Capítulo 27: A Lança Sagrada
A proximidade iminente dos exames finais do Ano, combinados com a apreensão de todos quanto a um possível ataque de Voldemort à Escola de Magia e Bruxaria gerou um clima de insegurança e incerteza em todos em Hogwarts. Harry, Mitch e os Guardiões, juntamente com os professores e demais funcionários de Hogwarts, procuravam melhorar o clima dos alunos, melhorar o astral, mas mesmo assim os alunos não conseguiam se concentrar direito em suas tarefas.
Os que sabiam da lenda da Lança de Longuinus tinham uma preocupaçào a mais: descobrir em que local da Floresta a Lança estava guardada, e se alguma criatura ou força mágica estivesse a guardando, antes que Voldemort conseguisse.
Os treinos de todos em luta armada e desarmada continuavam e se intensificavam: aparentemente, todos estavam muito melhores. Isso era importante, principalmente para o grupo que muito provavelmente iria enfrentar Voldemort de frente: eles precisariam do máximo de habilidade possível para vencer o Lord das Trevas, mas não apenas no combate, mas na mágica e em tudo mais.
As investigações sobre o local aonde poderia estar a Lança de Longuinus foram ocultas na forma de patrulhas na Floresta Proibida. Mesmo assim, era muito difícil: Mitch procurava desenhar mapas, esquadrinhando os locais aonde já tinham procurado, mas a floresta era enorme: levariam meses procurando a Lança lá, e tinham quase certeza que em questão de dias, Voldemort estaria pronto.
Foi quando Harry disse:
- Estamos sendo idiotas! Devíamos utilizar a cabeça.
- Qual é a sua idéia, Potter? – disse Draco.
- Voarmos! – disse Harry – Voarmos por entre as árvores. Poderíamos esquadrinhar mais rapidamente a Floresta, tendo maior chance de conseguir encontrarmos algo.
- E como esquivar as árvores! – disse Rony – A Floresta fica muito fechada em alguns pontos: não é possível passar por eles voando com vassouras.
- Além disso, existe o risco de nos perdermos! – disse Hermione – E a Floresta Proibida é ainda Proibida para qualquer um, inclusive os Guardiões. Vocês apenas podem entrar lá em quando estão em patrulha.
- Mesmo assim, – disse Mitch – esse é o melhor plano que temos até agora, a não ser que alguém tenha alguma idéia melhor.
Todos concordoram com Mitch de que não havia um plano melhor, até mesmo Neville, que não estava nem um pouco feliz com a idéia de ter que se embranhar novamente na Floresta Proibida.
Uma noite foi então combinada para que todos estivesse na entrada da Floresta Proibida.
Naquela noite, Harry, Rony, Hermione, Mitch e Neville se armaram de suas vassouras (Mitch emprestou sua Nimbus XL para Neville) e dirigiram-se para a cabana de Hagrid. O tempo estava fresco e gostoso, e o céu com uma lua crescente resplandecendo no céu. Todos estavam armados de suas varinhas e por via das dúvidas Mitch achou melhor por bem colocar a Espada do Trevo de Quatro Folhas na cintura e o diadema de Prata Feérica na testa, com seus cabelos ruivo-rubi presos novamente por um complexo rabo-de-cavalo, como fizera quando entrou em Hogwarts.
Hagrid os aguardava, com Canino ao seu lado:
- Não entendo isso! – disse Hagrid – Hogwarts inteira evita a Floresta, e vocês procuram se embranhar nela!
- Não fazemos isso por gosto. – disse Rony – Se dependesse de mim, estaria agora na cama quentinha que está me esperando na Torre da Grifinória!
- Então pode voltar, Weasley! – disse Draco – Não precisamos de um covarde aqui.
- Cala a boca, Malfoy! Ou você acha que não sei do banzé que você armou quando veio aqui no primeiro ano?
- Queria ver você, Weasley, se visse alguma coisa bebendo sangue de unicórnio bem diante do seu nariz avantajado!
- Quem você está chamando de nariz avantajado, héim, seu loirinho veela?
- Loirinho veela é a...
Calem a boca os dois!
Os dois viraram-se e viram Harry com o rosto mais nervoso que os dois já tinham sequer imaginado que ele poderia assumir:
- Agora escutem aqui vocês dois: temos muito mais o que fazer do que ver os dois se matarem. Agora, podem montar em suas vassouras ou vou ser obrigado a fazê-los montar?
Draco e Rony pareciam meio encabulados: não aparentavam esperar uma resposta desse calibre de Harry, enquanto montavam em suas vassouras
- Ótimo! Então vamos, não temos tempo a perder. – disse Harry.
Todos montaram nas vassouras e decolaram: entrar na Floresta Proibida de vassoura realmente se provou uma ótima idéia, e eles realmente esquadrinhavam muito mais rápido a maior parte da floresta. Mas definitivamente uma hora a idéia tinha que dar errado.
Todos avançaram bastante para dentro da Floresta, quando perceberam que as árvores ficavam ainda mais e mais fechadas:
- Que maravilha! – disse irônico, Draco – Parece que o plano foi por água abaixo, não, Potter?
Harry detestava admitir, mas Draco estava certo: as árvores estavam muito fechadas, e seria arriscado continuar voando do jeito que eles estavam, então teriam que seguir à pé...
Não que isso fosse fácil: a própria Floresta tinha apagado todas as trilhas possíveis, mesmo entre as árvores. Diferentemente de outras partes da Floresta, aonde as árvores enormes não permitiam que nenhum tipo de grama erguesse do solo, naquela parte verdadeiras florestas de capim projetavam-se do chão, como pelos gigantescos. E isso não era uma coisa muito simples de lidar-se.
Harry e os demais pretendiam avançar mais um pouco. Mitch então sugeriu:
- Que tal tentarmos um aparo mágico? – disse ele, pegando a Espada do Trevo de Quatro Folhas e dizendo, apontando para a grama – Cortare!
O Feitiço de Corte realmente funcionou... por muitíssimo pouco tempo: mal Mitch tinha podado a grama daquela região, a própria grama voltou a crescer:
- Bem... Não custava nada tentar!
- E agora? – disse Rony.
- Acho que vai ter que ser da forma mais difícil. Todos com varinhas nas mãos: vou tentar abrir uma picada pelo mato. – disse Mitch.
E realmente, Mitch percebeu que aquela grama só crescia de forma mágica se fosse cortada de forma mágica: cortando ela com a Espada, ela ficou rente ao chão, abrindo lentamente uma picada que atravessava as grandes árvores. Harry ia carregando tanto sua vassoura quanto a de Mitch, Rony logo atrás com Hermione ao seu lado, os dois utilizando-se de Lumos para iluminar o caminho à seguir. Neville e Draco fechavam a fila, com suas varinhas também iluminando o local. Eles continuavam a caminhar lentamente pela floresta, com Neville ocasionalmente empurrando a fila e estuporando um esquilo, castor ou rato do campo ocasional.
Continuaram meia hora nesse caminhar, até que chegaram em uma clareira, aonde todos pararam um pouco para descansar:
- Aonde será que estamos? – perguntou Rony – Será que vamos encontrar... bem... elas... novamente? – disse ele, com um grande receio na voz.
Mitch sabia de muitas histórias sobre as enrascadas em que Harry e Rony se enfiaram antes dele entrar em Hogwarts, entre elas sobre quando os dois encontraram um verdadeiro procriatório de acromântulas, terríveis aranhas gigantescas que, embora brutais, são tão inteligentes quanto qualquer ser humano. Essas criaturas haviam ajudado Harry a desmascarar quem estava transformando muitos alunos de sangue comum em pedra, mas elas quase mataram tanto ele quanto Rony. Some-se a isso o fato de Rony ter um medo irracional de aranhas, por causa de uma peça estúpida de um dos malucos irmãos mais velhos de Rony, e Mitch conseguia imaginar o "quaaaanto" Rony queria ter um novo encontro com tais criaturas.
- A única coisa que posso dizer, Rony, é que estamos muito embrenhados na Floresta. – disse Mitch – Ao menos não têm teias de aranha por aqui, o que é um bom sinal.
- Não há marcas de garras nas árvores também, o que poderia significar a existência de lobisomens na região. – disse Neville.
- E nem mesmo árvores caídas. – disse Hermione – Se realmente há trasgos na Floresta, ao menos elas estão muito afastados daqui.
- Bem, vamos seguir em frente! – disse Harry, levantando-se.
Mais meia hora de caminhada, e todos conseguiram chegar em uma segunda clareira, essa muito mais clara e bonita. Mas não naturalmente:
A clareira tinha uma luz branco-azulada que a envolvia: as árvores ao redor pareciam feitas de prata pura, com galhos de árvores em um verde-cinzento semelhante a líquen. Claramente que aquilo era emanado por alguma magia ancestral, todos sabiam disso.
E não à toa.
No centro da clareira, esperava por todos uma bela pilum, presa na pedra. A ponta era de bronze reluzente, levemente mais afiada em um dos lados do que do outro e mais longa que o tradicional. A haste era feita de algum tipo de madeira que, depois de tanto tempo em contato com a magia, ficou prateada. Um bracelete estava colocado nela, um bracelete de couro batido, com amarrações simples no mesmo couro e dois buracos de uma espessura menor do que a de uma varinha típica.
E havia um guardião: uma estátua.
A estátua era de um homem em seus 70 anos, mas com um físico que, embora inegavelmente apresentando as marcas do tempo, era poderoso e compacto. Vestia-se com uma toga simples, e calçava sandálias de caminhada. Uma capa era retratada cobrindo o homem. Em seus braços foram talhados pictos em latim e gaélico antigo:
- Consegue ler isso, Draco?
- Não... Esse latim é arcaico, não sei ler muito bem... Acho que não daria certo?
- E o outro, Mitch?
- É gaélico antigo... Posso improvisar, mas não garanto nada!
- Bem, ao menos tente!
- Está bem. – Mitch se aproximou da estátua e começou a dizer lentamente:
- "Eu, Longuinus de Antióquia, Protetor da Lança Que Estocou Cristo, vivi aqui. Escudeiro e Pajem, protejam a Lança com a minha dedicação. Herdeiro, carregue a Lança com humildade e use-a com sabedoria. E que Aquele-Que-Sempre-Deve-Ser-Nomeado nos proteja. Todos vocês, mantenham firmeza e confiança que a Lança será domada por vocês."
- Então, parece que finalmente encontramos a Lança. – disse Draco, apontando a Lança de Longuinus de Antióquia.
- Sim! – disse Harry, que a tentou erguer.
Foi quando Harry sentiu que ela não queria sair:
- Caracas! Essa droga não quer sair daqui?
- Como assim? – disse Draco – Potter, você não é essa droga de Herdeiro dessa droga de Lança? Porque você não arranca essa droga de Lança dessa droga de Pedra?
- Não sei, Malfoy! Eu também não estou entendendo! – disse Harry.
- Deixe-me tentar! – disse Draco.
Draco também não conseguiu: por mais que fizesse força, não conseguia retirar a Lança nem um centímetro para fora da pedra:
- Lança estúpida! – disse Draco, esbaforido – McGregor, que tal tentar?
- Não sei se vai ser efetivo, mas vale a pena. – disse Mitch.
Porém Mitch sabia que estaria fazendo esforço inútil: cinco cansativos minutos depois, Mitch estava suado, cansado e com o braço doendo:
- Nada! – disse Mitch.
- Estamos sendo idiotas! – disse Rony – Está claro o que temos que fazer, ou melhor, o que vocês três têm que fazer.
- Diga então, Weasley, qual a idéia genial que partiu de sua cabeça. – disse Draco, sarcástico.
- A Lança já disse: – disse Hermione – "Todos vocês, mantenham firmeza e confiança que a Lança será domada por vocês."
- Não entendi o que você quer dizer com isso, Granger.
- Simples. – disse Neville – Pelo que eu entendi... vocês têm que puxar a lança juntos!
- Como, se apenas o Potter é quem pode usá-la? – disse Draco.
- Nós temos que protegê-la. – disse Mitch – Por isso somos o Escudeiro e o Pajem.
- Entendi... – disse Draco.
- Então vamos! – disse Harry, segurando a Lança. Mitch e Draco também a pegaram.
Os três continuavam fazendo grande esforço, como se a Lança se recusasse a sair de onde estava cravada, mas aos poucos a lança foi cedendo. Devagar mais inexoravelmente a Lança foi saindo do lugar, cedendo à força dos três, que por sua vez começaram a ficar extenuados pelo excessivo esforço. A exaustão foi somando-se nos três, cada vez mais inexorável, cada vez mais dolorosa. Mitch começou a sentir que seu braço iria deslocar no esforço, e Harry e Draco sentiam dores semelhantes.
Mas por fim, a fé dos três no fato que conseguiriam retirar a Lança venceu:
- Eire! – berrou Mitch.
- Hogwarts! – gritaram Draco e Harry.
- Os três deram juntos um repelão violento, e a Lança cedeu. Draco e Mitch cairam ao chão, enquanto Harry em pé, parado, segurava com ambas as mãos a Lança, conforme Nakuru havia lhe ensinado.
- É... incrível! – disse Harry.
- Uau! – suspirou Rony.
- É isso aí! – disse Hermione, empolgada.
- Bom trabalho, Potter! – disse Draco.
- Conseguimos! – admirou-se Neville.
- Enfim... A temos! – disse Mitch.
A Lança era muito mais bonita de se ver ali: ela não parecia estar um milésimo de segundo mais velha do que quando perfurou o lado de Cristo, vertendo sangue e água. Sua lâmina de bronze era em formato de folha, e um dos lados tinha recebido um fio melhor, para poder ser usada como arma de haste. O cabo também não demonstrava o menor sinal de envelhecimento: era como se a madeira tivesse acabado de ser moldada na forma do cabo da Lança. Era de um tom avermelhado, ou ao menos era, pois tinha ganhado um tom prateado depois de quase dois mil anos guardada em uma área mágica:
- Estranho... – disse Harry.
- O que foi, Potter? – perguntou Draco.
- Essa arma é feita de bronze com madeira pesada, acho que cedro, certo? – disse Harry – Deveria ser extremamente pesada... Mas é quase como se eu tivesse apenas com uma varinha gigante, de tão leve que ela fica na minha mão.
- Deixe-me ver! – disse Rony.
No instante em que Harry entregou a Lança a Rony, os braços do jovem ruivo foram puxados para baixo:
- Tá brincando, não, Harry? – disse Rony, ofegando, enqanto tentava manter a Lança no ar – Isso é mais pesado que um Malão de Contravolume cheio de chumbo!
- Deixa eu te ajudo! – disse Mitch.
Mitch pegou a Lança: para ele, ele pesava exatamente o que uma pilum deveria pesar.
- Acho que estou entendendo... – disse Mitch – A Lança fica pesada demais na mão de qualquer um que não seja o Pajem, Draco, o Escudeiro, eu, ou o Herdeiro, Harry!
- Entendido. – disseram todos.
- Agora, aquele cara-de-cobra não para mais a gente! – disse Draco.
E pela primeira vez, todos concordaram com Draco.
Com a Lança, eles tinham tudo para vencer.
