Capítulo 33: A Batalha Final


Harry caminhava sozinho pela Floresta... Sempre foi assim. Sempre que Voldemort se aproximou de Harry, ele esteve muito sozinho. Mas agora ele não tinha mais medo: acontecesse o que acontecesse, Harry sabia que só lhe restava uma opção, que era vencer Voldemort. Ou morrer tentando.

Ele foi entrando cada vez mais fundo na Floresta. Retirou do braceleta a Lança e disse:

- Crescei!

A Lança aumentou para seu tamanho e proporções reais: ela era maior que Harry, quase do tamanho de Mitch, e sua lâmina era proporcionalmente grande. Então Harry sussurrou:

- Lumos!

A Lança emitiu um brilho pela sua lâmina que permitiu a Harry ver o que estava à sua frente. Não havia nada, exceto os grandes carvalhos que povoavam a Floresta Proibida normalmente. Ele mensurava a floresta, procurando se cuidar. Sabia quem iria enfrentar. Sabia que Ele o queria.

Ele-Que-Não-Podia-Ser-Nomeado. Você-Sabe-Quem.

Lorde Voldemort.

Harry prosseguiu andando. Sabia que em algum lugar estaria achando Voldemort.

E ele o encontrou:

Ele tinha seus olhos vermelhos e brilhantes mirados em Harry, as pupilas em fenda dilatadas de ódio. Seu nariz em fenda respirava forçosamente. Sua boca sem lábios tinha um sorriso de satisfação, distorcendo a sua pele escamosa.

Então ele disse:

- Estava o esperando, Harry Potter!

Harry percebeu que o local aonde estavam tinha um brilho branco-azulado. Foi quando Harry reparou: era aonde eles tinham recuperado a Lança de São Longuinus.

- Então percebeu, Harry Potter! Bom, vejo que é inteligente como seu pai. Admirava isso nele, isso e sua coragem! Por isso digo que ele foi um oponente valoroso, e matá-lo foi uma grande honra e um grande prazer!

Harry segurou a Lança com mais força. Uma sensação ruim de raiva começou a subir-lhe, queimando-lhe o estômago.

- Deixe de conversa, Voldemort, e vamos ao que interessa! Seus Comensais a essa hora já devem ter sido vencidos! Agora é só nós dois, eu e você, Voldemort!

- Sua presunção, Harry Potter, será sua ruína. Mas devo admitir que há coragem em você, garoto... Bom! Matá-lo dessa forma será ainda mais divertido.

- Por que o local aonde a Lança de Longuinus estava?

- Ah, sim... A Lança de Longuinus. Sabe, Potter, sempre estive procurando saber tudo que pudesse me impedir de alcançar meu objetivo de vencer a morte. E essa Lança é uma dessas coisas. Como você já deve saber, Lucio Malfoy estava procurando-a para mim. Não, não se preocupe... – disse Voldemort, ao perceber a preocupação de Harry – Aquele tolo do Draco não lhe traiu. Ele sempre foi mais independente que o pai, e isso foi graças à mãe dele. Bem, Lucio Malfoy conseguiu a localizar, então começou a preparar o Caldo Estígio para que pudessemos profaná-la. Bem, teríamos conseguido ainda na virada do ano, se não fosse aquele maldito irlandês McGregor ter interferido... Tudo bem, ele terá sua vez.

- Mas não vamos nos entediar, Potter! Vamos nos divertir. – disse Voldemort, rindo – Bem, meu plano já tinha sido descoberto. Dumbledore colocou uma série de barreiras mágicas na Floresta contra mim. Foi quando eu pensei que seria mais fácil eu deixar VOCÊ, Potter, pegar a Lança, como pegou. Devo admitir que até eu me surpreendo com minha genialidade. Bem, agora que você tem a Lança, posso tomá-la de você e profaná-la, como era meu objetivo desde o começo. Com a Lança que Estocou Cristo à minha disposição, não haverá nenhum poder maior do que o de Lorde Voldemort! Eu serei Deus!

Harry não conseguia entender como alguém podia ser tão megalomaníaco:

- Então foi isso? Por causa disso, você matou tanta gente? Para ser Deus?

- Potter... A ambição é tudo! Não importo com nada, nem mesmo com meus Comensais e nem com a memória de Slytherin. Para ser franco, desde que alcance meu objetivo, nada mais importa!

- Então, você precisa da Lança para se tornar imortal?

- Sim! Pois a Lança é a chave para o Graal de Jesus! Aquele que dele beber, se tornará imortal, com poderes além da compreensão de reles mortais, e que mesmo eu posso apenas imaginar. E quero esse poder. Mas chega, Potter, não vou mais lhe dar satisfações de meus objetivos. Porém, vou me divertir um pouco.

Então, Voldemort passou a bufar e sibilar de forma rápida e compulsiva. Harry, porém, entendeu o que os bufos e silvos significavam:

- Vá, Nagini, minha querida, e tire a vida de Potter para mim!

Ao comando de Voldemort, como que compreendendo a ordem dele, uma grande cobra avançou contra Harry, saltando-lhe no pescoço. Harry conseguiu recuar a tempo de evitar a mordida fatal: o bote de Nagini falhou. A cobra grande e negra começou a tentar se enroscar em Harry. O bote pelo chão também foi recuado por Harry.

Harry correu rapidamente para trás, enquanto Voldemort sentou-se nos galhos próximos, distraído, observando a briga como alguém que atira um gato para um cão raivoso, ou como um imperador que jogava cristãos aos Leões. Harry sentia cada bote de Nagini se aproximar mais e mais do seu objetivo, que era envenená-lo ou espremê-lo até que todos seus ossos quebrassem.

Num dos botes pelo chão, Nagini conseguiu ser bem-sucedida: rapidamente se enroscou nas pernas de Harry e o derrubou de um só golpe. Harry caiu no chão, a Lança caída bem próxima à mão dele.

Nagini sentia-se divertida: fora um jogo interessante tentar prender ou morder Harry. Voldemor também tinha achado a luta de Harry contra Nagini interessante: agora seria o grand finale. Nagini teria apenas uma decisão: envenenâ-lo para amaciar sua carne ou espremer seus ossos e com isso facilitar sua digestão. Que Harry seria o banquete de Nagini, parecia ser um fato consumado. Sem a Lança, com a varinha dentro das vestes prensadas, Harry estava indefeso.

Foi o que Nagini pensou. E ela não poderia estar mais errada.

Harry se esforçou como se esforçava para pegar o pomo de ouro, e alcançou a Lança. Pegando-a, tocou-a em Nagini com a ponta. A dor que Nagini sentiu foi lancinante, como se a estivessem marcando-a a ferro. Nagini deu um silvo terrível, um grito de dor compreensível para Harry pela sua capacidade de falar com as cobras. Nagini desenroscou-se de Harry, tamanha a dor que ela sentia.

Ela decidiu-se então: chega de brincadeiras. Ela iria matar Harry Potter com apenas um bote. Uma única mordida, uma única inoculação de seu veneno mortal. Não se importava mais se a carne de Harry Potter fosse ficar dura demais para uma mastigação fácil, se ela teria que hibernar mais do que o normal para digerir o corpo de Harry Potter. Tudo que ela queria era matá-lo.

E ela avançou: deslizando rapidamente, Nagini saltou, presas arregaladas, prontas para morder e envenenar, para entorpecer e para matar, e para depois, deglutir e se alimentar. Pois era assim que Nagini tratava suas presas: como nada mais que alimentos, de forma diferente das cobras em geral, que entendiam a importância da vida, mesmo daquelas criaturas das quais elas se alimentavam.

Mas esse foi seu grande erro: considerar o Menino que Sobreviveu apenas mais um banquete, apenas mais uma chance de se saciar em carnes.

Pois Harry Potter não seria vencido por uma cobrinha, mesmo que essa cobrinha tivesse mais de 3 metros de comprimento e presas afiadas como navalhas.

Harry apenas segurou a lança em riste, lâmina voltada para cima. Nagini se encaixou na lâmina como uma luva em um dedo. A lâmina saiu por trás da cabeça triangular: as presas perderam seu efeito. As fossetas lacrimais começaram a vasar. Como um pano cortado por uma tesoura, o corpo de Nagini foi sendo dividido em dois, até que Nagini foi totalmente destripada.

Era o fim de Nagini. Ela, que tanto saciou-se em vidas inocentes, foi morta ao tentar saciar-se novamente.

Mas a morte de Nagini não era o fim da batalha, disso Harry sabia. A batalha nem tinha começado de verdade. Voldemort ainda estava vivo, ainda tinha seu incrível poder, e desejava ainda mais a morte de Harry Potter: Harry Potter que havia sido sua queda, Harry Potter que duas vezes lhe escapara, e Harry Potter que agora destruíra a única coisa que presava em toda a existência.

- Maldito seja, Harry Potter! Destruiu minha Nagini! A única companheira sempre fiel que realmente tive, da qual vivi por anos. Maldito seja, Harry Potter! Pensei em lhe destruir de forma rápida e indolor, mas agora vejo que merece morrer de forma dolorosa, como seu pai morreu. Crucio!

Harry não teve tempo de reagir: a dor que Harry sentiu foi muito mais profunda do que sequer ele tinha sonhado. Enquanto Harry gritava, ele não sentiu a Lança Longuinus escorregar de seus dedos para o chão. Em seu desespero, Harry não viu Voldemort se aproximar lentamente da Lança, guardando sua varinha. Só quando a Maldição Imperdoável da Dor cedeu um pouco é que ele viu Voldemort avançando com as duas mãos em direção da Lança que Estocou Cristo. Seus olhos estavam cobiçosos pelo poder que vinha da Lança que Perfurou o Filho de Deus.

- Não... toque... nisso! Não... coloque... suas... mãos... nisso! – disse Harry, em meio aos espasmos de Dor.

- Potter, você não está em condições de me dizer o que devo ou não fazer! – disse Voldemort, quando aproximou a mão da Lança. E a tocou.

A dor foi lancinante.

Voldemort gritou como se mil bruxos tivessem lhe aplicado ao mesmo tempo a Maldição Cruciatus. A dor foi terrível: Harry sentiu sua cicatriz arder, mas diante da coisa que o tinha vitimado a pouco, aquilo não era nada. Voldemort, porém, explodia em dor:

- Maldito! O que você fez, Potter? – disse Voldemort.

Harry leu uma série de pictos em latim, que ele não compreendia. Voldemort, porém, compreendia muito bem:

- Retribuição! Isso é uma tolice! Essa lança estúpida devia me retribuir por usá-la com poderes além da imaginação! – disse Voldemort, sacando a varinha

- Desintegrate! – disse ele, apontando para a Lança.

Harry pensou: "Acabou! Voldemort destruirá a lança e tudo terá acabado!" Um pensamento que se desfez tão logo o Feitiço de Desintegração explodiu na Lança, sem efeito.

Quer dizer, com apenas um efeito, e não aquele esperado por Voldemort:

Um eco saiu da varinha: era um senhor em togas brancas e simples, calçando chinelos, e usando apenas pequenos braceletes e um diadema, todos de couro. Ele disse:

"Herdeiro da Lança, o segredo da Lança é que ela faz três vezes à pessoa o que ela já fez aos outros."

E desapareceu.

E Harry soube o que fazer.

Antes que Voldemort percebesse, Harry novamente estava com a Lança. Harry a segurava como se fosse uma naginata, apontando a lâmina para Voldemort:

- Pensa que pode fazer alguma coisa contra mim, Harry Potter? – disse Voldemort, irônico.

- Posso... e vou! – disse Harry, convicto.

- Vou mostrar a você, que eu sou Deus, eu tenho poder sobre a vida e a morte! – disse Voldemort, sorrindo em sua boca sem lábios.

Voldemort ergueu a varinha:

- Não quer ter uma chance de defesa, Potter?

- Eu ia lhe perguntar isso, Tom Riddle! – disse Harry, provocante.

- Não me chame pelo nome que o trouxa idiota que foi meu pai me deu! – disse Voldemort.

Nesse momento, chegaram os demais do grupo:

- Vai nessa, Harry! – gritou Neville, os punhos doendo.

- Acaba com ele, Potter! – disse Draco, empapado de sangue.

- Você tem que fazer isso! – disse Mitch, segurando a lateral do corpo ferida pelo Machado de McNair..

- Essa loucura tem que acabar aqui, Harry! – disse Mione, enquanto escorava Rony.

- Por todos que sofreram na mão dele, Harry...

- VOCÊ TEM QUE VENCER! – gritaram todos.

- Calem-se! – disse Voldemort – É isso que você me traz como seus aliados, Potter? Um fraco, - para Neville – um traidor, - para Draco – um perdedor, - para Mitch – uma Sangue-Ruim – para Hermione – e um amante de trouxas? – para Rony – Vocês me enojam! Mas tudo bem: – disse ele, voltando-se para Harry – primeiro eu quero você, depois me divirto com os demais!

- Então venha, Voldemort! – disse Harry, com total convicção de que seria capaz de vencer o maior Bruxo das Trevas dos últimos tempos – Vamos ver quem pode mais: o Herdeiro de Slytherin, ou o Herdeiro de Longuinus de Antióquia?

- Então vamos! E sem brincadeiras! – disse Voldemort, varinha erguida – Avada Kedavra!

O raio de luz verde apareceu e foi na direção de Harry, quando uma coisa surpreendente aconteceu:

- A Avada Kedavra foi parada pela lâmina da Lança de Longuinus. Mas não só isso: a Lâmina brilhava como se quissesse enviar a Avada Kedavra de volta ao seu invocador.

- Agora é a hora da retribuição: por cada bruxo ou trouxa morto, por cada família destruída, por cada grupo desestruturado, Voldemort, você irá pagar AGORA!

Harry impulsionou a Lança para frente, e o raio verde atingiu Voldemort. Mas não o matou.

Não... Fez coisa pior.

Voldemort gritou, enquanto uma esfera verde o engoliu. Aos poucos essa esfera se desfez, e o que saiu de dentro dela foi um senhor grisalho, de um porte bonito quando mais jovem, com feições totalmente humanas e segurando ainda a varinha de Voldemort. A esfera, desfeita na forma de fumaça, emitiu a Marca Negra aos céus.

- Sou... homem... novamente?

- Sim, Tom Riddle! – disse Harry, escarnecendo – Acabou a lenda de Voldemort!

- Não! Posso continuar, e basta matar você! Avada Kedavra! – disse Tom Riddle.

A varinha não fez nada.

- Imperio!

Sem reação nenhuma da varinha.

- Crucio!

Nada... Absolutamente nada.

- O que...

- Você recebeu sua retribuição... Tanto matou pela pureza da magia, que agora virou um trouxa. – disse Harry, rindo de gargalhar, enquanto os demais observavam.

- CALEM-SE! Eu ainda posso fazer muitas coisas! Expelliarmus! Ferula! Wingardium Leviosa! Lumos! – disse Tom Riddle os feitiços um após o outro, percebendo que seus poderes eram nulos...

- Agora, chega de brincadeira! – disse Harry, para Riddle – Você vai para Askaban!

- Não! Os dementadores me libertarão!

- Acha que os dementadores ficaram agora com você, Tom? – disse Draco, escarnecendo de Tom Riddle como apenas os Malfoy sabem escarnecer – Eles prefereriam te devorar.

- Você irá pagar por tudo que fez! – disse Hermione.

- Por todos que matou! – disse Rony.

- Por todos que torturou! – disse Neville.

- Por todos que humilhou e usou! – disse Mitch.

- Sua lenda, Tom Riddle, acaba aqui, em Hogwarts! Estupore! – disse Harry, nocauteando agora o trouxa Tom Riddle.

Um vento levou embora a Marca Negra... E aproveitou para virar mais uma página da história dos bruxos.