Love Flies
One-shot
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Minha oferenda a Niele, carrasca-mor dos escritores de Furuba e Hagane.
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Edward Elric estava com problemas ao se olhar em frente no espelho, fazendo uma carranca quando se viu… inadequado a um encontro.
Vestindo uma calça e uma camisa social, ele se achava tão diferente do que costumava ser... Se era um alquimista, por que teria que se vestir como um apaixonado garoto normal?
Deu um suspiro resignado e novamente odiou a própria imagem.
Pensando melhor, Winry talvez fosse gostar mais da imagem tradicional dele, com as roupas pretas e o sobretudo vermelho.
Tirou a roupa social e vestiu a outra, colocando a capa no momento em que bateram à porta do quarto.
–Nii-san... - Alphonse falou - Já está pronto?
–Pode entrar, Al. - o irmão mais velho falou e segundos depois uma enorme armadura entrou, completando - Já estou.
Alphonse Elric o olhava curiosamente.
–Você vai assim?
–Ué, o que tem de errado? - Edward abriu os braços e olhou-se no espelho - Winry já está acostumada a me ver com essa roupa...
–Ela não vai gostar, nii-san. - Alphonse ficou atrás do irmão e encontrou o olhar dele através da imagem refletida - Isso deveria ser um encontro.
Edward estreitou os olhos.
–E o que diabos você define como um encontro? Winry disse que só queria me ver.
–Exatamente. Se ela falou isso, foi porque marcou um encontro.
–É? - o outro parecia um pouco perturbado - E o que devo fazer nesse caso?
–Er... Eu não sei, nii-san... - o mais novo foi sincero - Mas eu sei que ela não quer ter ver assim.
Edward agora estava um pouco nervoso. Ele teria um encontro com Winry. Se apenas as voltas que dava em companhia dela já o deixavam sem saber o quê fazer, imagine ficar à sós com ela.
E o que diabos teria que fazer com ela? Como agir? O que falar?
–Maldição... - ele murmurou.
–Disse alguma coisa, nii-san? - Alphonse perguntou, pegando a roupa social do irmão, que estava meticulosamente dobrada em cima da cama.
–Nada. - ele respondeu, ou melhor, resmungou.
–Vista isso, nii-san. - estendeu a roupa ao outro - Winry quer vê-lo usando isso.
–Quer? - o irmão ficou surpreso.
–Nii-san... - Alphonse deu um suspiro, quase inaudível, sentindo-se um pouco irritado com a lerdeza do irmão - Winry-chan vai ficar irritada se você se atrasar!
–Mas...
–Nada de "mas", tira logo isso! - começou a tirar a roupa do irmão com uma impressionante violência, deixando-o assustado e atordoado demais para protestar alguma coisa.
o-o-o
Dez minutos depois:
–Eu não quero que ninguém me veja assim, principalmente aquele cara. - Edward, vestindo roupa social, falava ao irmão enquanto este olhava para os lados, quando os dois andavam por um corredor do Quartel-General.
–Está tudo bem, nii-san... - o mais novo garantiu, virando-se para olhar o irmão - Não tem nin--
–Ora, ora... um irmão Elric. O que faz aqui? - a voz do Coronel Mustang soou no corredor. Alphonse, de costas para a pessoa que chegava, notou o pânico do irmão e tirou o capacete, dando uma ordem silenciosa ao outro para que entrasse naquele escuro interior metálico. Edward obedeceu sem hesitação e foi ajudado pelo irmão a se esconder rapidamente, com Alphonse recolocando o capacete no momento em que Roy Mustang aproximou-se.
–Bo... Boa tarde, Coronel. - o mais novo foi educado.
–Boa noite. - ele respondeu casualmente - Seu irmão não estava aqui?
–Er... Não... - Alphonse gaguejou.
–Ah... Então foi impressão errada minha. Devo tê-lo confundido com Black Hayate. - apontou para o cãozinho que apareceu repentinamente entre as pernas metálicas da armadura ambulante, esfregando-se nelas - Os dois têm quase o mesmo tamanho.
Dentro, Edward começou a agitar-se e rosnava alguma coisa, e o irmão precisou levar as mãos à cabeça para prendê-la e não deixar o nervoso rapaz escapar para agarrar o pescoço do Coronel.
–Disse alguma coisa, Alphonse-kun? - Roy perguntou.
–Er... N-Não! - ele respondeu depressa - Hã... Coronel Mustang...
–Sim?
–Poderia me dar um conselho?
O coronel ergueu uma sobrancelha, num sinal que indicava que Alphonse poderia perguntar o que quisesse que Roy responderia dentro dos limites dele.
–Eu... Eu... Eu gostaria de saber... De saber o que nós fazemos... Ou como podemos agir quando vamos nos encontrar com uma garota.
Edward ficou atento, olhando a face séria do coronel pelas frestas da armadura.
Ao escutar a pergunta, o semblante de Roy ficou ainda mais sério, e ele olhou para trás como se temesse a sombra da Tenente Hawkeye. Depois, estreitando os olhos, falou:
–Aja como todo homem de respeito deve agir, Alphonse.
–E... Como...?
Roy aproximou o rosto do de Al:
–Beije-a, Alphonse Elric.
Um estrondo, ou o som próximo de algo desabando, foi ouvido e o coronel olhou para os lados para saber a origem. Alphonse sabia que tinha sido o irmão, que estava em estado de choque e com parte do rosto com uma estranha cor azulada. Felizmente o coronel não percebeu, esquecendo aquilo para perguntar:
–Mais alguma dúvida?
–Er... Não. - o mais novo respondeu, virando-se e acenando ao outro ao sair dali apressado - Tenho que ir, Coronel Mustang! Até mais!
Roy olhava-o com as sobrancelhas quase unidas, visivelmente intrigado com aquele comportamento do irmão Elric.
o-o-o
Longe do Quartel-General, numa praça com pouco movimento, Alphonse tentava acalmar o irmão, que estava num estado de profundo nervosismo e depressão como nunca se vira antes: ombros curvados, rosto voltado para baixo, mãos jogadas no colo e olhar perdido em qualquer ponto no chão. Era lamentável vê-lo assim.
–Nii-san... Winry-chan já deve estar lá no banco que vocês escolheram!
–"Vocês escolheram", uma vírgula! - o rapaz se revoltou - Foi ela quem armou tudo isso!
–Mas...
–"Mas" nada! Vou lá pra dizer umas verdades a ela!
E saiu pisando duro, seguido de perto pelo irmão, que queria impedi-lo de cometer alguma bobagem.
–Nii-san, espere!
Ao atravessarem uns arbustos, Edward viu uma figura feminina parada, em pé junto ao banco que tinha ali. Cabelos longos e louros soltos, cintura fina e corpo bem formado, usando um vestido azul-claro de alças finas que não chegava nem aos joelhos das pernas bem torneadas, completando o conjunto uma sandália que a deixava ainda mais graciosa. Winry já estava ali, olhando algum ponto à frente dela com um sorriso confiante.
Ao escutar um ruído, ela virou-se e alargou o sorriso ao ver quem era.
–Winry! - Edward começou - Por que diabos você...
Algo o fez parar. Alguma coisa que o acertou no rosto e o fez ganir. Era uma chave inglesa que o acertava entre os olhos, lançada por ela.
E aquilo...
–... doeu... - ele gemeu.
–Ed... - Winry já não mais sorria e agora franzia a testa - Você está atrasado.
Um incômodo momento de silêncio se passou entre os três, e quem mais parecia desconcertado de estar "atrapalhando" o casal era Alphonse.
–Hã... - ele andou, ou melhor, "deslizou" para trás ao tentar fugir - Eu lembrei que tenho uma coisa muito importante pra fazer...
–Ok, Al. - Winry recuperou a alegria e jovialidade ao acenar - Até loguinho.
Com isso, Alphonse saiu correndo.
o-o-o
Meia hora depois:
Edward estava sentado ao lado de Winry, ainda massageando o meio do rosto após por causa da pancada que recebera. Ele estava um pouco furioso; ela tinha o queixo entre as mãos e olhava o horizonte - que tinha um sol se pondo - com uma felicidade que chegava a ser infantil.
A garota deu um suspiro apaixonado e o rapaz parou o movimento da mão e deixou o cotovelo no encosto do banco, fitando algo desinteressadamente.
–O pôr-do-sol não é lindo, Ed?
Para alguém que achava que o parafuso era a melhor invenção da humanidade, Edward achou a fala dela estranha.
–Hã? - ele virou o rosto, olhando-a com surpresa.
–Eu falei que acho o pôr-do-sol lindo. - ela repetiu, não deixando de olhar o céu.
Edward nada falou, apoiando o rosto com uma das mãos e expressando ainda mais aborrecimento ao suspirar irritado.
–Ed?
–O que é? - ele resmungou.
–Por que você veio assim?
Uma veia saltou no rosto dele e o rapaz precisou contar duas, quatro, seis, oito vezes antes de dar uma resposta que a deixasse irritada. Ou isso ou receberia outro golpe com a chave inglesa.
–Al achou que seria melhor assim. - respondeu sem emoção.
–Ah...
Mais cinco minutos se passaram e a cena não mudou.
–Ed?
–O que é, Winry?
–Você fica estranho com essa roupa.
Edward ficou em silêncio e mais cinco minutos se arrastaram.
–Mou, nii-san... - Alphonse reclamou, escondido num arbusto atrás deles - Winry-chan vai acabar trocando você por outro se não agir direito!
–Concordo plenamente.
Alphonse ficou azul e sufocou um grito ao reconhecer a voz do coronel Mustang atrás dele. Virou o rosto e não só o viu ali, como também percebeu que o tenente Havoc e os amigos estavam com ele, com exceção da tenente Hawkeye.
–Co-Coronel... - a armadura gaguejou - O que faz aqui?
–Achei suspeito o modo com que você agia e acreditei que os dois estivessem se metendo em alguma confusão com aquele sujeito, Scar, ou com um daqueles Homunculus. Mas estava errado. - o rosto do jovem coronel permanecia sério quando parou de olhar a armadura e concentrou-se em observar o casal pelas brechas nos arbustos - Pelo que vejo, o Fullmetal está numa missão muito complicada.
–Er... Meu irmão realmente não sabe como agir nesses casos.
–Eu aposto que ele não vai fazer nada e ela vai dar um fora nele. – o tenente Breda comentou.
–Acho que ela vai deixá-lo aí e ir embora com o primeiro que passar. – Havoc mordia o cigarro enquanto falava, imaginando a cara do Fullmetal ao ser "chutado".
–Concordo com Havoc. – Farman comentou.
–Sou da opinião que os dois ficarão ainda mais amigos. – Fuery comentou.
–Eu aposto que Winry Rockbell agirá em cima do Fullmetal Alchemist e ele fingirá grande inocência, mas cederá aos encantos dela. – Roy Mustang se pronunciou com incrível autoridade e impressão – Isso sempre funciona.
Silêncio.
–Caramba, Coronel... O senhor também vai entrar na aposta? – algumas cinzas caíram do cigarro de Havoc enquanto este falava.
Roy levou um dedo aos lábios enquanto observava Edward e a acompanhante deste.
–Shhh.
–Ed. – Winry começou, quebrando o silêncio entre os dois – Você sabe que dia é hoje?
O dia? Bem, ele certamente sabia que catorze de fevereiro não era o aniversário de Winry, nem de Al, da tia Pinako ou...
–Não faço a menor idéia. – ele falou.
Winry levantou-se tão depressa e abruptamente do lado dele que Edward achou que fosse apanhar de novo, fechando os olhos e esperando pelo golpe.
Mas ele não veio. Arriscou abrir um olho e a viu fitando o chão tristemente.
–Eu sabia. – ela murmurou – Sabia que você não lembraria.
–O... O que eu não lembraria? – o rapaz começou a se sentir culpado pelo simples pensamento de ter ferido os sentimentos dela. E que diabos significava aquele dia? Aniversário dela? De Al? Da tia Pinako? Dele?
–Hoje é dia de São Valentim. – ela virou o rosto para o lado – Convidei você para ficarmos juntos esta tarde...
Edward piscou, franzindo a testa de preocupação. Então era isso...
–Desculpe, Winry... Eu realmente não sabia.
Um olhar atravessado pelo canto dos olhos de Winry chegou até ele, fazendo-o encolher-se e engolir em seco. Depois ela voltou a sentar-se, olhando os pés com interesse.
–Não faz mal... Quer dizer, você é sempre tão ocupado... Pelo menos está aqui comigo, né, Ed?
As mudanças de humor de Winry sempre impressionavam o rapaz, que, diante daquela pergunta, apenas moveu a cabeça num "sim" sem nem saber o porquê de concordar.
–Como o dia de São Valentim também vale para os amigos, eu te chamei aqui. Tenho um presente te dar. – ela deu um sorriso.
–"Presente"?
Winry mexeu na sacola que trouxera e tirou de lá um embrulho.
–Toma.
Edward olhou o pacote desconfiado.
–O que é isso?
Sem esperar pela resposta, ele abriu a caixinha e tirou de lá uma liga de amarrar cabelo na cor preta.
–O que é isso? – ele repetiu, olhando o presente como se fosse alguma invenção complexa até sob uma análise da alquimia.
–É pra prender sua trança. Você vai ficar uma gracinha com esse prendedor.
–Ah...
–E o que você vai me dar? – Winry perguntou.
–Hein? Era pra dar alguma coisa?
–Você não trouxe nada?
–Era pra trazer?
Atrás dos arbustos, o coronel balançava a cabeça em sinal de irritação. Como aquele Fullmetal era devagar...
–Mou, nii-san... – Alphonse estava desolado.
Winry deu um suspiro irritado. Já esperava por aquilo... Pegou o prendedor das mãos dele e aproximou-se por trás para desfazer a trança atual e fazer uma nova, manuseando as mechas louras com cuidado, como se fosse algo frágil.
Finalmente, usando o prendedor, ela uniu os fios na ponta, dando um passo para trás para admirar o resultado. Estava bom, do jeito que Edward gostava.
–Ficou bom. – ela com um sorriso que ele não pôde ver. Deu a volta e viu o resultado de frente, aproximando-se mais para mostrar a aprovação com um movimento de cabeça.
–Winry... – ele não sabia o que dizer. Winry já fizera tantas coisas por ele: brincaram juntos, fez-lhe companhia quando perdeu o braço e a perna, cuidou das feridas, fez as tranças, lanches, já tinha...
Num movimento que o surpreendeu, ela puxou a cabeça dele contra o corpo dela.
–E-Ei, W-Winry! – o rosto dele estava exatamente no vale entre os seios dela.
–Feliz dia de São Valentim, Ed.
O cheiro dela era tão delicioso... Teve até a ligeira sensação que estava nos braços da mãe dele.
... já tinha cuidado tanto dele...
Edward, não resistindo, fechou os olhos e passou o braço de auto-mail pela cintura da garota e a trouxe para mais perto de si, sentindo uma das mãos dela carinhosamente passeando pelas costas dele.
–EU ACERTEI! – Roy Mustang gritou triunfante – Ganhei a aposta!
Havoc e os companheiros deram suspiros cansados e Alphonse ficou tenso ao notar o horror estampado no rosto do irmão, que ainda segurava Winry pela cintura.
Roy caminhou até ele e tocou-lhe no ombro, falando secante:
–Parabéns, Fullmetal. Isso já foi uma evolução. Se tiver mais alguma dificuldade de chegar perto de uma garota, pode falar comigo.
Edward olhou o coronel, olhou o irmão, os outros tenentes, Winry, de novo Roy, e enfim enfureceu-se ao descobrir que era espionado.
–Vocês... Me... PAGAM! – ele gritou, principiando a correr atrás de Roy, dos tenentes e do próprio irmão, que fugiam ou se defendiam com alquimia dos ataques deles.
Winry observava tudo sem se aborrecer, cantarolando:
–Amanhã... eu farei compras... com Ed e Al...
o-o-o
Nota da Autora: Este título é da música "Love Flies", do grupo L'arc en ciel. Era pra ser songfic, mas o resultado ficou bom sem a música, por isso eu resolvi tirar.
Espero que tenham gostado e que possam comentar e dizerem o que acharam:)
(Niele: Satisfeita agora, ó carrasca dos escritores de Hagane? Eu acho que você esperava alguma coisa melhor, como RoyxRiza, mas espero que goste deste aqui também. E eu comecei a escrever o fic que te falei sobre este casal! Talvez saia um capítulo mês que vem – olha minha cara-de-pau... Prometi isso em janeiro! – , portanto... Aguarde! Evil smile)
Obrigada por lerem e porventura comentarem.
Shampoo-chan
