Oceano

Aquele cheiro lhe era familiar, mas não podia ser, não ele. Mas aquele cosmo, aquele cheiro... A Casa de Áries não estava vazia, mas poderia ser outra pessoa. Subiu as escadas, apressado, notando no cosmo um pouco alterado da pessoa dentro da casa, era poderoso, um cavaleiro de ouro com certeza.

- "Quem está aí?" – Perguntou desconfiado, sabendo que a pessoa se encontrava bem a sua frente. Não obteve resposta, então avançou alguns passos até avistar o brilho dourado de uma armadura. Só podia ser... Áries estava de volta.

Seu coração pulou, deu cambalhotas ao realizar quem era realmente o dono daquele grandioso cosmo. O ariano não sorriu, mas podia ver que estava tão nervoso quanto ele.

- "Mu?" – O som daquele nome não soava em seus ouvidos fazia muito tempo, mas o dono daqueles cabelos lilases não saía de sua mente. E lá estava ele, seis anos mais velho, um homem feito, que parecia muito diferente do menino de quatorze anos que desapareceu do Santuário.

- "Aioria..". – Ele respondeu, aproximando-se, até estar perto o suficiente para notar no rosto adulto do leonino, tão parecido e ao mesmo tempo diferente do menino que ele fora. Deixou um sorriso transparecer, o suficiente para demonstrar sua felicidade.

- "Você... voltou?" – Parecia mentira, queria saber se de fato sua mente não lhe pregava peças. Tocou o rosto macio do tibetano, vendo-o fechar os olhos.

- "Voltei... me perdoe por ter partido." – Ele sussurrou, ainda de olhos fechados, deixando que Aioria o tocasse.

- "Por que me deixou?"

- "Shion me ordenou que saísse da Grécia sem dizer nada a ninguém... ele sabia que se eu me despedisse de você... não conseguiria partir." – Baixou o rosto, sentindo que as lágrimas rolariam soltas com aquelas palavras, mas não choraria na frente do ariano.

- "Você... eu te odeio, Mu." – Por anos pensou que diria coisas totalmente diferentes, mas agora sentia seu ódio crescente pelo tibetano, que nem sequer um bilhete lhe deixara, quando o abandonou. Sentiu a raiva invadir seus nervos, tornando seu rosto vermelho e quente. Mu apenas confirmara com a cabeça, entendendo que aquela reação era a esperada.

Saiu da casa de Áries sem nem olhar para trás, querendo que o mundo desabasse impedindo-o de viver naquela dor. Seu coração parecia espremido e dolorido agora... Por muito tempo sonhou com aquele reencontro, onde tomaria Mu em um abraço e o encheria de beijos, mas a única coisa que fizera foi dizer que o odiava. Talvez então, essa fosse a melhor saída.

oOoOo

Não poderia ter sido diferente, se tinha alguma esperança de que Aioria o estaria esperando, esta era completamente absurda. Sabia que seria difícil reencontrá-lo, mas não pretendia ouvir aquelas palavras duras que o leonino dissera, mas ele tinha todo o direito.

Áries subiu as escadas correndo, entrou no quarto como um furacão e encheu o travesseiro com lágrimas. Lágrimas de saudade, de dor, de ódio pelo grego. Mas talvez ele só precisasse de tempo, tempo e nada mais. E Mu apenas precisava chorar agora, chorar tudo que guardou dentro de si por seis longos e dolorosos anos.

Alguns dias se passaram então, Aioria ignorava Mu o quanto conseguia e o ariano tomava aquilo como algo normal, mas todos podiam ver seu sofrimento. Os cavaleiros de bronze chegaram e muitos dos cavaleiros de ouro morreram na batalha. A dor parecia corromper o Santuário, sobretudo a casa de Escorpião.

No dia seguinte às mortes, houve uma cerimônia de enterro. Milo não escondia as lágrimas, nem tentava. Aioria e Shaka, sérios, pareciam tristes demais para dizer qualquer coisa, mas foi Mu que interrompeu o silêncio constrangedor ao ver o grandão Aldebaran se derreter em lágrimas pelos companheiros mortos.

- "Gente, foi necessário." – Ele disse tentando sorrir.

- "Necessário?" – Mu viu que fora um erro, Milo se alterou, lançando-lhe um olhar feio. – "Está querendo dizer que a morte de Kamus foi necessária, ariano? Ficou louco? Que eu saiba nós deveríamos proteger Athena e não lutar contra ela e morrer!"

- "Está certo, Milo... Mas entenda, Kamus morreu para que Hyoga ficasse mais forte... Não foi em vão."

- "Cale-se, Mu." – Aioria fez a mesma cara feia de Milo, mas falou em tom baixo.

- "Não vou. Vocês parecem bebês chorões! São cavaleiros de ouro, por Zeus! Já está na hora de começarem a entender o destino de cada um aqui... Nós só existimos para morrer por ela! Mas não se preocupem... Vamos nos reencontrar com eles no Inferno!" – Virou as costas, espumando de raiva de Aioria, e voltou para sua Casa.

Milo ainda piscou os olhos, confuso, vendo que Aioria quase chorava por aquele repreendimento. Mas já passava dos limites, aquela rivalidade entre Leão e Áries.

- "Aioria, se eu pudesse ver Kamus agora, sabe o que eu faria?"

- "O que, Milo?"

- "Primeiro eu lhe daria um tapa por ter morrido nas mãos daquele pato, depois eu trataria de beijá-lo até perder o fôlego." – Milo fitou o chão sorrindo, lembrando-se do amante e continuou. – "Então... já que você tem a sorte de Mu estar vivo, por que não aproveita? De um tapa nele por ter ficado longe do Santuário e depois entenda que Shion teve seus motivos." – Aioria sorriu de um jeito bobo, se sentindo idiota demais para olhar nos olhos do amigo.

- "Sim, ele está certo, Oria. Todos nós perdoamos aquele ariano idiota... Por que não vai lá e mata ele sufocado com beijos?" – Todos pararam, fitando o indiano que tinha os olhos inchados de chorar.

- "Está certo." – O leonino sorriu e saiu correndo em direção às Doze Casas.

oOoOo

Subiu as escadas correndo, invadiu o templo, andando apressado até a porta do quarto. Ele nem notara sua presença, só quando abriu a porta foi que ele virou o rosto, limpando as lágrimas. Sentiu seu peito afundar de ódio, fora ele mesmo que causara aquelas lágrimas que manchavam o rosto alvo de Áries. Parecia uma estupidez, mas ainda não sabia o que dizer, nem o que fazer.

Mu piscou, confuso, Aioria se aproximava da cama, com um olhar triste e enraivecido ao mesmo tempo. Ele pediu que o ariano se levantasse, apenas com um gesto e quando estavam bem próximos, desferiu um tapa forte naquele rostinho macio.

- "Por que... Por que foi embora?" – Havia tanto a ser dito e tão pouco tempo para falar. – "Por que você teve que ir?"

- "Aioria... Eu... Por causa... Eu não gostaria de falar sobre isso. Foi pelo bem de Athena e de vocês... Não foi por escolha própria, me perdoa?" – Não era a hora de conversar sobre guerras, mortes. Essa era a hora de falar daquele amor, que crescia calado por tanto tempo e que agora explodia no peito de cada um deles.

- "Droga! Você ao menos faz idéia do quanto eu sofri?"

- "E você acha que eu me senti como?"

- "Que droga, Mu! Por que Shion não disse ao menos onde você estava?" – Aioria abaixou o rosto, deixando as primeiras lágrimas escorrerem.

- "Porque você iria atrás de mim." – Ele respondeu simplesmente e o beijou.

Aquele beijo significava mais do que poderia ser descrito. Era algo sublime, maravilhoso, grandioso. Poder beijar Mu, depois de tanto tempo sem sequer ouvir o som de sua voz. Seu peito explodia em alegria e amor, tudo havia desaparecido, só existiam os dois e aquele amor enorme. Sentiram o tempo parar quando as bocas se tocaram, quando as línguas se encontraram e as mãos procuraram rápido o toque da pele um do outro. Era simplesmente muito para sentir ou dizer, não havia descrição para tal momento.

- "Aioria... me perdoe..." – Ele separou-se do beijo, já sem fôlego, deixando o ariano afundar o rosto em seu peito e chorar.

- "Eu perdôo, Mu... Te amo demais para não perdoar."

- "Também te amo muito."

Aquelas palavras, aquele beijo, aquele abraço, era tudo perfeito demais para ser realidade. Seis anos separados e a saudade parecia apertar mais do que imaginaram ser possível acontecer.

Palavras não eram necessárias. Afastou o tibetano e retirou a armadura e rapidamente um leão dourado se formou ao lado do dono. Áries entendeu o significado do gesto e fez sua armadura sair de seu corpo, formando um carneiro de igual brilho dourado, ao lado do leão. Os donos das estatuetas se beijaram de forma faminta, arrancando as calças de malha do corpo e jogando-as longe pelo quarto. A cama rangeu quando caíram deitados, gemendo por entre o beijo que trocavam.

- "Aioria... você não sabe o quanto esperei por isso..." – Ele sorriu, deixando que o ariano arrancasse sua cueca, sugando seu sexo com fome.

- "Hum... eu... também esperei muito... Mu."

Afundou a cabeça no travesseiro, sentindo todo o prazer que aquela boquinha quente o proporcionava, sugando e lambendo sua ereção com tanta paixão e fome. Esperou muito tempo por aquele momento e não queria que acabasse nunca, puxou Mu pelos ombros, sorrindo.

- "Não quero... que acabe agora." – O ariano concordou com a cabeça, não poderia ser diferente.

Aioria fez o outro cavaleiro deitar de bruços, enquanto beijava a pele, branca e quente, que se arrepiava com aquele contato tão íntimo entre os dois. Os beijos trocados nada mais eram do que juras silenciosas do amor infinito que compartilhavam dentro daquele quarto, naquele momento especial de reencontro entre os corpos famintos e ansiosos.

O leonino deitou-se de lado, puxando o amante, abraçando-o por trás, enquanto uma de suas coxas deslizava por entre as pernas alvas do tibetano. Tocou um dos mamilos rosados, enquanto beijava aquele pescoço, que ainda possuía o cheiro inconfundível de lavanda. Era inevitável recordar os bons momentos vividos ao lado daquele que tocava naquele instante... Inevitável e saboroso. Mu provocava arrepios apenas com aqueles gemidos baixos e controlados, dignos do cavaleiro de Ouro que era.

- "Aioria... tenho pressa..." – Ele sussurrou beijando a palma da mão do amante. Sequer se moveu... apenas afastou as pernas, dando mais espaço ao outro, para selarem aquele amor. – "Me faz seu..."

O pedido não precisava ser proferido, os atos e gemidos falavam por si só, porém as palavras deixavam tudo mais saboroso e o grego não conteve os lábios quando sugou forte a pele do ariano.

- "Com todo o prazer, meu amor..."

Aioria tocou a cintura de Mu, enquanto achava a melhor posição. Penetrou lentamente o corpo do amante, sem querer machucá-lo, sem querer feri-lo. Esperou que o tibetano se acostumasse ao grosso volume que o invadia, enquanto ele próprio controlava a excitação crescente, assim como a forte batida de seu coração.

Como se fosse possível controlar algo naqueles preciosos segundos que precediam o som característico do sexo. Mu apertou os olhos e puxou os lençóis com uma das mãos, enquanto abria mais as pernas, permitindo instintivamente que o grego começasse a estocá-lo. Ambos os corpos estremeceram juntos, enquanto as lágrimas levavam embora qualquer rancor ou raiva que ainda restasse em suas almas. Eles agora eram um só, corpo e alma, um ser completo e puro.

O leonino deixou que os gemidos se misturassem aos do amante, enquanto as estocadas tornavam-se mais rápidas e os gemidos mais eufóricos. Uma das mãos de Aioria procurava a mão delicada e alva do tibetano, apertando firme, como se aquilo fosse extremamente necessário para demonstrar que ainda de amavam. Como se o amor pudesse se esvair no momento em que o prazer atingisse seu ponto máximo e depois se extinguisse.

- "Oria..." – O apelo murmurado arrepiou o grego, que como única resposta sussurrou um "Eu te amo" no ouvido de Mu e estocou mais fundo, preenchendo o interior do amante com sua semente, enquanto o ariano deixava seus dedos molhados.

Os dois respiraram fundo por um segundo, estavam cansados, porém ainda não satisfeitos. Aioria deitou-se de costas, puxando o amante para que se virasse e o abraçasse. Por alguns minutos nenhuma palavra foi dita, nenhum som foi ouvido, até um beijo cortar o silêncio.

- "Te perdôo por qualquer coisa, te amo demais."

- "Eu também te perdôo por qualquer coisa..." – Aioria respondeu sorrindo, aquele mesmo sorriso que transpareceu em seus lábios quando os dois eram crianças, naquela sala de brinquedos, onde se conheceram.

- "Eu adoro o seu sorriso, meu gatinho."

- "E eu adoro o seu, meu anjo."

Talvez fosse o destino que tivesse os unido, talvez os dois já estivessem predestinados a ficarem juntos desde a primeira vez que se viram. Desde quando Mu escolheu sentar-se ao lado do garotinho emburrado na sala de brinquedos... Ele poderia ter sentado entre Milo e Kamus ou poderia ter se juntado a Shaka, mas não, ele escolheu Aioria e este o escolheu. Era perfeito como os dois se encaixavam e combinavam, era perfeito como um sorria ao outro. Sem traumas... Apenas um amor infinito.

Assim que o dia amanheceu lá no mar alto da paixão
dava pra ver o tempo ruir
Cadê você? Que solidão! Esquecera de mim?
Enfim,de tudo o que há na terra não há nada em lugar nenhum
que vá crescer sem você chegar
longe de ti tudo parou
ninguém sabe o que eu sofri
Amar é um deserto e seus tremores
vida que vai na sela destas dores
não sabe voltar
me dá seu calor
Vem me fazer feliz porque eu te amo
você deságua em mim e eu oceano
e esqueço que amar é quase uma dor
Só sei viver se for por você

FIM!

oOoOo

N/A: Nossa, sabem que eu até chorei quando escrevi esse capítulo! Eu adoro o Aioria, acho ele muito fofo e eu amo o Mu... Na minha opinião é um casal lindo... Mas deixando preferências de lado...

O título da fic, como vocês podem notar, vem da música Oceano, de Djavan, que eu coloquei aí no final. Eu achei que tinha a cara deles essa música, é bonita e fala de separação... vê quando ele diz: "longe de ti tudo parou, ninguém sabe o que eu sofri..." Sei lá, achei tudo a ver com a época em que o Mu fica longe do Santuário. Agora o título, Só Sei Viver se for por Você,escolhi porque, falem a verdade, é uma frase linda...

Esse é o final da fic... (aplausos...) Eu fico triste de ter terminado porque eu gostei demais de escrever sobre isso, apesar do trauma e todas aquelas coisas, eu adorei escrever essa última cena entre os dois. Então eu não comemoro o término da fic, mas comemoro o fato de vocês terem gostado e acompanhado ela... Espero, assim, que o último capítulo não decepcione vocês.

Shaka e MM... Eles vão ter um capítulo bônus só pros dois, mas ainda não terminei de escrever. Posto assim que acabar e já posso adiantar que tá ficando quente! XD Eu espero que vocês gostem desse "bônus" tanto quanto, ou mais que o resto da fic. Vocês terão um choque, eu sei... Mas... Eu gosto de chocar. Mas eu fiz o lemon por dois motivos: 1- Além de inovador, eu não queria que essa fic acabasse tão cedo, então o fiz pra prolongar ela. 2- Eu achei que vocês mereciam uma explicação, já que fica bem claro em um cap. ae que os dois ficam pelo menos uma noite juntos.

Então espero que vocês gostem de Shaka com MM... XD

Eu agradeço a todos os reviews, eu adorei cada um deles. Agradeço aos elogios que recebi, ao carinho de vocês e à paciência de ler e comentar. Obrigada também a quem me deu parabéns pelo sucesso da fic! Obrigada a todos vocês!

Um beijo grande e até o bônus!