Que os Treinos Comecem...
Aioria e Milo nem se olhavam durante o percurso. Shaka andava entre os dois, achando-os infantis demais, enquanto Kamus caminhava em sua pose de menino bem comportado. Os cinco entraram numa sala onde havia uma mesa enorme e alguns garotos mais velhos comendo.
- Aioria! – Um rapaz de cabelos castanhos, muito parecido com Aioria, chamou-o para sentar-se ao seu lado.
Shaka, Kamus e Milo sentaram-se do outro lado da mesa. Mu ainda ficou parado, de mãos dadas a gentil senhora, procurando o que fazer.
- Senta aqui, Mu! – Shaka chamou-o com a mãozinha cheia de pulseiras. O ariano assentiu e correu, sentando-o ao lado do amigo.
- Este é Aldebaran. – Aioria apresentou um garoto grande, sentado do seu outro lado. – Meu irmão, Aioros. – Apontou o irmão, que sorriu. – Esse do seu lado é Afrodite.
Mu levou um susto ao notar um garoto maior que si, sentado ao seu lado, com cabelos azuis claros e cacheados, amarrados em um rabo alto. O garoto lhe sorriu simpático, esticando os braços para pegar algo do outro lado, quando um outro menino puxou a travessa, sorrindo malicioso.
- Devolve, Shura! – Ele lançou um olhar furioso ao espanhol, tentando pegar de volta a travessa.
- Sente-se, Afrodite. – Um rapaz de cabelos azuis muito longos fitou-os de forma desaprovadora. – Devolva a travessa a ele...
- Mas Saga...
- Devolva! – Ele disse firme, fazendo o garoto bufar e devolver a travessa ao sueco, que lhe mostrou a língua.
- Aquele é Shura... – Shaka apontou para o espanhol enfezado. – E o outro, ao lado deleé Saga. Eles já começaram a treinar. – O loirinho sorriu, servindo-se.
- E aquele é... bom, nós o chamamos de Máscara da Morte.
Mu arregalou os olhos, queria saber o porque, mas nem precisou perguntar e Kamus nem pensou em responder. O italiano sentou ao lado de Afrodite e olhou-o por cima da cabeça do sueco.
- Quem é essa menina? – Shura levantou os olhos do outro lado da mesa, reparando em Mu.
- Não é menina! – Afrodite respondeu sem parar de comer.
- Tá me sacaneando, certo, pirralho?
- Quem você está chamando de pirralho? – O pisciano levantou-se da mesa, peitando o outro. Máscara apenas sorriu e levantou-se, mostrando-se mais alto.
- Algum problema, pirralho? – Provocou sorrindo e chegando próximo do rosto do amigo, fazendo-o corar.
- Agora chega! Sentem-se os dois e comam em silêncio. – Saga levantou-se fazendo cara feia. Os dois garotos sentaram-se resmungando. – Este é o novo aprendiz, Mu. É um garoto e não uma menina. Agora fiquem todos quietos e terminem de comer, ainda há muito que treinar.
Com a ordem direta, todas as crianças, até Aioros, abaixaram as cabeças e continuaram a comer, em silêncio. Mu não entendeu nada, apenas serviu-se, com a ajuda de Shaka e comeu silenciosamente, com medo de Saga.
Após o almoço eles voltaram à sala de brinquedos. Havia muitas perguntas em sua cabeça, mas não sabia como perguntílas, porém, havia uma pessoa disposta a lhe respondê-las, sem que precisasse pronunciar palavras.
- Shura e Máscara da Morte são mais velhos que nós, acho que têm dez ou onze anos, já treinam faz tempo. Afrodite tem nove, que eu sei. O Saga, acho que tem quatorzeé da idade do irmão do Aioria. E o Aldebaran é da nossa idade! – Shaka completou sorrindo. Mu esboçou um sorrisinho, aliviado pelas respostas.
Ele e Shaka estavam sentados em almofadas, enquanto o loiro lhe explicava como havia chegado ali, para que treinavam, quem era o Mestre e outras coisas importantes, referentes ao Santuário. Mu escutava tudo atentamente, tentando processar a maneira com que o loirinho pronunciava as palavras, quando sentiu uma mão tocar-lhe a cintura.
- Aahh.. – Levantou-se apressado, gemendo e arregalando os olhos. Aioria afastou-se com receio de ter machucado o colega.
- Te machuquei? Desculpa, só queria te chamar... – Mu sentiu-se constrangido e abaixou o rosto. Shaka, assim como Aioria e os outros, não entendeu nada.
- O que houve, Mu? – Ele tentou tocar o rosto do amigo, mas este afastou-se com medo, sentando num cantinho da sala, abraçando os joelhos dobrados.
Os garotos ficaram olhando aquilo, espantados, murmurando coisas que Mu não pode ouvir. Parecia que no momento em que o grego lhe tocara na cintura, algo se iluminou em sua mente, mas algo ruim. Pareceu lembrar de algo do passado, algo que gostaria de esquecer para sempre, mas o que seria?
Não teve muito tempo de pensar, a senhora entrou na sala mandando-os dormirem, era a hora da cesta. Mu não fechou os olhos um segundo aquela tarde, estava com medo e não sabia do que.
No dia seguinte os meninos voltaram à sala, menos Milo. Shaka lhe explicou que o grego havia sido mandado a seu mestre, para ser treinado junto com os outros meninos. Enquanto brincava com os garotos, não pensava no sentimento ruim da tarde anterior e sentia-se feliz.
Na hora do almoço eles acabaram encontrando Milo no refeitório. O grego não parou de falar um minuto sobre os treinos e outras coisas maravilhosas que vira seu mestre realizando. Não poupou palavras ao contar sobre os elogios que recebera e sobre como a casa de Escorpião era grande e bonita. Os quatro foram uma platéia animada, a não ser por Kamus, que estava morrendo de ciúmes.
Depois do almoço e de ter sobrevivido a mais provocações de Máscara da Morte, Kamus tentou ensinílo algumas palavras em grego, para que pudesse comunicar-se. Não estava tendo muita sorte, mas o francês estava sendo paciente e tinha a ajuda dos outros dois amigos.
- Vamos Mu... você consegue! – Aioria sorria, incentivando o garotinho. – Fala pra gente: Mu! Diz!
Ele tentava, sua boca formava direitinho a palavra, mas o som não saía. Kamus bufou, tirando a franja da testa. Shaka nem tentava mais, apenas Aioria continuava tentando fazer o menino falar.
- Mmmmu... – Ele pronunciou, sorrindo de felicidade. Os outros dois arregalaram os olhos e depois sorriram. Aioria bateu palmas, sorrindo também.
- Isso mesmo! Mu... fale!
- Mmmu! Mmu... – Ele melhorava a cada tentativa.
- Qual o seu nome? – O francês perguntou.
- Mu! – Respondeu sorrindo. Os amigos sorriam também, felizes pela conquista.
- Agora diz o meu! – Aioria pediu. – A-i-o-ri-a.
- Aaa... – O a saía, mas o resto empacava. Shaka bateu a mão na testa e chegou mais perto.
- Aioria é muito difícil... tenta comigo... – Colocou o rosto bem próximo do outro e pronunciou bem devagar, fazendo os lábios de moverem exageradamente. Mu corou, mas acompanhou os movimentos. – Oooo-riiii-aaaa... Oria! – Sorriu feliz, chamando o grego pelo apelido.
- Isso! Diz Oria... – Aioria ele repetiu feliz.
Mu tentou uma, duas, várias, até conseguir pronunciar o nome de cada um, com certa dificuldadeé claro. No fim da tarde já havia aprendido a chamílos, a pedir por favor e dizer sim e não. Kamus, Shaka e Aioria sentiam-se orgulhosos pelo feito e o amigo sentia-se feliz de ter conseguido falar.
No dia seguinte foi Kamus quem não apareceu, havia sido chamado até a casa de Aquário, para o treinamento, mas quando se encontraram no refeitório, a primeira coisa que o francês perguntou era se Mu havia aprendido algo mais e se surpreendeu quando o tibetano sussurrou um oi, muito feliz. Os amigos sentaram-se junto com Milo, contando ao grego o progresso de Mu.
Assim passaram-se dois dias, até que Shaka também fosse chamado para o treinamento. Restava agora apenas Aioria, que todo dia tentava incansavelmente ensinílo. Felizmente Mu era muito aplicado e aprendia rápido. Em mais dois dias ele conseguia falar algumas coisas.
Depois de uma semana ele se viu sozinho com a gentil senhora, na sala de brinquedos. Ela lhe contava histórias sobre mitologia, falava sobre Deuses e lendas que Mu nem sequer ouvira falar. Mas ele sempre ouvia com atenção as histórias sobre as constelações e sobre os cavaleiros de Athena. Adorava ouvi-las e com o tempo foi aprendendo a falar os nomes de cada signo e seus guardiões, bem como o nome de outras constelações.
A hora do almoço era esperada com ansiedade. Quando entrava no refeitório ele corria para sentar-se ao lado dos amigos e Kamus sempre vinha com as perguntas sobre seu aprendizado. Descobriu que Aldebaran era muito simpático e que estava disposto a lhe ajudar também. Então sempre que terminavam de comer, enquanto não saíam para treinar, eles sentavam-se em roda e pronunciavam palavras para ajudar Mu.
Com o tempo o menino começou a falar direitinho e os laços de amizade foram crescendo entre os pequenos. Afrodite também era simpático, mas ele gostava mais de andar com Máscara da Morte e Shura, os mais velhos, apesar de sempre o chamarem de pirralho, os dois gostavam do sueco.
Mas Mu não ficou muito tempo sozinho. Depois de algumas semanas ele também foi chamado. Saga acompanhou-o até o grande salão do mestre, aquele mesmo por onde ele havia entrado. Só que agora ele usava uma túnica limpa e curta, os cabelos penteados e bem cortados, acima dos ombros.
Continua...
N/A: To empolgada para corrigir a fic! Ela tá quase acabando, mas ainda não sei que fim dar a ela.
Já recebi dois reviews e gostei muito! Obrigada pelos elogios! Eu tb adoro fics que falam da infância deles, foi por isso que comecei por essa parte, mas daqui a pouco eles irão crescer, senão não teria lemon!
Já deu pra perceber quem é que vai ser o "par" do Mu?
Espero mais reviews! Bjus!
