Capítulo 12: A Revelação Andaluz e a Reconciliação com o Passado


Quando a música terminou, os dois, exaustos mas felizes, foram até a mesa onde estava, como habitualmente, disposta toda a comida e bebida para a festa, pegando um pouco de suco de abóbora (Mitch até gostava de cerveja amanteigada, mas não queria, mesmo por acidente, ficar de porre na frente da garota a quem acabara de beijar). Então passaram a conversar animadamente com os outros três casais de Grifinória: Carlos e Erika, Nathan e Nakuru, Wanda e Belarus (os dois ainda muito discretos).

Foi quando Mitch viu, certa hora, na outra ponta da mesa, três pessoas literalmente quebrando o pau: Adrian, Juan e Fatima Andaluzia. Eles falavam alguma coisa em um idioma que Mitch reconheceu ser o Andaluz, idioma regional da Andaluzia, região da Espanha aonde tradicionalmente moravam as pessoas da família Andaluzia, família de sua mãe...

Mitch se aproximou e pegou apenas o final da conversa em Andaluz, traduzindo praticamente de bate-pronto a conversa:

- Digo a vocês... É melhor contarmos aos McGregor o segredo de Andrea, assim ficamos livres desse fardo... - disse Fatima.

- Você não entendeu até agora, Fatima... Em um clã de sangue-puro como o nosso, essa... essa... mulher foi um erro... Pensou na desgraça, na humilhação que irá se abater sobre nossa família se alguém descobrir? E na desgraça, na humilhação que EU irei sofrer por parte de meus amigos de Sonserina? - falou o sonserino Adrian.

- Adrian, seu egoísta, você sabe que isso não é verdade... Fatima, você está certa, temos que contar o segredo de Andrea, o segredo que vovô, vovó e Andrea levaram para o túmulo, mas nós vamos contar o segredo quando for mais adequado para os McGregor saber dele... Quando eles estiverem preparados para ouvirem... Como vovô nos orientou... - falou com uma grande autoridade o Andaluzia selecionado na Lufa-Lufa, Juan.

- Que segredo? E por que quando a gente estiver preparado? - disse Mitch, em Andaluz, basicamente uma derivação do Espanhol padrão.

- Mitch? - disse Fatima, olhando para ele, falando em inglês, assustada ao ver que o rosto de Mitch estava diferente (Mitch ainda utilizava o chapéu de Peter Pan, estando ainda sob efeito da transfiguração que o mesmo provocava).

- Mitch, essa não é a tal Andaluzia que foi selecionada para Grifinória? - perguntou Helen, apontando Fatima.

- Sim, e agora ela vai dar algumas respostas para mim...

- ... e para nós! - disse Enya e Cedric McGregor, se aproximando.

- Para nós...

- E quem vai nos obrigar? - disse Adrian.

- Adrian, eu vou obrigar! McGregor, nós vamos falar esse segredo que tanto estamos escondendo desde que entramos em Hogwarts. - disse Juan, em tom autoritário.

- Nunca! Eu não passarei por tanta humilhação! Se você abrir a boca, eu...

- Você o que, Adrian Andaluzia? - disse Juan, seu rosto angelical, de uma hora para outra, tornando-se quase bestial, enquanto sacava sua varinha. O bastão de 27 cm., mogno e pena de hipogrifo, em riste, apontado ao pescoço de Adrian indicava que Juan estava disposto a levar seu intento adiante, caso provocado...

- Desculpe Mitch você estar vendo isso, mas é que chegou a hora de você saber algumas coisas sobre sua mãe. Talvez o segredo que ela e seu pai tenham levado para o túmulo... - disse Fatima.

- Você acha que eu... - disse Adrian.

- Já lhe disse: se tentar qualquer coisa, nós vamos resolver isso agora, como bruxos! Em um Duelo de Magia! Você é quem escolhe! - disse Juan.

Mitch percebeu, pela primeira vez, que Adrian na verdade temia Juan por algum motivo, e Mitch começou a imaginar qual seria:

- Mitch, sua mãe...

- Venham comigo, vamos para uma sala mais discreta aonde possamos conversar mais à vontade. - disse Mitch, separando algumas comidas e bebidas em uma bandeja vazia e levando os três Andaluzia, Enya e Cedric, e sua Wendy Helen Ebenhardt para a Sala do Conselho.

Chegando na Sala do Conselho, Mitch, Enya e Cedric ficaram de um lado da sala, os Andaluzia do outro, Helen ao meio, exatamente ao lado de Mitch. Mitch retirou seu Chapéu de Peter Pan, voltando a ter os cabelos ruivos-sangue e os olhos verde-esmeralda de sua veia irlandesa, suas orelhas perdendo as pontas.

- OK, Andaluzia! - disse Mitch, falando aos três espanhóis - Podem abrir o jogo.

- Mitch, sua mãe, Andrea Andaluzia, é nossa tia, e ela é um aborto. - disse Fatima para Mitch.

A surpresa abateu-se nos McGregor: sua mãe também tinha descendência bruxa? Também era um aborto? Como nunca souberam disso? Mitch lembrou-se então que sua mãe dificilmente comentava sobre sua família, dizendo que viviam na Espanha e que ela estava bem sem eles.

- Mas nossa mãe nunca falou sobre vocês! - disse Enya, exasperada, sem compreender nada.

- Isso mesmo! Mamãe jamais nos contou que ela também era filha de bruxos... - completou Cedric

- Na verdade, é importante esclarecer a genealogia Andaluzia e tudo que se sucedeu para vocês entenderem o que sua mãe fez. - disse Juan, começando a esclarecer a Mitch toda a história.

"Nossa avó, mãe de sua mãe, Mitch, chamava-se Carlota Majorneli, e era parte de um poderoso clã de brujas espanholas, e casou-se com Fabio Andaluzia, também poderoso nas artes da magia e de uma linhagem puríssima. Do casamento, nasceram seis filhos: três homens e três mulheres. Eles foram: Rafaela, minha mãe, Hidalgo, pai de Adrian, Hiago, Suzanna, Andre, pai de Fatima, e a mais nova de todas, Andrea."

"Todos os primeiros nasceram bruxos, isso foi automático. Carlota era Bruxa, Fabio também... Nenhum dos cinco primeiro partos teve problemas. Foi quando..."


- Diga que não é verdade! - disse Fabio Andaluzia, um misto de revolta, surpresa e indignação na voz. - Por favor, doutor Menaga, diga que não é verdade!

- Você sabe que a gravidez de sua esposa está tendo complicações, Andaluzia! Você foi informado dos riscos, Fabio! - disse o medibruxo - Isso pode vir a ocorrer, e as chances são realmente grandes de que isso venha a acontecer...

- Nunca! Nunca em mais de 200 anos houve em nossa família um caso de... de... Se essa grande...

Carlota chorava, em pânico, dor e desespero... Já havia apanhado demais do seu marido, desde que, após uma séria cólica, fez os exames medibruxos solicitados e comentara os resultados ao marido. Aparentemente, Fabio havia usado de tudo, observara o doutor Menaga. "Se ele não se utilizou de Crucio, não duvidaria nada!", pensou Menaga, com seus botões, referindo-se à terrível Maldição Imperdoável da Dor.

- Andaluzia, não foi culpa de sua esposa... Essa complicação é muito comum, mesmo em bruxas mais jovens... Eu alertei que a gravidez poderia ter riscos... E não é mais tão raro a família bruxa atual que tenha tido um caso desse na família... Mas eles podem ser muito úteis, se bem orientados... E muitos deles tornam-se membros que, embora não diretamente ligados à nossa sociedade, são muito produtivos, quando corretamentente orientados... E pense que ela poderá ter filhos que venham a ser...

- F#a-se, Menaga! Eu não quero saber de uma... uma...

- Uma o que? - disse Carlota, perdendo o resto da compostura que lhe sobrara - Ela é nossa filha... Goste você disso ou não... ELA É NOSSA FILHA! ELA É SUA FILHA!

- Cale a boca, sua piranha! - disse Fabio, arremessando a mão em um tapa com violência extrema contra o rosto de Carlota, que caiu chorosa no chão. - Isso é culpa sua, sua galinha! Se você pensa que vou aceitar isso na minha família, essa... mácula... Esqueça!

- Andaluzia, use da razão... Não disse que sua filha vai nascer assim... As chances são grandes, mas pode acontecer dela nascer normal... E mesmo assim, mesmo que ela venha a nascer assim, pode-se arranjar um jeito de mantê-la em contato com nosso mundo, sendo útil...

- Menaga, eu juro, eu enforco essa criança em seu próprio cordão umbilical... Nunca vou aceitar isso! Um aborto! Uma aberração, uma mácula! Nunca!"


"Vovó teve complicações... Ninguém sabe explicar como, mas mesmo seguindo uma dieta rigorosíssima, tomando todas as poções indicadas e fazendo todos os exames, ela acabou tendo algumas náuseas e pegando uma doença mágica que anulava os poderes mágicos do recém-nascido... Ou seja, sua mãe era um aborto... Vovô era contra a continuação da gravidez. Enfim, acabou que vovô queria que ela nascesse morta..."

"Mas sua mãe nasceu, forte, saudável, resistente. Na verdade, parecia que, para compensar o fato de ela ser trouxa, ela tinha nascido muito mais hábil que os demais, quando se tratava do mundano. Ela era muito mais inteligente, forte e resistente que qualquer um de seus irmãos, inclusive que os mais velhos, minha mãe, Rafaela, e o pai de Adrian, Hidalgo, na época com 6 e 5 anos. E isso parecia aumentar o ódio de vovô e do Tio Hidalgo com sua mãe. Minha mãe, porém, achava-a divertida, e sempre ajudou-a nos momentos de dificuldade."

"Vovô, porém, cego pela vergonha e pela aversão que tinha aos trouxas, não seguiu as recomendações do doutor Menaga: ao invés de mostrá-la que aquilo era natural, que o que aconteceu com ela poderia ter acontecido com qualquer um dos seus irmãos, que ela não era uma aberração, como todos insistiam em dizer, ele a isolava cada vez mais, tentando fazê-la infeliz, dizendo a ela a todo o momento que ela era um lixo, tentando esquecer que aquela, na sua visão, mácula, existia... Ela sempre ficava vendo seus irmãos jogarem quadribol e executarem magias, mas ela própria não conseguia, ou melhor, vovô não a deixava sequer encostar em uma varinha ou em uma vassoura. Vovô nunca escondeu seu desgosto por Andrea... Tanto que não se preocupou em inscrever sua mãe na escola dos trouxas..."

- Uma atitude louvável do vovô. - disse Adrian, arrogante e orgulhoso - Lealdade aos ideais de pureza do sangue que todo bruxo deveria ter... Ora,veja... Uma família de sangue puro, famosa e reconhecida como a nossa, se preocupar com... com... uma aberração...

- Cala a boca, seu maldito retardado, diga mais alguma coisa sobre minha mãe, seu bastardo desgraçado, e vou te quebrar todo aqui mesmo! - disse Cedric, avançando para Adrian, os olhos verdes explodindo em chamas esmeraldas. O sinal de alerta que Mitch tão bem conhecia.

- Impedimenta! - disse Mitch, apontando a varinha contra Cedric, que estancou na mesma hora.

- O que... - disse Cedric, estranhando a atitude de seu irmão. Enya também não entendeu a atitude de Mitch.

- Por que você fez isso, Mitch? - disse Enya.

- Desculpe, Enya, Cedric, mas não quero ver agressões aqui...

Mitch percebeu que Adrian estava tentando alguma coisa contra Cedric, apontando sua varinha contra ele... Foi quando ele disse:

- Expelliarmus! Petrificus Totalus!

A varinha de Adrian voou longe, e antes que ele pudesse correr para pegá-la, acabou caindo petrificado, espantado com a velocidade de reação de Mitch.

- Desculpe, Juan, pela indiscrição. Agora acredito que esse purista nojento vai nos deixar ouvir calmamente... Por favor, continue...

- Sim... bem... como eu ia dizendo...

"Vovó foi quem escreveu sua mãe na escola trouxa... Mesmo ela não sendo bruxa, queria que sua filha fosse, ao menos, uma mulher educada e pronta para o futuro, fosse ele qual fosse. Vovó sabia que sua mãe era muito inteligente e perspicaz, e por isso mesmo não queria que ela fosse largada ao léu, sem a mínima orientação sobre o mundo, fosse bruxo ou trouxa. Não podendo encaminhá-la a qualquer escola de bruxos, pelo menos a encaminhou para uma boa escola pública trouxa de Madrid. Não sem que vovô ameaçasse e intimidasse sua mãe, dizendo que se algo escapasse sobre sua descendência aos seus amigos de escola, ela iria se arrepender. Quando ela não estava na escola, vovó a educava em segredo sobre os nossos costumes e hábitos, pois vovô não gostava da idéia de um aborto que soubesse sobre o mundo dos bruxos."

"Sua mãe sempre foi obrigada a esconder de seus colegas de escola aonde morava, porque usava roupas estranhas, tinha cortes de cabelo estranhos... para os trouxas, que fique claro... e sempre era acompanhada de uma coruja. E por mais que ela inventasse desculpas, seus colegas de escola sempre a maltratavam. Havia algo nela que desagradava os demais. Era como se parte da rejeição natural que os trouxas têm à magia visse em sua mãe uma ameaça, uma corrupção a tudo aquilo que eles acreditavam ser direito. Sempre foi quieta e isolada, nunca tendo destaque em nada, exceto nas altíssimas notas que tirava, motivo de orgulho para vovó que, tendo estudado Cultura dos Trouxas quando era estudante de Lufa-Lufa, sabia exatamente como se comportar e vestir corretamente na frente dos trouxas nas reuniões de pais."

"Sua única amiga, a coruja, que ela chamava Fatima, foi morta a pedradas por 'amigos' trouxas de Andrea. Andrea sentia-se triste, por não ter poderes mágicos, por ser desprezada por seu pai e por alguns de seus irmãos. Ela viu todos os irmãos irem para as escolas de magia... Os homens para Hogwarts, as mulheres para o Instituto Español de Brujaria Gabriel Hirebaldo. Ela própria, porém, sentia-se demasiado triste, pois a cada vez que um dos nossos tios e pais iam para as escolas bruxas, ela era ainda mais renegada por vovô... E ainda mais quando Hidalgo voltava de Hogwarts e a usava de cobaia para 'estudar' azarações e transformações humilhantes, sem que a mesma tivesse chance de reagir ou anular os efeitos... Vovó até repreendia Hidalgo, mas vovô achava divertido aquilo... Não posso dizer que isso não a tornou amarga."

"Nem posso dizer que sua reação não fosse apropriada: ela começou então a se aplicar no mundo dos trouxas, tentando até mesmo esquecer que sua família era bruxa. Com sua inteligência e garra e vontade de provar que era boa em algo, isso não era difícil. Mas o maior problema era que por mais que ela estudasse, andasse e passeasse com trouxas, ela própria não se sentia trouxa. E muito menos se sentia bruxa. Para falar a verdade, ela não sabia o que ela era. Os bruxos a desprezavam por não terem poderes mágicos, e os trouxas a rejeitavam por se sentirem incomodados com sua presença. Ela sofreu demais, em toda a sua vida, sem saber o que ela era, por não saber o que ela era."

"Foi quando vovô 'descobriu', ou melhor, acordou para a realidade, que Andrea, na época com 18 anos, tinha poderes limitados: diferentemente da maioria dos abortos, que não podem sequer notar o que é mágico, Andrea era capaz de ver e ouvir coisas mágicas... Os trouxas chamariam a isso de 'terceira visão', 'dom paranormal' e outras coisas, mas Andrea sabia que aquilo era, ou deveria ser, natural para ela. Claro que isso a deixava ainda mais confusa e amarga. Foi quando vovô tentou fazer o que o Doutor Menaga o aconselhou: encaixar Andrea à nossa sociedade. Mas era tarde demais: o abismo formado entre ela e vovô era enorme, quase intransponível. Foi quando, certo dia..."


"- Filha, você não pode negar que tem dons mágicos... Pode não ser uma bruxa plena, como seus irmãos, mas... - disse Fabio, tentando conciliar, quando Andrea, aos berros, apanhava sua mochila no chão da sala...

- Mas o que? Sempre cresci ouvindo coisas como 'Você é uma aberração!', 'Você é uma desgraça!', 'Você não deveria ter nascido!', e agora você quer que eu ajude você? Que ganhe reputação num mundo de alguém que sempre me renegou e para essa pessoa? Ou será que é para aquele idiota do Hidalgo, aquele bastardo sem-vergonha! Nojento de uma figa! Vão passear, vocês dois! Eu não quero nem saber ...

- Mas, filha...

- Quer saber, vai tomar no meio do c&, que eu já estou de saco cheio dessa sua petulância... Aliás, eu estou de partida para Barcelona... Terminei o colegial dos 'trouxas', como você diz, e vou para a Universidade de Barcelona estudar Arqueologia... E pode enfiar todos os seus Galeões no rabo que eu tenho uma bolsa de estudo e um emprego já garantido em Barcelona... E, por mim, nem sei o que é um bruxo..."


"Naquele mesmo dia, antes que vovô tivesse chance de qualquer coisa, ela pegou algum dinheiro trouxa - ela sabia que Gringotes trocava dinheiro bruxo por dinheiro trouxa, e tinha guardado uns 25, 30 galeões, guardado nuquezinho por nuquezinho que ela encontrava ou recebia em segredo da vovó, e mais o dinheiro que ela raramente ganhava para comprar doces na Dulceria Malgañez, na Calle Magica, e trocado tudo em dinheiro trouxa, ao visitar secretamente Gringotes com vovó, colocando todo o dinheiro em uma conta bancária de um dos muitos bancos trouxas da Espanha - arrumado uma mochila com algumas roupas, e tomado um ônibus para Barcelona. O plano tinha sido tão bem estruturado por sua mãe, tão bem arquitetado que, tão logo chegou na estação rodoviária de Barcelona, ela simplesmente desapareceu do mapa. Ninguém jamais a encontrou sem que ela assim desejasse."

"Vovô, ao saber da fuga, ficou entre desespero e revolta, e tentou de tudo para localizar sua mãe, desde rastreamento bruxo até mesmo contratar trouxas para a seguirem. Tudo em vão... Ninguém sabe explicar porque, mas sua presença mágica era mais fraca até que a de um trouxa. Acreditamos que seja porque ela própria tenha desejado assim, talvez fosse um poder dela... Tenha desejado, conscientemente, reprimir sua aura mágica... Mesmo bruxos poderosos têm dificuldade em diminuir a sua aura mágica, mas sua mãe, conscientemente ou não, reduzia a níveis abaixo do normal até para os trouxas... Isso a tornava magicamente irrastreável. Além disso, ela era esperta e conseguiu se ocultar tão bem no mundo dos trouxas, de tal forma que nem mesmo trouxas foram capazes de a encontrar em Barcelona."

"A revolta de sua mãe era tão grande que, tirando algumas poucas vezes que vovó, minha mãe ou o pai de Fatima procuravam tentar alguma reconciliação ou conversar com sua mãe - por algum motivo, eles conseguiam encontrá-la com muita facilidade -, ela tentava esquecer que tinha uma família bruxa, que era capaz de perceber a magia... O dom de ver e ouvir o que era mágico, porém, continuava a atormentar, pois para ela aquilo era algo 'não-natural', aquilo a tornava uma aberração... Lembre-se que em nenhum momento ela foi corretamente orientada sobre como lidar com esses poderes... Foi quando, mais ou menos uns 7 anos após fugir de casa, sua mãe casou-se com seu pai, John McGregor. Os dois na época eram estudantes, e o 'interesse mútuo' em coisas do 'oculto', levaram os dois a um curso de mestrado em Teoarqueologia na Universidade de Glasgow... acho que é isso... bem, enfim, ela conheceu seu pai. John também era um aborto, mas nenhum dos dois confessou na hora, vindo a descobrir mais tarde, depois de casados, um o segredo do outro. Pelo que sei, seu pai sempre teve boas relações com seu avô e sua avó, e parece que eles convenceram sua mãe a utilizarem corretamente os poucos dons mágicos que tinha... Bem, isso também não vem ao caso..."

"Nesse meio tempo, vovó, desgostosa pelo clima que ficara na família desde que Andrea abandonara a vida conosco, ficou muito doente, pegando hepatite trouxa, que normalmente é facilmente curável por magia. Mas ela estava recusando o tratamento e, pior, o tratamento sofreu inversão, o que fez com que vovó ficasse rapidamente debilitada, e viesse a falecer. Hidalgo, pai de Adrian, sempre culpou 'aquela maldita bastarda, aquele aborto sangue ruim' - nas palavras dele, que fique bem claro - pela morte da vovó. Os outro quatro irmãos sabiam que, na verdade, vovô tinha sido tão severo com sua mãe a vida toda que vovó sabia que dificilmente ela iria querer saber de uma reconciliação. E não tivemos mais nenhuma notícia dela. Foi quando, a mais ou menos uns 7 anos..."


"- Papai... Veja só o que diz aqui no El Pais Brujo: 'Arqueólogos trouxas vão para Macchu Picchu descobrirem itens mágicos...'. Que ridículo! Até quando eles vão ficar tentando isso? - perguntou o primogênito Andaluzia.

- Deixe-me ver... - disse Fabio Andaluzia.

Fabio começou a ler a matéria e viu um nome familiar...

- O que, Andrea Andaluzia McGregor?

- Como... Aquela...

- 'Os arqueólogos trouxas John McGregor e Andrea Andaluzia McGregor embarcaram hoje, em um avião (uma espécie de vassoura trouxa gigante, para centenas de pessoas), em direção ao Peru, atrás da Roda do Sol, um poderoso artefato mágico...'. É a Andrea! Sim, é ela...

- Aquela maldita Sangue Ruim está...

- Ela está colaborando com o Ministério da Magia Inglês... E se estou certo, esse John McGregor que menciona aqui é filho de Elric McGregor...

- O 'traidor de Caer Masar'!

- Fale o que quiser dele, mas ele foi um homem admirável... E veja... - disse Fabio - Aqui diz que 'eles embarcaram na companhia de seus três filhos mais novos, Mitch, Enya e Cedric Andaluzia McGregor, que, acredita-se em boatos que correm entre os bruxos de Sligo, Irlanda e de Belfast, Irlanda do Norte, possuem a Marca dos McGregor, o que determina que serão bruxos no futuro. Fontes confiáveis dizem que Elric McGregor, ex-Auror conhecido como 'o traidor de Caer Masar', já teria pedido a inscrição dos três na conceituadíssima Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. A escola, na palavra de sua Diretora Adjunta e Assessora de Imprensa, Minerva McGonagall, não nega a informação mas não a confirma, apenas deixando claro que 'caso eles possuam as qualidades necessárias, serão admitidos em Hogwarts, independente de qualquer coisa, conforme é a orientação pedagógica de nosso novo diretor Alvo Dumbledore.' Ela conseguiu passar o sangue Andaluzia adiante... Como eu fui tolo... Menaga tinha razão... - disse Fabio, chorando de vergonha e alegria.

- Se é esse o problema, papai, - disse Hidalgo, em tom de desdém - lembre-se que Adrian é do mais puro sangue. Claro que tem os dois outros, Juan e Fatima, mas eles são mestiços... Mesmo assim...

- Cale-se! Como fui tolo! Por que deixei sua mãe morrer sem ver sua filha? Você não sabe como eu me amarguro por não ter entendido antes o que o Doutor Menaga me disse! Se tivesse entendido, sua irmã e minha esposa estariam ao nosso lado agora...

- NÃO CHAME AQUELA ABERRAÇÃO DE MINHA IRMÃ... AQUELA ABERRAÇÃO NÃO É MINHA IRMÃ!

- SIM, ELA É SUA IRMÃ! - explodiu Fabio como um berrador, raiva, tristeza e indignação ajuntando-se - ELA É SUA IRMÃ! GOSTE DISSO OU NÃO, VOCÊ E EU TEMOS QUE ENTENDER QUE ELA É UMA ANDALUZIA! ABORTO OU NÃO, ELA TEM O SANGUE ANDALUZIA NAS VEIAS! E ISSO A TORNA MINHA FILHA E SUA IRMÃ!"


"Vovô ficou tão envergonhado, mas ao mesmo tempo tão feliz, que queria encontrar-se novamente com a sua mãe para reconciliar-se com ela, mas ele sentia-se tão receoso em entrar em contato diretamente com sua mãe, afinal, faziam mais de 12 anos que ele não via a filha, que pediu para que seu avô Elric o encontrasse no Caldeirão Furado. Foi quando..."


"- Eu preciso rever minha filha Andrea, Elric! Por tudo que há de mais sagrado nesse mundo... Nem que seja pela última vez! - disse o senhor, em vestes encarnadas com uma faixa amarela na fronte da veste. - Eu juro que, se ela não quiser me ver nunca mais depois disso, eu desapareço da vida dela e da de vocês! Juro por meu sangue mágico...

- Deveria ter pensado nisso antes de ter abandonado Andrea como fez... - disse o outro senhor, pesar na voz, vestido em jeans e camisa, enquanto terminava seu Guiness.

Um parecia muito trouxa para estar naquele local. O outro, com suas vestes estranhas para os trouxas, parecia estar totalmente encaixado no ambiente. Fabio Andaluzia tomava uísque, servido por Tom, o estranho atendente do pub, enquanto Elric recebia sua segunda garrafa de Guiness.

- Você não sabe como... A minha esposa morreu de puro desgosto... Ela amava Andrea! E eu... Idiota... Maldito conceito da pureza do sangue... Cegado por um conceito tolo...

- Descobriu agora o que nós, McGregor, sabemos desde que o mundo é mundo... Ou você acha que meus irmãos eram todos bruxos? Alguns eram totalmente trouxas, outros tinham pequenos dons, como sua filha e meu filho, e nossos netos mais velhos Angus e Ramon... Já outros, os que nasciam com a Marca, como eu e nossos netos mais novos, Mitch, Enya e Cedric, temos todos os dons mágicos garantidos a um bruxo tradicionalmente...

- Você não entende... - disse Fabio, a bebida derrubando seu autocontrole, ele desabando a chorar - Como minha família seria vista caso um... um...

- Aborto, Andaluzia. Sua filha é um aborto... Por menos que você goste disso, você não pode mudar isso.

- Isso mesmo! Como minha família seria vista caso um aborto fosse incluído...

- Eu sei! Andrea me contou: você escondia-a das visitas, impedia-a de ir a jogos de quadribol, não a levava na Calle Magica, o Beco Diagonal Espanhol... Não queria que ninguém soubesse da existência dela! E esperava que tipo de tratamento dela? Que tipo de reação esperava você que ela tivesse em relação à Magia? O que você fez foi tolice, uma grande tolice! Apenas o lixo mais tradicionalista, como os Malfoy, tem esse preconceito idiota. Se queria que ela entendesse a importância de ajudar os bruxos do bem, como sei que são os Andaluzia, deveria ter colocado-a em contato com uma herança que ela sabia que teria que carregar e passar para seus filhos. Ela estava tão amarga com os bruxos que quase que ela não aceitou fazer o que ela faz... Inicialmente, ela só aceitou fazer isso por causa do meu filho e de NOSSOS netos; Se para bruxos já é difícil fazer o tipo de investigação que os dois fazem, imagina para trouxas, com 'visão paranormal', é verdade, mas ainda assim trouxas. Eles não podem contar com poderes mágicos para se curarem ou protegerem... E eu queria que você soubesse que talvez você mesmo devesse tentar essa reaproximação diretamente... - disse Elric, em seu tom poderoso, adequado a um ex-Auror.

- Mas, Elric...

- Não foi a mim que você chamou de aberração a vida inteira. Foi a ela, Andaluzia. E é a ela que você tem que pedir perdão. - disse Elric, dando a conversa por encerrado."


"Claro que para vovô era muito difícil quebrar aquilo. Seu orgulho era muito maior que isso. Além disso, Hidalgo, seu 'conselheiro', era radicalmente contra. E assim foi indo. Andrea tocava sua vida, sem saber que vovô a admirava. Cada sucesso dela que saia no El Pais Brujo era comemorado por vovô como se o apanhador da Espanha tivesse apanhado o pomo na final de um Campeonato Mundial de Quadribol, mas como se mesmo isso não tivesse impedido a Espanha de ser derrotada. Foi quando, no fim de novembro do ano passado, eu e Fatima estranhamos uma coisa. Certo dia, vovô, após sua leitura habitual do El Pais Brujo, o equivalente espanhol do Profeta Diário, havia entrado, chorando, no 'quarto proibido', um quarto aonde sua mãe havia vivido quando era menina, e ficou lá muitas horas. Era um quarto pequeno, triste, quase como um armário desativado. Apenas uma cama, uma escrivaninha, um baú e uma estante. Janelas pequenas, quase nenhuma iluminação. Aquele quarto foi lacrado no dia em que vovó morreu... Vovó passava muitas horas dentro dele, até ela morrer. Nós entramos atrás e percebemos que vovô estava muito triste, choroso, olhando para a única foto de Andrea que nós vimos que era tirada normalmente, ou seja, que se mexia. Todas as outras eram fotos trouxas, estáticas. Ela tinha um sorriso fácil e bonito e muito diferente de tudo que sabíamos sobre ela, que segundo nossos pais era muito triste, acanhada... Foi quando..."


"- Vovô... Essa não é a tia Andrea... da qual o tio Hidalgo odeia falar... a que é um aborto? - disse Fatima, vendo a foto que seu avô agarrava, como se nunca mais fosse ver aquela jovem menina de 8 anos.

- Era um aborto, Fatima... Era... - disse Fabio, grande tristeza e dor em sua voz e seu rosto.

- Como assim? - perguntou Juan, que percebeu ao lado do seu avô uma cópia do El Pais Brujo. Foi quando Juan leu a notícia - Vovô, a tia Andrea... ela...

- Morta, Juan... Sua tia... sua corajosa tia Andrea... Está morta... - disse o patriarca Andaluzia, mostrando as vestes rasgadas para os dois jovens bruxos espanhóis.

- Ela está morta, vovô? - disse Fatima.

- Sim... Morreu nas mãos de homens de Vocês-Sabem-Quem... - disse Fabio, os pelos do corpo dos três, avô e netos, arrepiando-se, ao ouvirem referência ao bruxo Que-Não-Devia-Ser-Nomeado...

- Como, vovô? Como a tia Andrea morreu nas mãos dos homens de Você-Sabe-Quem?

- Sua tia foi investigar algumas coisas no Vale dos Reis, no Egito...

- Aonde dizem que existem muitos monstros e sobreviventes da caçada aos homens de Você-Sabe-Quem?

- Sim, eles foram verificar a verdade sobre a existência de um local conhecido como a Torre de Ma'at... Dizem que, logo após terem encontrado o local e verificado que um poderoso item mágico realmente existe lá, o Cristal Negro de Ma'at, eles começaram a voltar para Cairo, de onde partiram... Mas pouco antes de saírem do Vale dos Reis, foram emboscado por muitos ghûls, perigosos monstros mortos-vivos, e por muito homens de Vocês-Sabem-Quem, e atacados. Mesmo contando com uma guarda composta de muitos Aurores, tanto do Ministério da Magia Inglês quanto do Ministério da Magia Egípcio, eles não tiveram chance contra os poderes maiores e contra a capacidade de destruição dos homens de Vocês-Sabem-Quem. Foram todos, exceto um bruxo Egípcio, assassinados. O bruxo Egípcio, porém, conseguiu impedir que os bruxos de Vold... quero dizer... de Vocês-Sabem-Quem, obtivessem aquilo que desejavam, que era o conhecimento sobre o Cristal de Ma'at. Recuperando os corpos de sua tia e do marido dela, acabou conseguindo se salvar...

- Mas, vovô... E ela, segundo dizem não teve... - disse Fátima

- Sim, ela teve cinco filhos, três deles bruxos, os outros dois trouxas... Os três bruxos devem estar estudando em Hogwarts agora...

- Nós vamos para Hogwarts, ano que vem... - disse Juan, de forma quase acidental.

- Escutem... - disse Fabio - Eu não quero que vocês revelem nada do que sabem sobre sua tia Andrea para nenhum dos McGregor até que eles estejam prontos para aceitarem... Não quero que os erros que cometi no passado recaiam sobre a cabeça de vocês! Vocês não merecem pagar pelos crimes e pecados que cometi diante de Deus, dos homens e da Magia, ao desprezar uma filha pelo fato de ela ser diferente... Jurem isso, pelo sangue mágico que corre nas veias de vocês, pela vida que Deus deu a vocês, pela sua família, que vocês tanto amam, por tudo isso... jurem...

- Juramos, vovô... Não vamos contar aos McGregor até que sintamos que eles estão preparados..."


"Algumas semanas depois, em Janeiro desse ano, vovô contraiu uma doença trouxa muito comum, acho que é tétano, facilmente curável por magia, mas que nele, por algum motivo, debilitou-o de forma muito rápida. Em alguns dias, ele foi de uma saúde perfeita para a invalidez praticamente total. Em Fevereiro, ao mesmo tempo em que colocávamos a última semente nos campos de trigo, vovô exalava seu último suspiro." - disse Juan, em sua roupa de Robin Hood.

- Antes de morrer, vovô escreveu cartas para casa um dos parentes, deixando orientações, mensagens e desejos póstumos. - disse Fatima, vestida de donzela medieval - Para nós, eu e Juan, deixou a ordem que acabamos de cumprir, e tudo que acabamos de contar... E a orientação de lhes entregarmos isso... - disse Fatima, retirando de um bolso um volumoso envelope, em papel pergaminho de cor prata. Mitch sabia que não era um Berrador (que era vermelho e explodia quando não era aberto, liberando seu conteúdo. Quando aberto, porém, lia seu conteúdo em um volume equivalente a um show do Iron Maiden), nem uma Emergencial (carta dourada que, quando tocada por alguém que não o destinatário, explicava o motivo pelo qual fora enviada, ou ao menos esclarecia sua importância).

Mitch apanhou a carta que Fatima estendera, ao mesmo tempo em que anulava o impedimento de seu irmão, recolhendo-o. Quando sentou-se novamente em sua cadeira, ele decidiu remover a petrificação de Adrian.

- Vocês... - disse Adrian, soltando fogo pelas ventas, o que era muito condizente com sua fantasia de toureiro mágico (semelhante ao toureiro comum, mas que toreava criaturas como hipogrifos).

- Está feito, Adrian... Cumprimos o que vovô nos disse: só revelar o segredo da tia Andrea quando eles estivessem prontos... - disse Juan.

- Cumprimos o último desejo do vovô, pelo menos que nos cabia... Nossa parte está cumprida...

- Você enlouqueceu, Fatima... Vocês dois enlouqueceram... Chamar um aborto de tia... Francamente...

- Aborto ou não, isso é o que ela era... Goste disso ou não, ela era sua tia... - disse Juan, com uma serena autoridade que feriu mais Adrian que a Petrificação à qual havia sido sujeitado.

Mitch viu a carta em papel pergaminho prateado, escrito na frente em uma bela letra floreada "Aos jovens McGregor", e atrás "De seu avô, que nunca viram e que nunca os verá". Mitch retirou a carta de dentro. Toda a carta era escrita com aquela mesma letra, que era muito bonita, quando ele percebeu que em certas partes a carta estava marcada por lágrimas.

Ao tocar a carta para começar a ler, uma imagem fantasmagórica apareceu, como quando uma Emergencial era tocada por alguém que não seu receptor. A imagem era de um senhor de descendência espanhola óbvia, vestindo uma veste encarnada, com uma capa da mesma cor com aramelas douradas, trazendo na sua frente um brasão aonde uma faixa amarela cruzava um fundo escarlate e um cavalo negro, e que mostrava-se um pouco triste e cabisbaixo. Pelo respeito que aquela figura fantasmagórica contava dos Andaluzia, parecia a Mitch um tanto óbvio quem era aquela pessoa, à qual nunca Mitch vira e que, pelo que Mitch entendeu, jamais veria. A figura fantasmagórica de Fabio Andaluzia, seu avô morto, então começou a ler a carta ele próprio, sempre em tom triste e sempre cabisbaixo, como se a culpa de tudo que fizera, e que levara ele a escrever aquela carta, somada ao peso dos anos, deixassem a sua cabeça com o peso de mil Trasgos:


"Olá, Mitch, Enya e Cedric Andaluzia McGregor:

Se vocês estão lendo isso, quer dizer que eu estou morto e que meus dois netos Juan e Fatima Andaluzia, a quem confiei essa carta, contaram para vocês o segredo sobre sua mãe, o maior, mais triste e mais importante segredo de Andrea Andaluzia McGregor e, por conseqüência, da Família Andaluzia. O segredo que eu e ela levamos para o túmulo, e que foi os revelado, por covardia minha e vergonha de sua mãe, apenas agora. Provavelmente ela nunca disse a vocês que era um aborto... E não a culpo, considerando-se o que eu a fiz sofrer...

Não posso mais me reconciliar com a mãe de vocês em vida, embora, quem sabe, do outro lado, agora que eu estou morto, possa fazê-lo, ou até mesmo já o tenha feito. Mas a vocês, ao menos, posso pedir perdão... Por minha arrogância, vocês nunca conheceram, nem mesmo imaginaram, ter avós maternos, de puro sangue, talvez mais puro que o McGregor que carregam com tanto orgulho e força, embora essa pureza de sangue já não signifique mais nada para mim.

Vocês merecem toda a minha admiração... Deve ter sido difícil suportar a dor de perder os pais, dois corajosos trouxas, dois abortos que sempre, pelo que vim a descobrir, enfiaram-se em investigações nas quais talvez nenhum bruxo pleno teria coragem de se enfiar... Macchu Picchu, Vale dos Reis, Teotihuanaco, Ilha de Páscoa... Eles eram muito corajosos, e me provaram o quanto estava errado... Muito errado... Eles me provaram que o sangue bruxo nada é sem a coragem. Seu avô teve coragem. Seus pais tiveram coragem. Coisa que me faltou ao renegar sua mãe... Por isso, peço perdão.

Peço apenas que não recriminem os jovens Andaluzia que irão estudar aí no futuro... Esses que entregaram a minha carta e os demais, que venham estudar aí... Eles não têm culpa dos meus atos... Eles não tem culpa de terem avós Andaluzia e vocês não... Se alguém merece ser culpado por isso, sou eu, unica e exclusivamente eu, que nunca soube respeitar a sua mãe pelo que era por dentro...

Tudo que peço é perdão.

Do seu avô, que nunca verão e que nunca os verá.

Fabio Andaluzia"


Mitch observou os três Andaluzia... Pensou em como sua mãe havia sofrido por causa de seu avô, pensou em como aqueles três tinham tido de tudo o mundo do bruxos, enquanto ele próprio e seus irmãos sequer imaginavam seus avós maternos e de sangue puro...

Mas pensou em como era importante o perdão. Ele tinha o Sangue Auror, queria ser Auror. E um Auror não era um instrumento de punição. E sim um instrumento de justiça. Foi quando ele decidiu:

- Nós perdoamos seu avô, Fatima! Não é, Enya, Cedric?

- Por mim, está muito bom! - disse Cedric.

- Eu concordo! - disse Enya, empolgada.

- Então... - disse Fatima.

- Não vamos culpar vocês pelos erros de seu, ou melhor, de nosso avô...

- Obrigado, McGregor! - disse Juan.

- Pode me chamar apenas de Mitch, Andaluzia.

- Então me chame apenas de Juan, Mitch.

- Tudo bem, Juan.

Uma rápida confraternização ocorreu, aonde até mesmo Adrian, agora mais consolado com o fato de que estava feito, participou.

Mais uma ferida havia se curado, Mitch percebeu. Porém, não foi tanto nos McGregor... Mas sim nos Andaluzia, que agora pareciam mais unidos e fortes.