Capítulo 3: De Kievnashravostok até a Toca.
Mitch e seus amigos foram então de ônibus trouxa, sendo que deu o que fazer para segurar a exasperação de Rony, até um subúrbio de Londres, onde ficava a casa de Anya Kievchenko McGregor e Angus McGregor. A casa parecia uma das muitas casas daquele subúrbio, um adorável e espaçoso sobrado com paredes cor de tijolo e parapeitos caiados. Mas por dentro a casa era maior, embora não muito. Mitch sabia que a casa tinha recebido feitiços para aumentar seu tamanho, mas não o suficiente para chamar a atenção dos trouxas: os quartos de hóspedes foram aumentados para ficar um com os garotos Mitch, Cedric e Boris, e o outro para as meninas Enya e Anastasia. Os quartos restante eram um para Angus e Anya e outro para Mikhail e a babá do garoto, uma bruxa chamada Geena Klinsberg, uma norte-americana voluntariamente expatriada (entenda-se: que estava "correndo o mundo afora") que formara-se no Instituto Norte-Americano de Bruxaria de Salém. Era fim de tarde, por isso podia ouvir-se o barulho de comida sendo preparada:
- Oi, Anya, Angus, pessoal. Voltei! E trouxe visitas! - disse Mitch, ao entrar, junto com os três amigos. Tão logo entrou, foi recebido por Hawking, que pousou sobre seu ombro e bicou-lhe gentilmente o lóbulo da orelha direita.
- Puxa, já era hora, Mitch... Quando vi o Hawking voltando sozinho, acabei começando a imaginar que algo tinha dado errado. O Angus não está em casa: ele vai virar a noite na guarda hoje, esqueceu? - disse uma voz de dentro da cozinha. Mitch reconheceu-a como sendo de Anya, sua cunhada.
- Você ficou o dia inteiro fora resolvendo aquele problema para o Dumbledore... - disse Anya, aparecendo na porta da cozinha, vestida com um jeans e uma camisa branca, ambos cobertos por um avental, batendo algo que lembrava uma massa de panquecas em uma tigela. Foi quando ela reparou nos curativos. - Mitch, o que você fez no braço? Você está bem? O que aconteceu lá?
- Estou bem. Passei em um hospital trouxa e eles fizeram um curativo no meu braço. Já vou contar o que aconteceu, deixa eu só... AI... tirar essas coisas das minhas costas. - disse Mitch, quando sentia o braço doer ao tirar as duas mochilas, a padrão e a Sacola de Contravolume, que funcionava como uma espécie de embornal.
- Tudo bem, então. - Então Anya reparou nas visitas - Oi, Harry, Rony, Hermione. Vocês tão bem? Sentem à mesa que eu já vou servir umas panquecas...
- Obrigado, Anya! - disse Rony, que sempre foi conhecido por ser um tremendo comilão, sentando-se à mesa. Mitch ficava se perguntando como é que Rony não engordava, se em todas as vezes que ele o vira comendo ele praticamente fazia isso sem parar.
- Ei, crianças, desçam. Eu estou terminando o lanche e o Mitch tá aqui com visitas.
Foi quando apareceu no alto da escada os quatro jovens: os irmãos McGregor Enya e Cedric e os irmãos Kievchenko Boris e Anastasia.
- O que aconteceu com você, Mitch? E que coisas são essas? - disse Enya, descendo as escadas, junto com Cedric, Boris e Anastasia.
- É mesmo! O que foi que os trouxas fizeram com você? E por que você não fez eles virarem ratinhos? - disse Cedric.
Enyamarana McGregor era um dos irmãos mais novos de Mitch, e a mais, digamos assim, emotiva dos dois. Enya estava indo para o segundo ano de Hogwarts e estudava em Grifinória também. Enya também era uma Barda Verdadeira, como chamavam as pessoas dotadas de habilidades Mágicas baseadas em três poderosas Canções celtas: geantraí, capaz de invocar uma alegria e inspiração nos que a ouvem capaz de vencer qualquer dor ou fraqueza; goltraí, capaz de fazer você lembrar de qualquer coisa que tenha passado, embora a dor seja problemática de ser suportada; e suantraí, capaz de induzir as pessoas em um sono mágico poderoso.
Cedric McGregor, o mais esquentado e irascível dos gêmeos McGregor, era mais alto que a irmã e quase tão alto quanto Mitch, apesar de ser um ano mais novo, e também quase tão forte, mas não gozava do Sangue Auror que corria nas veias do irmão. Seu único dom, ao menos que se sabia até aquele momento era o acesso à magia, que estudava também em Hogwarts, na Casa Rival à de seus irmãos, a Sonserina.
- Quanto às coisas, é que o Harry não tinha feito suas compras no Beco Diagonal e eu aproveitei e fiz as minhas junto com ele e os amigos dele. Bem, Cedric, eu não transformei os trouxas em ratinhos porque não podemos usar magia fora do período letivo. Só levei a varinha caso eles viessem a encrencar demais. Vou explicar o que aconteceu...
E Mitch, junto com Harry, contou tudo que se sucedeu na rua dos Alfeneiros e de todas as coisas que fizeram desde que ele saíra de manhã cedo para ir até Surrey até aquele momento, em que chegavam em casa, enquanto devoravam algumas panquecas com melado e tomavam um pouco de café com leite e chocolate quente. Enya conhecia uma receita de chocolate quente irlandês com canela e mel que era um espetáculo.
- Nossa! Se eu tivesse visto essa... essa... grandíssima trouxa, eu não respondia por mim! - disse Anya.
- Não se preocupa. - disse Harry, enquanto terminava sua última panqueca. - Depois do que aconteceu, duvido muito que a tia Guida mexa com o Mitch ou comigo de novo.
- E quanto àquele valentão do Duda? - pensou Enya - Será que ele não seguiu vocês?
- Ele que tente alguma coisa, qualquer gracinha que seja, e eu arrebento a fuça dele. - disse Cedric.
- Não se preocupe, Cedric. O Duda é apenas um valentão. No fundo, ele é um covarde. Ele não vai se intrometer com o Mitch tão cedo. - disse Harry.
- Bem, e agora? - perguntou Boris.
- Temos que levar o Harry para algum lugar, e o Rony convidou eu e ele para irmos até "A Toca", a casa dos Weasley... - respondeu Mitch, com tranqüilidade.
- Por que o Harry não fica aqui? - disse Anya - Qualquer coisa vocês podem ir sempre para a casa de Rony. Aqui é Kievnashravostok, caso vocês precisem chegar pela Rede do Flu...
- O que quer dizer esse nome? - disse Rony.
- É Leshyano para "Porto Seguro de Kiev". Achei que ficaria legal!
- E ficou, mas também ficou um tanto complicado de dizer. - disse Rony, pegando as últimas panquecas na travessa e despejando melado generosamente por cima delas.
- Bem, sei lá. Para mim está ótimo qualquer lugar que não me obrigue a ficar perto dos Dursley. - disse Harry.
- Anya, acho melhor que o Harry fique na Toca. O Dumbledore sabe onde fica, caso precise falar com o Harry. Além disso, chamaria a atenção demais para cá e você têm que se preocupar com seu serviço no Ministério da Magia e com o seu filho Mikhail. Quanto a mim, acho que é bom eu ir com ele, pois caso dê algum problema com os Dursley, eu resolvo... - disse Mitch, terminando suas panquecas também.
- Deixa os Dursley comigo. Se aqueles trouxas estupidamente trouxas tentarem qualquer gracinha com o Harry ou com você, me avisa que eu mesmo transformo eles em ratinhos! - disse Anya, tremendo de raiva. Para uma bruxa de sangue puro como Anya, poucas coisas eram mais revoltantes que trouxas que aprontavam com bruxos.
- Não, Anya! - disse Mione, assustada - Você sabe que não podemos usar magia na frente dos trouxas e menos ainda tendo como alvo trouxas. Isso é ALTAMENTE ilegal e pode criar tanto problema para você que perder o cargo de Embaixatriz do Ministério da Magia Russo vai ser o menor deles!
- A Mione tem razão, Anya. - disse Anastasia.
- Além disso, papai e mamãe sabem lidar com esse tipo de trouxas numa boa, sem engrossar. E tem o Fred e o Jorge, que sempre podem dar um jeitinho. E também, quando o Mitch quiser vir aqui, ele sabe o nome daqui. Tudo que ele tem que fazer é usar a Rede do Flu. A gente pode deixar ele pegar um pouco do Pó de Flu lá de casa... - disse Rony
- Nada disso! - cortou Anya - Se ele tiver que ir e voltar, ele vai usar o Flu daqui de casa.
- OK...
- Bem, então está resolvido: eu, Mione, Rony e Harry vamos pela Rede do Flu até a Toca. Se eu precisar, eu volto pela rede do Flu. - disse Mitch.
- Já viajou na Rede do Flu, Mitch?
- Não.
- Bem, então é só tomar o cuidado de trazer a mão para frente a hora que começar a parar o Flu, OK?
- Certo! Vamos nessa então! Só um instante... - disse Mitch.
- Depois Mitch correu para o quarto e desceu alguns minutos depois verificando as roupas que havia colocado na mochila amarela, com o brasão McGregor e de Hogwarts encantados nela, de forma que apenas bruxos pudessem os ver.
- Isso aqui deve dar. Anya, volto daqui a uns dias, assim que tiver certeza que o Harry vai ficar bem e que os Dursley não vão tentar nenhuma gracinha. Rony, me ajude aqui com o malão do Harry. Vamos então?
- Certo! - responderam os três outros.
- OK. Mione, vá com o Harry na frente, levando a Edwiges. Hawking, você vai voando, OK?
- A coruja assobiou para Mitch, entendendo a ordem, e saiu voando pela janela da casa de Anya.
- Harry, nós vamos em seguida, carregando seu malão.
- Beleza.
Mione e Harry atiraram junto o pó de flu dado a eles por Anya sobre o fogo e disseram: "A Toca!". As chamas passaram do vermelho para o azulado e os dois foram para dentro das chamas da lareira:
- Nossa! Será que isso não queima? - perguntou Enya.
- Não! Só deixa você meio grogue quando não se está acostumado. - disse Boris, que já tinha muita experiência com o pó de Flu, por ser um bruxo de sangue puro.
Mitch segurava uma das alças do malão de Harry com a mão boa, e Rony segurava a outra. Anya deu um saquinho com um pó que parecia areia para Mitch. Mitch apanhou um pouco do pó e colocou o saquinho no bolso da calça. Depois entregou um pouco do pó para Rony. Então os dois atiraram o pó de flu e disseram em uníssono: "A Toca!", entrando logo em seguida nas chamas.
Mitch começou a ver um show caleidoscópico e psicodélico de lareiras e mais lareiras passando por perto deles. Quando perceberam que a velocidade estava diminuindo, Rony disse:
- Mitch, agora!
Mitch esticou a mão para frente, junto com Rony. De repente, Mitch sentiu o seu corpo ser jogado para frente.
- Uuuuffff! - disse Mitch, quando bateu de peito no chão.
- Mamãe, o Weasley perdido chegou! - disse uma voz., em tom de brincadeira, enquanto um braço erguia Mitch pelas axilas.
Mitch ergueu o corpo dolorido e viu que estava sendo erguido pelo braço machucado.
- AI! Larga meu braço!
- Calma.. Já vou soltar. - disse outra voz. - Não sabia que estava doendo. Desculpe, Mitch.
Mitch então virou-se e viu Fred e Jorge Weasley, os brincalhões gêmeos grifinórios.
- Ei, Mitch, que diabos aconteceu com o seu braço? - disse Fred
- Foi mordida de cachorro. - explicou Harry, contando um resumo de toda a história.
- UAU. Foi maneira a aventura! - disse Jorge.
- Eu não acho. - disse a sra. Weasley, entrando, roliça como um grande bolo de aniversário, como que comemorando a chegada de Mitch, preparando algum tipo de receita boa para todos. - Primeiro vamos jantar, depois se ele quiser, ele conta para todos nós, e COM CALMA, o que se sucedeu.
- Certo, Mamãe. - disse a jovem Gina Weasley, que ia agora para o quarto ano de Hogwarts.
Mitch jantou na Toca, comendo os maravilhosos suflês surpresa bruxos preparados pela sra. Weasley, enquanto contava, junto com Harry, toda a história para a ela e os demais Weasley. Eles ficaram espantados com a arrogância de Guida e de como Mitch teve que ser agressivo para defender-se de Duda e proteger Harry. Depois Mitch e Harry deram boa noite aos demais Weasley e foram para o quarto de Rony, aonde os três garotos iriam dormir.
O quarto de Rony ficava no terceiro andar da "Toca", a casa dos Weasley, e era todo em vermelho tijolo, ou pelo menos deveria ser, já que cada milímetro de parede estava coberto com pôsteres e mais pôsteres dos mesmos sete jogadores de um mesmo time do popular Quadribol, jogo de Bruxos muito excitante, que envolviam quatro bolas (dois balaços, a goles e o pomo de ouro) e sete jogadores (o goleiro, três artilheiros, dois batedores e um apanhador). Os pôsteres do Chudley Cannons cobriam cada milímetro da parede, não deixando espaço para mais nada nelas, com exceção da janela. Em uma gaiola pendurada na parede descansava sossegadamente Agripa, a coruja cor de neve que Rony ganhara de Mitch à dois anos, no primeiro Natal de Mitch em Hogwarts. Um pequeno aquário vazio ficava por cima da mesa, e uma caixa de Petiscos para Corujas ficava ao lado do aquário. Perto dali uma pilha de revistas em quadrinhos ficava ao lado da cama de Rony, com seu lençol dos Chudley Cannons.
- É aqui que vamos dormir essa noite. - disse Rony - Não é grande coisa, mas...
- Tá ótimo para mim, Rony. - disse Mitch, colocando sua mochila em um canto. - Eu deito em qualquer lugar que tenha um colchão e uma coberta...
- Bem, então vamos ter que improvisar. Harry, me ajude aqui a pegar os... AI! - disse Rony, após ter sido atingido na testa por uma bolinha cinza do tamanho de uma bola de tênis trouxa, que entrou em grande velocidade pela janela.
- Você tá bem, Rony? - disse Harry, segurando Rony, que recuou alguns passos para trás.
- O que foi isso? - disse Mitch, pegando a bolinha cinza, que havia ricocheteado na parede e caído no chão.
A bolinha cinza desdobrou um par de asas e de patas, revelando um bico pequeno e olhinhos castanhos redondos e brilhantes. Era uma coruja.
- GINA! POR QUE VOCÊ DEIXOU ESSA CORUJA LOUCA À SOLTA DE NOVO? - gritou Rony à plenos pulmões, como se fosse um berrador explodindo, vendo o que estava nas mãos de Mitch.
- Por que você está pegando no meu pé de novo, Ronald Weasley? - disse Gina.
- O que esse maluco do Pichi tá fazendo à solta? - disse Rony, ainda bravo com a irmã, apontando para a corujinha nas mãos de Mitch.
- Ele precisa voar, como qualquer coruja. E o nome dele é Pichitinho! - disse Gina, em tom de defesa, tomando com calma a coruja de Mitch.
- Ei, ei. Dêem um tempo, vocês dois. Rony, você não tá machucado e a Gina não fez por maldade. Não tem porque brigar. - disse Mitch.
- É que essa coruja babaca entregou uma carta para o Harry nas férias do ano passado e a Gina ficou com ela! E essa coisa fica pegando no pé da Agripa! - disse Rony.
- Babaca nada! É melhor que essa inútil da Agripa, que fica aí dormindo. Se essa coruja cansada não quer voar, isso é problema dela, não do Pichitinho!
- Ora, sua...
- Crianças, não briguem na frente das visitas! - disse a sra. Weasley. - Todos já para a cama!
Gina saiu, a corujinha cinza chamada Pichitinho nas mãos, olhar de raiva cruzando os olhos raivosos de seu irmão Rony.
- Pássaro babaca! - disse Rony, quando Gina saiu.
- A Gina tem razão em uma coisa. - disse Mitch, enquanto estendia um colchão e uma coberta no chão, nos pés da cama de Rony - As corujas precisam voar durante a noite.
- Nada contra. O problema é que desde que essa praga entregou a carta do Snuffles para o Harry é só problema. Esse tal Pichitinho fica se exibindo o tempo todo e enchendo o saco da Agripa, do Errol e do Hermes, quando eles estão aqui.
- Errol? Hermes? De quem são essas corujas...
- A Errol é a coruja da família, e o Hermes é só do Percy.
- Então é isso a sua revolta?
- Sim. Qualquer dia desse eu vou dar uma pedrada nesse tal Pichi que ele vai ver só. Ele vai acabar parando na Lua com a pedrada que eu vou dar nele. Ou vou acabar dando ela pro Fred treinar rebatidas de balaços.
- Isso não vai resolver. Que tal colocar uma tela de proteção na janela do seu quarto?
- E como soltar Agripa...
- É só por uma persiana...
- Persiana? O que é isso? - disse Rony.
- Espera aí, você não sabe o que é uma persiana? - disse Harry.
- Não. É uma coisa dos trouxas?
- Sim. - disse Mitch, explicando então sobre as persianas que os trouxas usavam para colocar telas removíveis nas janelas, para controlar luminosidade e vento em um quarto.
- Maneiro! Vou ver se convenço papai a comprar uma dessas persianas para por no meu quarto, aí eu quero ver se essa coruja pirada do Pichi entra aqui. Ou então ajunto um ourinho e compro eu mesmo. Quanto tá uma persiana? - disse Rony
- Sei lá... Umas vinte, trinta libras... - disse Mitch
- Quanto dá isso em dinheiro de bruxo?
- Por volta de meio Galeão... Com certeza, com menos de um Galeão você compra uma persiana. Logicamente, depois de trocar o Galeão por dinheiro trouxa.
- Certo! - disse Rony - Harry, no que está pensando?
- A coitada da Edwiges é que vai sentir-se solitária, por não poder voar hoje! - disse Harry, olhando a sua coruja, com uma espécie de faixa gessada na asa, dentro da gaiola.
- Aquele trouxa do Duda! Se eu pego ele, ele...
- Não é hora de pensar nisso, Rony. Vamos dormir. - disse Mitch, terminando de vestir seu pijama, enquanto chegava Hawking. - Ah, e quanto a sua coruja, a Edwiges, Harry, ela conseguiu companhia. Hawking, vem comigo. Vocês já voou demais para um dia só.- disse Mitch, colocando Hawking dentro da gaiola de Edwiges.
