Fênix Negra

Julian estava sentado em sua poltrona no escritório presidencial de sua empresa, mas não era lá que seus pensamentos se encontravam, seu olhar era distante, profundo, como se procurasse em si mesmo as respostas que precisava. E parecia estar a um passo de encontrar o que queria, mas foi atrapalhado por sua secretária.

- Sr. Solo, a srta. Saori Kido está aqui...

- Então mande-a entrar! – ordenou como ainda fosse Imperador.

- O sr. não entendeu, ela já ent...

Mas neste instante, Saori entrava no local como uma tempestade por uma janela aberta.

- Poseidon! – bradou a Deusa escancarando as portas gigantescas do escritório. – Muito bem, não vou tolerar seus abusos! Ir ao Santuário e ferir uma de minhas amazonas foi a gota d'água. Pois eu vou mostrar todo o meu poder desta vez! Essa sua idéia de Império dos Mares já foi longe demais!

- Srta. Saori, o que disse? – falou Julian calmamente.

- Não tente me enganar! Sinto o seu cosmo, Poseidon, de longe! – disse Saori colocando as mãos e apoiando-se na mesa de Julian.

Fez-se então um silêncio que durou uns poucos segundos e foi seguido de um suspiro de Julian.

- Certo, antes que me prenda novamente naquela Ânfora, acho que gostaria de saber o que eu sei, ou estou errado? – perguntou Poseidon na mais plena seriedade e calma.

- Não tente me enrolar...

- Ora, Athena! – exclamou ele. – Vamos ao que interessa, também não sei o que está acontecendo. Pedi a Sorento que investigasse, mas até agora não tive nenhuma notícia dele. Tentei comunicar-me com o Olímpo, mas não tenho tido êxito em nenhuma de minhas tentativas.

- Mas sabes muito bem que não nos é permitido, a ninguém que se encontre na Terra ter contato com o Olímpo.

- Não é o que está acontecendo. Senti o cosmo de Hermes, só não sei com quem veio falar e nem sobre o que, mas não ficou muito tempo.

- Como posso ter certeza que não está me enganando? – perguntou Athena ao lembrar da perversidade do Senhor dos Mares.

- Não confia em meu amor, querida Athena? – disse ele como se fosse uma tentativa de reaproximação, mas Saori continuou a encara-lo com frieza.

- Pode me trancar a qualquer hora naquela Ânfora desconfortável. – argumentou Julian fazendo com que Athena baixa-se a guarda e senta-se na cadeira a sua frente. – Certo, - continuou ele em seu raciocínio, mas agora com alguém com quem dividi-lo. – Vamos encarar os fatos, pelo o que sabemos, há algum ser divino muito poderoso na Terra do qual não temos conhecimento de quem se trata nem o que pretende, este está criando um grande fenômeno no planeta, há também o sumiço de Sorento ao tentar investigar estes acontecimentos e uma amazona do Santuário ferida.

- Entre a vida e a morte. – acrescentou Athena tristemente.

- E também há aquela garota... a tal Fênix Negra... ela pode ser considerada uma segunda ameaça?

- Creio que sim, pensávamos que não existisse mais nenhuma armadura negra, muito menos a de Fênix, principalmente se tratando de ser feita para uma amazona!

- Bom, também temos está visita misteriosa de Hermes, que creio eu, Zeus não tenha conhecimento.

- O que pode estar acontecendo? – falou Athena com um leve tom de desespero, mas Julian não a escutou.

- A não ser, - falou ele, como se tivesse achado uma luz no fim do túnel. – Que o nosso amigo misterioso seja Zeus!

Enquanto isso, Seiya resolve visitar Shina no Hospital, sabia que sua visita poderia fazer bem a amazona. Não queria que Shina interpretasse mal aquela visita, mas estava preocupado com ela, nunca quis que nada de mal acontecesse a Shina, pois ela, por mais tentasse mata-lo, talvez fosse a única que mulher que o amava. Talvez fosse essa a vontade de Deus ao coloca-la em seu caminho, fazer com que Seiya fosse amado por alguém, mesmo que não correspondesse a esse amor.

Shiryu voltou para Rozan com a finalidade de que Dhoko lhe ajudasse a encontrar uma solução. Mas enquanto o avião que o transportava viajava entre as nuvens, o cavaleiro pensava em outro motivo que o fazia sempre voltar aos Cinco Picos, Shunrei. Sentira na véspera da viajem que algo havia acontecido à ela, mas talvez fosse apenas saudade. Ao chegar, avistou seu mestre ao longe, como sempre na cachoeira.

- Seja bem-vindo, Shiryu. Eu esperava que viesse. – disse o mestre ao sentir o cosmo de seu pupilo.

Ikki havia deixado Shun e Saori na sede da empresa de Julian. Agora o cavaleiro de Fênix seguia solitário por ruas vazias, não sabia onde estava e muito menos pra onde iria, apenas andava pela cidade. Chegou a uma praia distante e deserta, o mar estava agitado, talvez conseqüência do tal fenômeno, ou talvez pela própria agitação de Poseidon. Viu por um instante a ilha da Rainha da Morte, mas foi apenas uma ilusão. A ilha estava destruída, junto com tudo de mal que nela estava contido, e também as coisas boas, como Esmeralda. Ikki despiu sua camisa e entrou no mar, de início estava mais frio que o normal, mas logo se tornou morno e aconchegante, era como se Esmeralda tivesse se espalhado pelo mar na explosão, assim como toda a ilha, estava tudo misturado ao mar, dando-o mais intensidade.

Se sua amada fazia mesmo parte do oceano agora, tudo o que desejava o cavaleiro era senti-la mais uma vez junto a si, sentir o seu doce perfume e ver naquelas águas a mesma candura dos olhos dela. "Esmeralda não faz parte de meu passado, ela faz parte de minha vida e para sempre estará comigo, em tudo o que eu tocar, ver ou amar. Sentirei sua presença em tudo porque sei que já faz parte de mim, e onde estiver o cavaleiro de Fênix, estará a esperança, e a lembrança de Esmeralda."

Saori saía do grande edifício no centro da cidade, parecia hipnotizada, seu olhar estava perdido, e sua pele mais clara que o natural.

- O que houve, Athena? – perguntou Shun notando o estado em que ela se encontrava.

- Shun! Vamos para a mansão, no caminho eu lhe contarei tudo, se é que podemos dizer que sabemos de tudo...

- Shina? – sussurrou Seiya ao entrar no quarto.

- Ela não pode escuta-lo, senhor. – falou a enfermeira que arrumava o soro da paciente. – Mas não se preocupe, logo ela acordará, eu vou deixa-lo a sós com ela.

- Obrigado. – a enfermeira sai, e Seiya se aproxima de Shina, sentando-se na beirada da cama. – Sei que você não está me escutando, mas eu precisava falar com alguém em quem podia confiar... amanhã Seika virá vê-la! Sabe, ela viaja muito, por causa do trabalho, ser modelo não é fácil. Só queria que você acordasse logo, todos do Santuário estão preocupados com você. Sei que não gosta de dever nada a ninguém, muito menos a Saori Kido, mas ela está pagando os melhores médicos para o seu tratamento. Apesar de tudo, ela é uma mulher muito bondosa... Mas não quero falar nela...

- Mas não consegue parar de pensar nela, não é mesmo? – disse a amazona com uma voz fraca e rouca.

- Shina! Você acordou! Finalmente! Pensávamos que talvez você não sobre... – mas não terminou a frase, era algo óbvio, mas não era necessário que fosse dito naquele momento.

- Eu não quero morrer, Seiya! – sussurrou ela, segurando o choro.

- Você não vai morrer! Eu não deixarei, prometo! Mas me diga, quem fez isso com você? Esse cretino irá pagar, juro! Me diga! Foi Poseidon, não foi?

- Não, ele não tem nada com isso...

- Então quem Shina? – perguntou Seiya em desespero.

- Eu te amo... – e dizendo isso, a jovem amazona cerrou os olhos e adormeceu mais uma vez.

- Shina! Shina! – gritava o Pégaso, médicos e enfermeiras entravam no quarto e alguns funcionários tiravam Seiya do quarto. – Shina!

"O cerco está se fechando, é preciso começar a agir, agora é o momento certo. E não me interessa se os Deuses concordam ou não! Agora é a minha vez! É hora da imperatriz das Trevas ressurgir, como uma Fênix Negra renascida das cinzas!"

A Fênix Negra se encontra no topo de um grande penhasco, de onde era possível avistar todo o Santuário. Seu olhar era distante e gélido. Em sua face, não era possível distinguir nenhuma emoção, era como o fogo, do qual se conhece o poder, mas não as intenções.

Os últimos raios de sol ainda podiam ser encontrados no céu, quando a jovem misteriosa deu as costas para a paisagem e foi embora sem deixar vestígios de sua presença.

Talvez os céus pressentissem o perigo que rondava o Santuário de Athena e, sem nada poder fazer, derramava suas lágrimas nos terrenos pertencentes a Deusa e por todo o resto da cidade.

Saori mal chegara da visita a Poseidon quando recebe um chamado urgente do Inspetor Crane para que fosse até o hospital onde Shina estava internada.

- O que pensou que iria fazer, Seiya? – gritava Victor.

- O que pensa você, vindo aqui me ameaçar! Você nada tem a ver com o que vim tratar com Shina! – respondia secamente o Pégaso.

- Pelo amor de Deus! Sabes que ela estava fraca, entre a vida e a morte! Entre a vida e a morte, Seiya! – falava o inspetor, enquanto o cavaleiro apenas ouvia cabisbaixo, colocando em si a culpa do que acontecera com Shina. – Ela podia estar morta agora! Será que você tem noção do que quase aconteceu? Ela teve muita sorte! A forte saúde dela também ajudou, ela tem uma saúde fortíssima!

- Eu não tive culpa! Ela tentou me contar quem havia feito aquilo com ela, para que eu me vingasse! – explicava Seiya tentando convencer a si mesmo.

- Pensasse primeiro na saúde dela, depois na sua vingança! Escute, Seiya, você precisa ter sangue frio, tente controlar suas emoções.

- Eu já me controlei demais, inspetor! – falou rispidamente Seiya, saindo rapidamente do local.

Quando chegou no corredor para o elevador, encontrou com Athena.

- Seiya! – suspirou ela explodindo de nervosismo.

- Athena. – disse ele indiferente.

- Queria mesmo falar com você.

Ikki estava no terraço do edifício onde morava, observando as estrelas e pensando na nova armadura negra e na Amazona de Fênix.

- Mas o que ela pretende?

- Destruir Athena e seus Cavaleiros. – respondeu Sorento de Sirene antes de cair de joelhos e cuspir um pouco de sangue.

Hermes andava por uma mansão abandonada, ele segue um cosmo forte, já conhecido. O jovem Deus entra em um dos aposentos abandonados. Lá encontra Fênix Negra, olhando para o mesmo céu estrelado que Ikki admirava antes de ser interrompido pela chegada de Sorento. A lua iluminava a pele pálida e os cabelos dourados da amazona negra. Os olhos cálidos da jovem vão ao encontro de Hermes, já tendo conhecimento do que veio ele lhe perguntar.

- Sim. O fim de Athena e de seus defensores está próximo. É chegada a hora da vingança!

Bem, tá pequeno esse capítulo mas fazer o quê? Tenho que dar um pouco de suspense no final! Hehehe!! Bjux!!!

.::.Sarah-chan.::.