Capítulo 23: Mensagem do Passado
Na primeira reunião da Guarda após o recesso, muitos estranharam o ataque de Voldemort direto a Hogwarts:
- Sabemos que foi uma verdadeira afronta! – disse McGonagall.
- Na verdade, uma verdadeira declaração de guerra! – enfatizou Flitwick, com sua vozinha esganiçada.
- A verdade é: o Lord das Trevas imagina que tem poder suficiente para atacar qualquer lugar livre. – disse Snape, com sua voz baixa e com sua praticidade – O ataque a Hogwarts foi apenas a forma como ele resolveu declarar guerra.
- É importante notar – disse Dumbledore – que é o segundo ataque direto de Voldemort contra Hogwarts desde que ele voltou à ativa em definitivo. Não podemos esquecer isso.
- Também não podemos esquecer – disse Mitch – que o ataque foi noticiado no Profeta Diário.
Mitch mostrou o artigo do Profeta Diário:
Ataque a Hogwarts no Ano Novo:
"Ataque no Ano Novo à Escola de Bruxaria foi obra de homens Daquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado. Aurores estão averiguando o caso. Lucio Malfoy envolvido.
Por Kat Lindberg, Reportagem Local
A comunidade mágica ficou em polvorosa recentemente, após um ataque que procurava vitimar a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, ataque esse que foi provocado durante os Festejos de Ano Novo.
Às 23:30, uma grande quantidade de antigos Comensais da Morte, supostamente liderados por Lucio Malfoy, importante bruxo de nossa comunidade e Conselheiro do Ministério da Magia, reuniu-se nas proximidades de Hogsmeade. Alguns moradores do vilarejo notaram o grupo e enviaram corujas rápida ao Ministério da Magia.
Alguns minutos depois, Comensais decolaram em velozes vassouras em direção de Hogwarts. Ao mesmo tempo, um grupo maior de Comensais e Gigantes do Mal atravessaram o trajeto até Hogwarts a pé. Em menos de três minutos, uma batalha terrível começou.
Poucos segundos após as primeiras explosões, a Marca Negra foi invocada sobre Hogwarts. Em resposta, alguns segundos depois, o brasão de Hogwarts apareceu e uma verdadeira batalha aérea começou entre os Comensais e o grupo de alunos auto-denominado "Guarda de Hogwarts", instituído por Alvo Dumbledore como proteção de Hogwarts contra ataques externos.
Alguns Comensais foram feridos e presos pela Guarda, até a chegada dos Aurores enviados pelo Ministério da Magia. Muitos foram feridos no ataque, entre eles Mitch McGregor, que lutou contra Lucio Malfoy tempo suficiente para permitir a fuga de Harry Potter e Draco Malfoy, dois alunos de Hogwarts visados por Lucio Malfoy, e até que Dumbledore alcançasse o local da batalha para nocautear Lucio Malfoy.
Lucio Malfoy já foi julgado e mandado para Askaban. O caso ainda está sendo investigado:
"Precisamos saber quem está financiando tais ataques, pois tal ataque de forma nenhuma pode ser considerado um ataque aleatório", disse Hugh Burroughs, Auror que está na investigação do caso. "Temos suspeitas de que Aquele-Que-Não-Pode-Ser-Nomeado, ou um de seus asseclas, deve estar se reestruturando para atacar com mais força e contundência o mundo da magia."
- Precisamos ampliar a Guarda, não importa o que isso nos cause. – disse Lupin, de forma prática e concisa.
- Mas como o faremos? – disse McGonagall.
- Podemos escolher mais alunos. – disse Flitwick.
- Isso desconcertaria as Casas! – disse Finch-Fletchley – Temos que nos lembrar que existem pessoas aqui que fazem parte dos times de Quadribol das Casas. Seria complicado colocar mais alunos que se sobrecarregassem para manter a função da Guarda!
- Tenho uma idéia. – disse Harry.
- Diga, Potter. – disse Snape, aparentemente não sendo tão irônico quanto o normal.
- Indicação... Cada Guardião indicaria mais um para integrar a Guarda. Os nomes, claro, ficaram sujeitos a aprovação por parte do Conselho da Guarda.
- Idéia interessante, Potter! – disse McGonagall.
- Mas como isso poderia ser feito? – disse Sprout.
- Simples: cada Guardião fala um nome que ele ache aconselhável. – disse Mitch – E seria interessante até mesmo colocar os novos integrantes da Guarda em um período de experiência, no qual ficaria sob responsabilidade do Guardião que o convidou...
- Interessante. – disse Snape, para variar com seu tom centrado e irritantemente monocórdico – Agora, senhor McGregor, a quem o senhor recomendaria.
Era um momento de tensão. Mas Mitch tinha a resposta na ponta da língua:
- Draco Malfoy!
Rony e Harry quase cairam de costas quando ouviram quem Mitch recomendaria. Imaginavam que Mitch indicaria Nathan, Carlos, Cedric, até mesmo Neville, mas não Draco Malfoy:
- Você enlouqueceu, Mitch? – disse Rony, rilhando os dentes.
- Na verdade, Rony, estou mais são do que nunca. – disse Mitch – Draco possui um vasto conhecimento em Artes das Trevas que não possuímos, e é habilidoso e poderoso. Algumas vezes, Rony, temos que nos aliar a pessoas com as quais não desejaríamos.
- Você definitivamente pirou, Mitch! – disse Harry – Ou isso, ou então Malfoy aplicou-lhe um Imperio...
- Potter, essa acusação é muito grave de ser feita sem provas. – disse Snape, parecendo sentir prazer em pegar Harry. – Vejamos se ele está sob efeito de magia. Revelae Magiore! – disse Snape, apontando Mitch. Quando a magia tocou o jovem de Sangue Auror, ele brilhou levemente com uma aura esbranquiçada e brilhante.
- Obviamente, como podemos ver, o senhor McGregor não está sob efeito de magia, sendo uma escolha que ele fez de forma clara. Acho que o senhor Potter merece perder uns 15 pontos para Grifinória e receber uma detenção pela inconveniência.
Claro que Harry estava irritado, mas não tinha muito o que fazer, e os demais aprovaram a perda de pontos, embora Harry não tenha sofrido detenção:
- Agora, cada um dos demais indiquem um nome. – disse Dumbledore – Como McGregor fez, não precisa ser um aluno de sua mesma casa, mas tem que ser alguém em quem vocês confiem em absoluto.
Os nomes foram sendo indicados um a um: Nakuru indicou Nathan, Erika indicou Carlos, Harry indicou Simas Finnigan, Rony indicou Dino Thomas e assim por diante.
Harry e Rony ainda não acreditavam no Mitch fizera: como ele tinha a audácia de indicar Draco Malfoy!
E assim aconteceu: dois dias depois, Draco já estava usando a capa da Guarda, nas cores verde e prata da Sonserina.
Foi quando um dia, após a poeira assentar:
- Mitch... Aquela carta que a senhorita Kinnigan me entregou... O que será que ela diz? – disse Harry a Mitch, enquanto os dois, Rony, Mione, Nathan, Carlos, Helen e Nakuru (que agora faziam parte da Guarda de Hogwarts) estavam conversando em uma mesa no Salão Comunal da Grifinória. A irritação de Harry desaparecera ao perceber que Draco realmente, ao menos naquele momento, era digno de confiança, ou ao menos tanta confiança quanto era possível a ele depositar em um Malfoy.
- Não sei. Só sei que é uma cópia da que Dumbledore deixou na frente dos Dursley com você. – disse Mitch.
- Acha que eu deveria ler?
- Talvez... Tenho a impressão que esclareceria muita coisa. – disse Mitch.
Harry então buscou em seu malão o envelope pesado de pergaminho e retirou de dentro dele um longo e pesado pergaminho, aonde Dumbledore tinha escrito, com sua letra caprichada e rebuscada, muitas coisas sobre Harry:
"Ao Sr. e Sra. Dursley:
Meu nome é Alvo Dumbledore, e sou o diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, na qual Lilian Evans e seu marido, Tiago Potter, estudaram bruxaria. E venho através dessa relatar recentes acontecimentos que ocorreram e que resultaram na morte de ambos:
A Srta. Evans, ou melhor, a Sra. Potter, deve ter mencionado a vocês a existência de um bruxo muito poderoso e perigoso, ao qual chamamos de Voldemort. Esse bruxo tinha como único interesse a total aniquilação de pessoas ditas normais, ou como chamamos, de trouxas, e de bruxos que nasceram de pais normais, como era o caso da Sra. Potter.
A Sra. Potter fazia parte, assim como eu, o Sr. Potter e muitos outros bruxos e bruxas, de um grupo que, em segredo, procurava defender a todos os trouxas (me perdoem o termo, mas não consigo achar um termo mais curto e menos ofensivo para as pessoas ditas normais). Isso de forma alguma foi simples: muitos bruxos foram mortos pelos homens de Voldemort, aos quais chamamos de Comensais da Morte, e muitos outros acabavam enlouquecendo. Nem, mesmo as famílias trouxas dos mesmos eram poupadas, como aconteceu com os McGregor da Irlanda e com os Kawahara do Japão.
Bem, alguns meses depois de se formarem, Lilian e Tiago tiveram um filho, ao qual deram o nome de Harry. Esse bebê nasceu em circunstâncias muito especiais, pois sobre ele recai uma lenda sobre o Mal que atinge a todos nós, bruxos e trouxas.
Essa lenda diz que Harry é, através do sangue ou do seu pai ou de sua mãe, descendente de Longuinus de Antióquia, São Longuinus, que portava a Lança que Estocou Cristo. Essa Lança, um item de poder único e incrível, está perdido em algum lugar da Inglaterra, esperando que o Sucessor de Longuinus, o Herdeiro da Lança, a encontre. E Harry é esse herdeiro.
Obviamente, Voldemort sabia do que acontecia, e sabia que Tiago e Lilian não iriam facilitar as coisas. Então, ele começou a perseguir os dois. Mas os dois foram mais espertos: eles convidaram um amigo para colocar sobre ele um feitiço especial, que ia esconder sua localização real. E os dois mudaram-se, em segredo, para um lugar conhecido como Godric's Hollow, aonde vivia a família Potter, antes dela própria ser exterminada.
Mas Voldemort sempre teve seus meios de obter informação: traição e intrigas eram seu caminho. E foi justamente aí que tudo ruiu: o amigo em quem os Potter colocou toda confiança traiu-os, revelando o segredo justamente a Voldemort.
Voldemort foi ontem, durante a noite, até Godric's Hollow e não teve dúvidas: avançou sobre Tiago Potter e o matou. Logo em seguida, ele tentou tirar Lilian do seu caminho, que era matar Harry, mas Lilian não permitiu, e ela também foi morta.
Foi quando o mais estranho aconteceu:
Harry foi alvejado pelo mesmo feitiço que matou seus pais, mas nada lhe aconteceu, ou antes, o feitiço foi revertido contra Voldemort. Esse, por sua vez, teve seu corpo totalmente destruído, mas não sua alma, sua força vital. Essa, livre da consciência e da moral humana, poderá logo voltar, mais terrível do que nunca.
E é justamente aí que vocês entram:
A casa de vocês está protegida contra o mal. Enquanto não trouxerem o mal para dentro de seu lar, ele não poderá entrar. E enquanto vocês protegerem Harry, nada acontecerá de mal a vocês. E eduquem Harry: contem a ele sobre sua mãe, seu pai, Hogwarts, e as circunstâncias nas quais seus pais foram mortos. Expliquem a ele tudo que for necessário e o protejam. Lembrem-se que sobre Harry recai uma profecia, cujo significado pode mudar a vida de bruxos e trouxas.
Espero que entendam o que disse e a importância disso.
Alvo Dumbledore
Diretor da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts
31 de Outubro de 1980
P.S.: Existem pessoas que estarão os observando para verem se estão protegendo Harry, e os auxiliando nisso. Não se preocupem em saber quem são elas: elas sabem quem vocês são."
- Eles... sabiam. Sabiam que eu era... o... Herdeiro de Longuinus! – disse Harry. - Os Dursley sabiam! Sabiam de tudo! E ainda assim me entregariam a Rabicho!
- Trouxas babacas! – disse Rony.
- Filhos de uma p...! Retardados c... e traiçoeiros! – disse Nathan.
- Eles esconderam o jogo o tempo todo. – disse Nakuru.
Foi quando, de súbito, Harry levou a mão até a testa, esfregando sua cicatriz, sentindo uma pontada aguda:
- O que foi, Harry? – disse Rony.
- Não sei... – disse Harry – Acho que deve ser dor de cabeça por causa das aulas. – desconversou ele logo em seguida. – Vou dormir mais cedo hoje.
Na verdade, Harry sabia o que estava acontecendo: Voldemort devia estar por perto. Ele foi para cama refletir em tudo o que aconteceu, mas acabou caindo em um sono profundo...
"A jovem senhora de cabelos acaju e olhos verdes estava preocupada:
- Relaxe, Lilian! – disse o jovem senhor de cabelos negros rebeldes – Tudo deu certo... O Pedrinho é o nosso Fiel do Segredo, e ele jamais nos trairia.
- Não sei, Tiago! – disse Lilian – Acho que tem algo errado. Reparou que Sirius parecia muito interessado em tornar Pedro o Fiel do segredo? E o mais estranho: Pedro, que nunca foi muito corajoso, aceitou, mesmo sabendo dos riscos.
- O Almofadinhas tem aquela cara de malandro, mas na verdade ele é esperto pra caramba. Ele sabe que Voldemort quer a gente, e que o mais fácil seria ele encontrar alguém próximo a nós para passar para o lado dele, que nem as bestas do Snape, Malfoy e Andaluzia. E obviamente o nosso Rabicho não seria alguém que interessasse a Você-Sabe-Quem: ele não é grande coisa em magia.
- Eu queria que essa Lenda de São Longuinus não tivesse nada a ver conosco...
- Eu também. Mas como eu poderia saber que por eras remotas minha familia era descendente de Longuinus de Antióquia?
- Tem razão. Não tinhamos como... – Lilian parou subitamente – Ouviu alguma coisa?
- Sim. – disse Tiago – Deixe eu ver.
Tiago correu para a janela e viu um vulto estranho, entrando em seu jardim, com uma capa negra e grossa e segurando uma... varinha!
- Por Deus! – disse Tiago – Lilian, você estava certa! Voldemort! É ele!
- Como? – disse Lilian, apanhando no colo o jovem nenem, observando pela janela – Ah, Deus!
- Lilian, nós sabemos o que está em jogo. Vá! Leve o Harry! Saia daqui e aparate para a Rua dos Alfeneiros, Arabela estará lá. Depois, pegue seus parentes trouxas e caia no mundo! Não deixe Voldemort pegar Harry!
- Mas...
- Lilian, leve Harry e vá! É ele! Vá! Eu o atraso! Não podemos deixar que Harry seja pego por ele! Sabemos que ele o quer!
Eles escutaram a porta começando a se abrir:
- Eu te amo, Tiago! – gritou Lilian, enquanto corria pela porta dos fundos.
Lilian correu pelos gramados: sabia que aquele era um local anti-aparatação, teria que correr bastante para alcançar um ponto a partir do qual pudesse aparatar para a Rua dos Alfeneiros. Um grito e uma gargalhada pode ser ouvida a distância por Lilian. Pouco depois, uma luz verde e um novo grito denunciavam o intento de Voldemort: Tiago Potter estava morto.
Lilian não tinha tempo de sentir dor pela morte do amado: o filho ainda estava em perigo, e ela tinha que correr. Foi quando a surpresa lhe veio.
Voldemort estava bem diante dela:
- Me entregue o menino! – dizia ele em sua voz fria.
- Como você conseguiu...
- Você é tola! Em um local antiaparatação, apenas não se pode aparatar de dentro para fora e vice-versa. Aparatar dentro da área é possível. – disse Voldemort, com uma voz de fria alegria – Mas mudemos de assunto: entregue-me o menino, sangue ruim, e eu pouparei sua vida!
- Harry não! Harry não! Por favor! Ele é tudo que me resta! Você já me levou Tiago. Deixe-me ir, e a Harry, e farei qualquer coisa que você desejar...
- O que eu desejo, eu mesmo consigo! – disse ele, com rispidez – E o que eu desejo agora é o seu filho. Agora saia de minha frente, menina! Saia de minha frente agora!
- Não! – gritou Lilian – Eu sei porque quer matar Harry! Porque ele é o único que pode o derrotar, Tom Riddle!
- Não me chame assim! – gritou ele – Você sabe muito bem que meu nome é Voldemort!
- Quer seja Tom Riddle, quer seja Voldemort, você só vai conseguir Harry por cima de mim! – disse Lilian, correndo de volta à casa aonde morava.
Tão logo entrou, viu que Voldemort estava ali mesmo, a aguardando:
- Esse jogo já me cansou! Agora vamos acabar com isso!
Ele ergueu a varinha e gritou:
- Avada Kedavra!
Um raio de luz verde saiu da ponta de sua varinha, e um ruído de morte seguiu-se. O raio atingiu Lilian, que gritou. Ela apenas teve tempo de colocar Harry sob seu corpo, impedindo-o de se machucar enquanto seu corpo ia ficando inerte e sua alma saia do corpo.
E ficou lá aquele nenem sob o colo morto de sua mãe. E aquele monstro com cara de homem-cobra o observou com seus olhos vermelhos fendidos e, sorrindo em sua boca sem lábios, ergueu a varinha e disse:
- Avada Kedavra!
Um jorro de luz verde se seguiu..."
... e Harry acordou gritando durante à noite. Quando ele abriu os olhos, viu um borrão semelhante a um rosto cheio de sardas e com cabelos ruivos, segurando-o pelos ombros:
- Harry, você tá legal? – disse o borrão, sacudindo-o de leve. – Escutei você berrando.
Harry colocou os óculos e viu Rony:
- Eu vi, Rony! Pela primeira vez em minha vida... Eu vi tudo!
