Silêncio do Burburinho
Fanfiction
Anime: Love Hina
Por: Simbiot
Legenda:
Comentários do autor
Capítulo sete: 14 de Março
O Dia dos Namorados já havia passado, como todo ano, foi um dia de controvérsias. Alguns, conservadores diziam que era somente um dia como qualquer outro, o qual os americanos escolheram para fazer uma comemoração, a tais pontos de vista, tola, para aumentar o comércio. Com a influência que os Estados Unidos, grande parte das nações começaram então a comemorar também tal dia, fazendo com que os números do comércio se multiplicassem tantas e tantas vezes.
No Japão, tal interesse do comércio seria tão mais forte, que surgiria o White Day, dia em que os garotos retribuiriam os chocolates das meninas com presentes e marshmellows.
Outros, os mais apaixonados, diziam que era o dia de São Valentim, data em que o amor abria suas asas e voava pelo mundo inteiro, abraçando com seus enormes braços acolhedores os casais, que se beijam apaixonados.
Independentemente do ponto de vista, o fato é que duas vezes por ano, milhões de pessoas no Japão faziam de tripas a coração para comprar chocolates e marshmellows de todos os preços e tipos.
Mais vantajoso ainda para os comerciantes era o White Day onde vendiam dos mais baratos marshmellows aos mais caros perfumes franceses.
Keitarô nunca havia dado tanto valor ao Dia dos Namorados como no ano de 2005. Narusegawa havia dado um chocolate para ele com todo o amor que havia em seu peito.
Mas e agora? O que faria ele? Já estava um tanto interessado pela garota, como os leitores puderam perceber no capítulo passado, mas deveria ele deixar a vida promiscua que tanto amava para dedicar seu amor, seu ser, seu suor e seu sangue a uma única garota? Será que valeria a pena?
Na verdade, a dúvida perdurou em sua mente somente durante alguns dias. O dia 14 de março já se aproximava e ele já tinha a resposta em sua cabeça.
Para ser mais exato, era dia 13 de março quando Keitarô entrou em seu escritório como se nada tivesse a falar nem a dever para ninguém. Colocou sua mala sobre uma mesa que jazia no canto do escritório, sentou-se em sua poltrona presidente, ligou o computador e espreguiçou-se como nunca fizera antes. Estava cansado. Havia ido a uma festa na casa de Akio no dia precedente àquele, voltara para casa e dormira durante uma hora e meia.
Acordara tropeçando em seus próprios pés, tomara um banho que nem todos chamariam de "banho", de tão rápido que fora, arrumou-se e fora para a CJIT.
Após algum tempo já passado em seu escritório, Keitarô finalmente olhou para o calendário na parede. Era dia 13 de março.
'Poxa vida... Como o tempo passa rápido... Só agora estou percebendo que amanhã já é o White Day... E eu ainda não me decidi... Será que devo aceitar o pedido de Naru? Ela é a menina mais interessante, bonita e inteligente que eu já conheci... Mas mesmo assim, deveria eu deixar dessa vida tão boa e livre para começar um compromisso?' Keitarô falava sozinho novamente. Sempre que estava em dúvida costumava conversar consigo mesmo. As respostas mais sábias e mais certas estão sempre dentro do seu inconsciente.
Naru estava esperançosa naquele dia. Entrou no escritório de Keitarô umas cinco vezes alegando motivos idiotas como "Queria saber qual o cosplay que eu deveria fazer no próximo evento de animê...", entre outros, esperando algum comentário de Keitarô quando ao White Day, mas Keitarô não falava nada, o que já era de se esperar, pois estava ainda confuso em suas vésperas.
Já era quase o fim de seu expediente quando Narusegawa entrou no escritório do Keitarô novamente dizendo:
'Keitarô, me desculpe, é que a água do bebedouro lá de fora acabou então gostaria de saber se poderia beber a que o senhor tem aqui...'
'S... Sim, claro, não se preocupe, Naru.'
Os expedientes de Narusegawa e Keitarô acabavam na mesma hora, logo, Keitarô estava muito ansioso para chegar em casa depois de um dia inteiro de trabalho, o que já é de costume.
Quando seu expediente acabou, Keitarô vestiu seu paletó e pegou sua mala. Passando pelo corredor que ligava sua sala à recepção, viu que o bebedouro ainda tinha mais de três litros de água. Não ficou surpreso, já esperava que isso acontecesse. Não era sempre que Narusegawa entrava tantas vezes em seu escritório. Keitarô já sabia que ela não era uma garota que pensava em sua vida privada no meio do serviço. Mas entendeu muito bem o que lá estava acontecendo.
Chegou então à recepção e disse a Naru:
'Boa noite, até amanhã, Naru!'
'B... Boa noite, Keitarô... Até amanhã...' Narusegawa disse, desanimada. Parecia que seu amor não era correspondido.
Keitarô finalmente chegou em casa, muito cansado, fato este que nos mostra que as constantes realmente nunca mudam. O que sempre acontece nunca deixará de acontecer... Ou será que deixará? Toda a regra tem sua exceção...
Keitarô deitou-se em sua cama e começou a pensar. Tinha somente esta noite para fazer sua decisão, logo seria o White Day.
Três horas se passaram sem decisão alguma. Continuou deitado, até mesmo com preguiça de pensar, com medo do futuro.
Já era quase cinco da manhã quando chegou a seguinte conclusão:
'De que me valeram tantas vezes que sai pela noite, em pura promiscuidade? Somente uma dívida de 1200 reais numa loja de grife, dando dinheiro para uma garota interesseira... O sexo não faz o homem... Esta luta eterna entre o meu coração e o meu sexo destrói minha carne e bebe do meu sangue! Já estou cheio disso! Eu amo essa mulher e acabou! Minha decisão já está tomada.' Ele gritou.
'Seu idiota ignorante, não acredito que voltou a beber!' Ouviu-se uma voz do apartamento de cima, obviamente era a Srta. Aoyama, que subitamente fora acordada pelos gritos de Keitarô em plena madrugada, às 5 horas da manhã.
'Desculpe... Srta. Aoyama...' Disse Keitarô.
Keitarô agarrou seu telefone com toda a força e dedilhou seu teclado, ligando para o seu chefe.
'Alô?' Atendeu uma voz totalmente desanimada.
'Alô? Chefe? Aqui é o Keitarô!'
'Keitarô! Por Deus, o que faz você me ligar a esta hora? Qualquer outro empregado que fizesse isso seria despedido em menos de 24 horas! O que você quer?'
'É que... Amanhã é o White Day... Você poderia liberar eu e minha secretária mais cedo?'
'Vejo que meus dias de Cupido deram frutos! Conseguiu "pegar" ela?'
'Bem... ela se declarou para mim há um mês, acabei de decidir que vou aceitar o pedido... Essa decisão foi tomada exatamente agora, por isso tive que te ligar em plena madrugada... Me desculpe...'
'Tudo certo! Vejo que é por um motivo inteligível! Estou torcendo por você, heim, Keitarô! Não me decepcione, leva ela pra cama!'
'C... Chefe... Não vou só levar ela pra cama! Quero começar um namoro!' Disse Keitarô, tentando explicar o mal-entendido.
'Bem, você sabe que depois de aceitar esse pedido dificilmente irá em festas, baladas e coisa e tal, certo?'
'Sim, eu sei...'
'Foi por esse motivo que me divorciei... Mas se você aceita essas condições, eu te apoio em todos os sentidos. Pode sair mais cedo amanhã. Aonde você vai levar ela?'
'Ah, só tenho um lugar em mente... Desde que comecei a sair este foi o lugar onde obtive mais sucessos... Na verdade foi o único lugar onde eu realmente gostei de ir. O "Silêncio do Burburinho", novamente.'
'Eles estão extremamente gratos pela crítica que você fez no mês passado... Sabe que desta vez a CJIT não estará mais pagando todas as despesas, certo?'
'Sim, mas isso é o de menos.'
'Poxa, se você não dá valor para isso, então autorizarei os donos do capital a não te pagarem mais nada!'
'O que?'
'Hahahaha! Estou brincando! Tudo bem, terá as coisas na faixa quando fizer outras críticas pelo CJIT!'
'Hahahaha! Ainda bem!' Riu Keitarô, fazendo média, não achando a mínima graça.
'Então estou torcendo por você. Dê um show amanhã!'
'Obrigado chefe!' Keitarô disse e desligou o telefone.
Keitarô finalmente pôde dormir em paz. Dormiu somente durante duas horas, acordou com muito sono, mas contente devido à sua conclusão.
Ignorava o sono, se arrumou de forma mais perfeita possível, olhou-se no espelho, estava impecável.
Saiu sorrindo para todos os que via na rua, com seu carro e finalmente chegou na CJIT. Cumprimentou como de costume todos os seus superiores e inferiores, nunca lhes passaria pela cabeça que aquele homem tão sorridente teria dormido durante somente duas horas naquela última noite.
Pegou o elevador e chegou até a recepção onde Narusegawa já sentava-se em seu lugar, com um semblante totalmente desanimado.
'Bom dia, Naru! Hoje, o nosso expediente termina mais cedo. Você gostaria de sair comigo nesta noite?'
'K... K... Keitarô! É claro!' Um sorriso surgiu do nada, a água que do mesmo nada se transforma em vinho.
Toda a esperança de Narusegawa voltou.
Ambos cumpriam suas ordens com uma prontidão ímpar. Nunca a CJIT teve funcionários tão produtivos. Alguns diriam que é o amor reinando em seus corações.
Seis horas da tarde, Keitarô e Narusegawa já estavam saindo do enorme prédio, o Centro de Jornalismo e Imprensa de Tóquio. O responsável por todos os jornais que corriam por mãos alheias e por preços módicos.
Keitarô deixou Narusegawa em sua casa e ambos se arrumaram para a noite que iriam ter. Uma hora depois Keitarô passou na casa de Narusegawa e ambos foram para o "Silêncio do Burburinho".
'Aqui está. Desculpe a minha falta de originalidade, mas tenho motivos endógenos para vir neste local novamente.'
'Não ligo, adoro este lugar.' Narusegawa explicou.
'Aqui chegamos. O "Silêncio do Burburinho".
'Sim, "O remédio para curar os males do cotidiano".' Continuou Narusegawa, lendo o que se encontrava escrito na fachada.
Ambos entraram e subiram ao último andar de uso dos clientes. O andar romântico que envolvia cantores de "baladinhas" e uma pista de dança onde só dançavam casais.
Aqui começa a declaração feita por Keitarô.
'Naru Narusegawa... Escolhi este local para nos encontrarmos hoje por motivos especiais. Até alguns meses atrás... Eu era um revoltado de boa renda, um homem banhado em melancolia e whisky, a bebida dos desesperados. Não dava valor algum a minha própria pessoa, usava de todo o meu tempo para o meu próprio intelecto e me esquecia pouco a pouco de viver. Odiava ver pessoas se beijando, passava noites em claro xingando o espelho e acordando os vizinhos com palavrões poéticos. O amor me causava ódio, secava meu sangue em vapor quente, comia minha carne como carniça. Depois de uma noite ao acaso, numa festa qualquer em que fui por puro ócio, conheci um amigo e este me apresentou à promiscuidade. Me banhara desde então, não mais em whisky, mas em vinho. Minha auto-estima atingiu topos nunca explorados antes. Fazia quase tudo o que me vinha a cabeça, pensava que isso nunca abaria e ficava feliz por isso, mas, tudo tem um fim, e esta fase acabou. Hoje, eu entro numa nova fase da minha vida. O que era sujo se tornara límpido, o meu sangue negro se pacificou e se purificou. Hoje eu escolho este logradouro no meio de tantos existentes na grande cidade de Tóquio, pois foi aqui que exatamente há um mês você para mim se declarou. Aqui então, eu também me declaro para você, Naru. Aqui, passo a tuas mãos estes marshmellows, e também... Este pingente e este colar, ambos de ouro maciço. Digo agora que você me tirou da promiscuidade para me acolher em teus braços, eu deixo de me alimentar do vinho, para beber do puro licor do teu amor e da paixão que ferve, queima e explode em teu seio. Eu te amo, Naru.' Keitarô trovara um tanto alto demais, fazendo com que todos os que próximos se encontravam ouvissem.
Aqui acaba a declaração feita por Keitarô.
Começaram então todos a bater palmas. Keitarô corou enquanto Narusegawa permanecia sem palavras.
'Eu também te amo, Keitarô!' Narusegawa disse, pulando nos cálidos braços de Keitarô e beijando sua rubra boca.
FimAgradecimentos:
Agradeço a todos vocês que comentaram esta fic. Me deram ânimo para terminá-la. Agradeço principalmente:
Ao Liber Logaeth: Sua fidelidade por este fic foi extremamente importante para mim. Muito obrigado por sempre comentar. Adoro comentários. Sou extremamente grato a você!
À Aya Setsonorai: Seu review foi um dos grandes motivos pelos quais eu continuei e terminei esta fic. Muito obrigado!
A/N: Pessoal, logo virá ainda o capítulo 8, o epílogo. Afinal, nossas vidas não terminam no início de nossas paixões. Keitarô e Narusegawa ainda têm uma vida inteira pela frente.
Muito obrigado a todos.
Simbiot
