Capítulo 21: O Processo


Naquele mesmo dia, Mitch acordara e fizera o habitual: banho, material, café...

Foi quando percebeu uma agitação meio estranha na mesa da Sonserina:

- Ei, Nathan, o que é aquilo? - disse Mitch, apontando a mesa de Sonserina.

- São os malucos da Sonserina se achando o máximo, só para variar. - disse Nathan.

- Acho que não é apenas isso.

Hermione tomava o café próximo a Mitch, Rony à sua frente. Harry comia suas torradas olhando fixamente para Neville Longbottom, enquanto ao lado de Mitch, Enya e Helen tomavam seu café da manhã.

- Algo está estranho... - disse Hermione.

- Que foi, Mione? - disse Rony.

- O comportamento dos alunos da Sonserina não está normal.

- E desde quando uma casa que tem uns cérebros de trasgo como Crabbe e Goyle pode ser considerada normal?

- Rony, eu estou querendo dizer que os Sonserinos estão mais anormais que o padrão.

- Ah...

Mitch ficou observando os sonserinos.

- Parece que eles estão meio nervosos...

- O que será que está acontecendo? - perguntou Enya.

- Não sei... Mas algo me diz que não é bom...

Depois do café, Erika se aproximou de Mitch.

- O Cedric passou a coruja para você?

- Sobre a consulta ao tarô? Já...

- E o que você acha?

- Estou um pouco dividido... Estou aceitando que Cedric realmente tenha essa habilidade de adivinhação... Mas eu ainda confio mais no Princípio da Incerteza de Heisenberg: "Se você mede a distância do universo, não poderia, ao mesmo tempo, medir o volume do universo."

- Sei, mas o que você acha que o Andaluzia...

- Bem, não sei, mas tenho as minhas suspeitas, Erika. - disse Mitch - Mas até que eu tenha uma idéia mais bem-firmada sobre as suspeitas, nada vou confirmar ou negar, entendido?

- Certo.

As aulas foram transcorrendo normalmente pela manhã... Mitch teve uma aula diferente: a primeira simulação de julgamento na qual participaria foi feita durante a manhã, contando com os alunos do terceiro ano de todas as casas, combinando os horários de Advomagia e Magia Forense. Mitch tinha que defender um elfo doméstico que, ao revelar os segredos de seu senhor, impediu uma desgraça de acontecer:

- E agora, Nakuru? - disse Mitch, baixinho. Mitch, Nakuru, Sally e Olivia eram a defesa, que era comandada por Nakuru. Galahad Starshooter e seus armários e Victor Fiorucci faziam a acusação. O juiz era o professor Cameron e a escrivã a professora Palkovic. Alguns outros alunos faziam o papel de testemunhas e do júri. - A tese delas foi diretamente no fato de que os elfos domésticos são considerados tecnicamente "animais" pelo Ministério da Magia, e portanto sem direito à consideração de livre-arbítrio...

- Espera um pouco! - disse Nakuru - É isso! A tese deles, mesmo baseado na lei, está falha! A lei determina que um "ser" é alguém que compreenda as leis dos bruxos e aceitem sua parcela de direitos e responsabilidades no desenvolvimento e manutenção de tais leis. Se o elfo foi capaz de discernir que os segredos do seu senhor violavam a lei, ele aceitou a sua parcela nos direitos e responsabilidades no desenvolvimento na manutenção das leis...

- Mas precisamos de uma testemunha técnica.

- Já sei!

- Quem?

- A professora Palkovic! Acho que ela pode ser usada como testemunha técnica.

- Bem, vamos ver...

- Sem mais perguntas, Meritíssimo. - disse Galahad, com um sorriso satisfeito, após detonar o "elfo", na verdade Tim Robbins.

- Bem, a Defensoria Pública possui mais alguma testemunha?

- Sim, meritíssimo! - disse Nakuru - Mas ela deverá ser adicionada aos autos, pois não consta de nossa relação inicial de testemunhas, pois seu testemunho será de caráter mais técnico.

- Certo.

- A Defensoria chama ao Júri a Especialista em Leis Bruxas e Professora de Advomagia da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts Hillary Palkovic.

- Eu? - disse a professora Palkovic, que era a escrivã.

- Vá em frente! - disse o professor Cameron.

A professora largou a pena-de-repetição que anotava os "autos do processo".

- Senhorita Palkovic, jura dizer a verdade, somente a verdade, e nada mais que a verdade, com a ajuda de Deus e da Magia? - disse o juiz.

- Juro.

- A Defensoria pode começar as perguntas.

- Perfeitamente, meritíssimo. - disse Nakuru - Primeiramente, seria interessante a senhorita fazer sua qualificação.

- Bem, sou Hillary Murray Palkovic, filha de Tobiah Palkovic, auror de Boston, Massachusetts e de Venus Murray Palkovic, medibruxa de Chicago, Illinois, ambos norte-americanos. Sou nascida em solo norte-americano em 4 de Julho, em Seattle, Washington. Estudei no Instituto Norte-Americano de Bruxaria de Salem, no vilarejo de Witchhaven, Texas. Estudei pela Irmandade Sigma durante 7 anos e, durante o curso, optei pela Advomagia, me especializando em Desenvolvimento das Leis Bruxas. Depois de vários anos atuando como Advomaga independente e como consultora legal do Ministério da Magia Norte-Americano e de uma rápida mas bem-sucedida passagem pela WizLaw Consulting, na área de Direito Bruxo Internacional, aonde fui convidada para atuar em casos principalmente na Inglaterra, fui convidada pelo Professor Alvo Dumbledore, da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts para começar a dar um curso de Advomagia em sua escola.

- Bem, senhorita Palkovic, gostaria que a senhora relembrasse a todos a definição de "ser" mais atual criada pelo Ministério da Magia.

- Em 1811, Grogan Stump, Ministro da Magia da época, definiu como "ser", em suas próprias palavras, "qualquer criatura que possua inteligência suficiente para compreender as leis da comunidade mágica e para compartir a responsabilidade na preparação de tais leis."

- Pois bem, seguindo essa definição, um elfo doméstico que, mesmo sabendo que deve guardar os segredos de seu amo, entrega os segredos do seu amo, impedindo assim que um grande mal recaia na comunidade bruxa encaixa-se na definição acima?

- Protesto, meritíssimo! - disse Galahad - A Defensoria está tentando distorcer a qualificação dada pelo Ministério aos Elfos Domésticos. Isso distorce os fatos...

- Protesto Negado! - disse o professor Cameron - Senhorita Palkovic, pode responder a pergunta formulada.

- Se ele entrega os segredos de seu amo, é porque ele consegue saber que eles são ilegais, e, portanto, possui "inteligência suficiente para compreender as leis da comunidade mágica", conforme a definição de Grogan Stump. Além disso, o fato dele entregar seu dono indica que o elfo é capaz de "compartir a responsabilidade na preparação de tais leis".

- A Defensoria não tem mais perguntas.

Foi quando Mitch voltou a seu lugar.

- Bela manobra, Nakuru! - disse Mitch.

- Vamos ver qual é a cartada do Starshooter. - disse Nakuru.

- Bem, senhorita Palkovic, você sabe que segundo o Ministério da Magia, os elfos domésticos estão associados à Divisão de Animais do Departamento de Controle e Regulamentação das Criaturas Mágicas. Isso confirma? - começou Starshooter.

- Sim... Confirma.

- E esse fato não indica que, legalmente, eles não possam ser considerados seres com "livre arbítrio"?

- Realmente, não podem ser considerado como dotados de "livre arbítrio", porém como raça. Individualmente, eles podem ser considerados seres com "livre arbítrio". Basta perceber que centauros e sereianos possuem "inteligência suficiente para compreender as leis da comunidade mágica", embora como raça não "compartam da responsabilidade na preparação das leis", apesar de que cada um deles, individualmente, podem o fazer. Esse inclusive foi o motivo pelo qual os Centauros e Sereianos decidiriam pedir pela revogação do estado como "seres" e passarem a ser "animais".

- Se essa era a cartada de Starshooter, quebrou a cara.

- Não estamos aqui especulando, e sim, fazendo uma questão de se a lei considera um elfo doméstico "ser" ou "animal".

- Devo lembrar-lhe, caro Advomago de Defesa, que os centauros pediram para serem considerados "animais". Dessa forma, caso os elfos domésticos se unam, eles possuem todas as características para pedirem sua "promoção" para "seres".

- Bem, vindo de alguém que, durante alguns anos, dedicou-se a estudar as leis dos trouxas, conforme obtive informações, acho que é uma prerrogativa bem estranha.

- Protesto, meritíssimo! - disse Mitch - As prerrogativas de minha testemunha quanto quaisquer estudos que ela tenha feito no mundo dos trouxas é totalmente irrelevante ao caso, haja visto que elas, ipsum facto, não podem, de forma nenhuma, demonstrar qualquer carência em seus conhecimentos sobre as leis bruxas, que ela já demonstrou ter o suficiente para poder expor suas opiniões fundamentadas em uma base técnica sólida.

- Protesto aceito! - disse o professor Cameron - Devo solicitar à Acusação que se mantenha dentro dos eventos relacionados ou de informações ou questionamentos relevantes ao caso.

- A Acusação não tem mais perguntas, meritíssimo! - disse Starshooter, fuzilando Mitch com o olhar.

- Acho que depois disso não temos como perder o caso. - disse Nakuru.

- Não vamos cantar vitória antes do tempo, OK? Eu sei que ficou complicado para ele se defender agora, mas para todos os efeitos, não vamos nos descuidar... Eles ainda podem estar com alguma carta na manda. - falou Sally

- Bem, a Defensoria possui mais testemunhas? - disse Cameron, simulando o Juiz.

- Não, meritíssimo. A Defensoria não possui mais testemunhas.

- A Acusação possui mais testemunhas?

- Não, meritíssimo. A Acusação não possui mais testemunhas.

- O Tribunal entra em recesso para que o júri decida, em votação secreta, o veredicto.

Mitch, Nakuru, Sally e os demais foram tomar uma água enquanto conversavam sobre o "caso":

- Jogada suja essa do Galahad no finzinho... Querer ferrar a professora só porque ela é formada em advocacia trouxa! - disse Mitch.

- Parece que vocês não se lembram de que Casa ele é... - disse Sally - Ele é um sonserino arquétipico... Utiliza-se de todas as vantagens que pode para ferrar os outros...

- Mesmo assim, foi uma jogada suja. - disse Helen - E covarde... Tentar ferrar a gente baseado numa coisa dessa.

- Bem o estilo do Starshooter. - disse Mitch - Mas tudo leva a crer que essa nós não vamos perder... O último golpe dele de tentar minar a credibilidade da professora foi algo baixo demais. Lembra dos processos que vimos? Esse tipo de argumento é ridículo. Qualquer protesto bate isso...

- Bem, eles estão voltando...

O professor Cameron, mais os 7 alunos que simulavam o júri (Teo Fiorucci, Dennis Tomahawk, Troy Belarus, Eric e John Wittlesbach e os gêmeos Augustin), voltaram e assumiram seus postos:

- De pé! - todos no salão levantaram-se - Eu, Aaron Cameron, Auror e Juiz, Ordem de Merlin de Segunda Classe, solicito que o presidente do júri do processo Sutherland X o Elfo Shaggy, Troy Belarus, pronuncie a decisão do júri.

- Eu, Troy Belarus, presidente do júri do processo Sutherland X o Elfo Shaggy, solicito ao júri que aqueles que considerem o Elfo Doméstico Shaggy inocente, erga a mão. Os que acharem-no culpado, mantenha o braço abaixado.

Os 7 integrantes do júri ergueram suas mãos. Vendo o resultado, o professor Cameron disse:

- Eu, Aaron Cameron, Auror e Juiz, Ordem de Merlin de Segunda Classe, segundo a autoridade, os poderes e responsabilidades a mim delegados pelo Ministério da Magia, declaro a ação improcedente, e considero o réu inocente de todas as acusações formuladas contra ele, determinando sua imediata soltura. Lavra-se, Assina-se e cumpra-se imediatamente essa Ordem. Caso encerrado! - disse Cameron, batendo o martelo.

O olhar dos advogados da Defesa foi significativo.

- Agora vamos à avaliação:

- Defesa: muito boa. Souberam dar uma ótima cartada, embora vocês mesmos aparentemente tinham entendido aquilo como último recurso. Sabiam que a Acusação poderia tentar um protesto, como tentou... Mas foi um risco calculado e uma cartada muito boa. Além disso, os protestos de vocês foram bem requisitados.

- Agora, Acusação: boa linha de raciocínio, mas falhou em um ponto crítico de não considerar a individualidade do Elfo Doméstico. Protestou sem necessidade algumas vezes, ao invés de concentrar esforços no momento certo. No geral, foi bem, mas pecou em pontos-chave, e por isso perdeu a causa.

- São 10 pontos a mais para cada um dos integrantes da Defesa e 5 para o júri, Acusação e testemunhas. Aula encerrada.

Os alunos da Defesa foram comemorando até o Salão Principal aonde um alvoroço começou a se formar.

- O que está acontecendo? - perguntou Mitch.

- Harry sumiu! - disse Hermione.

- Como? Mas vocês não...

- O Rony estava doente, então não foi para a aula de Adivinhação. Eu me separei na torre Leste para ter minhas aulas de Aritmancia e, quando desci, os próprios colegas de Harry em Adivinhação me perguntavam aonde ele tinha ido parar...

- Mitch. - disse esbaforido Cedric, que vinha acompanhado dos Andaluzia Fatima e Juan e de Enya.

- O que foi? Não me digam que...

- Adrian desapareceu... Ele não foi na aula de Voô em Vassouras que deveríamos ter...