Capítulo 14: Vilarejos e Recomeços


Alguns dias se passaram. Mitch percebeu que Enya ficava agora com um comportamento estranho: regularmente tinha mudanças drásticas de humor e ocasionalmente caia em crises de choro compulsivo. Não parecia mais aquela Enya que Mitch conhecera. Parecia outra pessoa.

Mitch, porém, estava mais preocupado com Enya em outro sentido: desde que ela teve sua primeira Menarca, ela passou a ter sonhos estranhos e a pesquisar coisas na biblioteca. Não eram pesadelos, como os que Mitch tinha ocasionalmente, mas eram sonhos estranhos. Enya contava que misturava cenas de "Alice no País das Maravilhas" com lendas celtas, Senhor dos Anéis e as coisas que se passavam em Hogwarts. Acima de tudo, eram sonhos definitivamente BIZARROS, mesmo para os padrões dos bruxos.

O Dia das Bruxas vinha se aproximando, e essa era outra preocupação que Mitch tinha: sabia que Helen e ele não tinham muito contato. Embora ambos fizessem o possível para manterem o contato mútuo, Mitch sentia que Helen não estava mais tão próxima dele quanto antes. Mitch queria dar um jeito de se aproximar novamente de Helen, e a chave para isso era o tradicional baile à fantasia de Dia das Bruxas de Hogwarts.

Foi quando, alguns dias antes do Dia das Bruxas, o quadro de avisos anunciava:

- Galera! – disse Rony – Fim de semana em Hogsmeade!

- Espero que nos liberem! – disse Nakuru – Lembrem-se: somos da Guarda. Se nós vamos poder ir ou não vai depender do Professor Dumbledore.

- Acho que vão acabar não liberando. – disse Harry – Afinal de contas, mesmo lá os alunos de Hogwarts agora estão ameaçados pelo Vold... quero dizer... pelo Vocês-Sabem-Quem.

- Não duvido que vão fazer a gente ficar em um meio termo... – pensou Mitch.

E não deu outra: naquela mesma noite, todos os alunos da Guarda receberam Confidenciais dizendo:


"Guardiões:

Este ano estaremos liberando todos os alunos para irem a Hogsmeade, mas vocês deverão, em especial, ficarem atentos para qualquer movimentação estranha, pois temos suspeitas que Voldemort possa atacar Hogsmeade em breve.

De resto, uma boa visita a Hogsmeade.

Alvo Dumbledore"


- Viram só? – disse Nakuru – Vamos ir...

- Mas não vamos poder relaxar! – disse Rony, amuado – Que ótimo: de que serve um fim-de-semana em Hogsmeade se não pudermos relaxar?

- Na verdade, vamos poder relaxar, mas vamos ter que nos cuidar mais que a média.

Helen, claro, deu apoio a Mitch: ela nunca vira Mitch tão atarefado antes, mesmo quando ele jogava quadribol no time principal e treinava o time júnior de Quadribol.

No dia seguinte, o Sábado de Hogsmeade, todos desceram e foram tomar seu café da manhã. Enquanto conversavam animados sobre a possibilidade de comprar novas fantasias para o baile do Dia das Bruxas. Mitch não compraria um novo traje: o Malão de Contravolume tinha espaço para guardar seu equipamento de palhaço, então decidiu que iria vestido de palhaço.

Naquela manhã, uma coruja passou por cima de Mitch, Harry, Rony, Hermione e Helen, deixando envelopes para cada um deles. Mitch leu o seu:


"Caro Mitch:

Queria que você comemorasse comigo minha liberdade, aproveitando para conhecer minha nova casa aqui em Hogsmeade.

Venham... Ela fica na travessa da Zonko's, bem perto da Casa dos Gritos.

Sirius Black"


- Sirius já foi julgado? – perguntou Harry, com o coração na mão, sem reparar que tinha falado MUITO alto.

Toda a mesa de Grifinória observou Harry com uma incrível curiosidade.

Para salvação de Harry, chegou a coruja do Profeta Diário e fez as entregas dos jornais. Hermione então abriu o jornal, deixando bem à mostra a manchete: "Black é inocente!".

- O que? Pegaram o Black? – disse Neville – Mas e os dementadores...

- Escutem isso. – disse Hermione:


Sirius Black Inocentado:

Suposto Herói é o Verdadeiro culpado pelo "Massacre da St. Sophie Road"

Elanor Binks, Reportagem Local

Depois de anos de histórias mal contadas, foi revelada recentemente a verdade sobre o "Massacre da St. Sophie Road", ocorrido um dia após a queda Daquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado. Sirius Black, suposto Comensal da Morte e traidor de Lilian e Tiago Potter, na verdade foi vítima de uma conspiração armada pelo suposto herói Pedro Pettigrew.

Utilizando-se de uma trama diabólica, Pedro Pettigrew, conhecido pela alcunha de Rabicho entre os Comensais da Morte, entregou os Potter Àquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado e, ao descobrir que estava sendo perseguido por Sirius Black, encurralou-o na esquina da St. Sophie Road e explodiu a rua. Cortando seu dedo, para dar a impressão de que tinha morrido, ele (que, assim como Black, é um animago ilegal) mudou para a forma de um rato e ocultou-se por anos, até que, ao tentar se aproximar de Harry Potter o suficiente para utilizar a Maldição Extirpare Maggio, foi detido por um jovem aluno de Hogwarts, com a ajuda de Arabella Figg e de Sirius Black. Logo em seguida, Sirius Black se entregou, junto com Pedro Pettigrew, ao conhecido Auror Alastor "Olho-Tonto" Moody, que averigüou o caso e removeu a sentença de Beijo de Black.

Apesar disso, Sirius Black ainda foi condenado pelo crime de Prática Ilegal da Animagia, tendo como pena seis meses de serviços comunitários no vilarejo de Hogsmeade. A pena muito pequena nesse caso de Prática Ilegal da Animagia foi decidida em favor de Black devido ao tempo que passou em Askaban pagando por um crime que não cometeu.

Sirius Black disse ao Profeta Diário: "Tudo que quero agora é recomeçar a minha vida e seguir em frente". Sirius não quis comentar nada sobre Pedro Pettigrew, conhecido amigo de escola de Sirius e Tiago Potter em Hogwarts...


- Maravilha! – disse Rony – Então Sirius está livre!

- Como? Sirius Black está livre? – perguntou Gina.

- Sim. Até que enfim entenderam que Sirius não era culpado, e sim o maldito Rabicho! – disse Rony.

- Bem... – disse Mitch, terminando seus ovos com pão de centeio. – Estou subindo. Vou esvaziar minha bolsa e pretendo voltar com ela lotadinha de Chocolate Meio-Inteiramente Amargo da Dedosdemel.

Todos na Grifinória deram risadas e subiram. E em seguida, desceram e foram até Hogsmeade

O frio naquele dia era bem intenso: rajadas de vento frio e cortante cortavam Hogsmeade, e todos andavam apressados pelas ruas, evitando expor-se demais ao vento. Todos os amigos estavam no Três Vassouras, a taverna do Vilarejo, tomando uma cerveja amanteigada bem quentinha. Mitch estava com Helen, Harry, Rony e Hermione. Os cinco iriam logo para a casa de Sirius, mas combinaram em comprar algumas coisas para fazer uma festinha.

Foi quando perceberam que todos em Hogsmeade comentavam a decisão do Ministério da Magia de libertar Sirius. Alguns pareciam satisfeitos, outros, porém, pareciam revoltados com a decisão:

- Não acredito! – dizia um bruxo com vestes escuras e um chapéu engraçado, algo como uma cartola amassada – Esse Black deve ter feito alguma coisa com os juízes do Ministério...

- Duvido! – disse Madame Rosmerta, dona do "Três Vassouras" – Black sempre foi um bom moço, na minha opinião... E quanto àquela história de que ele teria traído os Potter, nunca acreditei nisso: sempre achei muito mais fácil ele ter virado uma Avada Kedavra contra a própria cabeça do que simplesmente entregar os Potter.

- Mas ele pode muito bem ter mentido! – disse uma outra bruxa, essa vestindo uma veste rosa tão colorida que parecia mais um grande bolo de casamento – Afinal de contas, ele era um homem do Vocês-Sabem-Quem...

- Não era! – disse um outro bruxo, bem jovem, esse com um casacão de um couro que Mitch não conseguia descrever, e usando os longos cabelos e barbas loiras com vários rabos-de-cavalo em estilo viking – Você não leu o jornal? Ele aceitou prestar depoimento sob efeito do Veritaserum! Quantos homens do Vocês-Sabem-Quem aceitariam tal coisa? Não existe atualmente nada que permita anular-se os efeitos da Poção da Verdade...

- Vai saber. – disse um bruxo horrível, de um olho só, com nariz adunco e com uma mão cheia de dedos nodosos, combinando com sua voz viscosa e sussurrante – Não podemos esquecer que o Vocês-Sabem-Quem tinha muitos poderes estranhos... Artes Negras... Magia das Trevas perdidas desde tempos imemoriáveis, capaz de corromper a alma de uma pessoa... Não à toa o Você-Sabe-Quem era tão temido. Quem sabe Black não aprendeu alguns truques com ele.

- Eu tou começando a achar essa discussão um saco! – disse Harry, baixinho.

- Vamos sair então! – disse Mitch. – Madame Rosmerta, prepara aquela encomenda...

- Certo, McGregor!

Uma pequena caixa foi entregue a Mitch por Rosmerta, e eles então sairam e foram para a Dedosdemel, aonde compraram vários tipos de chocolates, entre eles as grandes barras de Chocolate Meio-Inteiramente Amargo que Mitch tanto gostava. Mitch viu Enya e Cedric se divertido com o Rostos de Caramelos ("Coma e mude de cara!"): enquanto Enya tinha ganhado duas grandes orelhas de rato, o nariz de Cedric ficara grande como um balaço.

Depois das compras, Harry, Mitch e os demais foram para a casa que Sirius mencionou. Era uma casa de um bom tamanho, da qual um letreiro fora removido. Na verdade, aquela era uma casa como todas as demais de Hogsmeade: no andar térreo uma loja, no andar superior a casa propriamente dita. Um bruxo desconhecido, mas de porte e feições semelhantes aos de Lupin atendeu:

- Ah, enfim chegaram! – disse o bruxo estranho, com um sorriso fácil e amigável. Depois ele dirigiu-se à escadaria que levava ao segundo andar e gritou – Ei, Peludo, os amigos do Totó chegaram!

- Já cansei de dizer, Rômulo: nunca me chame de Peludo! – disse uma voz no andar de cima que Mitch reconheceu ser a de Remo Lupin.

A loja parecia uma antiga loja de livros, a muito desativada. Em cima do balcão, uma grande placa litografada dizia: "Lupin & Lupin - Livros de Primeira LinhaLivros Escolares, Adivinhações, Magia para o Cotidiano, Livros de Segunda Mão. Jornais nacionais e internacionais: El País Brujo, Magical USA Today, Coruja Brasiliense, Diário da Magia. Qualidade e Bom Preço." Os livros fascinaram Hermione: nunca tinha visto tantos livros juntos antes, exceto, talvez, na Biblioteca de Hogwarts e na Floreios & Borrões. Um fogo crepitava de uma lareira próxima de uma saleta, aonde três sofás de três lugares estavam dispostos de costas para o fogo, com uma mesinha de centro no meio. Várias estantes estavam dispostas em fileiras, e em um canto uma caixa continha pequenos livros com cara de usados.

Remo Lupin desceu. Comparado com o bruxo estranho, Remo era raquítico e mirrado: o tal Rômulo tinha porte altivo e um sorriso cativante. Logo em seguida, Sirius desceu: parecia mais gordo (ou pelo menos não tão esquelético), sua pele não era mais macilenta, e sim de uma cor viva e rica, e seus cabelos negros, embora ainda longos, estavam agora limpos e bem aparados. Usava vestes simples, de cores sóbrias, o que definitivamente não era Sirius Black para os cinco:

- Rômulo, que história foi aquela de me chamar de Totó? – disse Sirius.

- Relaxa, cara! Tá certo que doze anos de Askaban são de doer, mas você não pode ter ficado tão ruim.

- Sirius, o que você vai fazer com esses livros? – disse Hermione.

- Vender...

- Você não pode! – disse Hermione, exasperada.

- Como não, se essa loja agora é minha com o Aluado aqui?

- COMO? – perguntaram-se todos.

- Na verdade – disse Rômulo – tudo começa quando o Peludinho aqui...

- Eu já falei para você NUNCA me chamar de Peludinho! – cortou Remo, MUITO sério e MUITO sem graça.

- Desculpa. - disse ele, rindo. Nem mesmo Remo conseguiu deixar de dar um sorrisinho constrangido com a piada de Rômulo - Começou quando o Lupin aqui pegou a licantropia: atrás de uma cura, meu pai e minha mãe começaram a correr atrás de todos os livros de magia que podiam por as mãos. O problema era: como manter as aquisições sem quebrar a família? Foi aí que mamãe decidiu comprar essa antiga livraria de seu primeiro dono e começou a comprar todos os livros que podia: ao mesmo tempo ela fornecia e adquiria livros para si.

- Foi aqui que Dumbledore descobriu sobre o meu caso. – disse Remo – Me lembro bem que foi no primeiro ano que ele era diretor: eu tinha apenas 10 anos de idade, mas já tinha problemas com o fato de ser lobisomem. Foi quando:


"- Professor Dumbledore! – disse Theophilus Lupin – A que devo a honra?

- Bem, ando precisando de alguns títulos mais atuais sobre Feitiços... Você sabe, nunca foi meu forte, e esses feitiços modernos estão me deixando maluco... – disse Dumbledore, entre risinhos.

Claro que ninguém imaginava que Alvo Dumbledore REALMENTE tinha problema com feitiços, então Theophilus deu uma risadinha.

- Já vou pegar para você. Aguarde um pouco.

Dumbledore sentou-se no sofá, quando ouviu algumas batidas estranhas vindas do piso da casa. Ele encostou o ouvido no chão e ficou ouvindo: pareciam rosnados, uivos e arranhões baixos, mas claros o suficiente para serem identificados.

- Professor? – disse Theophilus, assustado. – O que o senhor está fazendo?

Dumbledore olhou para Theophilus e disse:

- Pode dizer sem medo qual dos seus filhos é o lobisomem. – com candura e tranquilidade na voz.

Claro que Theophilus ficou sem voz, mas conseguiu dizer baixinho:

- O Remo. Tolo... - disse ele, lágrimas nos olhos se formando - Foi brincar durante uma noite de lua cheia com apenas 6 anos e foi atacado por um lobisomem. Agora é isso: todos os meses, ele tem que ser trancado de baixo de casa. Não sabemos o que fazer mais: é desumano tratar ele assim, mas não temos outra alternativa sem ser risco para ele ou para os outros. Usar Homorfo me parece algo similar a tortura... Além disso, duvido que vão aceitá-lo em Hogwarts: ele tem sangue bruxo, mas...

- Não diga mais nada! Eu darei um jeito, Teeophilus. Afinal de contas, você sempre foi um bom amigo e ajudou bastante Hogwarts.

Theophilus não conseguia esconder a alegria:

- Obrigado, professor Dumbledore! Muito obrigado!

- Disponha! – disse Dumbledore – Bem, agora deixe-me levar isso aqui... Vou precisar de muita ajuda de Flitwick para aprender tudo isso."


- Bem, depois que nós entramos, – disse Rômulo – eu estudei em Corvinal todo meu tempo de Hogwarts. Alguns meses antes de nos formarmos, porém, papai e mamãe foram mortos no último grande ataque que teve a Hogsmeade. Desde então, fechamos a Lupin & Lupin...

- Que agora vai ser a Lupin & Black – Livros de Magia. – disse Sirius – Depois que eu fui libertado, mas colocado para fazer serviços comunitários para Hogsmeade, eu pensei que a melhor coisa era pensar em o que fazer depois de acabar a pena. Eu e Lupin já usávamos aqui como esconderijo. Foi quando...


"- Isso aqui parece um museu! – disse Sirius, limpando os livros que estavam nas pratileiras.

- Desde que meus pais morreram, nem eu e nem Rômulo viemos mexer em NADA aqui...

- Sabe, eu sempre achei massa ser dono de livraria.

- Ah, fala sério, Almofadinhas...

- Não, tou falando sério! Meu pai tinha uma biblioteca enorme, mas acabou tendo que se desfazer dela por motivos diversos...

- Bem, agora você tem que pensar em uma coisa, Sirius: o que você vai fazer da vida? Você ainda tem um bom dinheiro no Gringotes, mas tem que pensar que agora pode assumir a tutela de Harry... Como você vai fazer para sustentar seu afilhado?

- Já sei! – disse triunfante Sirius – Eu compro a sua parte ou a do seu irmão na Livraria... Podemos reativá-la e posso vender livros e assim me sustentar e ao Harry.

- Não deixa de ser uma má idéia! – disse Lupin – Tudo bem! Pode contar comigo nessa sua maluquice, Almofadinhas!"


- Nunca pensei que fosse fácil, mas não vou dizer que não tenha sido divertido: recebemos muitos catálogos e livros para apreciação. Tivemos também que separar os livros mais inúteis e colocá-los em um canto para fazer uma promoção na inauguração, no próximo fim de semana de Hogwarts em Hogsmeade. Ainda estamos separando os livros mais antigos para vender para colecionadores de edições raras. Já gastei quase todas as minhas reservas para por isso aqui em dia... Ah, mas venham, vamos ver o andar de cima!

O piso superior era a casa propriamente dita: uma sala, com apenas dois sofás, um de três e outro de dois lugares, uma mesinha de centro e uma lareira. Em um canto, um american-bar, sem nenhuma garrafa de bebida à mostra. Um corredor levava aos quatro quartos no fundo. Uma ampla sala de jantar e uma cozinha se ligavam à sala através de um segundo corredor, que também ligava os dois banheiros anexos. A casa era muito mais grande do que a livraria, que por si só já era grande:

- UAU! – disse Rony – Aqui é muito legal.

- Ainda não tivemos tempo de mobiliar totalmente. – disse Sirius – Mas já colocamos a minha cama, a do Lupin. Por enquanto, o Rômulo vai morar com a gente também: ele sabe preparar as poções que o Lupin precisa. Acho que depois ele vai alugar uma casa por aqui mesmo, ou talvez no Beco Diagonal. Equipamos a cozinha, mas falta dar mais uma mobiliada, arrumar a calefação antes do inverno e da inauguração da Lupin & Black, enfim... tem muito o que fazer.

- Mesmo asssim. – disse Hermione – Está muito legal a casa!

- Bem, – disse Mitch – trouxemos algumas coisinhas para nossa pequena festa.

Mitch colocou em cima da mesinha de centro as coisas que compraram no Três Vassouras: algumas garrafas de cerveja amanteigada e alguns aperitivos, como amendoins pula-pula (coma e saltite), pequenos canapés em formato de vassoura, biscoitinhos salgados com gergelim, enfim, tudo que precisavam. Lupin também trouxe os biscoitos com requeijão e outras pequenas iguarias que ele fez.

Harry estava bem animado: a situação que passara no início do ano letivo com os Dursley indicavam a ele que ele não poderia mais ficar lá; os Dursley pelo jeito o entregariam de bom grado a Voldemort, desde que com isso se livrassem do estorvo que ele era, na opinião deles. Já os demais gostavam de ver que Sirius, que sempre foi inocente, agora não precisava mais se ocultar.

Todos então começaram a conversar sobre os mais variados assuntos, inclusive sobre o futuro de Sirius e Remo como Livreiros: afinal de contas, um ex-foragido dos Aurores e um Lobisomem como donos de uma livraria, dificilmente as pessoas não passariam na livraria:

- Se não venderem nada, ao menos viram atrações turísticas de Hogsmeade. O Grande Circo de Horrores de Lupin: vejam o assassino foragido Sirius Black, o único homem que escapou vivo de Askaban! Vejam também Lupin, o incrível professor Lobisomem! – disse Rômulo, depois de todos terem tomado algumas cervejas amanteigadas.

- Ah, vai pastar! – disse Sirius.

- Na verdade – disse Lupin – acho que vamos fazer algum ourinho numa boa: o pessoal da Trapobelo já está de saco cheio de bancar a livraria e disse que se desfaz com prazer dos livros que eles têm em estoque para nós. E como eles incluem todos os livros pedidos por Hogwarts, sempre podemos ter um fluxo de pessoas vindo comprar aqui. Afinal de contas, sempre tem alguém perdendo ou rasgando seus livros.

- E então, Harry, gostou da casa? E o que acha de trabalhar em uma livraria? – disse Sirius.

- É DEMAIS! – disse Harry. Foi quando ele lembrou – E quanto ao Dumbledore? Ele me disse várias vezes que tinha que ficar com os Dursley, quando eu pedia para ele deixar eu morar com os Weasley...

- Depois do que aqueles malditos Dursley fizeram, duvido que Dumbledore vai querer manter você lá... Ainda mais depois que eu descobri o porque você tinha que ficar lá...


"- Então é verdade o que dizem por aí! – disse o bruxo, com seu cabelo desgrenhado e suas roupas sujas e rasgadas.

Sim...

- Então, você deixou Harry com os Dursley porque...

- Porque eu sabia que Lilian tinha colocado um Feitiço de Proteção contra o Mal na região da casa dos Dursley... Os Dursley nunca seriam alvo do mal, a não ser que eles próprios permitissem que ele entrasse.

- Mas como? Eles sabiam?

- Não: Lilian nunca contou à sua irmã Petúnia que tinha colocado um Feitiço em sua casa. Ela provavelmente teria se mudado na mesma hora!

- E porque Lilian colocou o Feitiço lá? Porque não em outras casas? Ela sabia que Arabella Figg morava na Rua dos Alfeneiros...

- Justamente por isso: Arabella é uma bruxa muito gabaritada, e Lilian sabia que o risco era de Voldemort procurar ou a família de Tiago ou a dela.

- Mas porque?

- Esse mistério, Sirius, tenho que dizer que vou resguardá-lo para mim ainda por mais algum tempo."


- Então Dumbledore sabia do Feitiço? – perguntou Harry.

- Tenho quase certeza que Rabicho não era o único a ser Fiel de Segredo dos seus pais, Harry. Se estou certo, Lilian e Tiago fizeram o Feitiço de Proteção sem o conhecimento de Petúnia, e não falou sobre ele até agora. Acredito que o Feitiço não deva mais funcionar, pois dependia dos Dursley deixarem o mal entrar. E, com sua mesquinhez de tentar impedí-lo de voltar a Hogwarts e de remover sua magia de você, Harry, eles deixaram o mal entrar na casa deles.

- Então é isso: os Dursley são página virada para mim agora! – disse Harry.

- Só vou pedir uma autorização para Dumbledore deixar você vir para cá, acertar alguma papelada no Ministério da Magia, o que deve ser rápido, e depois pegar suas coisas com os Dursley. Claro que se eles se negarem, sempre posso dar uma pressionada... – disse Sirius, tirando de lado a jaqueta, mostrando a varinha.

- Entendi. – disse Harry.

- Então todos terminaram de comemorar a libertação de Sirius e voltaram para Hogwarts, pensando em como a vida agora ficaria muito melhor para Harry.