Capítulo 13: A Menarca de Enya
Mitch realmente tinha ficado contente com o ótimo resultado que conseguira na Corrida de Vassouras, mas se lembrou de que tinha outras coisas a fazer, entre elas fazer parte da Guarda de Hogwarts.
A Quarta-Feira acabou com mais uma das terríveis aulas de Poções: Snape parecia decidido a fazer Mitch sofrer por humilhar Draco Malfoy na frente de toda a Hogwarts. Draco estava de certa forma arredio, mas não falava muita coisa: fora vencido de forma limpa, e até mesmo Draco reconhecia que, no lugar de Mitch, teria feito a mesmíssima coisa – derrotado Mitch de forma limpa e honesta, deixando-o humilhado e sem capacidade de revidar. Snape, porém, estava disposto a tomar as dores de Draco: procurava pegar no pé de Mitch todo o tempo possível, testando-o para ver se ele era capaz de resistir a pressão.
A verdade, porém, era que Mitch era imbatível quando precisava lidar com pressão: ele conseguiu passar por essa funestra sabatina de Snape com louvor. Mesmo Snape, no final da aula, reconhecera que Mitch era insuperável nesse quesito: ele sabia lidar com a pressão. Foi quando tocou o sinal avisando o término da aula.
- Quero dois rolos de pergaminho sobre as Poções de Sono e quero-as para a próxima aula. Dispensados!
Mitch voltou para a Torre de Grifinória e resolveu tomar um banho. Quando chegou na Torre, porém, viu Enya, chorosa:
- Aquele... imbecil...
- Enya? – disse Mitch – O que aconteceu?
- O bobo do Cedric... Ele comparou meus... meus... – ia tentar dizer Enya, mas seu rosto corava sem parar, até ficarem quase tão vermelhos quanto o seu cabelo.
- Seus?
- Meus peitos... – disse Enya, com vergonha desabalada – Ele comparou meus peitos com os da Anastasia.
- E daí?
- A Anastasia tem aqueles peitos grandes... – disse Enya, com inveja – Enquanto os meus... tenho vergonha até de mostrar.
- E daí?
- Como?
- Enya, se você tiver que ter peitos grandes, você vai ter...
- Espero... – disse Enya, enxugando as lágrimas e descendo para comer.
Mitch ficou preocupado com o que ouviu de Enya: não estava entendendo muito bem aquela história, e sabia que Enya confiara nele; desde que seus pais morreram, Enya via no irmão mais velho os pais que ela não mais teria. Agora, o que Mitch sabia sobre essas coisas das mulheres.
Foi quando ele, após tomar seu banho, foi conversar com Helen, enquanto desciam para jantar:
- Helen...
- Oi?
- Queria fazer uma pergunta um tanto... constrangedora. Posso?
- Depende. – disse Helen, amarrando a cara.
- Quando é que os seios de uma garota... crescem? – disse Mitch, baixinho.
Helen ficou rubra de vergonha. Ela voltou-se para Mitch e disse:
- Que pergunta mais...
- Não é sobre você! – disse Mitch, sentindo a roubada na qual acabara de se enfiar – É que a Enya anda preocupada com o tamanho dos... peitos... delas, depois de uma piada mal contada pelo Cedric. Ela parecia estar muito nervosa, emburrada, até chateada, por assim dizer...
- É a primeira mudança de comportamento de Enya que você sentiu? – disse Helen, aparentemente interessada.
- Para falar a verdade, não... A Enya vem ficando muito estranha desde que voltamos de Hogwarts: tá apaixonada no Bono Vox do U2 e tudo o mais. E lembra aquelas tranças que ela fazia na cabeça e os arquinhos que ela usava? Agora ela aposentou tudo isso. Não sei, mas acho que tem algo errado com a Enya!
- Não tem nada errado! – disse Helen, desconversando – Ela apenas está mudando...
"Mudando? Como assim, mudando? E o que há de normal em mudar?", pensou Mitch.
- Acho que Enya vai precisar de sua orientação nessa hora, Mitch. – disse Helen.
- Mas como, se não faço a mínima idéia do que catzo está acontecendo com ela?
- Seria legal você dar uma lida sobre medibruxaria. Talvez você vá entender. – disse Helen – E por falar em medibruxaria, tenho que ir. A Erika e o Carlos estão me esperando para um trabalho de Medibruxaria, de dois pergaminhos, sobre doenças mágicas na infância. Se não entregarmos eles, a Madame Kaufmann disse que vai fazer todos nós pegarmos catapora de dragão! E pelo que conheço dessa doença, a coisa não é nada boa!
Helen terminou seu empadão de carne e saiu da mesa. Rony e Harry conversavam com Hermione e ainda demonstravam estar muito contentes com a conquista da Grande Corrida de Vassouras. Mitch, porém, se aproximou dos dois e de Nakuru:
- Gente, ronda noturna até as duas da manhã. Depois é com a Corvinal, começando... – disse Mitch, olhando para o seu relógio. – Agora!
Nakuru, Rony, Harry e Mitch sairam do Salão Principal e combinaram:
- Eu fico com as masmorras e o térreo. – disse Nakuru.
- Eu fico com os andares do prédio principal e com a torre da Astronomia. – disse Harry.
- Eu fico com as Torres Norte e Leste. – disse Rony.
- Acho então que me sobrou a guarda da Torre da Grifinória, não? – disse Mitch.
Os três olharam para ele.
- OK. Nos encontramos em quatro horas na Torre de Grifinória, certo?
Todos fizeram que sim com a cabeça e se espalharam.
Mitch subiu direto para a Torre da Grifinória e resolveu aproveitar enquanto tinha gente no Salão Comunal para estudar e por as matérias em dia: estava ficando desleixado com as matérias, e tinha um longo trabalho sobre "Casos de trouxas que sabem demais – procedimentos para o Sigilo da Magia". Mitch então lembrou-se que tinha que explicar um dos vários métodos de manter-se o Sigilo da Magia, e optou pelos Feitiços Desilusórios:
"Porque os Feitiços Desilusórios não são bons o suficiente?
Os Feitiços Desilusórios, cujo principal é Dellusio, são fracos pois dependem muito do Estado de Espírito do Trouxa. Na verdade, como citado em Trouxas sensitivos, 'nem todos os trouxas são sucetíveis aos Feitiços Desilusórios, pois eles dependem da força de vontade do trouxa em questão.' Para falar a verdade, existem muitas falhas na maioria dos Feitiços Desilusórios, como Dellusio, Convincis, e Illusorio Imago, sobre as quais irei discorrer.
Mitch então continuou a escrever. Foi quando Hermione se aproximou dele com cara de sono e disse:
- Posso dormir? Essas últimas redações foram cansativas. Preciso de um pouco de cama.
- Claro... – disse Mitch – É só terminar meu turno de ronda e eu irei dormir também.
Hermione subiu, bocejando e espreguiçando-se, para o seu quarto.
A lareira foi apagando, e Mitch se aproximou dela. Começou a novamente treinar Xadrez de Bruxo, de forma que suas peças novamente soltavam pérolas do tipo: "Quem foi a criatura abissalmente tola que fez esse movimento? Qual era a desse demente com cérebro de trasgo? Que mandasse ele! Podia dar-se ao luxo de mandar ELE para o abate!"
Mitch pouco se importava com isso. Ele continuava simulando as grandes partidas de todos os tempos de Xadrez entre trouxas com o xadrez de bruxo. De quando em quando, ele ia até a janela do Salão Comunal e sentava-se no parapeito, observando as estrelas e reconhecendo-as uma por uma. Naquela noite, não teria aulas com a Professora Sinistra. Ele continuou a observar as estrelas pela janela. Foi quando:
- AAAAAHHHHHH! – Mitch ouviu alguém gritar dos quartos das meninas.
- Droga! – gritou Mitch. Colocando seu comunicador, gritou aos demais – Alerta Amarelo! Alerta Amarelo! Torre de Grifinória!
- Mitch subiu até o quarto de onde teria vindo o ataque. Coincidentemente, era o quarto das terceiroanistas, o ano de...
- Enya! – gritou Mitch. Ele esmurrava a porta.
- Mitch... Não entra! – disse Enya.
- Mas que diabos... – disse Hermione, bocejando – Será que ninguém pode mais dormir em paz?
Foi quando ela avistou Mitch:
- Mitch o que você está fazendo aqui? Sei que você é da Guarda, mas mesmo assim, isso não lhe dá o direito de tentar invadir os quartos assim, ao Deus-Dará...
- Hermione, eu ouvi um grito. Pode ser que Enya ou outra das terceiroanistas esteja em risco!
- O que está acontecendo? – desceu bocejando do quarto das quartoanistas Helen.
- Mitch, vim assim que pude! – disse Harry, desabalado, com Rony e Nakuru o acompanhando.
- Deixem comigo! – disse Hermione, batendo no quarto – Ei, sou eu, a Hermione! O que está acontecendo?
- Entra sozinha, Mione! – disse uma voz que Mitch reconheceu ser de uma das melhores amigas de Enya, Morgana Stephens.
- Tudo bem, garotas! – disse Hermione – Mas espero que não seja brincadeira de vocês, senão vou dar parte de vocês para a McGonagall.
- Não é brincadeira! – disse uma outra voz, que Mitch reconheceu como a de Anastasia Kievchenko.
- Eu entro com a Hermione! – disse Helen.
- Tudo bem, Helen! – disse Morgana novamente. – Mas não deixe os rapazes entrar!
- Certo! – disse Hermione – Vocês esperam aqui! Nakuru, por via das dúvidas, fique no Salão Comunal...
A porta abriu-se rapidamente e Hermione e Helen entraram. Não dava para ver nenhuma das camas de dossel que estavam naquele quarto, e muito menos nenhuma de suas ocupantes. Mitch ficava cada vez mais preocupado, cada vez mais nervoso. A porta foi fechada por trás deles e um silêncio mortal se fez...
- Tem algo errado! – disse Mitch, depois de alguns minutos. Ele encostou o ouvido na porta e não ouviu nada.
- Nada? – disse Rony.
- Nada! – confirmou Mitch – Quer saber, vou resolver essa parada!
- Não, Mitch, a Mione vai...
Mitch sacou sua varinha e, encostando na tranca da porta, disse:
- Alorromora!
Um estalido seco revelou a Mitch que ele tinha aberto a porta. Ele correu e entrou, sem reparar que Hermione gritava:
- Mitch! Não entre...
Foi quando ele viu que Enya estava chorando:
- Enya! – disse Mitch, abraçando-se a Enya. As demais garotas pareciam assustadas com a invasão de Mitch ao quarto delas. Mitch nem ao menos reparou que tanto Hermione quanto Helen o olham com olhar de censura:
- Mi-Mitch! – disse Enya, chorosa. Foi quando Mitch olhou para baixo e viu que havia sangue na camisola de Enya, e o lençol de sua cama também estava sujo de sangue.
- Enya, você se machucou? Alguém tentou entrar aqui?
- Até você tentar, ninguém tinha tentado. – disse Helen, com aquele olhar de censura que dizia para Mitch: "Cara, que burrice animal!"
- O que está acontecendo aqui? - disse Mitch sem dar a mínima atenção ao comentário de Helen - Eu ouvi um grito e...
- É que eu... – ia dizendo Enya aos prantos – Tive uma sede terrível... Então... Fui tomar um copo de água... Fui buscar a água na jarra ali... – disse Enya, apontando para a tradicional bandeja de prata com a jarra prateada sobre ela, que todos os quartos de Hogwarts tinham para que os alunos pudessem beber água durante a noite – Tomei a água... E quando voltei... Vi que o lençol da minha cama estava ensangüentado... E fui olhar minha camisola... Ela também tinha sangue... E eu gritei... E corri para chamar a Morgana, a Anastasia, a Shania, a Loreena... E comecei a chorar... E...
- Bem, aí eu cheguei e vocês pediram para Hermione e a Helen entrarem, não? – disse Mitch, tentando tranqüilizar Enya, sentando-se em cima do malão dela.
- Isso mesmo! – disse Enya, sentando-se ao lado de Mitch, olhando-o com um olhar de culpa – E foi...
- E foi quando estávamos tendo uma conversa de mulher para mulher. – disse Hermione – Isso é, até você, seu filhote de trasgo, aparecer.
- O que? Mas não ouvi barulho algum?
- Mitch, fui eu que isolei magicamente o som do quarto, usando Accoustica Isolaros. É que o tipo de papo que estávamos tendo é meio constrangedor para mulheres falarem na frente de um homem... - disse Hermione, com tom condescendente, como uma professora de primário explicando a um menino que ele fez algo muito, muito feio - Mas já que você é irmão dela, acho que não há nada de mais.
- E quanto ao Rony?
- O Rony espera lá fora, não é? – disse Hermione, com uma singela e discreta piscadela.
- Ah, é! Entendi! – disse Rony, sacando a de Hermione. Depois completou sorrindo – Sei quando estou sobrando...
Rony saiu de perto da porta arrombada. Anastasia fechou a porta e Helen isolou novamente o som do quarto. Depois, Hermione pegou e pediu para Helen observar o lençol e a camisola suja de Enya:
- O que você acha que é isso? – disse Hermione, como se já soubessa a resposta.
- Simples: Enya teve sua menarca.
- Menarca? – perguntou Mitch. Nessa hora, todas as garotas olharam Mitch com aquela cara de "Não acredito que você não sabe o que é isso?", o que fez Mitch corar na hora.
- OK, OK. Mitch, vamos explicar para você o que diabos é uma menarca.
Hermione e Helen então passou a explicar, junto com ele, o que era a tal menarca. E Enya também ouvia os detalhes:
- ... e é isso! – disse Helen – A Menarca nada mais é do que a primeira vez que uma mulher menstrua. Ela inicia o período fértil da mulher, e também indica que ela está passando para a puberdade. Nas bruxas, a menarca é muito importante, pois certos poderes mágicos só afloram ou ficam mais fortes após a menarca. O sangramento que Enya teve é normal, é que Enya nunca tinha menstruado antes e por isso ficou assustada.
- Ufa! – disse Enya – Pensei que ia morrer.
- Bem... – disse Mitch – Tirando a p... vergonha que passei agora, acredito que não haja nada de errado mais aqui hoje, não?
- Não.
- Enya, – disse Hermione – acho que a Anastasia pode te ensinar a você lavar as suas... partes íntimas. – disse Hermione, corando um pouco ao reparar que Mitch ainda estava no quarto. – Depois, troque sua camisola. Quanto à roupa de cama, acho que não demora muito e um dos elfos de Hogwarts percebe que sua roupa de cama está suja e vem trocar. Quanto a você, Mitch, – disse Hermione, olhando-o com olhar de censura – espero que isso não escape daqui.
- Ei, peraí! – disse Mitch – Ela é minha irmã! Você acha que eu ia aprontar para cima dela?
- Espero que não. – disse Hermione, olhando para Mitch – Bem, garotas, de volta para a cama. Anastasia, cuide da Enya para mim, OK?
- Certo.
Mitch, Helen e Hermione sairam do quarto e foi quando Hermione parou Mitch:
- Mitch, a Enya tá meio perturbada... Espero que você entenda se o comportamento dela lhe for estranho nos próximos dias. É assim com toda mulher! Logo ela vai ficar bem. – disse Hermione
Mitch, claro, ficou boando no assunto, mas mesmo assim assentiu: sabia que Hermione era mais experiente nesses assuntos que Mitch, pois era mulher e tinha 16 anos, contra os seus 14 anos de homem.
Mitch olhou para o relógio e percebeu que já eram duas da manhã. Ele então dispensou todos os Guardiões que estavam na ronda noturna e foi dormir.
