Capítulo 16: A despedida e o duelo do sangue
Claro que os últimos dias das outras escolas em Hogwarts foram melhores que todo o tempo em que ficaram juntos. Até mesmo os alunos da Irmandade de Gilgul estavam mais agradáveis do que eram quando chegaram.
Mas também era claro que esses alunos deveriam ir embora algum dia: eles tinham deixado suas escolas e suas famílias em lugares longínquos, e precisavam retornar. Então, no dia do Ano Novo, as aulas foram suspensas para que todos arrumassem-se para o baile que aconteceria naquela noite e viraria a noite e o ano.
Mitch então tomara antes um bom banho, passando um pente nos longos cabelos ruivos e fazendo uma bela trança celta em seu cabelo. Pegara então o porta varinha e o colocara discretamente por baixo do antebraço direito, a espada também discretamente colocada em suas costas. Depois vestiu a veste verde-esmeralda e a capa de cor encarnada, com o brasão McGregor. Pensou em acessórios e decidiu por a bandana verde-esmeralda que ganhara de Enya no Natal e uma pulseira de cobre no formato de uma torca (uma espécie de trança celta), que ganhara na bomba-surpresa de Natal:
- Vou sentir falta desse pessoal. - disse Mitch.
- Alguns vão ficar, como eu! - disse Nathan, vestindo uma espécie de terno formal, mas com o brasão de Hogwarts.
- Quem vocês vão levar para o Baile? - disse Dennis.
- Eu vou com a Erika. E você Mitch? - disse Carlos, completamente bobo de paixão.
- A Helen vai comigo! Dennis?
- Acho que vou com a Diana. Ela é muito legal e quis que eu fosse com ela. Tim?
- Olivia Gibbs, claro! E você, Nathan?
- A Nakuru Hiiragizawa combinou comigo, e acho que ela é bem legal. - disse Nathan.
- Beleza, então não vamos ter ninguém segurando vela esse ano! - disse Dennis, para explosão de risos.
Mitch ia descendo as escadas para o Salão Comunal quando ouviu os berros:
- NÃO, NÃO, NÃO E NÃO! DEFINITIVAMENTE NÃO, HARRY! - dizia a voz de Rony.
Mitch correu até o quarto aonde estava escrito "Alunos do quarto ano", aonde ouviu Harry dizer:
- Mas, Rony, o baile é em traje de gala.
- Harry, se você acha que vou vestir essa coisa ridícula, pode esperar SENTADO! - berrou Rony.
- Posso saber o que está acontecendo? - disse Mitch, entrando no quarto.
- É que... - ia dizendo Neville Longbottom, quando Rony o cortou.
- Se você abrir a boca para contar para ele o que está acontecendo, eu te viro do avesso, Neville!
- Então porque você mesmo não conta, Rony? - disse Mitch.
- É que querem que eu ponha essa... essa... essa... essa... isso! - disse Rony, arremessando contra Mitch um volume marrom.
Mitch viu uma veste de gala que parecia um vestido marrom com babados e franjas:
- Mamãe comprou essa coisa para eu usar hoje, droga! Mas isso aí parece ter sido feito para a Gina, não para mim. - disse Rony, amuado - Se o Malfoy me ver vestindo essa coisa, eu vou morrer de vergonha.
- Rony... - ia dizendo Mitch, quando teve uma idéia - Posso pegar isso um pouquinho?
- O que você pretende, Mitch?
- Você vai saber logo, Rony!
- Tá bem, Mitch, mas vê se não demora a resolver isso, senão eu estarei enrolado!
Tudo bem.
Mitch pegou a veste e correu até a ala das meninas. Aproximou-se de uma porta aonde estava escrito "Alunas do Primeiro Ano" e bateu com calma, aguardando fora. Uma garota mirradinha, cabelos loiro-água e olhos verdes atendeu:
- Ah! Oi, Mitch! Precisa falar com a Enya? - disse Morgana Stephens, reconhecendo o técnico do quadribol júnior de Grifinória.
- Sim! Eu gostaria de saber se você podia chamar a Enya para mim.
- Claro, Mitch! É algo urgente? É sobre...
- Não, não é nada sobre o Cedric. Na verdade, é um outro assunto...
- Tudo bem. Só um minuto...
Logo depois, Enya apareceu, já em seu traje de gala rosa, que também ostentava o brasão McGregor. Os cabelos estavam presos por uma guirlanda de flores que lembraram a Mitch o sonho que ele teve quando desacordou após salvar Nathan Higgenbotham. "Será..." pensou Mitch. Pensamento que ele não concluiu pois sua irmã o chamou de volta à terra:
- Ei, Mitch...
- Ahn... Ah, Enya! Você pode me fazer um favor?
- O que?
- Eu sei que você sabe costurar, e o Rony recebeu essa veste de gala e não gostou do estilo. Acho que são os babados, que são muito... digamos... esquisitos para ele... Você consegue dar um jeito nisso rápido?
Mitch entregou a veste de gala de Rony para Enya. Ela então olhou e disse:
- Bem, não sei o que posso fazer, mas vou dar um jeito nessa veste, nem que eu tenha que recortar ela inteirinha. - disse Enya.
- Só não vai estragar! Dá para fazer isso em uns 15 minutos? - disse Mitch.
- Acho que dá! A Morgana e a Anastasia me ensinaram algumas mágicas para costura, acho que consigo fazer isso sem problemas...
- OK! Eu vou aguardar você no meu quarto, sabe aonde é, não?
- Certinho!
Mitch retornou ao seu quarto, que estava vazio, exceto por Nathan, que ainda não terminara de vestir o fraque azul marinho, com o brasão da Grifinória, que tinha comprado para si.
- Droga... de... gravata! - disse Nathan.
- Deixa que eu ajudo você. - disse Mitch, terminando de amarrar a gravata para Nathan.
Logo depois de Mitch terminar com a gravata de Nathan, Enya voltou com a veste de gala de Rony, mas parecia nova: a cor ainda cor-de-tijolo, mas Enya tinha refeito os babados e rendas para ficarem na forma de fitas prateadas com detalhes verde-bandeira em estilo celta, costuradas nos lugares aonde pendiam soltas. Uma faixa prateada também estava colocada, cinzindo a cintura da veste.
- Acho que ficou muito bom, Enya! - disse Mitch. - Agora você dá licença que eu vou entregar isso ao Rony.
- OK! - disse Enya, enquanto ela ia encontrar-se com Boris no Salão Comunal.
Mitch foi ao quarto dos alunos do quarto ano, aonde apenas Rony ainda não estava vestido:
- Droga, cadê as minhas vestes? - disse Rony, preocupado.
- Aqui estão. - disse Mitch.
Rony observou os detalhes em prata na veste nos lugares aonde antes pendiam babadinhos cor-de-rosa:
- Caracas! Ficou simplesmente IRADO! - disse Rony, contente - Valeu!
- Não me agradeça, Rony! Agradeça à Enya, minha irmã. Ela é que deu um jeito na sua veste. - disse Mitch.
Rony ficou observando-se no espelho. As roupas pareciam ter sido ajustadas perfeitamente para Rony, o que delineava o seu físico mais alto e magro que o dos gêmeos.
- E aí? Vocês vão ficar aí? Quem vai com quem? - disse Mitch.
- O Dino e o Simas não conseguiram pares. O Neville vai com a Gina, eu vou com a Parvati e o Rony com a Mione! - disse Harry.
- A Mione era a melhor coisa no momento...
- Ah, engana outro! - disse Mitch - Nem preciso do Sangue Auror para saber que você tá amarradaço na Mione.
- E você com a Erika? - disse Rony, despeitado.
- A Erika é uma boa amiga, ponto. E é namorada do Carlos. E como ele diz, "Mulher de aliado meu eu considero homem!". Mas se você tivesse falado da Helen... realmente, estou doidão na Helen. - confessou Mitch, enquanto descia para encontrar Helen no Salão Comunal.
Helen vestia a bela veste rosa que tinha comprado na Madame Malkin, ainda com os muitos babados e flores que eram marca de sua veste. Mitch gostava demais daquele look "fadinha" de Helen. Para auxiliar um pouco mais, o cabelo de Helen estava mais encaracolado do que nunca. E realmente, os cabelos em cachinhos de Helen era uma das coisas que Mitch mais achava maravilhosa naquela pequena mulher.
Os dois desceram. Eram provavelmente os segundo-anistas mais belos de Hogwarts. Eles entraram no Salão Comunal e foram direto para sua mesa, aonde também sentariam Nathan Higgenbotham e Nakuru Hiiragizawa. Enya e Cedric sentariam com seus pares, os gêmeos Boris e Anastasia Kievchenko em uma mesa à parte. Isso foi muito bom, pois Mitch queria conversar com Nakuru e Nathan:
- Nathan, nós já sabemos que você vai ficar em Hogwarts, na Grifinória...
- Sim.
- Mas e você, Nakuru? Você...
- Bem, - disse Nakuru, que estava vestida em um belo kimono amarelo estampado com sakura (Flores de cerejeira) brancas com uma faixa de cor branco-azulada, o cabelo preso por um coque e dois pauzinhos (rashi, o mesmo que os japoneses usam para comer) - eu fiz os testes, e hoje serão anunciados os alunos do Intercâmbio. Parece que cada escola vai deixar 4 alunos, que serão selecionados hoje também para as Casa de Hogwarts. Eu também soube que tem alunos que estarão deixando Hogwarts para estudarem nas nossas escolas. Eu espero que eu consiga ser uma das escolhidas para estudar aqui em Hogwarts.
- Só tem um jeito de descobrir.
O jantar começou de forma diferente. Cada um pedia, de um cardápio, aquilo que quisessem comer. Mitch escolheu um bom prato de cozido de coelho irlandês com molho de vinho e batatas. Nathan escolhera uma bela macarronada com molho quatro queijos (como Mitch descobriu, apesar de seu sobrenome ser celta, Nathan também tinha parentes italianos). Helen optou por um bom prato de carne de cervo cozida ao molho madeira. Nakuru, mais tradicionalista, optou por um yakissoba (macarrão com carne e legumes) com missôshiro (sopa de missô, uma pasta derivada de soja) e um sashimi de camarão e peixes com bastante shoyu (molho de soja).
- Está muito bom o jantar, não está, pessoal?
- Está demais! - disse Nathan.
- Eu estou pegando leve para manter a forma. - disse Helen.
- Você não precisa, você está ótima! - disse Nakuru.
- O professor Dumbledore vai falar alguma coisa. - disse Mitch, cortando o papo.
Dumbledore levantou, em suas esplendorosas vestes formais, e tomou um pequeno pergaminho:
- Senhoras e Senhores, devo dizer aos alunos do Liceu Brasileiro de Magia, do Instituto Americano de Bruxaria de Salém e da Academia Imperial de Artes Arcanas, do Japão, que foi uma honra, um privilégio e uma alegria recebê-los nos seios do solo de Hogwarts. Gostaria de dizer que as portas sempre estarão abertas para todos vocês quando vocês quiserem vir fazer uma visita ou estudar conosco. E antes de dar continuidade ao baile de ano-novo, gostaria que todos fizéssemos um brinde aos jovens dessas escolas, desejando-lhes, como vi certa vez em uma televisão trouxa, "paz e vida longa"!
Enquanto oferecia o brinde, Mitch ouviu Nathan e alguns alunos do Instituto de Americano de Bruxaria respondendo a Dumbledore com "vida longa e próspera"!
"Continuando, alguns alunos ficarão aqui a pedido voluntário. Todos foram submetidos a testes para ver em que ano se encaixariam. Foram abertas 4 vagas para cada escola, ou seja, cada escola deixará aqui quatro alunos."
"Aos alunos que fizeram o teste: caso ouçam seu nome, venham até o centro, aonde serão selecionados para as Casas das quais farão parte em Hogwarts. Aos que o nome não for citado, desejo boa-sorte no retorno às suas escolas!"
Dumbledore observou a lista dos alunos e começou a anunciar:
- Pelo Instituto de Bruxaria de Salém... Derek Barrett!
Um jovem de tamanho mais ou menos equivalente ao de Mitch foi para o centro do salão, aonde já o esperava o Chapéu Seletor. Colocando-o na cabeça, alguns segundos passaram até que Barrett foi mandado para:
- 3º Ano de Corvinal!
Mitch viu vários alunos da Corvinal, entre eles seu amigo Teo Fiorucci, aplaudirem o garoto de cabelos morenos como a terra e olhos de mesma cor, enquanto esse retornava para sua mesa.
- Pelo Liceu Brasileiro de Magia... Gustavo Freire!
- EU? - disse Gustavo explodindo na mesa ao lado da de Mitch, aonde sentavam-se Erika, Carlos e uma garota do Liceu chamada Pamela.
- Vai lá, cara! - disse Mitch - É só colocar o chapéu na cabeça e boa.
Gustavo sentou-se no banquinho. Sendo muito alto, achou incomodo sentar-se em um banquinho mais baixo que ele. O chapéu foi colocado pela professora McGonagall que, como de costume, fazia as honras da casa.
Nem dois segundos passaram-se para que Gustavo fosse selecionado para:
- Grifinória! 2º Ano!
Gustavo voltou alegre demais:
- YESS! Eu vou estudar com você, Mitch! - disse Gustavo, passando pela mesa de Mitch.
- E com o Carlos! - disse Mitch, sabendo que Gustavo e Carlos eram amigos de infância.
- Pelo Instituto de Bruxaria de Salém, Felicia Heydt.
- O que, a Felicia vai estudar aqui?
- O que tem essa Felicia?
- Ela é a mina mais inteligente de Salém! Seja a casa que ficar com ela, vai ganhar pontos a rodo! E Hermione pode se preparar para comprar uma aliada, ou inimiga para o resto da vida. Além disso, ela era da Irmandade Galleus é a melhor tecnomante que já vi. Em segundos pode deixar um notebook ou até mesmo um supercomputador operacional dentro de áreas mágicas! Muitos dizem que ela pode ser promissora nessa área nova da magia. - dizia Nathan, enquanto uma jovem de cabelos morenos e pele branca, com um corpo bastante compacto aparentemente de descendência eslava, colocava o Chapéu Seletor.
- Corvinal! 5º Ano! - dizia o Chapéu Seletor.
- A Mione está enrolada esse ano! - disse Helen. - Encontrou uma oponente à altura!
- Como ela entrou no quinto ano? Ela estava no quinto em Salém! - perguntou Nathan.
- Talvez ela tenha conseguido correr atrás do prejuízo ou então tinha matérias optativas que a jogaram para o quinto ano. - disse Helen.
- Ah! - disse Nathan, enquanto Dumbledore anunciava o próximo aluno.
- Pela Academia Imperial de Artes Arcanas, Daisuke Katsuragi!
Um estranho japonês baixo e mirrado, lembrando bastante Neville Longbottom, foi na direção do chapéu. Mitch ficou pensando que o garoto iria para o 1º ano, mas ele ficou calado quando o chapéu em sua cabeça lhe calou a boca:
- Grifinória! 6º Ano!
- Como? - disse Mitch.
- Katsuragi é muito bom em Poções e Herbologia. Mas recuou um ano. Se fosse tudo que diziam, ele se formaria em Hogwarts! - disse Nakuru. - Também, o que podia esperar-se de um traiçoeiro filho do Escorpião? O que me impressiona foi ele ter sido selecionado para a Grifinória!
- Pela Academia Imperial de Artes Arcanas, Toji Matsuki!
Esse era bem diferente de Daisuke: mais alto e muito mais gordo que Daisuke, lembrava a Mitch um sumotori, um lutador de sumô trouxa. Nakuru suspirou de admiração:
- Esse cara é o aluno mais popular da Academia. - disse Nakuru.
- O que? Essa jamanta? - disse Nathan.
- Nathan! Ele é um sumotori, e dos bons! Chegou à final no último campeonato de Sumô Bruxo, e só não venceu o Yokozuna porque se descuidou em um golpe que ele encaixou e acabou sendo derrubado! Mas ele também é um ótimo aluno e é do Clã do Panda, o mais confiável de todos os Clãs. Mas em que casa será que o Toji vai cair?
A resposta seguiu-se poucos segundos depois. Para garantir que a cadeira não seria destruída, o próprio Toji, sempre com um simpático sorriso no rosto, apanhou das mãos da Professora McGonagall o Chapéu Seletor e o colocou na cabeça:
- Lufa-Lufa! 4º Ano!
Agora selecionaremos os três últimos alunos do Liceu Brasileiro de Magia... Jefferson Andrade... Pamela Andrade e Emerson Docal.
Os três foram juntos até perto do Chapéu Seletor para serem selecionados. Primeiro foi o garoto negro e alto, mais alto que Mitch, para ser selecionado:
- Lufa-Lufa! 5º Ano!
A jovem negra e mais baixa, irmã de Jefferson Andrade, foi selecionada logo em seguida para:
- 3º Ano de Corvinal!
O jovem branco que lembrava um pouco Draco Malfoy recebeu o Chapéu Seletor, tendo sido selecionado para o:
- 2º Ano de Sonserina!
Todos estavam estupefatos que alguém do Liceu tivesse ido para Sonserina, mas Mitch parecia tranqüilo:
- Mitch, o que... - disse Nakuru.
- Lembre-se Nakuru, não deixe as aparências lhe enganar. - disse Mitch.
Depois Dumbledore ergueu-se para dizer:
- Vamos agora para a seleção dos dois alunos restantes da Academia Imperial de Artes Arcanas: Kensuke Tamiya...
Um jovem japonês, de cabelos meio punks, pintados de azul e repicados no topo, com um tribal tatuado no pescoço, dirigiu-se até aonde estava o Chapéu Seletor e sentou-se. O Chapéu então o selecionou para o:
- 2º Ano de Lufa-Lufa!
O jovem foi até uma mesa, aonde estava batendo um papo, no mínimo, animado com Sally Wittlesbach, sua agora companheira de casa da Lufa-Lufa.
- E terminamos a seleção dos alunos da Academia Imperial com a jovem Nakuru Hiiragisawa!
A mesa de Mitch explodiu em aplausos:
- Nakuru! Vai lá! - disse Mitch.
Nakuru foi lentamente andando até aonde o Chapéu estava. Sentou-se, e parecia estar tremendo de medo e excitação enquanto o chapéu lhe era colocado na cabeça. Alguns segundos depois, o Chapéu deu a resposta que Mitch e seus amigos esperavam:
- Grifinória! 2º Ano!
Nakuru voltou contentíssima, como se tivesse sido agraciada com a maior honraria do mundo. Todos estavam contentes, mas Dumbledore cortou a comemoração dizendo:
- Falta os dois alunos restantes do Instituto de Bruxaria de Salém. Kelly Gallagher...
Uma garota mais ou menos em estilo McGregor, que Mitch reconheceu ter descendência escocesa. Ela colocou o chapéu seletor sobre seus cabelos ruivo-trigo como os de Rony Weasley e o chapéu soltou logo sua resposta:
- 5º Ano de Corvinal!
Os aplausos da Corvinal correram soltos pelo salão. Depois foi a vez de Dumbledore anunciar algo que, Mitch sabia, era só uma formalidade:
- E, para encerrar, Jonathan Higgenbotham!
- O tecnomante! - disse Malfoy, em risinhos, com Galahad Starshooter e suas "companheiras", Helena Adison e Pansy Pankinson, duas "mulheres" que eram, como diria Carlos, "mais feias que briga de foice no escuro".
Mitch ignorou os comentários de Malfoy (para sorte de Malfoy, porque senão, Mitch provavelmente teria arrancado suas tripas e feito Ração para Trasgos com elas), e prestou atenção enquanto Nathan Higgenbotham era formalizado como um Grifinório do Segundo Ano.
Então, as mesas pequenas desapareceram, e as quatro grandes mesas das casas ressurgiram do chão, encostadas nas paredes e abarrotadas de todos os tipos de comidas e bebidas, até mesmo dos refrigerantes que os jovens do Instituto de Salém tanto amavam. Rony parecia particularmente interessando naquelas latas:
- Que... porcaria! - disse Rony, enquanto lutava para abrir uma lata de Coca-Cola. - Essa... coisa... não... abre!
Uma banda tocava uma música festivamente formal. Muitos foram dançar, enquanto outros tantos preferiram encher a barriga e conversar.
- Deixa que eu te mostro como abre... - disse Mione, tentando ajudar Rony. Mione estava exuberante. Tinha alisado os cabelos lanzudos com a ajuda de algumas amigas que fizera no Liceu, entre elas Pamela Andrade, e vestia uma veste de gala azul com brilhos. Ela era quase tão bela quanto Helen... "Apenas quase!", pensou Mitch.
- Eu não preciso, Mione! - disse Rony. Rony na verdade não queria admitir, mas como quase todos os bruxos de sangue puro, tinha dificuldade para lidar com coisas dos trouxas. A salvação dele foi que Nathan aproximou-se e pegou uma lata de Coca-Cola. Abriu com uma naturalidade tão grande que Rony simplesmente teve que imitar o que ele viu Nathan fazer e conseguiu abrir o refrigerante.
- Ahh... Perfeita! Esses elfos domésticos são bons mesmos. - disse Nathan - A Coca-Cola tá no ponto: nem muito gelada e nem muito quente.
- Então, parece que nosso amigo tecnomante gosta de bebidas dos trouxas. Deve ser realmente algo que combine com seu sangue sujo! - a voz de Draco Malfoy se arrastou, junto com seu dono, para próximo deles.
Mitch rapidamente sacou sua varinha, enquanto muitos grifinórios e os alunos da Catskill, Irmandade de Nathan Higgenbotham no Instituto de Bruxaria de Salém, aproximavam-se para encarar o detestável Malfoy. Claro que Mitch sabia o que Draco havia querido dizer: "Sangue sujo" é apenas outra forma de dizer-se "Sangue ruim".
- Escuta aqui, Malfoy! - disse Thomas Adinorack, do 7º Ano do Instituto de Salém - Ninguém acusa um dos nossos e fica impune, ainda mais em uma acusação sem sentido como a que você acaba de fazer!
- Como? - Malfoy parecia levemente assustado. Nathan estava furioso, e o jeito como pressionara a lata com a mão foi enfático para isso.
- Ora, Malfoy! Eu não sabia que você imaginava que eu fosse alguém com sangue comum. - disse Nathan, utilizando um termo normal para dizer que alguém tinha sangue de pais trouxas. - Bem, minha mãe é dos LaCroix de Nova Orleans. Meu pai dos Higgenbotham de Chicago. Meus avôs eram LaCroix da França, Higgenbotham da Irlanda, Albrecht da Holanda e Russini da Itália! E meus bisavôs eram LaCroix da França, Higgenbotham da Irlanda, Albrecht da Holanda, Paddierno, Russini e Gamboni da Itália e Guttenmeyers e Stachs da Áustria. Ou seja, meu sangue é tão puro quanto o seu, Malfoy! E se está com dúvida, posso pedir o Exame! - disse Nathan.
- O Exame? O que é isso? - chochicou Harry.
- O Exame da Pureza, isso que Nathan pediu. - disse Rony.
- Como assim? - perguntou Mitch, conforme se aproximava de Rony.
- O Exame da Pureza foi inventado por Salazar Slytherin. Muitas famílias, principalmente tradicionalistas como os Malfoy utilizam-o antes de ver com quem seus herdeiros irão se casar. Era uma forma que Salazar tinha para saber quem era bruxo de sangue puro, mestiço, ou com os dois pais trouxas. Consiste em pegar uma plaqueta de vidro ou bandeja de prata, colocar sangue de bruxo de sangue puro de um lado e sangue de bruxo de pais trouxas, ou até mesmo de trouxa, do outro. Em seguida, coloca-se o sangue do bruxo a ser testado no meio dos dois. Utiliza-se a varinha para tocar o sangue a ser testado. Se o sangue escorrer para apenas um dos lados, o lado determina o resultado. Se escorrer para os dois, o bruxo é mestiço.
- Então, Higgenbotham. - disse Malfoy, desafiador, pegando uma bandeja de prata - Quem irá ofertar o sangue puro?
- Ora, Malfoy! Se você está com tanta dúvida, porque você mesmo não faz as honras da casa? - disse Nathan.
Naquele momento, todos os que estavam conversando se retiraram do Salão e foram para uma sala de aula isolada.
- Está me desafiando, Higgenbotham? - disse Malfoy, pela primeira vez próximo de perder as estribeiras.
- Não. Apenas questionando-o. - disse Nathan.
- Você não sabe com quem está falando, seu sangue-ruim! - disse Malfoy.
- Modere a boca suja, Malfoy! - gritou Harry.
- Vamos acabar com essa história logo de uma vez! - disse Rony.
- Weasley, o papo não é com você! - disse Malfoy.
- Concordo com o Rony! - gritou Mione.
Os dois traziam os braços das vestes arregaçados.
- O que vocês... - disse Malfoy.
- Bem, Malfoy, posso não ser tão rico quanto você. - disse Rony, desafiador - Mas o sangue Weasley é tão puro quanto o Malfoy, portanto eu me ofereço para o Exame. Aliás, provavelmente o meu sangue é mais puro que o seu, pois não está sujo com o poder das trevas.
- Ora, seu pobretão Weasley! Quem você pensa que é? Rebaixando-se a andar com um esquisito e uma filha de trouxas? - disse Malfoy, mencionando Harry e Mione.
- Eu sou filha de trouxas sim! - disse Mione, em tom de desafio a Malfoy - E o sou com muito orgulho, pois meus pais não são tão trouxas quanto certa pessoa que está aqui!
- Ora, sua nojentinha de...
Mitch colocou sua varinha praticamente no pescoço de Draco.
- Termina o que ia dizer, e vai ser a última coisa que você vai falar! Você começou essa história, Malfoy. Agüenta o tranco. - disse Mitch, com a varinha encostada na garganta de Malfoy. Malfoy podia ser nojento, mas não era estúpido. E sabia que Mitch tinha coragem de fazer o que prometera.
Mione e Rony cortaram os braços com um punhal na altura do cotovelo e encheram dois pequenos cálices com seus sangues, que entregaram a Nathan, que colocou os sangues separados um do outro por uma pequena distância na bandeja de prata. Helen, que estudara alguma coisa de magia medicinal (ela queria ser medibruxa quando formada em Hogwarts), utilizou o Feitiço de Medicina para fechar os cortes e, por precaução, colocou algumas bandagens nos braços dos dois.
Erika, que estava próxima, então, furou a ponta do dedo de Nathan, retirando sangue dele. O sangue dele foi colocado entre o de Rony e o de Mione. E não houve dúvidas: o sangue saltou direto para o lado de Rony, quando um surpreso Malfoy encostou sua varinha no sangue de Nathan.
O espanto e terror que tomaram conta do rosto de Malfoy foi suficiente para denunciar o que se seguiria:
- Malfoy, nós do Instituto estamos acostumado a lidar com as coisas dos trouxas, mas isso não quer dizer necessariamente que nós sejamos. Como você acabou de ver, o meu sangue é tão puro quanto o seu. E por sua provocação insolente, eu demando satisfação! - gritando, formal e furiosamente, a frase que determina que haverá um duelo.
- Claro, Higgenbotham! - disse Malfoy, também furioso pela, na sua visão, arrogância de Higgenbotham (os Malfoy acham arrogantes todos aqueles que não os idolatrem). - Diga a hora e as condições.
- Valendo tudo, aqui e agora! - disse Nathan, pegando sua varinha.
- O meu padrinho será Vicente Crabble!
- O meu será Mitch McGregor!
- E o juiz? - disse Malfoy
- Será Erika Stringshot! - disse Nathan, que já conhecia Erika.
O círculo foi aberto. Os duelistas cumprimentaram-se e no três, os dois dispararam magias ao mesmo tempo:
- Expelliarmus! - gritou Malfoy.
- Turbinae! - disse Nathan.
O Feitiço da Turbinação, uma versão aprimorada do Feitiço da Aceleração, impediu Mitch de ver, com total certeza, o que se sucedeu, pois foi muito rápido, até para Mitch. Mas o que ele percebeu deixou claro para ele que Nathan queria judiar de Malfoy, e não se importava nem um pouco em matar ele se por um acaso isso viesse a acontecer: após escapar do Feitiço de Desarmamento, ele utilizou a Azaração do Impedimento para paralisar Malfoy. Sem poder escapar, Malfoy foi uma presa fácil para três combinações que normalmente seriam fatais: uma de soco-cotovelo-joelho no peito, a outra chute lateral interno-chute lateral externo-chute giratório no crânio e uma de chute baixo na perna e soco-cotovelo no peito.
No fim, o duelo tinha acabado quase instantaneamente, com Draco caído ao chão, cuspindo sangue:
- Você... me... paga... Higgenbotham! - disse Malfoy, enquanto era auxiliado por Crabble, que estava assustado. Para Mitch, parecia que nem Malfoy nem seus comparsas imaginavam que alguém pudesse atingir um grau de violência como aquele.
- Isso é para aprender a não mais ofender alguém sem ter provas, seu ridículo filho das Trevas. - disse Nathan Higgenbotham. - Aliás, avisa ao seu pai, Lúcio, acho que é o nome dele, que os Aurores americanos Thomas Higgenbotham e Marianne LaCroix Higgenbotham mandam lembranças...
- Você vai descobrir, Higgenbotham, que o lema de Hogwarts aplica-se a mim também! "Draco Dormiens Nunquam Titillandus"! - disse Draco, sendo recolhido por seus "leões-de-chácara" Crabble e Goyle.
- Desculpe minha falta de descrição, Malfoy! - disse irônico Nathan - Mas eu sei que você faria o mesmo em meu lugar. A diferença entre nós dois é que eu consigo me virar utilizando técnicas trouxas!
Aquilo foi como uma doce garrafa de cerveja amanteigada para os amigos. E aquilo integrou Nathan ao círculo dos grifinórios.
