Capítulo 20: Natal


Mitch esqueceu a história das armas de Aço Estígio por algum tempo, e nesse tempo todos começaram a pensar nos presentes de Natal.

Mitch sempre foi um cara preocupado com o Natal, ou o Yule, como ele se preocupa em dizer sempre: era a época do ano na qual ele se sentia mais à vontade. Talvez fosse o fato de viver no Eire, mas para ele, certas coisas, como as Tradições e a Sabedoria Antiga fosse mais importante que poder, dinheiro ou ambições.

Mitch aproveitara a abertura da Lupin & Black para fazer encomendas natalinas para todos. Alguns presentes ocasionais poderiam vir na forma de corujas McGregor (aquele ano fora especialmente generoso com eles na criação de corujas) e ele sempre podia dar coisas trouxas para aqueles que conhecessem bem o mundo ds trouxas.

Os dias foram se arrastando lenta e divertidamente, até que Mitch despertou no Natal, com um:

- Bom dia! – de uma Enya e uma Helen tentando sufocá-lo com um travesseiro.

- Ei suas loucas? – disse Mitch – Estão querendo me matar?

- Nada disso. – disse Helen, entregando uma caixa para Mitch – Feliz natal!

De dentro da caixa, uma torca (espécie de bracelete feita de materiais torcidos em motivos geométricos) de madeira de azevinho, trabalhada magicamente esperava Mitch:

- Uau! É linda! – disse Mitch, colocando a torca na altura do antebraço direito – Obrigado!

- E esse é o meu! – disse Enya.

Era uma torca também, mas feita de couro de algum animal desconhecido, com detalhes mais simples, que Mitch decidiu colocar na perna esquerda.

Ele então avançou nos outros presentes: Erika lhe mandara um livro sobre Runas Antigas; Hermione, uma caixa de doces; Nathan (que resolvera passar as férias em Salém, pegando uma carona com a Professora Palkovic de Advomagia) mandara-lhe uma caixa de baralhos de Magic: The Gathering, jogo trouxa muito popular; Tim lhe mandara Chocolate Meio-Inteiramente Amargo; e Olívia alguns doces tradicionais da região de Stratford-Upon-Avon.

Ao descer para o café, ainda não tinha recebido presentes de sua família, quando uma corujona do Profeta Diário desceu e deixou-lhe o exemplar do dia e mais um bilhete:


Caro Senhor Mitch McGregor:

Seu parente ElricMcGregor escolheu sabiamente o seu presente de Natal, e vislumbrou o futuro seu através da opção pela assinatura de O Profeta Diário pelo próximo ano. Durante os próximos 365 dias, você ficará por dentro de todas as grandes novidades em bruxaria, moda, economia, política, esportes e variedades do mundo mágico.

Em nome de Elric McGregor e no nosso próprio nome, desejamos a você um ótimo Natal e um ano mágico.

De seus amigos do

Profeta Diário


- É... – pensou Mitch – Não deixa de ser algo interessante.

Mitch então pegou o jornal e o abriu, e na manchete estava escrito:


TROUXAS DESAPARECIDOS:

"Oitavo desaparecimento de Trouxas na Zona metropolitana de Londres em apenas duas semanas intriga o Ministério da Magia. Aurores no caso."

Karyn Haliwell, Reportagem Local

O recente desaparecimento de trouxas na Zona Metropolitana de Londres vem causando alvoroço dentro do Ministério da Magia.

A mais recente vítima é Henry Janson, bibliotecário da Oxford University (escola trouxa equivalente a Hogwarts), que desapareceu na noite de ontem, quando caminhava em Trafalgar Square, uma praça muito conhecida e movimentada da Londres dos Trouxas.

Segundo testemunhas ouvidas pela Scotland Yard (polícia trouxa equivalente ao Aurores), Henry foi agarrado por quatro rapazes e levado até uma viela próxima. Cody Miasaki, nipo-americano turista e única testemunha que seguiu os rapazes, disse à Scotland Yard que "ao entrar na viela, ele não viu ninguém, nem porta, bueiro ou qualquer forma de uma pessoa escapar. O muro à frente era alto demais para uma pessoa subir ou escalar, e além do mais, mesmo que conseguisse escalar, não conseguiria levar consigo o cara."

O depoimento chamou a atenção de Josh Skywalker, Auror Infiltrado na Scotland Yard, que entrou em contato com o Ministério da Magia, que conseguiu deslocar Hugh Burroughs, o melhor Auror Infiltrado na ativa, para o caso.

"Tudo leva a crer que ou Aparataram ou utilizaram-se de Magia das Trevas para deslocar-se por meio de sombras.", disse Burroughs em entrevista coletiva. Quando questionado sobre a possibilidade de antigos homens Daquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado estarem de volta à ativa, Burroughs respondeu apenas que "isso será averiguado".


- Que coisa estranha? Para que um bruxo iria querer raptar um trouxa? E antes: porque tentaria fazer isso em Trafalgar Square, aonde vive apinhado de trouxas e ocasionais bruxos, já que é caminho para o Caldeirão Furado e, por tabela, para o Beco Diagonal? – pensou Mitch, quando Enya chegou.

- O que está lendo, Mitch? – disse Enya.

- Profeta Diário. – disse Mitch – Vovô me deu uma assinatura.

- E o Ced? – perguntou Enya.

Logo em seguida à pregunta, Cedric entrou no Salão Principal, com um pacote estranho nas mãos:

- O que é isso? – perguntou Enya.

- Não sei... Alguém me mandou. – respondeu Cedric

- Abre então!

Eles abriram: um grande livro saiu de dentro, com apenas uma palavra sobre ele.

"Andaluzia"

- É dos Andaluzia! – disse Cedric, abrindo o livro. Na primeira página, um grande brasão vermelho e amarelo com um cavalo preto estampado. Embaixo um nome: Hidalgo.

- Perteceu a Hidalgo Andaluzia!

- O pai de Adrian? – disse Mitch.

Adrian Andaluzia havia falecido no fim do último período letivo, vítima de uma Avada Kedavra disparada pelo próprio Voldemort.

- Mas como isso teria ido parar na sua mão, Ced? E mais: com que objetivo?

- Não sei... Tinha apenas esse cartão.

Cedric entregou a Mitch um cartão escrito simplesmente: "Pode lhe ser útil. Use com sabedoria."

- Fiquei preocupado com uma coisa... – disse Cedric.

- O que?

- Bem, Hidalgo era um Comensal, não? Bem, se este livro contiver resultados de pesquisas mágicas dele, provavelmente vai contar com muita magia das Trevas, e das bravas, e ainda por cima... – disse Cedric, levando a mão à testa, como se tivesse sentindo uma pontada de dor – Tem alguma coisa com esse livro que não me agrada.

- Eu guardo ele, Ced, se você quiser. – disse Mitch.

- Tudo bem... Além do mais, meu malão já tá abarrotado de coisas.

Cedric entregou o livro a Mitch: a capa tinha uma textura desagradável, como um couro ressecado e áspero, de uma cor negra, com uma placa de metal dourado escrito "Andaluzia". O pergaminho do qual o mesmo era feito não era muito melhor: tinha uma aparência que, por mais ilógico que fosse, lembrava a Mitch pele humana, e uma textura quase tão desagradável quanto a capa.

Depois de tomar seu café, Mitch retornou para seu quarto, guardou o livro na última parte do Malão de Contravolume, e começou a ler o manual sobre Magic: The Gathering, quando Rony, Harry e Hermione resolveram o chamar para algumas partidas de Xadrez de Bruxo. Obviamente que Mitch apanhava feio de Rony: não parecia haver nada que pudesse impedir suas estratégias de serem vitoriosas, e parecia que nenhuma estratégia definida por outros era capaz de vencer Rony.

Nesse momento, Mitch lembrou de abrir mais alguns presentes, inclusive alguns que chegaram atrasados, através de corujas: Angus mandara um jogo de estratégia militar futurista, Battletech, que Mitch achara muito interessante; Ramon comprou, com ajuda de Medea, dois conjuntos de vestes do Chudley Cannons, um dos quais Mitch deu a um impressionado Rony, e por aí afora.

Foi então que desceram para o almoço, e Mitch reparou que os Gina não desgrudava dos gêmeos Amaruska Kievchenko:

- Gina gostou deles... São bem engraçados, mas já conseguiram pegar detenção nas mãos de Snape. – disse Rony

- Também... Aquele cara tem o mesmo senso de humor de uam varinha velha. – disse bem baixinho Mitch, de forma que Snape não pudesse o ouvir.

Harry almoçava pensando em uma forma de escapulir para Hogsmeade e visitar Sirius, Rômulo e Remo na Lupin & Black. Uma coruja recente dizia que as pessoas já venciam o receio de lidar com um ex-foragido dos Aurores e um lobisomem, e que as vendas de livros para o Natal foi fantástica, ainda mais com o livro Papai Noel – Biografia Autorizada, de Kimi Hakkinen, que já estreara no topo da lista dos dez mais vendidos no Profeta Diário.

- É bom saber que Sirius está indo bem. Mas ainda preferia que as pessoas parassem de olhar para ele como se a todo momento ele tivesse pronto para tentar usar a Maldição Imperio. – disse Harry.

- Harry... Sirius vai ter que lidar com isso. – disse Mitch.

- Mitch está certo, Harry! – disse Hermione – Não são muitos que acreditam em uma história tão... sem querer ofender... sem pé nem cabeça como a que ele propunha. E lembre-se: Sirius foi solto apenas porque pegaram Rabicho e ele deu depoimento mediante uso de Veritaserum.

- Harry, você vai ter que aprender a lidar com isso também. – disse Rony, com metade de uma coxa de peru em uma mão e na outra um garfo com uma batata cozida espetada na ponta. – As pessoas mais céticas vão sempre achar que Sirius é culpado...

Claro que para Harry era MUITO difícil ter que lidar com seu padrinho e tutor sendo tachado de criminoso pelas pessoas, mas Harry também já era muito mais consciênte de como a sociedade dos bruxos funcionava, e sabia que preconceito e discriminação não eram exclusividade dos trouxas.

Após o almoço, alguma atividade física para gastar as energias ganhas com peru e batatas:

Hermione era conhecida por aproveitar coisas legais dos trouxas, então ela adaptou o jogo de queimada para uma versão bruxa: sete jogadores de cada lado, montados em vassouras, e usando uma goles de quadribol. De resto, era como a tradicional queimada, sendo que era proibido o uso de feitiços nas vassouras, nos adversários e na goles. Hermione, Harry e Rony se ajuntaram a Mitch, Helen, Enya e Erika. O outro time levava Gina, os Kievchenko (todos os quatro), Carlos e Nakuru.

Foi uma disputa animada, com muita habilidade e estratégia: Hermione era boa de estratégia, então deixava tudo muito claro sobre como pegar cada um, enquanto Carlos, do outro lado tinha os mesmos reflexos de um texugo com raiva, tornando-o praticamente imbatível. Mas Harry era o fator de diferença: acostumado a pegar o pomo de ouro, lançar uma goles contra um alvo muito visível, próximo e lento (em sua própria concepção) era mamão com açúcar. No último lance, Harry lançou a goles para Mitch, que queimou Carlos pelas costas, declarando a vitória do time de Mitch.

Então, um presente muito estranho chegou a Mitch: em uma caixinha.

Mitch abriu a caixinha. Dentro uma diadema prateada e lisa, com um pequeno cristal verde. Ele colocou para ver como ficava, e se impressionou ao ver que a diadema tinha escrito nela: "Mitch McGregor, sucessor dos McGregor, Escudeiro da Lança, Herdeiro da Espada da Irlanda" em pictos gaélicos. Rapidamente Mitch tirou a diadema e, ao observá-la, notou que ela estava lisa, como se nada tivesse escrito nela.

Outras tantas coisas aconteceram naquele Natal, mas Mitch não se importava: era legal ter algum relaxamento, poder curtir um pouco, como se lá fora Voldemort não estivesse preparando nada, coisa que ele sabia que ele estava fazendo...