobo. Se não mostrar para eles que os alunos de Hogwarts podem ser tão ou mais fortes que eles, eles não irão nos respeitar e não vão se integrar conosco.
- Tudo bem, mas espero que você saiba o que está fazendo, Mitch.
- Não se preocupe. Acho que vamos conseguir quebrar o clima ruim do pessoal da Gilgul, nem que eles tenham que quebrar meu pescoço para isso.
O círculo estava fechado. Faltava porém o juiz:
- Quem será o juiz, fedelho abusado? - disse Allen, provocando Mitch.
- Escolho como juíza Nakuru Hiiragizawa. - disse Mitch, respondendo.
Nakuru aproximou-se e disse:
- Senhores, varinhas em posição.
Mitch observou a varinha de Allen: 30 cm, álamo. Ele desconhecia o cerne, mas pelo estilo de Allen, acreditava ser penas de hipogrifo ou coração de dragão. Ele próprio sacou a sua.
- Senhores, saudação!
Mitch observou que Allen parecia não querer olhar para ele. Não por medo, mas sim por arrogância. Porém, Mitch sabia como acabar com aquilo. "Aquele que conhece a si mesmo e a seu adversário, se lutar 100 batalhas, sairá vitorioso das 100 batalhas." 5, pensou Mitch, relembrando a Frase do General6 trouxa.
E Mitch estava disposto a comprovar a teoria.
- Senhores, no três... UM... DOIS... TRÊS!
Quando Nakuru terminou de dizer, Allen ia dizendo:
- Expelliarmus!
Mitch, porém tinha completado o feitiço:
- Acceleratis!
Acelerando sua velocidade e saindo do raio de alcance do Feitiço de Desarmamento, aproveitou os segundos de tempo extra que tinha para, sem utilizar a varinha, desarmar Allen, com um chute lateral. Em seguida, encaixou uma combinação chute-joelho-cotovelo no peito de Allen que o fez cair no chão, impressionado e assustado com a ferocidade do ataque:
- Desiste? - disse Mitch, apontando a varinha para Allen.
- Nunca! - disse Allen.
- Accio varinha! - disse Mitch, apontando a varinha para a varinha de Allen.
A varinha de Allen foi até as mãos de Mitch que a entregou para Allen. Ele estava assustado, quando tentou:
- Tantarallegra!
Mitch esquivou-se. Em seguida ele tentou:
- Rictusempra!
Mas Mitch esquivara-se novamente. Foi então que Mitch disse:
- Expelliarmus!
A varinha de Allen voou a uma distância inigualável, quase saindo do Salão Principal de Hogwarts.
- Desiste? - disse Mitch, oferecendo a mão para Allen.
- Desisto! - disse Allen, apertando a mão de Mitch.
O Salão explodiu em palmas, quando Mitch conseguiu trazer a Irmandade de Gilgul para junto de todos naquela festa. E Mitch fizera-o provando sua força, e com ela a de todos os alunos de Hogwarts.
